Parasita
Acabou se tornando o grande vencedor da noite, para surpresa de muitos. Claro, todo mundo esperava que levasse o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Era um franco favorito. Porém o filme foi além, venceu também na categoria de Melhor Filme. Dois prêmios importantes. Foi a primeira vez que isso aconteceu na história. Penso que foi um erro. Acabou tornando as categorias redundantes. E foi um exagero, apesar dos méritos cinematográficos dessa obra coreana. E não parou por ai, o filme foi generosamente premiado por Melhor Direção (para Bong Joon Ho) e Melhor Roteiro Original (Bong Joon Ho e Jin Won Han). Enfim levou estatuetas importantes e fez história.
Coringa
Foi o filme que mais levou indicações, porém no final das contas provou-se mais uma vez que a Academia tem dificuldades em premiar nas melhores categorias filmes que sejam baseados em quadrinhos. É um velho preconceito. De qualquer maneira ganhou o Oscar de Melhor Ator para Joaquin Phoenix. Era o mais favorito de todos os favoritos. Ninguém ficou surpreso e foi mais do que merecido. Esnobado nas demais categorias importantes acabou levando ainda o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original para Hildur Guðnadóttir. Outro prêmio merecido.
Era Uma Vez em... Hollywood
A viagem de ácido de Tarantino aos anos 60 merecia melhor sorte em minha opinião. Porém levantou uma estatueta importante, a de Melhor Ator Coadjuvante para Brad Pitt. Essa foi uma categoria acirrada, concorrida, apenas com grandes nomes. Pitt acabou vencendo pela simpatia e pelo conjunto de sua filmografia. É um ator que vem tentando melhorar a cada ano. Merece reconhecimento por isso. O outro prêmio dado a esse filme foi bem merecido, o de Melhor Design de Produção (para Barbara Ling e Nancy Haigh). Antigamente essa categoria era chamada de Direção de Arte. Recriar todo aquele clima dos anos 60, com carros, cenários, roupas de época, realmente não era uma tarefa fácil. O filme de Tarantino conseguiu isso, nos levando diretamente para aquela década.
Judy: Muito Além do Arco-Íris
Essa cinebiografia dos últimos anos de vida da atriz e cantora Judy Garland acabou sendo premiada numa categoria bem importante, a de Melhor Atriz para Renée Zellweger. Foi um belo trabalho. Ela captou mesmo a vulnerabilidade daquela mulher em decadência artística e pessoal. A Zellweger tem aquela sensibilidade própria para captar pessoas assim. Seu prêmio é dito como seu renascimento em Hollywood. Mas será mesmo? Mickey Rourke também recebeu um prêmio justamente nessa vibe, mas depois de algum tempo voltou a sumir. Espero que isso não aconteça com a Renée Zellweger.
História de um Casamento
Outro filme que de certa forma ficou no meio do caminho. Mesmo assim levou o honroso Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para a veterana Laura Dern. Ela interpretou a advogada da esposa, no meio daquela guerra que sempre surge após o divórcio. Havia alguma esperança para Scarlett Johansson e Adam Driver que fizeram um grande trabalho de atuação. Porém eles não venceram, o que de certa maneira foi uma injustiça também já que esse filme é um daqueles que valorizam acima de tudo o trabalho dos atores.
1917
O favoritismo que o filme ganhou ao vencer o Globo de Ouro não se concretizou nessa noite. Assim o filme acabou só vencendo em categorias técnicas. Entre elas a mais importante foi a de Melhor Direção de Fotografia, com o veterano Roger Deakins. Fora isso o filme só venceu em Melhor Mixagem de Som e Melhores Efeitos Visuais. A categoria do som foi muito merecido. Os técnicos do filme colocaram microfones nas roupas dos atores para captar tudo, seus passos, o som ambiente, etc. Já de Melhores Efeitos Visuais foi uma surpresa, já que todos os efeitos fazem parte do filme e estão tão centradas na narrativa que pouca gente percebeu sua importância.
Adoráveis Mulheres
Um filme excelente, muito agradável de assistir, que merecia mais no Oscar. Acabou levando um Oscar óbvio de Melhor Figurino (para a estilista Jacqueline Durran). Recriar todos aqueles vestidos antigos, não é algo simples de se fazer. Para ser o mais realista possível ela consultou documentos no Museu de Londres, foi atrás de gravuras e desenhos de moda da época e conseguiu um efeito maravilhoso. Filmes de época precisam se esmerar mesmo nesse tipo de categoria. O Oscar foi mais do que justo.
Jojo Rabbit
O diferente "Jojo Rabbit" foi premiado por Melhor Roteiro Adaptado (Taika Waititi). Fiquei surpreso, apesar das boas ideias dessa adaptação. Realmente algumas vezes é complicado transportar todo um universo imaginário para a tela e ter sucesso nesse processo. Algumas ideias dão certo no papel, mas sua execução acaba se tornando problemática quando vira cinema. O roteirista desse filme conseguiu superar esse tipo de barreira.
Ford vs Ferrari
Mais um excelente filme que também só venceu em categorias técnicas. Levou o Oscar de Melhor Edição (Andrew Buckland e Michael McCusker) e Melhor Edição de Som (Donald Sylvester). Fazer funcionar na tela de cinema uma corrida em alta velocidade exige também uma edição primorosa, para colocar todos os detalhes dos carros e da pista em celuloide. Aqui não houve maiores controvérsias. E no caso do som, segue o mesmo parâmetro. Afinal carros fazem barulho e o som dos motores possantes devem ter um efeito catalisador no público. É gerar emoção através do que se ouve.
Toy Story 4
Venceu o Oscar de Melhor Animação do ano, dado para os produtores do filme, Josh Cooley, Mark Nielsen e Jonas Rivera. Muita gente não gostou. Além de ser um filme número 4 de uma franquia já até bem antiga, a opinião maioritária foi que os demais concorrentes eram bem melhores. Na minha opinião esse filme ganhou porque investiu fundo na emoção, no sentimento familiar das pessoas. Acabou atingindo o coração dos membros da Academia.
Rocketman
Merecia maior reconhecimento por parte da Academia. Porém acabou vencendo um Oscar importante, o de Melhor Música, para "I'm Gonna Love Me Again". Foi uma forma de reconhecer a importância da obra e da carreira de Elton John. Ele que mesmo sendo um superstar tanto trabalhou em trilhas sonoras para filmes ao longo dos anos merecia essa homenagem. Seu parceiro de tantos anos na composição, o ótimo Bernie Taupin, também foi agraciado. Palmas para eles.
O Escândalo
Esnobado nas categorias mais importantes. Acabou levando o Oscar de Melhor Maquiagem e Penteados (para o trio Kazu Hiro, Anne Morgan e Vivian Baker). Na minha opinião aqui aconteceu algo curioso. Claro que a maquiagem do filme foi muito bem feita, mas o resultado ficou esquisito. As atrizes perderam aspectos de suas faces originais, criando no espectador um sentimento estranho, como se elas fossem bonecas de plástico do tipo Barbie. Eu achei que foi algo desnecessário. Preferia lidar com a beleza natural de todas essas mulheres.
Indústria Americana
O filme venceu na categoria de Melhor Documentário. Era o favorito, então a categoria foi sem maiores surpresas. Muita gente falou do documentário brasileiro "Democracia em Vertigem", mas esse não tinha chances. Na bolsa de aposta de Londres ele estava em último lugar. Também não ajudaram as críticas afirmando que o filme era pura propaganda política de um partido brasileiro. A desonestidade intelectual de seu roteiro também foi um ponto negativo. Esse é um ponto de vista que concordo. Propagandas políticas, com roteiros que distorcem a realidade dos fatos históricos, não merecem mesmo vencer prêmios importantes como o Oscar. Deixem isso apenas para obras de arte puramente cinematográficas. O Brasil merece seu Oscar, mas que ele venha por um filme digno.
Pablo Aluísio.