sábado, 24 de junho de 2006

Audazes e Malditos

Braxton Rutledge (Woody Strode) é um sargento negro do exército americano que é acusado de matar um oficial superior. Como se isso não bastasse ainda é apontado também como o assassino e estuprador de uma jovem garota. Para defendê-lo é indicado como advogado de defesa o tenente Tom Cantrell (Jeffrey Hunter). Instaurada a corte marcial todos tentarão desvendar o que realmente teria acontecido. "Audazes e Malditos" é mais um belo western do consagrado diretor John Ford. Geralmente filmes de cavalaria americana sempre dão bons filmes e com Ford na direção não poderia sair outro resultado. Porém o filme se diferencia dos demais que John Ford fez sobre o exército americano. Muita coisa que vemos em sua famosa trilogia da cavalaria não se repete aqui. Em "Audazes e Malditos" temos um autêntico filme de tribunal, só que obviamente passado no velho oeste. Embora haja conflitos entre soldados e Apaches (mostrados em flashbacks) a ação propriamente dita não se desenrola no meio do deserto mas sim em depoimentos, testemunhos e evidências que são apresentadas durante a corte marcial do sargento.

Para um filme assim Ford teve que convocar um bom elenco de atores. Jeffrey Hunter está muito bem no papel do tenente que tenta de todas as formas inocentar o acusado. Para falar a verdade não me recordo de nenhuma outra atuação dele tão boa quanto essa. Era sem dúvidas um bom ator que ficou imortalizado não apenas no papel de Jesus Cristo em "Rei dos Reis" como também por ter sido o primeiro piloto da nave Enterprise no episódio de estreia da série "Jornada nas Estrelas" que na época foi considerada "cerebral" demais para os padrões da TV americana. Uma pena que tenha morrido tão jovem. Outro destaque é a presença de Woody Strode como o sargento negro acusado de assassinato e estupro. Sua postura é das melhores e ele mostra que era excelente ator em pequenos detalhes, no olhar, na convicção e na dignidade. Por todas essas razões recomendo "Audazes e Malditos" não apenas aos fãs de John Ford, esse genial cineasta, mas também a todos que gostam de edificantes tramas jurídicos. Certamente não irão se arrepender.

Audazes e Malditos (Sergeant Rutledge, EUA, 1960) Direção: John Ford / Roteiro: James Warner Bellah, Willis Goldbeck baseado no conto "Shadow of the Noose" de John Hawkins e Ward Hawkins / Elenco: Jeffrey Hunter, Woody Strode, Constance Towers, Carleton Young / Sinopse: Baxton Rutledge (Woody Strode) é um sargento negro do exército americano que é acusado de matar um oficial superior. Como se isso não bastasse ainda é apontado também como o assassino e estuprador de uma jovem garota. Para defendê-lo é indicado como advogado de defesa o tenente Tom Cantrell (Jeffrey Hunter). Instaurada a corte marcial todos tentarão desvendar o que realmente teria acontecido

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de junho de 2006

Albuquerque

Cole Armin (Randolph Scott) é um cowboy texano que vai até a cidade de Albuquerque para trabalhar ao lado de seu tio, John Armin (George Cleveland). um bem sucedido homem de negócios na região. Durante a viagem a diligência onde se encontra é assaltada por uma quadrilha de bandidos. Quando finalmente chega em seu destino acaba descobrindo que seu tio John teve participação no roubo. Em pouco tempo tio e sobrinho entram em choque por causa do crime ocorrido, ficando em lados opostos da lei. "Albuquerque" é um western ao velho estilo onde tudo funciona muito bem. O roteiro é caprichado, bem desenvolvido, criando situações ora mais dramáticas, ora mais bem humoradas. O lado romântico também não é deixado de lado e aqui Randolph Scott corteja a mocinha Celia Wallace (Catherine Craig). O elenco de apoio é excepcionalmente bom com destaque para George Cleveland como o tio Armin, um vilão mais cerebral do que visceral (tanto que não pega em armas, apenas planeja de longe formas de prejudicar o seu sobrinho). George 'Gabby' Hayes, um veterano nas telas com quase 200 filmes também está excelente como Juke, um velho barbudo e ranzinza que trabalha para o personagem de Randolph Scott. Ele funciona muito bem como alívio cômico dentro da trama.

"Albuquerque" ficou muito conhecido pelo público americano por causa das inúmeras reprises televisivas ao longo de todos esses anos. Na década de 50 a Paramount, produtora do filme, negociou com a Universal a venda dos direitos autorais de mais de 700 faroestes, todos para serem exibidos no canal NBC no período vespertino. "Albuquerque" fazia parte desse pacote. Passando constantemente na TV norte-americana o filme foi criando uma espécie de intimidade com o público, se tornando uma obra muito conhecida e querida entre os fãs americanos de western. Até no Brasil o filme também foi bem reprisado nos primórdios da TV brasileira. Por aqui quando em sua exibição na extinta TV Tupi a produção recebeu o título pomposo de "O Romântico Defensor". Enfim é isso. "Albuquerque" certamente tem todos os ingredientes que fazem um bom western. Além disso seu clima nostálgico é completamente irresistível. Um faroeste dos bons que merece ser conhecido pelos fãs do gênero.

O Romântico Defensor (Albuquerque, EUA, 1948) Direção: Ray Enright / Roteiro: Gene Lewis baseado no romance "Dead Freight for Piute", de Luke Short / Elenco: Randolph Scott, Barbara Britton, George 'Gabby' Hayes, Lon Chaney Jr, Catherine Craig, George Cleveland / Sinopse: Cole Armin (Randolph Scott) é um cowboy texano que vai até a cidade de Albuquerque para trabalhar ao lado de seu tio, John Armin (George Cleveland). um bem sucedido homem de negócios na região. Durante a viagem a diligência onde se encontra é assaltada por uma quadrilha de bandidos. Quando finalmente chega em seu destino acaba descobrindo que seu tio John teve participação no roubo. Em pouco tempo tio e sobrinho entram em choque por causa do crime ocorrido, ficando em lados opostos da lei.

Pablo Aluísio.

Colt .45

Fitinha rápida estrelada por Randolph Scott para a Warner. Aqui ele interpreta Steve Farrell, um vendedor de armas da fábrica Colt que é roubado em pleno escritório do xerife por um bandido perigoso chamado Jason Brett (Zachary Scott, bem canastrão). Em posse dessas armas roubadas o criminoso forma um bando que fica conhecido como a "Quadrilha do Colt" e começa a assaltar diligências, bancos e moradores da região. Randolph Scott então sai em encalço do grupo de malfeitores. O filme é o que se pode chamar de "Bang Bang" autêntico pois o roteiro realmente foca na ação e nos tiroteios. A fita é curtinha (72 minutos) e foi feita assim visando aumentar as exibições nas matinês dos cinemas dos anos 50. O roteiro é bem simples e vai direto ao ponto, sem firulas.

O elenco de Colt .45 chama atenção por causa da presença de Lloyde Bridges (o pai de Beau e Jeff Bridges). Seu papel é um tanto secundário mas ele se esforça para ser notado. Como sua esposa a estrelinha Ruth Roman, amiga pessoal de Randolph Scott que apesar da extensa filmografia (mais de cem filmes!) nunca conseguiu se tornar uma estrela de primeira grandeza. O diretor Edwin L. Marin era muito produtivo mas morreu pouco tempo depois da realização desse filme. Era um diretor de estúdio e fazia o que lhe era pedido pelos produtores. Realizador competente conseguiu bons resultados mesmo em produções B. Enfim, um faroeste bang bang legítimo, eficiente e divertido. Vale a pena assistir.

Colt .45 (Colt .45, EUA, 1950) Dirreção: Edwin L. Marin / Roteiro: Thomas W. Blackburn / Elenco Randolph Scott, Ruth Roman, Lloyde Bridges e Zachary Scott / Sinopse: Steve Farrell (Randolph Scott), um vendedor de armas da fábrica Colt que é roubado em pleno escritório do xerife por um bandido perigoso chamado Jason Brett (Zachary Scott, bem canastrão). Em posse dessas armas roubadas o criminoso forma um bando que fica conhecido como a "Quadrilha do Colt" e começa a assaltar diligências, bancos e moradores da região. Farrell então sai em encalço do grupo de malfeitores.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 22 de junho de 2006

O Laço do Carrasco

O Major confederado Matt Stewart (Randolph Scott) acaba liderando uma tropa que decide roubar um carregamento de ouro do exército da União durante a guerra civil americana. O problema é que após ter em mãos toda essa fortuna acabam descobrindo que a guerra finalmente havia chegado ao fim! A partir daí o que fazer? Entregar o ouro ao exército da União o que os levaria inexoravelmente à morte por enforcamento ou ficar com todo o carregamento para eles? O choque de ambições seria inevitável. Assim Scott e seus subordinados (entre eles Lee Marvin) terão que lidar com a situação ao mesmo tempo em que lutam para preservar o ouro que agora é cobiçado por um bando de assassinos e ladrões. Mais um western produzido e estrelado pelo astro Randolph Scott. Na década de 1950 o ator decidiu que iria produzir seus próprios filmes. Como já havia ganho bastante dinheiro no cinema percebeu que tinha um público cativo e que por isso valia a pena investir em suas próprias películas. Além do mais nenhum investimento no mercado financeiro lhe traria tanto retorno como esse. A decisão foi mais do que acertada. Geralmente trabalhando com os grandes estúdios para distribuição Randolph Scott acabou fazendo fortuna pessoal com seus westerns. Realizando em média três filmes por ano o ator foi ficando cada vez mais milionário. Quando se aposentou das telas em 1962 estimava-se que já era dono de uma fortuna avaliada em mais de 100 milhões de dólares!

"O Laço do Carrasco" ainda é um de seus filmes mais lembrados por fãs de western hoje em dia. O enredo é bem interessante mas o diretor e roteirista Roy Huggins não o desenvolve muito bem, pois muito potencial dessa estória foi desperdiçada na minha opinião. O principal erro é que ao invés de mostrar o desenlace dessa questão optou-se por priorizar mais o chamado Bang Bang (tiroteios e emboscadas). Scott segue com sua caracterização típica. Não há uma preocupação melhor em desenvolver os personagens do ponto de vista psicológico como acontecia nas parcerias entre Scott e o diretor Budd Boetticher. Aqui temos nitidamente um western de matinê - que aliás foi o ponto forte de Scott, onde ele realmente fez fortuna com filmes rápidos, ágeis e eficientes. Enfim, "O Laço do Carrasco" é um bom western dos anos 50 muito embora poderia sim ser bem melhor do que realmente é. Não é assim um dos melhores trabalhos de Randolph Scott mas merece ser visto (ou revisto) sempre que possível.

O Laço do Carrasco (Hangman's Knot, EUA, 1952) / Diretor: Roy Huggins / Roteirio: Roy Huggins / Elenco: Randolph Scott, Donna Reed, Lee Marvin / Sinopse: O Major confederado Matt Stewart (Randolph Scott) acaba liderando uma tropa que decide roubar um carregamento de ouro do exército da União durante a guerra civil americana. O problema é que após ter em mãos toda essa fortuna acabam descobrindo que a guerra finalmente havia chegado ao fim! A partir daí o que fazer? Entregar o ouro ao exército da União o que os levaria inexoravelmente à morte por enforcamento ou ficar com todo o carregamento para eles? O choque de ambições seria inevitável.

Pablo Aluísio.

Os Brutos Também Amam

Quando eu era garoto, ouvi certa vez meu pai dizer que o filme "Os Brutos Também Amam" (Shane - 1953) era um faroeste diferente. Aquela opinião ficou anos martelando em minha cabeça. E, quando alguns anos mais tarde, assisti ao famoso western, concordei com meu pai. O clássico, baseado no best-seller de Jack Schaefer, é um dos maiores e mais emocionantes faroestes já produzidos. E o sucesso não foi à toa. "Shane" é um faroeste realmente diferente e emocionante que foi pensado e carinhosamente engendrado em cima de valores morais raros para aquela época, como: amizade, lealdade e honra. O início do filme é de uma beleza rara, onde a natureza exuberante faz as honras da casa, desfilando, um a um, os astros do filme. O silencioso Shane (Alan Ladd) abre o clássico cavalgando, lentamente, sob as bençãos e a beleza indizível da cordilheira de Grand Tetons no Vale do Wyoming. O forasteiro, solitário e caladão, chega bem devagar ao pequeno rancho parnasiano da família Starrett, tendo como testemunha o pequeno par de olhos curiosos do pequeno Joey Starrett (Brandon De Wilde). Shane é calado e de poucas palavras - ele fala apenas o que interessa deixando sempre no ar um duvidoso passado do qual está claramente tentando esquecer. Apesar da enorme introspecção e doses cavalares de mistério, Shane só quer um pouco de água, comida e descanso, em troca de trabalho.

Aos poucos, o pistoleiro, semelhante a um diácono, vai conquistando a amizade e a confiança da família Starrett, mas principalmente do pequeno Joey que se encanta pelo forasteiro. Em pouco tempo, Shane já é quase um membro da família, ajudando o patriarca Joe Starrett (Van Heflin) nos trabalhos mais pesados, e também nas horas vagas, ajudando o pequeno Joe a atirar. O carisma e o charme do pistoleiro vão encantando Marian Starrett (Jean Arthur) esposa de Joe que aos poucos vai manifestando pelo pistoleiro, um misto de paixão, admiração e curiosidade. O diretor George Stevens conduz com maestria essa troca de olhares - e até de sentimentos - porém, sempre preservando o sentimento de honestidade e lealdade de Shane para aquela pequena família que o acolheu, mas principalmente para seu amigo, Joe Starrett. O filme jorra lirismo por todos os poros.

Todo esse céu de brigadeiro, no entanto, começa a mudar quando a família Starrett recebe a visita de Rufus Ryker (Emile Meyer) e seu bando. Rufus, que é o Barão do gado da região, tenta convencer Joe a vender suas terras e ir embora. Porém, quando percebe que Joe tornara-se amigo de um pistoleiro (Shane), ele e seu bando vão embora. A partir daí o conflito entre o Barão do gado, Rufus Ryker, e os colonos, explode. O Barão, para garantir o seu monopólio do gado e sentindo-se ameaçado por Shane, manda buscar na cidade de Cheyenne o pistoleiro frio e sanguinário, Jack Wilson (Jack Palance). Shane então, resolve despir-se de suas vestes de homem bom e de família e começa a mostrar a sua cara. Os acontecimentos e escaramuças da bandidagem, o colocará frente a frente com o seu velho conhecido e implacável Jack Wilson num duelo inesquecível. O final é emocionante e mostra toda a categoria de um diretor que, alguns anos depois, dirigiria três mitos: James Dean, Liz Taylor e Rock Hudson, no clássico, "Assim Caminha a Humanidade". E, com relação a Shane...meu pai tinha toda a razão.

Os Brutos Também Amam (Shane, EUA, 1953) Direção: George Stevens / Roteiro: A.B. Guthrie Jr, Jack Sher baseado na obra de Jack Schaefer / Elenco: Alan Ladd, Jean Arthur, Jack Palance, Van Heflin, Ben Johnson, Elisha Cook Jr., Brandon de Wilde / Sinopse: Shane (Allan Ladd) é um cowboy errante e solitário que chega num pequeno rancho e conquista a amizade dos moradores locais, incluindo uma bela jovem e um garoto.

Telmo Vilela Jr.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

A Árvore dos Enforcados

Roteiro e Argumento: O roteiro do filme foi extremamente bem escrito. A estória se passa toda durante a corrida do ouro numa montanha de Montana. Assim encontramos todos os tipos de personagens grotescos que habitavam esse tipo de local: ladrões, assassinos, estupradores, vigaristas, ou seja, toda a escória do mundo atrás da oportunidade de ficar rico da noite para o dia. Os roteiristas desenvolveram muito bem os personagens do ponto de vista psicológico, mostrando inclusive seus piores lados (até do médico feito por Gary Cooper).

Produção: Filmada em locações a produção é extremamente caprichada. Reconstruíram uma vila de mineradores com tudo o que tinham direito, inclusive lojas, bordéis e tudo o mais. Não poderia ser diferente já que a presença de Gary Cooper já era garantia de boas bilheterias e por isso os produtores não tinham receio de só usar o melhor que Hollywood poderia oferecer na época.

Direção: O filme foi dirigido não só por Delmer Daves mas também pelo ator Karl Malden que não foi creditado na época. Como as filmagens foram extremamente complicadas por causa das locações Karl dividiu a direção com Daves. O resultado foi ótimo como se pode ver nas telas.

Elenco: Gary Cooper era fenomenal. O sujeito passava dignidade e austeridade apenas com um olhar, impressionante. Aqui o mais interessante é o caráter dúbio de seu personagem que esconde fatos obscuros de seu passado até o final do filme. Afinal o que ele tenta tanto esconder? Karl Malden também está excelente. Seu personagem é um porcalhão e a cena em que ele tenta estuprar a personagem de Maria Schell é extremamente ousada para aquela época. Outro destaque do elenco fica com George C Scott, aqui fazendo um curandeiro bebum e vigarista. Ótimo.

A Árvore dos Enforcados (The Hanging Tree, EUA, 1959) Direção: Delmer Daves / Roteiro: Wendell Mayes, Halsted Welles / Elenco: Gary Cooper, Maria Schell, Karl Malden / Sinopse: O médico Joseph Frail (Cary Cooper) chega em um campo de mineração durante a corrida ao ouro tentando fugir de eventos do passado que ele prefere manter na escuridão. Lá conhece a bonita Elisabeth (Maria Schell) a qual acaba nutrindo sentimentos ao mesmo tempo em que tenta defendê-la dos criminosos locais.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de junho de 2006

O Homem dos Olhos Frios

Caçador de recompensas (Henry Fonda) chega em uma pequena cidade do oeste com o corpo de um bandido. Ele vem em busca do prêmio prometido pela captura do foragido morto. Assim conhece o Xerife local (Anthony Perkins) um jovem e inexperiente homem da lei que em pouco tempo se verá numa situação de vida ou morte. Lida assim a sinopse pode-se pensar que o filme é mais um faroeste de rotina entre tantos que foram produzidos durante os anos 50. Mero engano. "The Tin Star" (que recebeu um título nada adequado no Brasil de "O Homem dos Olhos Frios") é um excelente estudo psicológico daqueles homens que tinham a audácia e a coragem de impor a lei em lugares distantes e violentos do oeste americano no século 18. Eram mal remunerados, geralmente encontravam a morte cedo e mesmo assim procuravam exercer sua função da melhor forma possível. 

Aqui temos um jovem sem a malícia e a experiência necessárias para fazer valer a lei em uma cidade lotada de mal feitores. Curiosamente acaba encontrando seu mentor em um velho caçador de recompensas (Henry Fonda, ótimo) que só está ali atrás de seu dinheiro e nada mais. Os acontecimentos porém o farão mudar de ideia. Na realidade ele próprio era um xerife que largou a estrela de lata após perceber que ganharia muito mais caçando bandidos perigosos pelo deserto. Assim temos de um lado um jovem ainda idealista que tem que se confrontar com um experiente e calejado ex homem da lei que sabe exatamente o que ostentar aquela estrela significava no velho oeste. O "duelo" de personalidades deles é a base de todo o argumento do filme.

O elenco é excelente. Henry Fonda não precisava de muita coisa para se impor em qualquer filme que trabalhasse. Ícone do western o ator se saí extremamente bem no papel do ex-xerife e atual caçador de recompensas Morg Hickman. Agora verdade seja dita: embora Fonda brilhe mais uma vez o destaque vai mesmo para Anthony Perkins. Ele mesmo, o ator que ficaria marcado para sempre como o psicopata Norman Bates de "Psicose" aqui interpreta um papel totalmente diferente, demonstrando que era realmente um bom ator e não apenas um intérprete de um personagem só (como muitos pensam). O xerife que interpreta é um sujeito sem moral, meio abobalhado, receoso e inseguro que tem que lidar com uma situação limite ao qual não tem o menor controle. "The Tin Star" ("A Estrela de Lata" no original) é isso, uma crônica muito bem estruturada sobre o modo de pensar e agir dos homens da lei em uma terra que passou para a história justamente por não ter lei, a não ser a lei do mais forte. Excelente western, procurem assistir.

O Homem dos Olhos Frios (The Tin Star, EUA, 1957) Direção de Anthony Mann / Roteiro de Joel Kane e Dudley Nichols / Elenco: Henry Fonda, Anthony Perkins, Lee Van Cleef, John McIntire / Sinopse: Caçador de recompensas (Henry Fonda) chega em uma pequena cidade do oeste com o corpo de um bandido. Ele vem em busca do prêmio prometido pela captura do foragido. Assim conhece o Xerife local (Anthony Perkins) um jovem e inexperiente homem da lei que em pouco tempo se verá numa situação de vida ou morte.

Pablo Aluísio.

Cine Western - A Cidade Maldita


Cine Western - A Cidade Maldita
Outro bom exemplo da bela arte que era usada nos posters dos filmes de faroeste nos anos 60. Bela arte, sem dúvida!

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 19 de junho de 2006

A Marca do Zorro

Terminei de conferir esse clássico "A Marca do Zorro". Para um filme que tem mais de 70 anos de idade posso dizer que fiquei impressionado com a agilidade do roteiro, com a fluidez da trama e pelas excelentes coreografias de luta de capa e espada (melhores do que muitas que vemos atualmente). Tyrone Power está muito bem no papel de Zorro. Como todos sabemos para interpretar Zorro o ator não tem que ser apenas atlético e bom de esgrima mas também atuar bem pois o alter ego do herói é o afetado Don Diego, levemente afeminado e cheio de frescuras, o que exige talento na arte de atuar - tudo obviamente com o objetivo de não despertar suspeitas de sua verdadeira identidade.

Além de Tyrone Power em grande forma o elenco ainda conta com o ator Basil Rathbone como o Esteban Pasquale. Esse ator seria imortalizado justamente por outro personagem muito famoso nas telas, Sherlock Holmes. Esbelto e também muito bom na famosa cena de duelo com Don Diego, Basil está extremamente bem na tela. Como o filme não conta com o famoso personagem Sargento Garcia, aqui o papel de vilão cabe justamente a esse Capitão. No final chegamos na conclusão de que tudo o que conhecemos de Zorro já se encontra nesse filme. O ritmo ágil, as piruetas do personagem e o leve humor daqueles que o cercam. Por isso "A Marca do Zorro" pode ser considerado o grande precursor dos filmes que viriam depois. Sem dúvida é um marco, um marco do Zorro.

A Marca do Zorro (The Mark of the Zorro, EUA, 1940) Direção de Rouben Mamoulian / Elenco: Tyrone Power, Linda Darnell, Basil Rathbone, Gale Sondergaard, Eugene Palette / Sinopse: Durante o domínio espanhol da Califórnia, o filho do governador retorna para descobrir que há outro no lugar do pai. Finge estar desinteressado enquanto assume uma identidade secreta, a de um cavaleiro mascarado que irá proteger os indefesos e inocentes.

Pablo Aluísio.

Três Sargentos

Algumas coisas não dão para entender. Como é que um filme que reúne todo o Rat Pack consegue não ter música e o pior, ser tão sem graça? O problema de "Três Sargentos" é justamente esse: a fita se leva à sério demais! Um filme que reúna Sinatra, Martin e Davis, Jr não poderia nunca ser tão convencional como esse. O filme não tem nenhuma canção, nada! Para piorar o humor é deixado de lado. Apenas uma cena investe nesse aspecto, a cena inicial com os 3 sargentos dentro do bar. Após uma briga ao estilo pastelão o espectador é levado a pensar que o roteiro vai seguir essa linha mas que nada! - inexplicavelmente muda de tom e assume uma postura séria, baseada em longos tiroteios e batalhas com os índios das montanhas.

Sinatra apenas passeia no filme. Aliás seu personagem nem sempre aparece nas cenas mais importantes. Melhores são as participações de Dean Martin e Sammy Davis Jr, que em dupla proporcionam bons momentos. De resto pouca coisa convence. A cena final é praticamente toda passada dentro de uma caverna nitidamente recriada em estúdio. O filme não é mal feito mas a cenografia soa fake demais. O diretor John Sturges foi contratado pessoalmente por Sinatra após o sucesso de "Sete Homens e Um Destino" mas o deixou em rédeas curtas. Com o projeto sob controle Frank colocou toda a trupe no elenco (inclusive Peter Lawford, cunhado do presidente John Kennedy e péssimo ator) em um western que não deu muito certo. Seria bem melhor se fosse assumidamente cômico, com muitas canções. Não adianta muito ter grandes cantores em cena se não os utilizarem não é mesmo?

Três Sargentos (Sergeants 3, EUA, 1962) / Direção de John Sturges / Rotero: W.R. Burnett / Com Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford e Joey Bishop / Sinopse: Sargentos de um forte do exército americano localizado no deserto entram em conflito com uma tribo de índios com uma estranha religião que prega o fanatismo e a guerra contra o homem branco.

Pablo Aluísio.