Poucos ainda se lembram desse western chamado "Shalako". O que mais chama atenção aqui é o seu elenco. Sean Connery jamais se notabilizou ao longo de sua carreira por ter atuado em faroestes. Na verdade ele fez apenas um western em toda a sua longa carreira e foi justamente esse "Shalako". Por essa razão ele sempre parece deslocado naquela ambientação. Era mesmo complicado dissociar sua imagem da de James Bond, algo que ele vinha tentando fazer naqueles tempos. Outra que parece fora de seu habitat natural é a atriz Brigitte Bardot. Apesar de ser um mito de beleza, moda e cinema na época, ela não tinha ainda se firmado no mercado americano (algo que nunca iria acontecer, diga-se de passagem). BB tinha problemas de aprendizado com a língua inglesa, o que era de se admirar, pois o inglês é uma língua bem simples, diria até mesmo básica, bem longe da riqueza das línguas latinas históricas tradicionais como o francês e até mesmo o nosso português. Geralmente é bem mais fácil uma pessoa de língua latina aprender o inglês do que o contrário. Americanos em geral apresentam uma grande dificuldade em aprender português e francês, por exemplo, justamente por causa da riqueza linguística desses idiomas europeus milenares. Bardot porém não levava jeito e isso acabou de certa forma com sua carreira na América. Nesse filme ela faz um esforço e tanto para declamar bem seu texto na língua inglesa, mas sinceramente falando ela não se sai bem. Muito provavelmente Bardot tenha tido consciência disso ao assistir ao seu próprio filme e nunca mais trabalhou em outra produção que não fosse rodada em sua língua natal.
Ela interpreta uma condessa que vai até o oeste americano para caçar e viajar. Acredite, muitos nobres europeus fizeram essa viagem no século XIX. O oeste dos Estados Unidos era considerado um mundo selvagem, uma terra sem lei, ótima para caçar animais selvagens nas distantes pradarias sem fim. Muitos membros da realeza da Europa ansiavam por aventuras e histórias pitorescas para contar nas cortes mais sofisticadas do velho continente e por isso faziam essa estafante viagem rumo ao novo mundo. Aliás é importante salientar que a América do Norte naqueles tempos ainda era considerado um ambiente rústico, primitivo, sem qualquer tipo de sofisticação. Assim os europeus iam para lá com o mesmo espírito que os animavam a viajar até os confins da África. Ambos os continentes eram subdesenvolvidos, com quadro político e social bem turbulento. Os Estados Unidos, acredite, era considerado uma nação de segunda ou até mesmo terceira categoria para um francês ou inglês de sangue azul. Para um europeu a Califórnia era considerada tão atrasada quanto qualquer região da África subsaariana. Isso é bem explorado no filme quando um grupo de viajantes da distante e esnobe Europa invade sem saber uma reserva dos nativos Apaches. Quando eles são ameaçados a deixarem a região o sentimento de todos no grupo é de ironia e até mesmo escárnio - imagine ser chantageado por aqueles povos primitivos! Um absurdo!
Sean Connery, o astro principal do filme, interpreta Moses "Shalako" Carlin, um ex- Coronel do Exército da União que participou ativamente dos tratados de paz firmados com aqueles nativos. Quando ele percebe que algo muito sério está prestes a acontecer por causa daqueles europeus desavisados e insensatos terem invadido território Apache, ele tenta de todas as formas evitar um banho de sangue. Ele já havia salvado a vida da Condessa interpretada por BB e agora tinha que usar de todo jogo de cintura para evitar uma nova guerra entre os Apaches e os homens brancos. Afinal para os nativos não importava que aquele grupo fosse europeu e não americano, o que tinha relevância era o fato de que eles eram invasores e estavam ali rompendo tratados firmados com o exército americano.
Por fim um fato relevante a se falar sobre essa produção "Shalako". Muitos gostam de afirmar que a globalização é algo recente. Ledo engano. Aqui temos uma produção anglo-alemã, estrelada por uma francesa (Brigite Bardot) e um escocês (Sean Connery), com direção de um cineasta americano (Edward Dmytryk) e filmado nos desertos da Espanha (Almería, Andalucía). Quer algo mais globalizado do que isso? Pois então. Esse filme foi realizado em uma época em que os investidores mundo todo começaram a ver o cinema como um belo caminho para se ter um bom retorno lucrativo. Ao invés dos grandes estúdios americanos monopolizando a produção de filmes como esse, começou-se a ir atrás de investidores privados, pessoas que queriam apenas alcançar um bom lucro de suas reservas investidas na produção de filmes. Esse sempre foi um aspecto subestimado de mudança dentro da indústria cinematográfica que poucos prestaram atenção. Com o rompimento dos laços com as majors americanas houve também uma explosão de criatividade entre os diretores e roteiristas que começavam a chamar a atenção naquela época, para a felicidade dos cinéfilos de todo o mundo. De fato o cinema nunca mais seria o mesmo depois da década de 1960. Era um novo mundo na sétima arte que começava a nascer.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 25 de outubro de 2006
terça-feira, 24 de outubro de 2006
Sangue de Heróis (1948)
Sangue de Heróis (Fort Apache, EUA, 1948) é considerado um dos grandes filmes de cavalaria da história do cinema americano. Estrelado pelos astros John Wayne e Henry Fonda e dirigido pelo mestre John Ford, a fita é considerada um patrimônio cultural dos Estados Unidos pelo congresso. Aqui vão algumas curiosidades sobre esse clássico absoluto do western:
1. John Ford não se deu bem com a estrelinha Shirley Temple. Na época em que o filme foi realizado ela já tinha 19 anos de idade. Acontece que Temple foi a maior estrela mirim da história de Hollywood. Conforme foi ficando mais velha seus filmes foram fazendo menos sucesso a cada ano. Ela foi imposta pelo estúdio a Ford que se aborreceu com isso.
2. John Ford usou descendentes nativos Navajos para interpretar Apaches. Em sua visão esses indígenas eram mais profissionais para se trabalhar. Ele também descartou completamente a possibilidade de usar figurantes brancos pintados como índios. Para Ford isso era absurdo e não parecia convincente nas telas. Mais de 200 Navajos foram contratados para trabalharem como guerreiros e outro 100 para atuarem como crianças e mulheres da tribo.
3. Henry Fonda trabalhou nove vezes ao lado de John Ford durante sua carreira. Apesar disso jamais se acostumou com a maneira truculenta do diretor que muitas vezes usava de linguagem rude para dirigir seus atores. Isso se mostrava adequado para John Wayne que costumava responder de forma igualmente rude às provocações e xingamentos de Ford, mas para Fonda, que tinha uma educação mais elegante e refinada, tudo gerava apenas mal estar. Segundo algumas testemunhas Fonda chegava a tecer lágrimas após mais uma sessão de desaforos de Ford durante as filmagens.
4. John Ford mandou que o roteiro fosse o mais fiel possível aos fatos históricos. O enredo girava em torno dos erros cometidos pelo General Custer que levou ao massacre da Sétima Cavalaria do exército americano que estava sob seu comando. Inicialmente Ford queria filmar tudo na mesma região onde os fatos aconteceram - um lugar conhecido como Little Big Horn, mas depois foi convencido pelo estúdio que essa não seria uma boa ideia.
5. O forte construído para o filme ficou de pé por anos. Ele foi inclusive reutilizado para a série de TV "As Aventuras de Rin Tin Tin". Localizado na cidade de Simi Valley na Califórnia o local atrai turistas até os dias de hoje.
6. John Ford proibia a presença de filhos e esposas dos atores durante as filmagens, mas acabou deixando John Wayne trazer seu filho Michael Wayne para o set de filmagens no Monument Valley. Anos depois Michael lembraria como era duro trabalhar naquele lugar onde só havia deserto. Para ele não havia outra opção no lugar a não ser o trabalho e isso deixava Ford muito satisfeito.
Pablo Aluísio.
1. John Ford não se deu bem com a estrelinha Shirley Temple. Na época em que o filme foi realizado ela já tinha 19 anos de idade. Acontece que Temple foi a maior estrela mirim da história de Hollywood. Conforme foi ficando mais velha seus filmes foram fazendo menos sucesso a cada ano. Ela foi imposta pelo estúdio a Ford que se aborreceu com isso.
2. John Ford usou descendentes nativos Navajos para interpretar Apaches. Em sua visão esses indígenas eram mais profissionais para se trabalhar. Ele também descartou completamente a possibilidade de usar figurantes brancos pintados como índios. Para Ford isso era absurdo e não parecia convincente nas telas. Mais de 200 Navajos foram contratados para trabalharem como guerreiros e outro 100 para atuarem como crianças e mulheres da tribo.
3. Henry Fonda trabalhou nove vezes ao lado de John Ford durante sua carreira. Apesar disso jamais se acostumou com a maneira truculenta do diretor que muitas vezes usava de linguagem rude para dirigir seus atores. Isso se mostrava adequado para John Wayne que costumava responder de forma igualmente rude às provocações e xingamentos de Ford, mas para Fonda, que tinha uma educação mais elegante e refinada, tudo gerava apenas mal estar. Segundo algumas testemunhas Fonda chegava a tecer lágrimas após mais uma sessão de desaforos de Ford durante as filmagens.
4. John Ford mandou que o roteiro fosse o mais fiel possível aos fatos históricos. O enredo girava em torno dos erros cometidos pelo General Custer que levou ao massacre da Sétima Cavalaria do exército americano que estava sob seu comando. Inicialmente Ford queria filmar tudo na mesma região onde os fatos aconteceram - um lugar conhecido como Little Big Horn, mas depois foi convencido pelo estúdio que essa não seria uma boa ideia.
5. O forte construído para o filme ficou de pé por anos. Ele foi inclusive reutilizado para a série de TV "As Aventuras de Rin Tin Tin". Localizado na cidade de Simi Valley na Califórnia o local atrai turistas até os dias de hoje.
6. John Ford proibia a presença de filhos e esposas dos atores durante as filmagens, mas acabou deixando John Wayne trazer seu filho Michael Wayne para o set de filmagens no Monument Valley. Anos depois Michael lembraria como era duro trabalhar naquele lugar onde só havia deserto. Para ele não havia outra opção no lugar a não ser o trabalho e isso deixava Ford muito satisfeito.
Pablo Aluísio.
Anne Jeffreys
A atriz que interpretou a bandoleira Cheyenne no filme "A Volta dos Homens Maus" teve uma longa e bem produtiva carreira no cinema. Também foi uma mulher longeva, só vindo a falecer aos 97 anos de idade, em 2017. Ao longo de toda a vida atuou em mais de 80 filmes, muitos deles considerados verdadeiros clássicos da sétima arte.
Também foi uma atriz atuante em séries de TV, principalmente após ter chegado numa certa idade, onde as personagens para filmes de cinema foram rareando. Sim, Hollywood sempre foi bem preconceituosa nesse aspecto, principalmente entre as mulheres. Atrizes mais velhas acabam ficando sem trabalho nos grandes estúdios de cinema. Uma triste realidade.
Em 1973 foi indicada ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz em série - drama. O programa se chamava "The Delphi Bureau". Entre as séries memoráveis em que trabalhou vale a pena citar "Cavalcade of America", "Caravana", "Bonanza", "O Agente da UNCLE", "Tarzan", "Os Novos Centuriões", "Galactica: Astronave de Combate", "Vega$", "Buck Rogers" e "Ilha da Fantasia". Foram muitos anos de trabalho em emissoras americanas e muitas dessas séries também fizeram bastante sucesso de audiência no Brasil.
Já no cinema é importante citar alguns filmes clássicos em que ela atuou, com destaque para "Emboscada para Billy the Kid", "Tarzan Contra o Mundo", "Bandoleiros da Fronteira", "O Vale dos Bandidos", "Dick Tracy", "O Punhal Sangrento", "O Passo do Ódio" e o já citado "A Volta dos Homens Maus" onde fez par romântico ao lado de Randolph Scott. Em suma, ela foi também uma autêntica cowgirl dos filmes clássicos de faroeste em sua era de ouro, entre as décadas de 1940 a 1960.
Pablo Aluísio.
Também foi uma atriz atuante em séries de TV, principalmente após ter chegado numa certa idade, onde as personagens para filmes de cinema foram rareando. Sim, Hollywood sempre foi bem preconceituosa nesse aspecto, principalmente entre as mulheres. Atrizes mais velhas acabam ficando sem trabalho nos grandes estúdios de cinema. Uma triste realidade.
Em 1973 foi indicada ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz em série - drama. O programa se chamava "The Delphi Bureau". Entre as séries memoráveis em que trabalhou vale a pena citar "Cavalcade of America", "Caravana", "Bonanza", "O Agente da UNCLE", "Tarzan", "Os Novos Centuriões", "Galactica: Astronave de Combate", "Vega$", "Buck Rogers" e "Ilha da Fantasia". Foram muitos anos de trabalho em emissoras americanas e muitas dessas séries também fizeram bastante sucesso de audiência no Brasil.
Já no cinema é importante citar alguns filmes clássicos em que ela atuou, com destaque para "Emboscada para Billy the Kid", "Tarzan Contra o Mundo", "Bandoleiros da Fronteira", "O Vale dos Bandidos", "Dick Tracy", "O Punhal Sangrento", "O Passo do Ódio" e o já citado "A Volta dos Homens Maus" onde fez par romântico ao lado de Randolph Scott. Em suma, ela foi também uma autêntica cowgirl dos filmes clássicos de faroeste em sua era de ouro, entre as décadas de 1940 a 1960.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 23 de outubro de 2006
John Wayne e John Ford
Sem dúvida dentro da mitologia do western americano não podemos deixar de lado uma das duplas mais significativas da história do cinema americano: John Wayne e John Ford. Quando Ford começou a trabalhar com Wayne esse já era de certa maneira um ator popular e conhecido do público das grandes matinês. John Wayne tinha estrelado inúmeros filmes de bang bang antes de encontrar John Ford. Essas produções eram populares, tinham ótimas bilheterias, porém não contavam com o respaldo da crítica que as consideravam apenas entretenimento comum, sem qualquer tipo de status de grande arte. Apenas ao lado de John Ford o mito John Wayne seria alçado rumo ao panteão dos grandes ídolos do cinema americano. O curioso é que Ford tinha uma relação de amor e ódio com o ator. Quase sempre demonstrava ter pouca paciência com Wayne, principalmente por ele não ser considerado naquela altura de sua vida um grande ator.
"Quantas expressões faciais você tem seu hipopótamo?" - Desafiava John Ford durante as filmagens. Wayne não deixava barato e respondia: "Mais do que você pensa seu caolho desgraçado!". Isso pode soar rude e grosseiro para muitas pessoas, porém quem já teve uma amizade masculina sincera fundada em pequenas rusgas como essas saberá e entenderá que tudo não passava de uma nada delicada brincadeira entre os dois. É natural entre homens esse tipo de tratamento que nunca pode ser encarado como uma ofensa legítima, mas sim como uma forma íntima de tratar alguém que você tem intimidade suficiente para provocar e instigar. Nos filmes John Ford e John Wayne funcionavam em perfeita harmonia.
Ford procurava pelo resgate do homem íntegro e honesto que desbravou o velho oeste não apenas no aspecto puramente territorial, mas também psicológico. O americano que ia rumo ao oeste o fazia com o espírito de lá fundar suas raízes, criar sua família, viver muitas vezes da terra. Para Ford esse era o verdadeiro herói nacional. Um homem duro como rocha que encarava todos os desafios, como a aridez da região, o ataque de selvagens e a hostilidade da natureza para se firmar ali e criar uma civilização, baseada principalmente em seus valores de trabalho, ética e honestidade.
Em John Wayne o diretor enxergava o tipo ideal para personificar esse pioneiro. John Wayne era muito querido dentro da indústria, principalmente por ser considerado um profissional correto e digno de confiança. Além disso tinha uma reputação impecável, como homem honesto e cumpridor de suas obrigações. Em tantos anos de carreira jamais havia se envolvido em qualquer escândalo seja de que natureza fosse. Ao contrário de outros ídolos seu nome era respeitado dentro da comunidade cinematográfica. Além disso seu visual, mais velho, com sobrepeso, mas expressão firme e decidida, caía como uma luva nos personagens dos filmes de Ford. Os pioneiros dos século XVIII e XIX eram mesmo a cara de John Wayne. Dessa feliz fusão de ator e diretor nasceram alguns dos maiores clássicos do faroeste norte-americano que iremos tratar em uma série de textos nas próximas semanas. Até lá...
Pablo Aluísio.
"Quantas expressões faciais você tem seu hipopótamo?" - Desafiava John Ford durante as filmagens. Wayne não deixava barato e respondia: "Mais do que você pensa seu caolho desgraçado!". Isso pode soar rude e grosseiro para muitas pessoas, porém quem já teve uma amizade masculina sincera fundada em pequenas rusgas como essas saberá e entenderá que tudo não passava de uma nada delicada brincadeira entre os dois. É natural entre homens esse tipo de tratamento que nunca pode ser encarado como uma ofensa legítima, mas sim como uma forma íntima de tratar alguém que você tem intimidade suficiente para provocar e instigar. Nos filmes John Ford e John Wayne funcionavam em perfeita harmonia.
Ford procurava pelo resgate do homem íntegro e honesto que desbravou o velho oeste não apenas no aspecto puramente territorial, mas também psicológico. O americano que ia rumo ao oeste o fazia com o espírito de lá fundar suas raízes, criar sua família, viver muitas vezes da terra. Para Ford esse era o verdadeiro herói nacional. Um homem duro como rocha que encarava todos os desafios, como a aridez da região, o ataque de selvagens e a hostilidade da natureza para se firmar ali e criar uma civilização, baseada principalmente em seus valores de trabalho, ética e honestidade.
Em John Wayne o diretor enxergava o tipo ideal para personificar esse pioneiro. John Wayne era muito querido dentro da indústria, principalmente por ser considerado um profissional correto e digno de confiança. Além disso tinha uma reputação impecável, como homem honesto e cumpridor de suas obrigações. Em tantos anos de carreira jamais havia se envolvido em qualquer escândalo seja de que natureza fosse. Ao contrário de outros ídolos seu nome era respeitado dentro da comunidade cinematográfica. Além disso seu visual, mais velho, com sobrepeso, mas expressão firme e decidida, caía como uma luva nos personagens dos filmes de Ford. Os pioneiros dos século XVIII e XIX eram mesmo a cara de John Wayne. Dessa feliz fusão de ator e diretor nasceram alguns dos maiores clássicos do faroeste norte-americano que iremos tratar em uma série de textos nas próximas semanas. Até lá...
Pablo Aluísio.
Embrutecido Pela Violência
Ontem assisti a mais um clássico western americano. Esse ainda era inédito para mim. É uma produção de 1951 estrelada por Kirk Douglas e dirigida pelo mestre Raoul Walsh chamada "Embrutecido Pela Violência". Acabei inclusive de publicar uma resenha no blog Cine Western que pode ser facilmente acessada clicando aqui. Além do já tradicional roteiro, típico de faroestes da época, esse filme me intrigou porque tocou em um ponto que acho crucial: as falhas do sistema judiciário (seja ele de que país for). Douglas interpreta um agente federal obcecado em seguir a lei ao pé da letra, em seus menores detalhes. Nada de pensar em fazer justiça pelas próprias mãos. Assim quando encontra um grupo de homens prontos para pendurarem numa árvore um velho acusado de ter roubado gado e matado o querido filho de um rancheiro da região, ele nem pensa duas vezes e saca suas armas para deter o ato de pura vingança (e não justiça, em sua particular forma de entender a situação). Ele consegue salvar a vida do sujeito, mas ao mesmo tempo se coloca em perigo já que o grupo não se contenta com o que aconteceu e passa a caçá-lo pelo deserto californiano. Acontece que o seu prisioneiro também tem uma filha, interpretada pela beldade Virginia Mayo, que também está disposta a fazer de tudo para que seu pai não seja condenado. Na jornada pelo deserto o Marshal conta apenas com a ajuda de dois assistentes; Já do outro lado e em seu encalço vai um verdadeiro bando de foras-da-lei, prontos para acabarem com sua vida e a de seu prisioneiro.
O veterano Kirk Douglas ainda vive e é um verdadeiro sobrevivente. Provavelmente seja o último grande astro da era de ouro do cinema americano ainda vivo. Aos 99 anos de idade, Kirk é mais durão do que todos os cowboys juntos que interpretou ao longo de sua vida. Com 92 filmes no currículo, em mais de 60 anos de carreira, ele foi um verdadeiro workaholic em seus tempos de glória. O curioso na carreira dele é que jamais se limitou a apenas um gênero cinematográfico, abraçando todo tipo de projeto que lhe parecesse interessante. Também foi um artista corajoso e independente que enfrentou de frente grupos poderosos da época. Em plena era das caças às bruxas da paranóia anticomunista ele foi o único em Hollywood que teve coragem de empregar profissionais que estavam na lista negra do Macartismo, entre eles o genial roteirista Dalton Trumbo que havia sido impedido de trabalhar nos grandes estúdios por ter sido acusado de ser membro do partido comunista. Douglas topou a briga e o contratou mesmo sob diversas ameaças de boicote. No final o filme se tornou um grande clássico e Kirk Douglas se tornou um dos responsáveis pelo fim daquela loucura que se espalhava na indústria cultural americana.
Já a atriz Virginia Mayo era outra profissional de muita garra na luta por sua carreira. Ela nasceu em St. Louis, Missouri, no ano de 1920. Desde cedo quis ser atriz de cinema, mas isso exigia um esforço e tanto para conseguir. Considerada uma rainha da beleza ela começou sua vida profissional atuando como modelo (linda como era, não houve maiores problemas sobre isso). Como também era dançarina teve sua primeira oportunidade de aparecer no musical "Follies Girl" de 1939. Aos pouquinhos foi subindo os degraus da fama. Quando atuou ao lado de Kirk Douglas em "Embrutecido Pela Violência" já era uma estrela de renome, capa de revistas e badalada dentro da indústria cinematográfica. Quando o filme foi lançado boatos de que estaria namorando Kirk surgiram na imprensa. No filme inclusive podemos notar seus esforços em se destacar apenas pelo talento dramático e não apenas pelo seu bonito rosto. Ela está com cabelos curtinhos, estilo Joãozinho, em roupas simples, rurais, e modos rudes e rústicos. Isso em nada tirou seu brilho pessoal, pelo contrário, só a deixou mais charmosa - mesmo que estivesse com um rifle nas mãos! Ela tinha um olhar muito expressivo que foi perfeitamente captado pelas lentes do cineasta Raoul Walsh. No roteiro do filme ela quer de todo custo salvar seu pai que caminha rapidamente para a morte (seja pelas mãos da justiça, seja pelos rancheiros que o acusam de vários crimes). Para isso vale tudo, até mesmo se enamorar pelo xerife durão Douglas - o que convenhamos não era nada fácil. Enfim, coisas de Hollywood...
Pablo Aluísio.
O veterano Kirk Douglas ainda vive e é um verdadeiro sobrevivente. Provavelmente seja o último grande astro da era de ouro do cinema americano ainda vivo. Aos 99 anos de idade, Kirk é mais durão do que todos os cowboys juntos que interpretou ao longo de sua vida. Com 92 filmes no currículo, em mais de 60 anos de carreira, ele foi um verdadeiro workaholic em seus tempos de glória. O curioso na carreira dele é que jamais se limitou a apenas um gênero cinematográfico, abraçando todo tipo de projeto que lhe parecesse interessante. Também foi um artista corajoso e independente que enfrentou de frente grupos poderosos da época. Em plena era das caças às bruxas da paranóia anticomunista ele foi o único em Hollywood que teve coragem de empregar profissionais que estavam na lista negra do Macartismo, entre eles o genial roteirista Dalton Trumbo que havia sido impedido de trabalhar nos grandes estúdios por ter sido acusado de ser membro do partido comunista. Douglas topou a briga e o contratou mesmo sob diversas ameaças de boicote. No final o filme se tornou um grande clássico e Kirk Douglas se tornou um dos responsáveis pelo fim daquela loucura que se espalhava na indústria cultural americana.
Já a atriz Virginia Mayo era outra profissional de muita garra na luta por sua carreira. Ela nasceu em St. Louis, Missouri, no ano de 1920. Desde cedo quis ser atriz de cinema, mas isso exigia um esforço e tanto para conseguir. Considerada uma rainha da beleza ela começou sua vida profissional atuando como modelo (linda como era, não houve maiores problemas sobre isso). Como também era dançarina teve sua primeira oportunidade de aparecer no musical "Follies Girl" de 1939. Aos pouquinhos foi subindo os degraus da fama. Quando atuou ao lado de Kirk Douglas em "Embrutecido Pela Violência" já era uma estrela de renome, capa de revistas e badalada dentro da indústria cinematográfica. Quando o filme foi lançado boatos de que estaria namorando Kirk surgiram na imprensa. No filme inclusive podemos notar seus esforços em se destacar apenas pelo talento dramático e não apenas pelo seu bonito rosto. Ela está com cabelos curtinhos, estilo Joãozinho, em roupas simples, rurais, e modos rudes e rústicos. Isso em nada tirou seu brilho pessoal, pelo contrário, só a deixou mais charmosa - mesmo que estivesse com um rifle nas mãos! Ela tinha um olhar muito expressivo que foi perfeitamente captado pelas lentes do cineasta Raoul Walsh. No roteiro do filme ela quer de todo custo salvar seu pai que caminha rapidamente para a morte (seja pelas mãos da justiça, seja pelos rancheiros que o acusam de vários crimes). Para isso vale tudo, até mesmo se enamorar pelo xerife durão Douglas - o que convenhamos não era nada fácil. Enfim, coisas de Hollywood...
Pablo Aluísio.
domingo, 22 de outubro de 2006
John Wayne - Rio Lobo
"Rio Lobo" foi rodado em 1970. Por essa época John Wayne entrava na sua sexta década de carreira! Sessenta anos dedicado ao cinema! Muitos ainda se espantavam pelo fato dele ainda ter apelo de público, mas isso só comprovava que John Wayne era um sobrevivente e um mito. A maioria dos atores de sua geração já tinham morrido ou então estavam esquecidos, mas Wayne mantinha uma regularidade incrível, realizando de dois a três filmes ao ano. E o mais surpreendente era que essas produções eram muito bem sucedidas nas bilheterias, sempre lucrativas. Seu nome não tinha perdido o brilho.
Quando perguntado em que momento iria se aposentar, Wayne respondia: "Enquanto houver trabalho para esse velho pangaré, estarei trabalhando. Quem sabe algum dia ninguém mais queira me ver pela frente e me joguem no pasto, mas até esse dia acontecer irei fazer filmes". Ele cumpriu sua promessa pois trabalhou até o fim da vida. O termo aposentadoria não se aplicava no que dizia respeito a John Wayne. Assim mesmo em uma nova década lá estava o velho cowboy de volta ao mundo do faroeste para divertir e entreter seu leal público.
O primeiro grande diferencial de "Rio Lobo" vem do fato dele ter sido dirigido por Howard Hawks. Nem cabe aqui o estafante trabalho de citar suas obras primas na história do cinema pois elas são muitas. Hawks foi um verdadeiro gênio da sétima arte. Tal como Wayne ele também era um sobrevivente e um veterano quando esse filme foi rodado. Eles queriam provar que ainda havia espaço para esses dois antigos ídolos do cinema americano. O resultado acabou comprovando que nem o tempo lhes tirou a majestade. Em um tempo em que já havia outra mentalidade entre a população, os dois conseguiram fazer sucesso revitalizando os mesmos valores morais e éticos de quando eram jovens. O conservadorismo de suas obras acabavam sendo o seu maior charme.
O contexto histórico onde se passa a história de "Rio Lobo" é o período que se desenvolveu logo após o fim da Guerra Civil americana. Ianques e confederados ainda acertavam as mágoas de um conflito sangrento quando o Coronel McNally (John Wayne) parte no encalço de veteranos sulistas que teriam roubado um carregamento de ouro da União. A missão de encontrar os criminosos tem para o velho militar um aspecto também bem pessoal. Essa mesma quadrilha passou informações vitais para o inimigo que resultaram na morte de um jovem oficial da União que era considerado um verdadeiro filho por McNally. Assim o dever de achá-los se mesclou com o desejo de vingança do Coronel. Como bem John Wayne sabia esse sempre tinha sido um tema recorrente em filmes de western, o que em "Rio Lobo" não era também exceção.
Pablo Aluísio.
Quando perguntado em que momento iria se aposentar, Wayne respondia: "Enquanto houver trabalho para esse velho pangaré, estarei trabalhando. Quem sabe algum dia ninguém mais queira me ver pela frente e me joguem no pasto, mas até esse dia acontecer irei fazer filmes". Ele cumpriu sua promessa pois trabalhou até o fim da vida. O termo aposentadoria não se aplicava no que dizia respeito a John Wayne. Assim mesmo em uma nova década lá estava o velho cowboy de volta ao mundo do faroeste para divertir e entreter seu leal público.
O primeiro grande diferencial de "Rio Lobo" vem do fato dele ter sido dirigido por Howard Hawks. Nem cabe aqui o estafante trabalho de citar suas obras primas na história do cinema pois elas são muitas. Hawks foi um verdadeiro gênio da sétima arte. Tal como Wayne ele também era um sobrevivente e um veterano quando esse filme foi rodado. Eles queriam provar que ainda havia espaço para esses dois antigos ídolos do cinema americano. O resultado acabou comprovando que nem o tempo lhes tirou a majestade. Em um tempo em que já havia outra mentalidade entre a população, os dois conseguiram fazer sucesso revitalizando os mesmos valores morais e éticos de quando eram jovens. O conservadorismo de suas obras acabavam sendo o seu maior charme.
O contexto histórico onde se passa a história de "Rio Lobo" é o período que se desenvolveu logo após o fim da Guerra Civil americana. Ianques e confederados ainda acertavam as mágoas de um conflito sangrento quando o Coronel McNally (John Wayne) parte no encalço de veteranos sulistas que teriam roubado um carregamento de ouro da União. A missão de encontrar os criminosos tem para o velho militar um aspecto também bem pessoal. Essa mesma quadrilha passou informações vitais para o inimigo que resultaram na morte de um jovem oficial da União que era considerado um verdadeiro filho por McNally. Assim o dever de achá-los se mesclou com o desejo de vingança do Coronel. Como bem John Wayne sabia esse sempre tinha sido um tema recorrente em filmes de western, o que em "Rio Lobo" não era também exceção.
Pablo Aluísio.
O Passado Não Perdoa
Esse fim de semana aproveitei o tempo livre para assistir a dois clássicos que seguiam inéditos até o momento. Dois excelentes filmes, é bom frisar. O primeiro foi "A Tortura do Silêncio". É um thriller de suspense com um enredo que me lembrou muito os filmes de Alfred Hitchcock. O mitológico Gary Cooper interpreta um empregado de uma empresa em Londres que acaba supostamente testemunhando um assassinato. Seu próprio patrão é esfaqueado e 60 mil libras são roubadas. Mesmo na escuridão o personagem de Cooper acusa um outro funcionário do crime. O sujeito é preso e condenado à prisão perpétua.
Pouco tempo depois o próprio George (Cooper) surge com dinheiro suficiente para abrir sua própria empresa de navegação. O negócio prospera e ele fica rico. Sua esposa Martha (interpretada pela ótima Debora Kerr) começa a ficar desconfiada de tudo. Afinal o dinheiro roubado na empresa jamais fora encontrado. Teria sido ele o real assassino? O roteiro assim aproveita essa situação limite para desenvolver toda a sua trama. Um aspecto interessante é que até a cena final o espectador fica na dúvida sobre ser o personagem de Cooper inocente ou culpado. Extremamente bem escrito, é um ótimo momento da filmografia do ator. Infelizmente Cooper morreria naquele mesmo ano, sendo esse seu último filme.
O outro belo clássico que assisti foi "O Passado Não Perdoa". Esse é um faroeste dirigido por John Huston. Todo cinéfilo sabe que Huston foi um mestre da sétima arte. Ele nunca realizava filmes banais ou que caíssem no lugar comum. Era um cineasta dos mais constantes na realização de obras primas. Esse filme é uma delas. O roteiro começa mostrando o dia a dia de um clã familiar no velho oeste. Eles vivem em um rancho situado no deserto, em pleno território Kiowa. De tempos em temos os nativos guerreiros promovem massacres de colonos brancos na região. O patriarca da família Zachary foi morto em um desses ataques. Agora quem lidera o clã é Ben Zachary (Burt Lancaster), o irmão mais velho. Ele vive de transportar e vender gado pela região. A rotina familiar segue tranquila e feliz até que os Kiowas retornam.
Eles querem que Ben lhes dê a sua própria irmã, a jovem Rachel (interpretada por Audrey Hepburn, maravilhosa como sempre), para que ela seja levada para as montanhas onde vive a tribo. Para os Kiowas ela teria sido raptada de sua aldeia no passado. Um ataque feito pelo próprio patriarca Zachary. Claro que Ben (Lancaster) recusa de forma veemente a possibilidade de Rachel ser entregue de volta aos índios, o que acaba dando origem a uma verdadeira guerra entre brancos e indígenas. Huston mostra maestria na condução do filme. Ele não tem pressa, desenvolvendo cada personagem de forma bem caprichada. O elenco conta ainda com dois outros coadjuvantes bem interessantes para os cinéfilos: a presença da diva do cinema mudo Lilian Gish, como a velha matriarca e Audie Murphy, como o irmão do meio da família Zachary, uma pessoa que ainda não conseguiu superar seus preconceitos de natureza racial. Em suma, um belíssimo trabalho do mestre John Huston, um diretor que jamais me decepcionou.
Pablo Aluísio.
Pouco tempo depois o próprio George (Cooper) surge com dinheiro suficiente para abrir sua própria empresa de navegação. O negócio prospera e ele fica rico. Sua esposa Martha (interpretada pela ótima Debora Kerr) começa a ficar desconfiada de tudo. Afinal o dinheiro roubado na empresa jamais fora encontrado. Teria sido ele o real assassino? O roteiro assim aproveita essa situação limite para desenvolver toda a sua trama. Um aspecto interessante é que até a cena final o espectador fica na dúvida sobre ser o personagem de Cooper inocente ou culpado. Extremamente bem escrito, é um ótimo momento da filmografia do ator. Infelizmente Cooper morreria naquele mesmo ano, sendo esse seu último filme.
O outro belo clássico que assisti foi "O Passado Não Perdoa". Esse é um faroeste dirigido por John Huston. Todo cinéfilo sabe que Huston foi um mestre da sétima arte. Ele nunca realizava filmes banais ou que caíssem no lugar comum. Era um cineasta dos mais constantes na realização de obras primas. Esse filme é uma delas. O roteiro começa mostrando o dia a dia de um clã familiar no velho oeste. Eles vivem em um rancho situado no deserto, em pleno território Kiowa. De tempos em temos os nativos guerreiros promovem massacres de colonos brancos na região. O patriarca da família Zachary foi morto em um desses ataques. Agora quem lidera o clã é Ben Zachary (Burt Lancaster), o irmão mais velho. Ele vive de transportar e vender gado pela região. A rotina familiar segue tranquila e feliz até que os Kiowas retornam.
Eles querem que Ben lhes dê a sua própria irmã, a jovem Rachel (interpretada por Audrey Hepburn, maravilhosa como sempre), para que ela seja levada para as montanhas onde vive a tribo. Para os Kiowas ela teria sido raptada de sua aldeia no passado. Um ataque feito pelo próprio patriarca Zachary. Claro que Ben (Lancaster) recusa de forma veemente a possibilidade de Rachel ser entregue de volta aos índios, o que acaba dando origem a uma verdadeira guerra entre brancos e indígenas. Huston mostra maestria na condução do filme. Ele não tem pressa, desenvolvendo cada personagem de forma bem caprichada. O elenco conta ainda com dois outros coadjuvantes bem interessantes para os cinéfilos: a presença da diva do cinema mudo Lilian Gish, como a velha matriarca e Audie Murphy, como o irmão do meio da família Zachary, uma pessoa que ainda não conseguiu superar seus preconceitos de natureza racial. Em suma, um belíssimo trabalho do mestre John Huston, um diretor que jamais me decepcionou.
Pablo Aluísio.
sábado, 21 de outubro de 2006
Natalie Portman - Jane Got a Gun
Natalie Portman havia dado um tempo na carreira pois ela teve um filho, estava se organizando em sua vida pessoal e por essa razão deixou um pouco o cinema de lado. Também convenhamos depois da chuva de prêmios do consagrado "Cisne Negro" era mesmo de se esperar que algo assim viesse a acontecer. Tirando algumas participações (quase) especiais em filmes e até videoclips (ela está em "My Valentine", clip de Paul McCartney, por exemplo) a atriz não fez nada de muito relevante. Parecia estar numa boa, curtindo merecidas férias, aproveitando todo o dinheiro e prestigio de uma carreira bem sucedida.
Agora em 2016 ela ressurge nesse faroeste! Quando estava assistindo a esse filme chamado "Jane Got a Gun" fiquei pensando que ela nunca havia feito nada parecido na carreira. Havia me esquecido que Natalie participou de outro western, em 2003, chamado "Cold Mountain". O esquecimento foi justificado pois ela ainda era bem jovem e seu papel não era de destaque - na verdade duas outras atrizes estrelaram aquele filme, Nicole Kidman e Renée Zellweger. Pois é, o tempo passou, ela ficou muito marcada como a princesa Padmé da segunda trilogia de "Star Wars" (filmes de que sinceramente nunca gostei muito) e depois de 13 anos voltou ao velho oeste.
Mais do que atuar Portman também produziu esse novo filme ao lado dos irmãos Weinstein, antigos fundadores e donos do estúdio Miramax. O resultado é muito bom. É curioso porque assim que vi Portman no elenco logo pensei que viria algo diferente, um faroeste com toques mais inovadores, indo para o lado do cinema de arte, cult. Estava enganado. Esse roteiro é bem tradicional, na verdade poderia até mesmo ser estrelado por John Wayne em seus bons anos. O tema da vingança é um dos mais caros e usados em faroestes dos anos 50 e 60. A única novidade que realmente vale citar é o fato de que o roteiro não traz a estória mastigada para o espectador. A narrativa foge um pouquinho do estilo mais linear, usando como ferramenta de narração o velho e bom flashback (uso de cenas do passado dos personagens).
Outro aspecto que me chamou a atenção é que a personagem de Portman, chamada Jane, não é uma mocinha tradicional de filmes desse tipo. Ela não é uma garota amedrontada, que não consegue se defender. Pelo contrário. Numa das melhores cenas do filme ela é encurralada em um beco por um pistoleiro, antigo desafeto, que não apenas a ameaça como pensa em estuprá-la. Ao invés de gritar ou ficar em desespero Jane saga seu colt e manda o criminoso para o inferno. Aliás a Jane do filme precisa mesmo ser muito forte e decidida. Com o marido baleado, agonizante em seu rancho, e um grupo de bandoleiros indo até lá para matar os dois ela precisa ser uma mulher mais do que forte. É necessário mostrar confiança e personalidade. Assim deixo a dica desse novo faroeste. Tanto os fãs mais tradicionais do gênero como os admiradores de Portman certamente vão gostar do resultado.
Pablo Aluísio.
Agora em 2016 ela ressurge nesse faroeste! Quando estava assistindo a esse filme chamado "Jane Got a Gun" fiquei pensando que ela nunca havia feito nada parecido na carreira. Havia me esquecido que Natalie participou de outro western, em 2003, chamado "Cold Mountain". O esquecimento foi justificado pois ela ainda era bem jovem e seu papel não era de destaque - na verdade duas outras atrizes estrelaram aquele filme, Nicole Kidman e Renée Zellweger. Pois é, o tempo passou, ela ficou muito marcada como a princesa Padmé da segunda trilogia de "Star Wars" (filmes de que sinceramente nunca gostei muito) e depois de 13 anos voltou ao velho oeste.
Mais do que atuar Portman também produziu esse novo filme ao lado dos irmãos Weinstein, antigos fundadores e donos do estúdio Miramax. O resultado é muito bom. É curioso porque assim que vi Portman no elenco logo pensei que viria algo diferente, um faroeste com toques mais inovadores, indo para o lado do cinema de arte, cult. Estava enganado. Esse roteiro é bem tradicional, na verdade poderia até mesmo ser estrelado por John Wayne em seus bons anos. O tema da vingança é um dos mais caros e usados em faroestes dos anos 50 e 60. A única novidade que realmente vale citar é o fato de que o roteiro não traz a estória mastigada para o espectador. A narrativa foge um pouquinho do estilo mais linear, usando como ferramenta de narração o velho e bom flashback (uso de cenas do passado dos personagens).
Outro aspecto que me chamou a atenção é que a personagem de Portman, chamada Jane, não é uma mocinha tradicional de filmes desse tipo. Ela não é uma garota amedrontada, que não consegue se defender. Pelo contrário. Numa das melhores cenas do filme ela é encurralada em um beco por um pistoleiro, antigo desafeto, que não apenas a ameaça como pensa em estuprá-la. Ao invés de gritar ou ficar em desespero Jane saga seu colt e manda o criminoso para o inferno. Aliás a Jane do filme precisa mesmo ser muito forte e decidida. Com o marido baleado, agonizante em seu rancho, e um grupo de bandoleiros indo até lá para matar os dois ela precisa ser uma mulher mais do que forte. É necessário mostrar confiança e personalidade. Assim deixo a dica desse novo faroeste. Tanto os fãs mais tradicionais do gênero como os admiradores de Portman certamente vão gostar do resultado.
Pablo Aluísio.
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