sexta-feira, 1 de março de 2019

Star Wars: O Despertar da Força

Esse novo filme da franquia "Star Wars" que chegou aos cinemas em 2016 certamente fez muito sucesso comercial, rendeu ótimas bilheterias, porém me deixou com aquela sensação amarga de que eu estava assistindo a uma reprise de um filme que já havia assistido antes. Se formos pensar bem foi exatamente isso que aconteceu. A trama é extremamente parecida com a do primeiro filme, "Guerra nas Estrelas" de 1977. Com isso não estou querendo dizer que os velhos personagens que ressurgem aqui perderam o interesse, nada disso, mas sim chamando a atenção para o fato de que até os novos personagens são cópias rudimentares daqueles que vimos no filme original. A palavra originalidade inclusive é o grande problema desse sétimo filme. Os fãs podem fazer malabarismos de todos os tipos, mas não conseguem fugir de uma constatação óbvia: esse novo roteiro não tem originalidade nenhuma. Apenas pegaram o roteiro do primeiro filme, fizeram algumas adaptações, trouxeram algumas pequenas novidades, levaram ao forno esse prato requentado e jogaram para o público consumir. Como deu certo provavelmente veremos outra cópia disfarçada no próximo film

Essa falta de originalidade inclusive se estende a praticamente todos os personagens e não apenas aos protagonistas. O vilão desse novo filme nada mais é do que uma versão (um tanto sem graça, devo dizer) de Darth Vader, aquele sim um dos melhores personagens da saga. Pois é, nem o lado negro da força escapou do plágio. Como "Star Wars" agora pertence ao império Disney não espere por algo diferente. Tudo continuará no controle remoto para agradar os velhos fãs e a nova geração, já que essa é a verdadeira fonte de renda desse universo. Afinal quem vai comprar os brinquedos e bonequinhos com a marca Star Wars? Claro que a garotada. Tudo é marketing, tudo é vendas. Alguém realmente pensou que havia algo diferente disso? Claro que não. Eu provavelmente irei conferir o oitavo filme. Tanto por ser um pouco masoquista como por curiosidade. Quero ver até onde essa "estratégia" vai chegar! Se o segundo filme dessa fase do Pateta for pelo menos uma cópia de "O Império Contra-ataca" até que não vai ser tão ruim, já que esse foi o melhor filme de todos. Só não quero me deparar com outra revelação do tipo "Luke eu sou seu pai!" porque ai meu caro, seria forçar a barra demais...

Star Wars: O Despertar da Força
(Star Wars: Episode VII - The Force Awakens, Estados Unidos, 2015) Direção: J.J. Abrams / Roteiro: Lawrence Kasdan, J.J. Abrams / Elenco: Daisy Ridley, Carrie Fisher, Harrison Ford, Mark Hamill, Andy Serkis, Max von Sydow, John Boyega, Oscar Isaac / Sinopse: Uma jovem entra em contato com o poder da força. Agora, ela poderá se tornar a nova arma dos Jedi contra o império do mal. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor edição, mixagem de som, edição de som, efeitos especiais e música. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Suplício de uma Saudade

Em Hong Kong, durante os anos 1950, a médica e viúva Han Suyin (Jennifer Jones) conhece durante uma festa o jornalista americano Mark Elliott (William Holden). Ele é um correspondente de guerra na região, uma vez que a revolução comunista na China se espalhou por todas as grandes cidades daquela nação. Mesmo sendo ele casado, acaba atraindo a atenção da Dra. Suyin que, praticamente da noite para o dia, se vê perdidamente apaixonada por ele. Não será um relacionamento isento de problemas, já que o escândalo de ter um romance  com um homem casado começa a causar uma repercussão negativa em sua vida pessoal e profissional. Mesmo assim ela está decidida a ir em frente para ficar ao seu lado, custe o que custar.

"Suplício de uma Saudade" é um dos grandes clássicos românticos do cinema americano. Baseado em um romance autobiográfico escrito pela médica Han Suyin, a história narra seu breve, mas marcante romance, com um jornalista norte-americano, às portas de dois eventos históricos, a revolução comunista na China e a Guerra da Coreia. O cenário não poderia ser mais inspirador, com as colinas de Hong Kong servindo de cartão postal para os apaixonados encontros entre eles. A música vencedora do Oscar "Love Is a Many-Splendored Thing" está presente em praticamente todas as cenas mais românticas, seja em sua versão tradicional, seja em adaptações incidentais. É uma bela música, sempre muito lembrada e uma das marcas registradas mais conhecidas do filme como um todo.

A atriz Jennifer Jones interpreta a doutora Han Suyin. Ela é uma eurasiana, filha de um inglês com uma chinesa. Por ter essa origem de dupla nacionalidade ele quase sempre se vê dividida entre os valores da cultura ocidental e oriental. Do lado ocidental herdou a ética profissional e a seriedade com a qual trata todos os seus pacientes, que na maioria das vezes pertencem às camadas mais humildes da população. Do lado oriental procurou manter as tradições chinesas, inclusive familiares, mesmo sendo uma mulher independente e dona de seu próprio destino. Já William Holden dá vida ao jornalista Mark Elliott, um bom sujeito, bem intencionado, mas que precisa resolver sua vida pessoal pois já é casado e não poderia seguir em frente com seu romance sem antes acertar todos os problemas legais decorrentes de seu estado civil. Sua esposa porém não está disposta a lhe conceder o divórcio para que ele se case com seu novo amor.

Seu destino muda drasticamente quando explode a Guerra da Coreia e ele é enviado até o front do conflito para cobrir mais essa intervenção americana no exterior. Nos tempos cínicos e muitas vezes insensíveis em que vivemos atualmente, o filme, que poderia ser caracterizado como ultraromântico, perde um pouco de sua força original. Mesmo assim é um belo trabalho cinematográfico, com excelente fotografia e direção de arte. Um retrato de uma época em que o verdadeiro amor tinha que lutar contra todas as diversas convenções sociais para se concretizar plenamente.

Suplício de uma Saudade (Love Is a Many-Splendored Thing, Estados Unidos, 1955) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Henry King / Roteiro: John Patrick, baseado no livro de Han Suyin / Elenco: William Holden, Jennifer Jones, Torin Thatcher / Sinopse: O filme conta uma história de amor em tempos de guerra e destruição no Oriente. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Canção Original ("Love Is a Many-Splendored Thing" de Paul Francis Webster e Sammy Fain), Melhor Figurino e Melhor Música (Alfred Newman). Também indicado nas categorias de Melhor Filme, Atriz (Jennifer Jones), Fotografia, Direção de Arte e Som.
  
Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Rachel, Rachel

Rachel Cameron (Joanne Woodward) é uma professora de ensino fundamental que leciona numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Ela mora com a mãe, que tem problemas cardíacos. Solteira, perto de completar 40 anos, Rachel começa a sofrer uma crise existencial sobre sua própria vida. Seu pai era o agente funerário da cidade o que fez com que Rachel tivesse uma infância marcada pelo bullying dos garotos de sua idade. Ela ao longo dos anos desenvolveu uma personalidade tímida e retraída que só fez piorar seu estado de solidão. As coisas mudam quando um velho conhecido volta para a fazenda de seu pai. Nick Kazlik (James Olson) pode ser o homem que ela tanto procurava ou então mais um motivo para decepção e desilusão. Algo que apenas o tempo dirá.

Drama humano e sensível que foi dirigido com uma grande sensibilidade pelo astro Paul Newman. A estrela de "Rachel, Rachel" foi sua esposa, a talentosa  Joanne Woodward. O casal realizou um belo filme. O roteiro, baseado na novela escrita por Margaret Laurence valoriza o mundo interior da protagonista. O espectador é convidado várias vezes a entrar em seus pensamentos, sua vida interior. Isso cria uma intimidade muito próxima com quem assiste ao filme. É interessante que Rachel tem medo de morrer sozinha, cuidando da mãe, que muitas vezes age de forma egoísta, não pensando na felicidade da filha, mas mesmo assim tenta trazer uma certa normalidade para a sua vida cotidiana. Joanne, pelo ótima atuação, acabou sendo indicada ao Oscar, mas infelizmente não venceu. Ela havia sido premiada dez anos antes com outro drama em que atuou magistralmente bem, "As três Faces de Eva". Não faz mal, o que importa é que o público acabou sendo presenteado com outro de seus grandes momentos. Um primor de atuação.

Rachel, Rachel (Rachel, Rachel, Estados Unidos, 1968) Direção: Paul Newman / Roteiro: Stewart Stern, baseado na novela de Margaret Laurence / Elenco: Joanne Woodward, James Olson, Kate Harrington, Estelle Parsons, Frank Corsaro / Sinopse: Rachel (Woodward) é uma professora de crianças que começa a sofrer uma crise existencial com a chegada da idade. Solteira e solitária, ela ainda tem esperanças de encontrar o homem que a fará feliz pelo resto de sua vida. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Joanne Woodward), Melhor Atriz Coadjuvante (Estelle Parsons) e Melhor Roteiro Adaptado (Stewart Stern).

Pablo Aluísio.

A Grande Esperança Branca

Título no Brasil: A Grande Esperança Branca
Título Original: The Great White Hope
Ano de Produção: 1970
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Martin Ritt
Roteiro: Howard Sackler
Elenco: James Earl Jones, Jane Alexander, Lou Gilbert

Sinopse:
O lutador de boxe Jack Jefferson (James Earl Jones) se torna o novo campeão mundial da categoria peso pesado. Seu título começa a incomodar certos setores pois o estilo desafiador do boxeador negro soa ofensivo para certa pessoas. Após tentar cruzar a fronteira estadual ao lado de uma branca (Eleanor, sua própria noiva), ele é preso e acusado de violar a Lei Mann, que tipificava o crime de tráfico de mulheres. Sabendo de antemão que pegará uma pena longa ele decide então fugir para a Europa para recomeçar sua carreira de alguma forma.

Comentários:
Muitos pensarão que se trata de um roteiro baseado numa história real, mas na verdade tudo é baseado numa peça teatral de sucesso escrita por Howard Sackler (que também assina o roteiro). O curioso é que apesar do enredo ser mera ficção há nuances de histórias reais que permeiam todo o filme. A própria história do roqueiro Chuck Berry serviu de modelo, uma vez que ele foi um dos mais famosos negros acusados do crime de "tráfico de escravas brancas" ao tentar ir de um estado ao outro na companhia de uma mulher branca. Na verdade a Lei Mann era apenas mais uma das extensas ferramentas que eram colocadas à serviço do aparelho estatal racista de certas legislações de estados do sul dos Estados Unidos. Como não poderia deixar de ser o destaque vai mesmo para o talentoso ator James Earl Jones que se entrega completamente ao personagem. Tão humano o torna, que não é de se admirar sua indicação ao Oscar de Melhor Ator (aliás deveria ter vencido!). A atriz Jane Alexander também foi indicada como Melhor Atriz. Isso demonstra que é mesmo um filme de interpretações mais do que inspiradas. Assim deixamos a dica desse excelente drama esportiva para todos, já que infelizmente o filme anda mesmo muito esquecido pelos cinéfilos. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

A Donzela de Salem

Título no Brasil: A Donzela de Salem
Título Original: Maid of Salem
Ano de Produção: 1937
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Frank Lloyd
Roteiro: Walter Ferris, Bradley King
Elenco: Claudette Colbert, Fred MacMurray, Harvey Stephens, Gale Sondergaard

Sinopse:
Baseado na obra teatral escrita por Bradley King, "Maid of Salem" narra a estória de um romance que floresce entre dois jovens moradores da pequena cidade de Salem, no Massachusetts, durante o século XVII. Eles se amam ardentemente, porém a rígida repressão moral e religiosa daquele sociedade os impede de serem inteiramente felizes. No meio de tanto temor de serem descobertos, acabam caindo nas garras de uma tradicional família que os acusam de estarem praticando atos de bruxaria na floresta local. A acusação acaba despertando o que há de pior naquelas pessoas.

Comentários:
Interessante filme que tenta mesclar romance e terror (no sentido mais estrito da palavra) em apenas um roteiro. A simples menção do nome da cidade de Salem já traz à tona um dos mais pavorosos eventos da chamada Inquisição Protestante nos Estados Unidos, quando dezenas de pessoas inocentes foram queimadas vivas em fogueiras por pastores e líderes religiosos locais que, a despeito de combaterem a presença do diabo na região, cometeram crimes terríveis. Tudo se revelaria anos depois como simples paranoia e fanatismo religioso. Esse contexto histórico foi apenas parcialmente aproveitado. Assim o que vemos aqui não é a história real, mas sim uma adaptação, onde o foco se transfere inicialmente para o romance entre duas pessoas extremamente apaixonadas. Como o amor deles acaba despertando ciúmes e ódio em alguns moradores eles logo se tornam vítimas de acusações infundadas, que apontavam o dedo em sua direção, os acusando, sem prova alguma, de que estavam cometendo atos de magia negra e bruxaria. Um absurdo completo. O drama é estrelado pela estrela Claudette Colbert, um dos nomes mais famosos em Hollywood naquela época. Conhecida por clássicos como "Aconteceu Naquela Noite" (1934), "Desde Que Partiste" (1944) e "Mulher de Verdade" (1942) ela empresta todo o seu talento para que o filme funcione plenamente. Um bom retrato da indústria americana daqueles tempos, em que não se deixava o aspecto puramente comercial dos filmes se sobrepor à fortes mensagens de racionalidade e tolerância.

Pablo Aluísio.

Artistas do Amor

Título no Brasil: Artistas do Amor
Título Original: The Art of Love
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Richard Alan Simmons, William Sackheim
Elenco: James Garner, Dick Van Dyke, Elke Sommer

Sinopse:
As coisas não andam nada bem para o pintor Paul Sloane (Dick Van Dyke). Apesar de ser talentoso, ele não consegue vender nenhum de seus quadros. Sentindo-se um fracasso, acaba sendo consolado pelo dono da galeria onde expõe suas obras. Esse lhe explica que no mundo da arte apenas os pintores famosos e mortos é que vendem pinturas a preços exorbitantes. Isso dá uma ideia para Sloane. Por que não fingir sua própria morte para ver se alguma de suas pinturas finalmente é vendida? 

Comentários:
Uma comédia divertida estrelada pelo ator e comediante Dick Van Dyke, que foi muito popular durante a década de 60 nos Estados Unidos (basta lembrar de seu maior sucesso, "Mary Poppins" e de sua série de grande audiência na TV, "The Van Dyke Show"). Com certo receio poderia qualificar essa película como uma comédia de humor negro, mas poderia ser mal entendido. Isso porque não há nada de muito ofensivo em seu humor simples e direto. Pelo contrário, é uma daquelas produções super coloridas que faziam a festa da garotada nos cinemas. As brincadeiras todas são feitas em cima do fato do pintor fingir que está morto para vender seus quadros e todas as confusões que nascem dessa farsa. O roteiro brinca o tempo todo com o mito de Vincent Van Gogh, que em vida não conseguiu vender nenhuma pintura, só se tornando um sucesso de vendas após sua trágica morte. O diretor Norman Jewison tenta, de certa maneira, repetir a fórmula de seu filme anterior, "Não Me Mandem Flores", com Rock Hudson, que também tinha esse clima de humor negro, brincando com a morte. De uma maneira ou outra vale a pena dar algumas risadas nostálgicas com essa pequena e divertida comédia dos anos 60.

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Por uns Dólares a Mais

Clint Eastwood e Lee Van Cleef Interpretam dois caçadores de recompensas no velho oeste que acabam indo atrás do mesmo criminoso, El Indio (Gian Maria Volonté), cuja oferta por sua captura vivo ou morto é avaliada em dez mil dólares! Pistoleiro, psicopata, estuprador e muito violento, El Indio planeja ao lado de sua quadrilha um grande roubo de banco na cidade de El Paso. Ele conseguiu ter acesso a informações privilegiadas sobre o cofre da instituição e pretende roubar uma pequena fortuna de sua sede, mas antes disso terá que se livrar daqueles que querem sua cabeça em troca do valioso prêmio a ser dado como recompensa a quem conseguir lhe tirá-lo de circulação. 

O texto que abre o filme, "Onde a vida não tem valor, a morte, às vezes tem seu preço. É por isso que os caçadores de recompensas apareceram", resume bem a tônica dessa produção. Considerado um dos maiores clássicos do assim chamado western spaguetti, "Por uns Dólares a Mais" surge em um momento em que o cinema italiano começa a mostrar ao mundo que também podia realizar faroestes tão bons quanto os originais americanos. A fórmula de se importar atores e profissionais americanos para trabalharem na Itália havia se mostrado madura o suficiente para assustar até mesmo os grandes estúdios de Hollywood.

Para se ter uma ideia a United Artists ficou tão impressionada com a qualidade desse western que não pensou duas vezes em adquirir os direitos da obra para lançar nos cinemas americanos, no circuito comercial daquele país. Isso era um feito e tanto já que até aquele momento as distribuidoras americanas esnobavam os filmes italianos de faroeste. No elenco, Clint Eastwood e Lee Van Cleef, começavam a virar astros. Ambos amargaram anos e anos de papéis coadjuvantes sem muita importância dentro da indústria americana e tiveram que cruzar o Atlântico para serem finalmente reconhecidos em casa. 

Por fim, e o mais importante de tudo, o filme contava com a ótima direção do mestre Sergio Leone. Cineasta singular, Leone conseguia impor um estilo próprio, autoral, em fitas que em essência eram realizadas para serem acima de tudo comercialmente bem sucedidas. Dentro do circuito mais popular ele conseguia, com raro brilhantismo, trazer inovações e classe a gêneros ditos como extremamente comerciais. Maior prova de sua genialidade não há. Assim, caso você nunca tenha assistido esse western classe A não perca mais seu tempo, pois "Per Qualche Dollaro in Più" é de fato simplesmente indispensável e essencial para qualquer cinéfilo que se preze. Um faroeste europeu que marcou época.

Por uns Dólares a Mais (Per Qualche Dollaro in Più, Itália, Espanha, Alemanha, 1965) Estúdio: Constantin Film Produktion, Produzioni Europee Associati / Direção: Sergio Leone / Roteiro: Sergio Leone, Fulvio Morsella / Elenco: Clint Eastwood, Lee Van Cleef, Gian Maria Volonté/ Sinopse: Dois caçadores de recompensas vão atrás de um criminoso procurado vivo ou morto no velho oeste americano.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de fevereiro de 2019

O Céu Mandou Alguém

Título no Brasil: O Céu Mandou Alguém
Título Original: 3 Godfathers
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: John Ford
Roteiro: Laurence Stallings, Frank S. Nugent
Elenco: John Wayne, Pedro Armendáriz, Harry Carey Jr

Sinopse:
Três bandoleiros liderados por Robert Hightower (John Wayne) decidem roubar um banco na pequenina cidadezinha de Welcome no Arizona. Na fuga acabam sem água, perdidos no meio de um dos desertos mais hostis dos Estados Unidos. Lá encontram uma carruagem abandonada, com uma mulher grávida, prestes a ter um filho. Após ajudar no nascimento da criança a mãe morre. Agora os três assaltantes tentarão sobreviver naquele deserto implacável, tentando fugir do xerife e seus assistentes, ao mesmo tempo em que tentam manter o recém-nascido vivo.

Comentários:
Esse é certamente um dos mais interessantes e menos badalados filmes do mestre John Ford (1894 - 1973). O filme começa como todos os westerns da época, com um trio de bandidos de olho no banco de uma cidadela perdida no meio do deserto. Segue-se a perseguição do xerife e então o diretor dá uma guinada e tanto no enredo, fazendo daqueles três assaltantes pessoas de bom coração, que ajudam uma jovem mãe a ter seu filho no meio do deserto. Os três personagens, um americano (Wayne), um mexicano (Pedro Armendáriz) e um jovem pistoleiro conhecido como 'The Abilene Kid' (Harry Carey Jr.) mostram seu lado mais humano, mesmo após terem cometido um crime. O enredo não disfarça uma conotação levemente religiosa ao comparar aqueles três bandidos, os padrinhos do menino recém nascido (daí o título em inglês, 3 Godfathers), com a própria natividade do menino Jesus (com direito até mesmo a uma estrela brilhante no céu). Como um dos próprios personagens fala, eles seriam versões modernas dos três reis magos! Ford também utiliza a natureza do deserto como um elemento opressor sobre todos os personagens, tanto os perseguidos, como os perseguidores. Essa linguagem serve para demonstrar a pequenez do ser humano diante da natureza. O filme no final das contas, embora pouco conhecido, é mais uma das provas da genialidade de um cineasta realmente diferente, marcante, que deixou sua marca para sempre na história da sétima arte.

Pablo Aluísio.

Duelo em Diablo Canyon

"Duelo em Diablo Canyon" começa quando o cowboy Jess Remsberg (James Garner) salva uma mulher branca das garras dos apaches selvagens. É uma tribo muito conhecida por causa de sua violência. Com a intervenção de Jess a jovem é finalmente salva da morte certa. Assim ele acaba entrando como batedor numa caravana liderada por um tenente do exército americano. Sua experiência na região é o grande motivo para ser contratado. O objetivo é atravessar esse lugar dominado por apaches e guerreiros rebeldes, que querem se vingar da presença do homem branco em suas terras. A travessia não demora a se tornar um jogo de vida e morte entre nativos e soldados da cavalaria. Esse é um western americano muito subestimado. "Duel at Diablo" foi bem recebido pela crítica em seu lançamento original, mas foi perdendo prestígio ao longo dos anos até ser quase que completamente esquecido. 

O filme é de um tempo de transição para o faroeste americano, onde ainda havia uma simbiose entre o velho western - dos filmes de cavalaria de John Ford - e elementos novos, como uma trilha sonora de rock, com guitarras e instrumentos modernos. Some-se a isso personagens que eram raros nos antigos filmes, como um negro bem sucedido, com boas roupas e desafiando seus "superiores" brancos - em excelente atuação de Sidney Poitier que dá vida a um ex-sargento, agora comerciante de cavalos para o exército, que não aceita mais se rebaixar para seu antigo tenente dos tempos de cavalaria. O roteiro é muito bom e investe em uma situação limite com os soldados e demais membros da caravana emboscados no Diablo Canyon, sem lugar a concessões que suavizem a ferocidade dos nativos americanos daquele período. Por fim há a boa presença do ator James Garner (falecido há pouco tempo) que empresta muito carisma ao seu personagem em cena. Diante de tudo isso "Duelo em Diablo Canyon" é um western sessentista que merece ser redescoberto pelos fãs do gênero.

Duelo em Diablo Canyon (Duel at Diablo, Estados Unidos, 1966) Estúdio: United Artists / Direção: Ralph Nelson / Roteiro: Marvin H. Albert, Michael M. Grilikhes / Elenco: James Garner, Sidney Poitier, Bibi Andersson / Sinopse: Um veterano cowboy ajuda um regimento da cavalaria do exército dos Estados Unidos a atravessar uma região perigosa, dominada por tribos violentas durante a ocupação do velho oeste americano.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O Álamo

Título no Brasil: O Álamo
Título Original: The Alamo
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: John Wayne
Roteiro: James Edward Grant
Elenco: John Wayne, Richard Widmark, Laurence Harvey, Frankie Avalon

Sinopse:
Durante o ano de 1836 cresce o sentimento de separação do Texas do México. A intenção dos revolucionários é transformar o isolado estado em uma República independente. Para destruir o foco rebelde o governo mexicano envia um formidável exército de repressão comandado pelo general Santa Anna. Para resistir a invasão se insurge um pequeno mas valente grupo de homens no Álamo. Formado por soldados de carreira, voluntários e americanos do Tennessee liderados pelo coronel Davy Crockett (John Wayne) eles resolvem ficar no local para enfrentar bravamente o inimigo. Filme indicado aos Oscars de Melhor Filme, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Música e Melhor Ator Coadjuvante (Chill Wills). Filme vencedor do Oscar de Melhor Som. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Trilha Sonora Original (Dimitri Tiomkin).

Comentários:
Ao longo da carreira John Wayne dirigiu oficialmente apenas dois filmes, esse "O Álamo" e "Os Boinas Verdes" em 1968. De maneira não creditada ainda participou como co-diretor de "Rota Sangrenta" de 1955, "Os Comancheros" de 1961 (quando o diretor Michael Curtiz ficou doente demais para finalizar o filme) e por fim "Jake Grandão" de 1971. Em todas essas produções Wayne não fez feio como cineasta, muito pelo contrário, sempre pareceu tomar todas as decisões corretas. De todos os que assinou a direção nenhum foi tão pessoal quanto esse ousado faroeste de 1960. A intenção era recriar em cores épicas o famoso combate pela luta do forte Álamo (na verdade uma missão abandonada) no Texas. O evento histórico até hoje é celebrado no estado da rosa amarela justamente por ter sido um exemplo da bravura e orgulho do homem texano, que se recusou a se render mesmo diante de um poderoso exército mexicano que estava ali para garantir que o Texas continuasse a ser parte do México. No total o Álamo contava com apenas 185 homens que lutaram de forma corajosa contra mais de sete mil soldados sob comando do generalíssimo Santa Anna. 

Vale a pena ressaltar a coragem de John Wayne em algumas decisões que tomou ao rodar essa produção. A primeira delas foi o comprometimento com a história, evitando se render a meras concessões comerciais. Isso fez com que Wayne rodasse um filme longo, com duas horas e quarenta minutos de duração. Como bem sabemos filmes longos demais vendem menos ingressos pois ganham menos sessões de cinema durante o dia. Isso porém não depõe contra o resultado final, pois o filme jamais se torna pesado ou cansativo de assistir. O importante é que Wayne quis contar sua história da forma correta, sem perder nenhum detalhe histórico importante. A boa notícia é que seu objetivo foi alcançado. No desenrolar da trama também podemos notar que o cineasta John Wayne trouxe para a película muita coisa que aprendeu ao trabalhar ao lado de grandes diretores em sua carreira. A influência mais notável vem de John Ford. Wayne tenta recriar na tela pequenas nuances e detalhes que eram muito presentes na obra de Ford. Obviamente não consegue o mesmo impacto, até por falta de maior experiência atrás das câmeras, mas se sai muito bem. Assim "The Alamo" é uma prova que se quisesse, John Wayne poderia ter tido também uma bela carreira como diretor. Infelizmente o ator achava que dirigir trazia muita pressão, responsabilidades e riscos e por isso preferiu seguir trabalhando apenas como ator, atuando em seus bons e velhos faroestes. Uma pena, se tivesse seguido certamente teríamos por aí algumas pequenas joias cinematográficas como esse "O Álamo".

Pablo Aluísio.