domingo, 20 de maio de 2018

Duelo na Cidade Fantasma

Jake Wade (Robert Taylor) tem uma vida feliz. É xerife de uma pequena cidade no velho oeste e está para se casar com a bela Peggy (Patrícia Owens). Seu presente é realmente muito promissor e estável, o único problema realmente é seu passado. Embora esteja como homem da lei, Jake foi um bandoleiro, assaltante de bancos e trens quando era bem mais jovem e agora seu antigo bando está de volta. Liderados pelo insano Clint Hollister (Richard Widmark) ele querem um acerto de contas com Jake pois esse enterrou há muitos anos 20 mil dólares, fruto de um assalto que realizaram juntos. Após o sequestrarem ao lado de sua noiva vão para uma cidade fantasma no meio do deserto onde Jake afirma estar enterrado o dinheiro. Mas será mesmo? “Duelo na Cidade Fantasma” é um bom  western da Metro. Com excelente produção e dirigido pelo mestre  John Sturges, esse é aquele tipo de faroeste que o espectador não consegue desgrudar os olhos da tela. Isso porque a tensão crescente permeia toda a trama. Estando ambos sequestrados e com mãos amarradas o xerife Jake (Taylor) tenta de todas as formas encontrar uma saída pois todos sabem que a intenção de Clint (Widmark) é realmente colocar as mãos no dinheiro para depois liquidar o xerife e sua noiva.

O elenco é liderado pelo galã Robert Taylor. Aqui ele aproveita para usar um figurino todo negro, com um lenço vermelho no pescoço. Boa pinta e com ótima dicção, Taylor não diz muito a que veio. Obviamente como passa praticamente todo o filme amarrado realmente não haveria como disponibilizar uma atuação melhor. Em vista disso quem realmente domina a cena é Richard Widmark que tem as melhores cenas e os mais bem escritos diálogos. Ele está excelente na pele do facínora Clint, um sujeito sem valores morais que só deseja uma coisa: se apoderar do dinheiro do assalto há muito tempo enterrado. Pessoalmente não gosto de muitos títulos nacionais que foram dados a faroestes americanos no Brasil mas esse aqui até que se revela adequado. A tal cidade fantasma, um lugarejo perdido em Alabama Hills realmente acaba se tornando um dos personagens do filme. Cercados por comanches por todos os lados o desolado lugar traz forte impacto para a situação em que vivem Clint e Jake. O diretor John Sturges constrói nesse lugar um excelente conflito psicológico entre os dois elos de conflito, resultando tudo em um ótimo faroeste de tensão. Para finalizar um adendo aos fãs de Jornada nas Estrelas: O carismático ator DeForest Kelley faz parte do elenco como um dos bandidos do bando de Clint. Em conclusão fica a dica para os fãs de western: “Duelo na Cidade Fantasma”, um filme acima da média, com muito conflito psicológico e tensão. Não deixe de assistir.

Duelo na Cidade Fantasma (The Law and Jake Wade, Estados Unidos, 1958) Direção: John Sturges / Roteiro: William Bowers baseado no romance de Marvin H. Albert / Elenco: Robert Taylor, Richard Widmark, Patricia Owens, DeForest Kelley, Robert Middleton, Henry Silva / Sinopse: Jake Wade (Robert Taylor) é um xerife com passado nebuloso que se vê de repente na frente de seu antigo bando. Eles querem o dinheiro de um assalto realizado no passado. Clint (Richard Widmark) resolve seqüestrar o xerife e sua noiva para que eles o levem ao local onde os 20 mil dólares estariam enterrados. O clima de tensão está armado.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de maio de 2018

O Pistoleiro das Balas de Ouro

Título no Brasil: O Pistoleiro das Balas de Ouro
Título Original: Se sei vivo spara
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: GIA Società Cinematografica
Direção: Giulio Questi
Roteiro: Franco Arcalli, Giulio Questi
Elenco: Tomas Milian, Marilù Tolo, Piero Lulli, Milo Quesada, Francisco Sanz, Miguel Serrano

Sinopse:
Conhecido apenas como "O Estranho", um bandido mestiço faz parte de um bando de ladrões que roubam uma carga de ouro de uma diligência. No entanto, os americanos da quadrilha o traem e atiram em todos os mexicanos. O Estranho porém não está completamente morto, e rasteja para fora de sua cova rasa, continuando sua busca pelo ouro e exigindo uma vingança sangrenta.

Comentários:
Mais um western spaghetti. No Brasil recebeu ainda outro título quando foi exibido na TV, se chamando "Matar para Viver e Viver para Matar". Para alguns é um filme bem diferente mesmo, chegando a ser estranha e bizarro. Existe o protagonista, que é um ladrão de ouro, que é traído por seus comparsas. Abandonado para morrer no deserto acaba sobrevivendo, com a ajuda de nativos. Isso porém é apenas o começo de uma trama cheia de ramificações. Há personagens bem trabahados, contextualizados, porém outros não. Isso demonstra que o roteiro não foi tão caprichado. No final ficou esquisito porque tem doses de ação, terror, comédia e drama!!! Como misturar tantos gêneros de uma só vez e dar certo? Não dá. Mesmo assim (ou talvez por isso) acabou virando uma espécie de cult movie dos fãs de western spaghetti. Vai entender...

Pablo Aluísio.

Duelo de Ambições / Nas Garras da Ambição

A trama do filme é simples: dois cowboys são contratados para levar um grande rebanho de gado do Texas até o território selvagem de Montana. Essa era uma travessia que até aquele momento não havia sido feita, uma vez que o caminho era infestado por tribos hostis como os Sioux e ladrões de gado (até o exército americano evitava circular por aquela região). O filme foi dirigido pelo grande Raoul Walsh e prometia, pela sinopse, ser realmente grandioso, como os grandes clássicos do western dos anos 50. Infelizmente a estrutura do roteiro não me agradou muito e posso inclusive apontar o erro dele: a presença de Jane Russell no elenco. Nada contra ela, gosto de suas atuações, além do que sua parceria com Marilyn Monroe em "Os Homens Preferem as Loiras" entrou para história do cinema. O problema é que com Jane em cena o diretor acabou se perdendo. O filme ficou meloso, fora de foco. O que era para ser um exemplo de "filme de macho" com todos aqueles atos de bravura e luta para atravessar o velho oeste acabou virando com Jane um romance banal, sem muitos atrativos.

Analisando bem o problema não se resume a ela. O fato é que com Clark Gable em cena os roteiristas não resistiram e investiram mais uma vez na sua velha imagem de galã (que já estava com prazo de validade vencido na época pois ele inegavelmente surge em cena envelhecido, pouco viril e com claros sinais que a idade finalmente havia chegado). As intensas provocações de Jane para com Gable fazem com que o filme caia no lugar comum, com direito inclusive a músicas cantadas por Russell (algo que na minha opinião não caiu muito bem). Fica naquele joguinho de tensão sexual entre eles sem nunca chegarem aos "finalmente" Além disso tem o inevitável triângulo amoroso envolvendo ainda o personagem do ator Robert Ryan. Pena que Raoul Walsh não preferiu filmar uma produção mais focada na travessia do gado e menos no romance açucarado. De qualquer forma, mesmo com essas restrições, ainda indico esse "Os Homens Altos" (tradução literal do título original) para os fãs de faroeste. No mínimo será curioso assistir. Obs: No Brasil o filme também recebeu o título de "Nas Garras da Ambição". Era comum nos anos 50 os filmes receberem mais de um título (geralmente quando passava na TV depois as emissoras mudavam os títulos ao seu bel prazer).

Duelo de Ambições (The Tall Men, EUA, 1955) Direção de Raoul Walsh / Roteiro: Sidney Boehm, Frank S Nugent / Elenco: Clark Gable, Jane Russel e Robert Ryan / Sinopse: Dois cowboys são contratados para levar um enorme rebanho de gado do Texas até o território de Montana; No caminho enfrentarão vários desafios como bandidos e tribos selvagens hostis, os Sioux.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Onde Começa o Inferno

Título no Brasil: Onde Começa o Inferno
Título Original: Rio Bravo
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Howard Hawks
Roteiro: Jules Furthman, Leigh Brackett
Elenco: John Wayne, Dean Martin, Ricky Nelson, Angie Dickinson, Walter Brennan, Ward Bond
  
Sinopse:
Baseado na curta estória de B.H. McCampbell, o filme "Rio Bravo" conta a história do xerife John T. Chance (John Wayne), que trabalha numa pequena cidade do velho oeste. Ele tem como auxiliares Dude (Dean Martin), um sujeito com sérios problemas de alcoolismo e Stumpy (Walter Brennan) um velho manco que já não mete medo em ninguém. Juntos passarão por um teste de fogo ao prenderem Joe Burdette (Claude Akins), irmão de um perigoso fora da lei da região. Sitiados em sua própria delegacia eles tentam manter o bandido preso até a chegada do delegado federal que irá levar o facínora à julgamento por assassinato. Filme indicado pela Directors Guild of America na categoria de Melhor Direção (Howard Hawks). Também indicado pelo Laurel Awards nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Dean Martin) e Melhor Drama.

Comentários:
"Rio Bravo" foi um dos maiores filmes de western da carreira de John Wayne e isso definitivamente não é pouca coisa. O filme tem um roteiro excelente que desenvolve de forma excepcional a crescente ansiedade dos três homens da lei que tentam manter atrás das grades um perigoso assassino que conta com a ajuda de uma grande quadrilha para tirá-lo de lá. A história fascinou tanto o diretor Howard Hawks que ele voltaria a realizar outro western famoso, "El Dorado", com praticamente o mesmo argumento, embora sejam filmes diferentes. Hawks realmente tinha especial paixão pelo conto que deu origem ao filme (escrito por BH McCampbel) por trazer vários temas caros à mitologia do faroeste, como por exemplo, a redenção, a dignidade dos homens da lei e a crescente tensão psicológica que antecede o confronto final. O filme já começa inovando com uma longa sequência de mais de 4 minutos sem qualquer diálogo (algo que anos depois seria copiado por Sergio Leone em "Era Uma Vez no Oeste").

Quando Dude (Dean Martin) finalmente surge em cena logo ficamos chocados com sua aparência de alcoólatra, sujo, esfarrapado, lutando para manter o pouco de dignidade que ainda lhe resta. Aliás é bom frisar que a interpretação de Dean Martin para seu personagem é muito boa, excepcional até, passando mesmo uma sensação de dependência completa da bebida. Há inclusive uma ótima cena em que ele tenta, sem sucesso, enrolar um cigarro de fumo e não consegue por causa dos tremores em sua mão (curiosamente o único close de todo o filme). John Wayne mantém sua postura irretocável em um personagem tópico de seu filmes de western. Já o velhinho Stumpy (Walter Brennan) é um grande destaque. Servindo como alívio cômico ele acaba roubando várias cenas com sua simpatia e bom humor. Em suma, "Rio Bravo" merece todo o status que possui. É envolvente, tenso, bem escrito, com excelente desenvolvimento psicológico de seus personagens e acima de tudo diverte com inteligência. Um programa obrigatório para cinéfilos e fãs de western em geral.

Pablo Aluísio.

Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura

Título no Brasil: Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura
Título Original: Prega Dio... e scavati la fossa!
Ano de Produção: 1968
País: Itália
Estúdio: Mila Cinematografica
Direção: Edoardo Mulargia
Roteiro: Edoardo Mulargia, Fabio Piccioni
Elenco: Robert Woods, Jeff Cameron, Cristina Penz, Calisto Calisti, Paco Hermandariz, Léa Nanni
  
Sinopse:
Um jovem casal de camponeses resolve fugir da fazenda onde trabalha após o senhor das terras exigir a primeira noite de núpcias da noiva, uma velha tradição feudal. Perseguidos, o jovem rapaz é morto de forma covarde. Anos depois alguém retorna para acertar contas com o rico dono das terras que desgraçou a vida daquele jovem e apaixonado casal. A ordem é exterminar todos aqueles que tiveram alguma coisa a ver com a morte do jovem esposo, um ato bárbaro que merece uma vingança à altura.

Comentários:
Ah os títulos dos filmes de western spaghetti!... Muito provavelmente eram a melhor coisa desse tipo de produção. Esse "Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura" foi lançado nos cinemas brasileiros no começo da década de 1970 e depois foi relançado no mercado de vídeo com o título de "Sua Arma era o Colt" (um título muito mais americanizado, vamos dizer assim). O roteiro, como se pode perceber pela sinopse, apostou novamente no velho tema da vingança. Praticamente de cada dez filmes italianos de faroeste, oito ou nove apostavam nesse tipo de enredo. Sempre era alguém que havia sofrido uma grande injustiça em seu passado que retornava depois de anos para acertar as contas com seus algozes. Diz um velho ditado de que "Quem bate logo esquece, mas quem apanha jamais!". É bem por aí. O filme foi dirigido pelo diretor italiano nascido na ilha de Sardenha Edoardo Mulargia. Como era comum na época ele assinou o filme como Edward G. Muller, um nome também "americanizado". Já o astro do filme, Robert Woods, era realmente americano, nascido no Colorado. Com o cinema italiano funcionando em ritmo industrial ele foi para a Europa onde estrelou inúmeros filmes de faroeste como esse, com destaque para os sucessos "Minha Pistola Nunca Falha" e "7 Pistolas para os MacGregor". Chegou até a estrelar uma série de sucesso com o pistoleiro Pecos em filmes como "Pecos Acerta as Contas!" e "Pecos em Hong Kong", em suma o suprassumo dos filmes spaghetti daqueles tempos bem mais divertidos. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Quando os Bravos se Encontram

Título no Brasil: Quando os Bravos se Encontram
Título Original: Valdez is Coming
Ano de Produção:1971
País: Estados Unidos, Espanha
Estúdio: United Artists
Direção: Edwin Sherin
Roteiro: Roland Kibbee, David Rayfiel
Elenco: Burt Lancaster, Susan Clark, Frank Silvera, Jon Cypher
  
Sinopse:
Bob Valdez (Burt Lancaster) é um envelhecido xerife que é humilhado por um bando de malfeitores liderados por Frank Tanner (Jon Cypher). Após ser rendido pelos facínoras ele é crucificado e enviado ao deserto para morrer em agonia. Sua vingança não tardará a acontecer. Roteiro baseado no romance escrito por Elmore Leonard.

Comentários:
"Quando os Bravos se Encontram" é um exemplo perfeito da influência do Western Spaguetti dentro do cinema americano. Não deixa de ser muito curioso assistir a um filme Made in USA (feito nos Estados Unidos) tentando ser no fundo um filme de bang-bang italiano! É algo como se o produto imitado começasse a querer imitar justamente os imitadores! Confuso não? Pois é justamente o que acontece aqui. Burt Lancaster faz o Valdez do título, mas ele bem poderia se chamar Django. Um sujeito que a despeito de ter uma boa alma é forçado a partir para a brutalidade sem limites com suas armas em punho. O título original do filme ("Valdez está chegando!") é outro sinal claro de sua intenção de parecer um western spaguetti já que esses sempre tiveram títulos evocativos e exagerados do típo "Django não perdoa, Mata!" ou "Deus os cria e eu os Mato!".

E tal como Django o Valdez mata bandidos em escala industrial, um atrás do outro, sem falhas e sem balas desperdiçadas! Um primor de pontaria e sagacidade! Burt Lancaster, o velho ídolo de Hollywood, procura dar dignidade ao seu papel. É verdade que não há muito o que fazer diante de um personagem como Valdez que passa quase todo o filme apenas dizimando os inimigos no deserto. E por falar no deserto uma das melhores coisas de se ver aqui é a cena em que Lancaster vagueia pelas areias carregando uma cruz de madeira, agonizando. Essa cena pelo menos é bem marcante. Pena que o vilão Frank Tanner seja tão inexpressivo. Também pudera ele está sendo interpretado pelo canastrão Jon Cypher que não convence em momento algum. Barton Heyman se sai bem melhor como o bandoleiro El Segundo. Feio como o diabo o sujeito tem os colhões que faltam a Cypher. Em suma é isso, "Valdez is Coming" é uma cópia da cópia. Um western americano com cheiro de macarronada. O produto é esquizofrênico, mas pode divertir se você não for um fã de faroeste mais radical e purista.

Pablo Aluísio.

O Resgate de um Bandoleiro

Título no Brasil: O Resgate de um Bandoleiro
Título Original: The Tall T
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Elmore Leonard, Burt Kennedy
Elenco: Randolph Scott, Richard Boone, Maureen O'Sullivan, Arthur Hunnicutt, Skip Homeier, Henry Silva
  
Sinopse:
Pat Brennan (Randolph Scott) é um pequeno fazendeiro que vai até uma cidade para comprar um touro reprodutor para seu rebanho. Na viagem de volta a diligência em que se encontra é sequestrada pelo bando de Frank Usher (Richard Boone) que exige um resgate de 50 mil dólares pela vida da jovem filha de um rico dono de minas da região, que também estava na mesma carruagem. Filme integrante da lista de obras da National Film Preservation Board.

Comentários:
Esse é mais um faroeste produzido pelo próprio ator Randolph Scott através de sua companhia Scott-Brown Productions. Além de ator popular de fitas de western, Randolph Scott também era um empresário inteligente que faturava muito bem com seus próprios filmes. Além disso, pelo fato de ser também o produtor, ele poderia opinar em todo o filme, desde a direção, cenários, figurinos, passando até mesmo pelo roteiro. Fora isso a produção também lhe colocava nas mãos o poder de escolher os demais membros do elenco, algo que Scott aproveitava para escalar amigos atores e atrizes de seu círculo pessoal. A fita é ágil, curtinha (para passar nas matinês), mas mesmo assim consegue manter bem o interesse. Enquanto estão sequestrados começa um jogo psicológico entre o mocinho Pat (Scott) e o vilão (Boone). Esse aliás é um dos pontos altos do roteiro que consegue criar bastante tensão e suspense em um filme que basicamente só seria um faroeste convencional. Grande parte do filme se passa num casebre no alto de uma colina em pleno deserto. O clima árido e hostil combina bem com o clima tenso. Curiosamente no comecinho do filme o personagem de Scott é amenizado, inclusive participando de uma pequena aposta ao montar um touro feroz. Além disso ele faz amizade com um garotinho, numa sacada do roteiro que achei ser inspirado em "Os Brutos Também Amam". Por fim, é sempre bom lembrar que "The Tall T" foi dirigido pelo mestre Budd Boetticher, um dos grandes cineastas da história do western americano. Ele e Randolph Scott trabalharam juntos em vários filmes ao longo dos anos 50, sendo alguns deles grandes clássicos do faroeste americano da época. Enfim, fica assim a recomendação para conhecer mais esse trabalho de Randolph Scott, em uma das melhores fases de sua longa filmografia.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Audazes e Malditos

Título no Brasil: Audazes e Malditos
Título Original: Sergeant Rutledge
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: John Ford
Roteiro: Willis Goldbeck baseado no romance de John Hawkins
Elenco: Jeffrey Hunter, Woody Strode, Constance Towers, Carleton Young
  
Sinopse:
Baxton Rutledge (Woody Strode) é um sargento negro do exército americano que é acusado de matar um oficial superior. Como se isso não bastasse ainda é apontado também como o assassino e estuprador de uma jovem garota. Para defendê-lo é indicado como advogado de defesa o tenente Tom Cantrell (Jeffrey Hunter). Instaurada a corte marcial todos tentarão desvendar o que realmente teria acontecido

Comentários:
"Audazes e Malditos" é mais um belo western do consagrado diretor John Ford. Geralmente filmes de cavalaria americana sempre dão bons filmes e com Ford na direção não poderia sair outro resultado. Porém o filme se diferencia dos demais que John Ford fez sobre o exército americano. Muita coisa que vemos em sua famosa trilogia da cavalaria não se repete aqui. Em "Audazes e Malditos" temos um autêntico filme de tribunal, só que obviamente passado no velho oeste. Embora haja conflitos entre soldados e Apaches (mostrados em flashbacks) a ação propriamente dita não se desenrola no meio do deserto, mas sim em depoimentos, testemunhos e evidências que são apresentadas durante a corte marcial do sargento. Para um filme assim Ford teve que convocar um bom elenco de atores. Jeffrey Hunter está muito bem no papel do tenente que tenta de todas as formas inocentar o acusado. Para falar a verdade não me recordo de nenhuma outra atuação dele tão boa quanto essa. Era sem dúvida um bom ator que ficou imortalizado não apenas no papel de Jesus Cristo em "Rei dos Reis" como também por ter sido o primeiro piloto da nave Enterprise no episódio de estreia da série "Jornada nas Estrelas" que na época foi considerada "cerebral" demais para os padrões da TV americana. Uma pena que tenha morrido tão jovem. Outro destaque é a presença de Woody Strode como o sargento negro acusado de assassinato e estupro. Sua postura é das melhores e ele mostra que era excelente ator em pequenos detalhes, no olhar, na convicção e na dignidade. Por todas essas razões recomendo "Audazes e Malditos" não apenas aos fãs de John Ford, esse genial cineasta, mas também a todos que gostam de edificantes tramas jurídicos. Um roteiro socialmente consciente que tem muito a dizer e passar com sua mensagem. Certamente não irão se arrepender.

Pablo Aluísio.

Armado Até os Dentes

Título no Brasil: Armado Até os Dentes
Título Original: Man with the Gun
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Richard Wilson
Roteiro: N.B. Stone Jr, Richard Wilson
Elenco: Robert Mitchum, Jan Sterling, Karen Sharpe, Saul Atkins, Emile Meyer, John Lupton.

Sinopse:
No filme Robert Mitchum interpreta um pistoleiro de aluguel chamado Clint Tollinge. Se auto denominando um "pacificador de cidades" ele chega na pequena Sheridan atrás da mãe de sua pequena filha. Ao chegar no local acaba descobrindo que a cidade está sendo ameaçada e extorquida pelo bando de um rancheiro que quase nunca vai lá, mas que barbariza com quem se atreve a cruzar seu caminho. Colocando seus serviços à disposição do povo local, Clint logo é escolhido como auxiliar do xerife para colocar ordem no caos reinante.

Comentários:
Eficiente Western B que tem um roteiro tão redondinho que me deixou surpreso. A United Artists era controlada por artistas, atores e profissionais do cinema. Fundada ainda na época do cinema mudo, a companhia procurava inovar em suas produções. Infelizmente depois de vários anos em crise o estúdio precisou procurar por filmes mais comerciais, que trouxessem bilheteria sem muitos custos. O gênero faroeste assim se mostrou adequado pois era relativamente barato rodar um western e sua popularidade sempre garantia o retorno de um bom lucro para a empresa. Além disso sempre era um bom negócio rodar uma fita com o popular Robert Mitchum. Embora filmes noir fossem sua especialidade ele também se saia muito bem em filmes de bangue-bangue. Além dele o elenco de apoio também é muito bom.  O interessante aqui é que o vilão (e obeso mórbido) Dade Hollman só aparece nos cinco minutos finais, o que demonstra que o roteiro joga bastante com sua onipresença na região, embora praticamente não apareça em cena. O elenco é muito bom. Robert Mitchum compõe um tipo que curiosamente seria repetido por outro Clint, o Eastwood, em seus filmes. Caladão, durão, cara de poucos amigos, ele logo impõe respeito por sua perícia e velocidade no gatilho. O elenco feminino é todo formado por beldades e starlets da época. Como o enredo mostra um grupo de dançarinas de cabaret a fartura de mulheres bonitas é alta no filme, com destaque para Karen Sharpe, jovem e estreante no cinema. Esse foi o primeiro filme do diretor Richard Wilson. Embora estreante nas telas se saiu muito bem pois consegue imprimir ação e tensão nas medidas certas. Curiosamente ele iria dirigir poucos filmes em sua carreira, preferindo exercer a função de produtor anos depois. Enfim, recomendo "Armado Até os Dentes" para os fãs de western. É um filme rápido, bem atuado e com roteiro bem construído.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de maio de 2018

Drácula (1979)

A primeira vez que assisti a esse Drácula foi nos anos 80, no Supercine da Globo. Já naquela ocasião percebi que se tratava de um grande filme. Recentemente porém o filme foi relançado em DVD nos Estados Unidos e decidi rever novamente. O tempo só lhe fez justiça. Digo, sem medo de errar, que esse é certamente um dos melhores filmes sobre o lendário Conde criado por Bram Stoker. Claro que o filme de Francis Ford Coppola segue sendo até hoje a melhor adaptação do romance vampiresco para o cinema. Isso porem não tira os méritos dessa outra excelente produção que foi assinada pelo ótimo John Badham. De fato foi um dos primeiros filmes a seguirem de perto o livro original. Embora a trama tenha sido enxugada um pouco, o enredo segue praticamente o mesmo criado por Stoker.

Quando o filme começa já vemos Drácula desembargando numa Londres escura, cheia de nevoeiros e clima sombrio. O ideal para esse tipo de história. Aliás tiro o chapéu para a equipe que foi responsável pela direção de arte, figurinos, maquiagem e reconstituição histórica da produção, porque está simplesmente perfeita. Some a isso o excelente elenco e você terá uma pequena obra prima em mãos. Frank Langella como Drácula é uma combinação perfeita. Penso até que o ator teria ter voltado ao personagem em novos filmes. Seu estilo pessoal, dicção e modo de comportamento em tudo combina com o Conde da Transilvânia. Em pleno anos 70 ele conseguiu dar uma certa modernizada no personagem, com trejeitos e figurinos mais de acordo com a época, como também conseguiu respeitar a tradição do Conde da literatura. Não foi algo fácil de fazer. O mesmo vale para o veterano Laurence Olivier como seu opositor, o Dr. Van Helsing. Em suma, é um filmão de terror que deixaria orgulhoso o próprio Bram Stoker em pessoa! Nunca assistiu?! Não vá perder mais tempo e corra para conferir.

Drácula (Drácula, EUA, 1979) Direção de John Badham / Roteiro: Hamilton Deane baseado na obra de Bram Stoker / Com Frank Langella, Laurence Olivier, Donald Pleasence / Sinopse: Conde romeno de nome Drácula (Frank Langella) chega na vitoriana Londres para adquirir uma nova propriedade na cidade. Nesse momento conhece a linda Mina, filha do renomado Dr Van Helsing e sua amiga Lucy, jovem namorada de seu procurador. A aproximação se tornará irresistível para o vampiro da noite. .

Pablo Aluísio.