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domingo, 6 de julho de 2008

Errol Flynn - Fragmentos de vida de um astro - Parte 2

Nesse mesmo ano, Errol realizou uma festa de "arromba" em sua mansão. A famosa festa só tinha horário para começar: Meia-noite. Já eram duas da manhã, e nada do anfitrião chegar, o salão principal estava lotado de celebridades, como, David Niven, Cary Grant, Gary Cooper e Robert Mitchum.  As mulheres eram, quase em sua totalidade, prostitutas de luxo contratadas a peso de ouro. Exatamente às duas da manhã o anfitrião finalmente dava o ar da graça e adentrava o salão abarrotado de convidados e vestido com um enorme sobretudo e....Pasme!!!!.. completamente nu por baixo da enorme roupa de frio. Flynn trazia consigo duas grandes malas pretas, uma continha artefatos para sadomasoquismo, e a outra continha alguns dos tipos mais pesados de drogas que um ser humano pode experimentar, entre elas, uma espécie fortíssima de maconha oriunda do norte da Africa: "Kif".

Errol trouxera a droga ao voltar de uma viagem que fizera àquele continente logo após a morte de Barrymore. Naquela madrugada, Errol "saboreou" - além das mulheres regiamente pagas para satisfazê-lo - todas as drogas que ali se encontravam, inclusive aprendera na Africa uma receita que, diríamos, seria a precursora do viagra. A receita era a mistura de pasta de cocaína, com pasta de heroína e mais uma erva africana amassada (sem nome). As pastas e a erva eram mexidas com éter e depois de formar um creme, Flynn o aplicava na ponta de seu pênis, o mesmo ficava ereto por várias horas e após várias transas - A libido também se mantinha nas "alturas" e ao contrário dos relacionamentos "normais", ia aumentando após cada transa. Ou seja, Errol Flynn tinha descoberto a fórmula dos sonhos da maioria dos homens, a fórmula do super homem sexual.

Nessa festa, Robert Mitchum quase entrou em coma de tanto fumar Kif. Teve que ser levado às oito horas da manhã para ser reanimado numa clínica especializada -  e devido a uma denúncia anônima, Mitchum saiu da clínica direto para a cadeia, na cadeia voltou a passar mal, e teve que voltar para a clínica, seu estado era lastimável. Mitchum era, naquele momento, o resultado de muito KIF, muito gin, muita vodka e muita cerveja. Seu quadro era assustador e Errol - que o apresentou às drogas - fez de tudo que pôde para reverter, junto aos médicos, o quadro crítico do amigo. Felizmente, conseguiu.

Passados dois anos da famigerada festa, Errol Flynn entrava no estúdio para fazer um dos maiores filmes de guerra já produzidos: "Um Punhado de Bravos" (Objective, Burma! - 1945 ). Nascido em 9 de junho de 1909 na região da Tasmânia - Austrália. Finalmente em 14 de outubro de 1959, consumido e debilitado pelo álcool e pelas drogas, o grande Errol Leslie Thomson Flynn, deu seu último suspiro na cidade de Vancouver aos 50 anos de idade, vítima de um enfarte fulminante. Era o adeus do mais famoso Robin Hood e do eterno Capitão Blood.

Telmo Vilela Jr.

Errol Flynn - Fragmentos de vida de um astro - Parte 1

Após as filmagens de "Capitão Blood" (1935), a fama de Errol Flynn, chegara a estratosfera. Naquela época, anterior à Segunda Guerra Mundial, Errol, - que nessa mesma guerra, foi um espião a serviço da Inglaterra - representava uma mistura estranha: ao mesmo tempo em que enlouquecia as mulheres com seu imenso charme e seu maravilhoso físico, também lutava e procurava disfarçar de todos o seu imenso complexo de inferioridade. Sua arrogância não tinha limites, só aceitava mulheres que servissem para ele como meras escravas sexuais - ou seja, mulheres "sem cérebro" - e que ele dispensava a hora que bem entendesse.

Quanto aos amigos, só aceitava andar acompanhado daqueles "chamados" inferiores ou que não lhe fizessem sombra. Desconhecia as palavras bondade e humildade. Eram raros os dias de bom humor, só estava de bom humor e demonstrava amor pelo seu cão, "Arno", um Schnnauzer cinza e branco. Além disso, Flynn era um brigão inveterado que por diversas vezes quebrou bares inteiros, arrebentando a cara dos engraçadinhos que o chamavam de "herói de mentirinha de Hollywood". O astro sempre levava a melhor pois treinava boxe quase que diariamente com seu treinador pessoal. Segundo o próprio Flynn, o famoso John Huston, também gostava de dar os seus murros e invariavelmente os dois treinavam juntos nos jardins da mansão do mais famoso Robin Hood do cinema.

Depois das filmagens do longa, "Carga da Brigada Ligeira" (1936), que tinha como diretor, seu amigo e padrinho no cinema Michael Curtiz, Errol Flynn, mais famoso e mais rico, mandou construir dois "brinquedinhos" dos sonhos: um iate que ele batizou de Sirocco com dois enormes mastros medindo 70 pés cada um e uma mansão luxuosa em Mulholland Drive, que, segundo ele, serviria apenas para as suas festas mais loucas possíveis e para os encontros com seus amigos. A mansão tinha uma enorme sauna finlandesa que se ligava ao quarto de Flynn por uma espécie de porta-secreta. Tirando o chão, o quarto do astro era todo espelhado - paredes e teto formavam quase que um só espelho e abrigando no centro uma gigantesca cama redonda. A visão da janela do quarto era deslumbrante, dali, se descortinava as paisagens maravilhosas do Vale de San Fernando.

A mansão, segundo Flynn, se tornara refúgio de um de seus amigos mais queridos: John Barrymore - o outro amigo era David Niven. Flynn sabia que Barrymore estava chegando ao fim. Em 1942 com o falecimento de John Barrymore, Errol entrou em profunda tristeza protagonizando uma das cenas mais bizarras da história de um ser humano. Com sua influência e dinheiro, Flynn "comprou" um serviço no mínimo fantasmagórico e de um mau gosto sem precedentes, ele fez com que o funcionário da funerária onde estava o corpo de Barrymore, vestisse o famoso defunto, com terno, gravata, calça, meias e sapato e o levasse até a sua mansão, em sua ausência é claro.

Lá o funcionário teria que arrumar o famoso corpo na poltrona onde ele gostava de sentar-se, na posição correta e com o seu famoso charuto entre os dedos "esperando" pela chegada do melhor amigo. Flynn, já sabendo que o seu melhor amigo o "esperava", chegou tarde da noite, completamente bêbado e, quando viu, no reflexo da luz da lua que entrava pela janela, aquela silhueta fastasmagórica de Barrymore sentado na poltrona, entrou numa profunda crise de nervos e de choro, ficando abraçado ao corpo do amigo morto por vários minutos. Duas horas depois, como combinado, o funcionário da funerária voltou à mansão para levar o corpo de Barrymore de volta à funerária, levando também consigo uma polpuda gorjeta. Ninguém sequer desconfiou.

Telmo Vilela Jr.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Errol Flynn - Hollywood Boulevard - Parte 3

Errol Flynn e os Nazistas
Seguramente Errol Flynn foi um dos mais populares atores do cinema americano. Dono de um bom visual, ideal para filmes de aventura do tipo capa e espada, Flynn se tornou o produto ideal segundo as próprias palavras do chefão Jack Warner do famoso estúdio Warner Bros. Se nas telas e nas bilheterias ele arrasava, longe dos sets de filmagens a coisa complicava. O problema era segurar Flynn fora das telas. Dono de uma personalidade muito forte e ao mesmo tempo volátil, o galã foi um dos que mais trouxeram trabalho para o departamento de publicidade dos estúdios, sempre tentando apagar algum incêndio em sua vida pessoal, seja em escândalos relacionados a mulheres, sexo e drogas, seja em relação aos seus complicados posicionamentos políticos.

Aos que viviam ao seu redor Flynn jamais escondeu sua intensa admiração ao regime nazista de Adolf Hitler. O galã de Hollywood acreditava que povos culturalmente desenvolvidos, como os alemães, tinham que manter sua pureza étnica, evitando perder seu valioso arianismo ao se misturar com outras raças. Sim, ele acreditava em todas aquelas teorias de raças superiores que se tornaram a base teórica fundamental do pensamento nazista. Flynn também acreditava que apenas regimes fortes conseguiam levar uma grande nação em frente. A democracia só resolvia parte do problema, mas não conseguia superar os problemas complexos que iam surgindo dentro de uma sociedade. Essa sua visão de mundo também determinava tudo o que ele pensava sobre judeus em geral. Todos esses fatos que hoje em dia podem chocar seus fãs foram levantados pelo escritor Charles Higham que escreveu uma das mais completas biografias de Flynn intitulada "Errol Flynn: The Untold Story".

Para entender como Errol Flynn desenvolveu esse tipo de pensamento o autor procurou saber quando o astro do cinema americano tomou contato pela primeira vez com os ideais nazistas. Segundo seus levantamentos tudo aconteceu durante a Guerra Civl Espanhola. Errol Flynn, que era australiano de nascimento, resolveu apoiar grupos que combatiam o General Franco. Nesse processo conheceu vários socialistas alemães que também lutavam na Espanha. Assim acabou se aproximando também dos nacionais socialistas (nazistas) que curiosamente transformaram a Espanha de Franco em um campo de testes para suas novas armas de guerra que acabariam sendo usadas de forma intensa durante a II Guerra Mundial.

Com tantos jogos de interesse no ar, Flynn acabou conhecendo o pensamento de Hitler em seu livro "Minha Luta" e se apaixonou por sua causa. Segundo o escritor Charles Higham ele se tornou espião nazista durante o conflito justamente por isso e foi mais além, conseguindo se encontrar pessoalmente com o próprio Hitler durante uma visita à Alemanha. Talvez sua origem australiana explique sua inclinação em favor da Alemanha já que essa lutava contra a Inglaterra naquele momento e Flynn não escondia de absolutamente ninguém que odiava os ingleses (os colonizadores da Austrália). O grande elo de ligação de Flynn com o III Reich foi construído através de contatos com o médico austríaco Hermann Erben que também era agente nazista. Flynn enviava todas as informações coletadas a ele e esse repassava tudo para a temida Gestapo, a polícia secreta de Hitler.

Depois que os Estados Unidos entraram na Guerra a situação de Errol Flynn ficou muito delicada e ele procurou esconder nas sombras esse passado terrível que poderia destruir sua carreira em Hollywood. Foi uma situação muito complicada de se camuflar porque agências de inteligência do governo americano começaram a seguir os passos de Flynn que pressionado rompeu todo tipo de ligação com a Alemanha a partir de 1944 quando a guerra finalmente começava a pender em prol dos aliados dos Estados Unidos. Também pesava contra Flynn o fato de que a grande maioria dos estúdios de Hollywood pertenciam a judeus, algo que iria se virar fortemente contra ele caso tudo fosse revelado. No fim Errol Flynn conseguiu esconder seus rastros de espionagem e sobreviveu à guerra. Até hoje pairam dúvidas de como conseguiu se livrar de um julgamento por traição. Só não conseguiu superar seu alcoolismo que encurtaria sua vida em vários anos. Também não deixou mesmo de admirar ditadores em geral, haja vista que acabou se tornando um dos grandes amigos de Fidel Castro e seu regime comunista em Cuba. Essa porém é uma outra história...

Pablo Aluísio.

Errol Flynn - 10 Curiosidades sobre "As Aventuras de Robin Hood"

1. "As Aventuras de Robin Hood" foi o filme de maior sucesso de bilheteria da carreira do ator Errol Flynn que inicialmente nem queria estrelar a produção. Depois de muita insistência acabou sendo convencido pelo produtor Hall B. Wallis.

2. Para que as locações ficassem mais parecidas com a Inglaterra e sua floresta de Sherwood a Warner resolveu importar árvores inglesas para serem plantadas na Califórnia. As filmagens foram realizadas em um parque localizado na cidade de Chico, CA. O resultado, como se pode ver na tela, ficou realmente muito bom.

3. A Warner inicialmente queria que o filme fosse estrelado pelo ator James Cagney, mas Michael Curtiz, o diretor, não gostou da ideia. Cagney havia se tornado famoso interpretando gangsters nas telas e Curtiz queria trazer uma imagem mais simpática de Robin Hood. Além disso Curtiz achava que Cagney havia passado da idade certa para interpretar Robin Hood de forma adequada.

4. A produção contou com onze câmeras especiais de tecnologia Technicolor. A Warner queria transformar os filmes em cores como a nova sensação do cinema americano, que ainda considerava a novidade apenas uma moda passageira. Não era e em pouco tempo os filmes coloridos se tornaram padrão dentro da indústria.

5. O filme tinha o custo inicial de 1 milhão e oitocentos mil dólares, mas rapidamente o orçamento estourou fazendo com que os custos iniciais saldassem rapidamente para mais de dois milhões de dólares, se tornando assim o filme mais caro da história da Warner Bros até aquele momento.

6.  Essa foi a terceira parceria de oito no total entre Errol Flynn e Olivia de Havilland. A Warner considerava que o casal era um dos grandes chamarizes de bilheteria do estúdio, mas Flynn tinha uma outra visão. Em sua forma de ver a situação qualquer outra atriz daria certo ao seu lado pois seu público queria ver mesmo ação e aventura em cena, sendo o lado romântico de seus filmes algo bem secundário. Essa opinião acabou obviamente irritando Olivia de Havilland.

7. Olivia de Havilland não iria realizar o filme pois já estava comprometida com outra fita que seria rodada em menos de dois meses. A atriz que iria estrelar Mariah porém ficou grávida, o que fez com que a Warner a colocasse no filme às pressas para substitui-la.

8. Durante as filmagens as relações entre Errol Flynn e Michael Curtiz começaram a ficar bem tensas, tudo por causa do relacionamento do galã Flynn com a atriz francesa Lili Damita, ex-esposa de Curtiz. Um ano depois de começar a namorar com ela, Flynn resolveu se casar também com a atriz, causando ainda mais desconforto em Curtiz.

9. Houve uma certa discussão entre os roteiristas e a Warner sobre a forma como Robin Hood deveria ser apresentado no filme. Ele deveria surgir como um alegre e fanfarrão ladrão da floresta ou como um homem violento e perigoso que era capaz de matar pessoas?  No final a solução veio pelo meio termo, onde a personalidade esfuziante de Robin foi preservada, ao mesmo tempo em que ele também se revelava como uma ameaça séria para os homens do xerife. No filme Robin Hood acaba matando 16 inimigos em cena - um número que foi considerado alto demais por Hall B. Wallis, mas que acabou sendo mantido na versão final.

10. O grande diretor, ator e roteirista Orson Welles se ofereceu para interpretar o Frei Tuck, mas Michael Curtiz não o escalou para o elenco, algo que depois iria se arrepender como certa vez revelou em uma entrevista sobre o filme. Teria sido uma aquisição maravilhosa para o filme como um todo. Infelizmente, por motivos que nem Curtiz soube como explicar direito, ele disse não!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Errol Flynn - Hollywood Boulevard - Parte 2

Errol Flynn - Capitão Blood
Não foi Errol Flynn o primeiro astro dos filmes de capa e espada, com piratas cruzando os mares. Essa honra coube a Douglas Fairbanks, ainda na era do cinema mudo. Porém foi seguramente Flynn em seus filmes na Warner Bros que transformaram esse gênero de aventura em algo maior, em um verdadeiro evento cinematográfico de massa.

O ator foi o grande astro da era de ouro da Warner. O estúdio não media esforços e gastos para recriar na tela os tempos dos piratas, que cruzavam os oceanos em busca de riquezas. O diretor Michael Curtiz também foi um mestre nesse gênero. Ao lado de Flynn rodou os maiores sucessos de bilheteria da época, a ponto de transformar Flynn no ator mais bem pago de Hollywood.

Nesse filme temos um pirata por acidente. Isso mesmo. O médico Peter Blood (Errol Flynn) é um homem honesto, injustamente condenado por um crime que não cometeu durante o reinado tirânico do Rei Jaime II. Enviado para cumprir sua pena em um navio (na chamada pena de galês) ele acabou liderando um motim, tomando a embarcação e se transformando a partir daí no Capitão Blood, um pirata ao velho estilo, mas com um bom coração e um senso de ética fora do comum.

Tecnicamente o filme é perfeito. Se engana quem pensa que ele está datado. É tão bem realizado, com bonito figurino e cenários realistas, que funciona perfeitamente bem até nos dias de hoje. A Warner chegou a construir dentro do estúdio duas enormes caravelas da época dos piratas, contratando historiadores para que tudo fosse reconstruído nos mínimos detalhes. Para Flynn esse filme também significou o começo de uma nova era, onde ele brilharia como poucos astros no céu de Hollywood.

Capitão Blood (Captain Blood, EUA, 1935) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Rafael Sabatini, Casey Robinson / Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Lionel Atwill, Basil Rathbone / Sinopse: Capitão Blood (Errol Flynn) é um pirata do Caribe que saqueia e rouba navios ingleses e franceses que ousem cruzar seu caminho em alto mar. Para capturá-lo o Rei da Inglaterra envia um navio de guerra fortemente armado para atingir esse objetivo.

Pablo Aluísio

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Joan Fontaine / Vivien Leigh / Marilyn Monroe / Clark Gable / Audrey Hepburn / Errol Flynn

Joan Fontaine
Irmã mais jovem de Olivia de Havilland, Joan de Beauvoir de Havilland ou Joan Fontaine, teve uma carreira tão maravilhosa como a de sua irmã. Mais elegante, muito fina e especializada em personagens sofisticados, Joan foi um brilho de classe em uma Hollywood já tão charmosa e glamorosa. Curiosamente Joan nasceu no Japão, quando seus pais britânicos estavam no oriente tratando de interesses profissionais. No começo desejava ser modelo pois inegavelmente era uma linda mulher. Depois com o sucesso da irmã Olivia ela entendeu que havia uma promissora carreira no cinema. Uma sábia decisão pois se deu muito bem na nova profissão. Foi indicada três vezes ao Oscar por "Rebecca, A Mulher Inesquecível" de Alfred Hitchcock, "De Amor Também Se Morre" e "Suspeita", novamente com o mestre do suspense na direção. Por esse último filme foi finalmente premiada, se tornando assim a única atriz a vencer o Oscar em um filme dirigido por Hitchcock. Na foto Joan posa com um vestido assinado pela conhecida figurinista das estrelas, Edith Head.

Vivien Leigh
Leigh ficou imortalizada na história do cinema no papel de Scarlett O'Hara no grande clássico "E O Vento Levou". Sua carreira porém foi muito mais importante e produtiva do que muitos pensam. Em 40 anos de carreira Vivien estrelou poucos filmes, mas sempre escolhidos com grande critério. Dona de uma beleza ímpar em sua juventude a atriz conseguia reunir um rosto bonito com uma mente afiada. Era inteligente e muito perspicaz com as escolhas que fazia. Nas duas únicas vezes em que foi indicada ao Oscar venceu o prêmio. A primeira por "E O Vento Levou" e a segunda por "Uma Rua Chamada Pecado" onde atuou ao lado de um dos grandes atores da história, Marlon Brando. Com direção de Elia Kazan e texto do grande dramaturgo Tennessee Williams ela interpretou a perturbada Blanche DuBois. Sobre atuar ao seu lado Brando foi enfático ao dizer que não havia diferenças entre Leigh e Blanche. Ambas tinham a personalidade bem semelhantes, dentro e fora das telas.
Os Desajustados
Marilyn Monroe e Clark Gable se abraçam no set de filmagem do clássico "Os Desajustados" de 1961, filme dirigido por John Huston. Apesar da imagem demonstrar um grande afeto entre ambos a verdade foi que essa logo se tornou uma relação turbulenta. Marilyn se mostrou muito insegura, faltando e atrasando todos os dias para o trabalho. Essa falta de profissionalismo dela logo começou a incomodar Gable que precisava ficar longas horas no deserto esperando ela aparecer para filmar. Anos depois escritos de Marilyn mostraram que ela havia criado uma estranha ligação emocional com o ator, algo que vinha desde a sua infância quando começou a associar a imagem de Clark Gable a uma figura paterna que era ausente em sua vida. Freud explicaria bem essa obsessão. De uma forma ou outra, mesmo que indiretamente ou de forma inconsciente, Marilyn começou a "punir" o ator que não sabia de nada do que estava acontecendo na mente da atriz. Infelizmente o filme se tornaria a despedida deles do cinema. Gable morreria logo após o fim das filmagens aos 59 anos de idade e Marilyn também seria encontrada morta em sua casa antes que viesse a concluir outro filme para a Fox.

Roman Holiday
Gregory Peck e Audrey Hepburn jogam cartas no set de filmagens de A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday, EUA, 1953). Dirigido por William Wyler o filme demonstrou que uma comédia romântica leve, com muita sutileza, também poderia ganhar a simpatia da antipática crítica americana. Curiosamente o veterano cineasta recusou várias vezes a direção do filme. Afirmava que estava velho demais para trabalhar em uma locação estrangeira. Apenas o esforço do ator Gregory Peck conseguiu mudar sua opinião. E Peck quase não esteve no filme também. O estúdio tinha preferência por Cary Grant, mas esse com vários projetos em andamento precisou declinar do convite. Como afirmou depois em entrevistas se arrependeu muito de não ter estrelado o filme. Já os produtores da Paramount logo descobriram que Audrey era mesmo uma jóia rara. Para agradá-la o estúdio resolveu presenteá-la com todo o figurino do filme, desde vestidos, chapéus e sapatos. Como Audrey era considerada um ícone da moda o produtor Lester Koenig afirmou que o guarda roupa elegante do filme não poderia estar em melhores mãos.

Errol Flynn
Foto promocional do ator australiano (naturalizado americano) Errol Flynn pelos estúdios da Warner Bros. Ele foi um dos maiores campeões de bilheteria nas décadas de 1930 e 1940, justamente em um período de grandes mudanças técnicas na história do cinema. O som havia chegado e toda uma geração do cinema mudo foi substituída por novos ídolos da nova era sonora. Boa pinta, com cara de galã, Flynn logo se tornou na grande aposta da Warner em conquistar todo um novo mercado que nascia. Ao lado do diretor Michael Curtiz o ator se tornou um astro absoluto, verdadeiro ícone de popularidade, superando até mesmo Douglas Fairbanks, modelo ao qual se inspirava em cena. O auge de Errol Flynn durou por duas décadas até que problemas pessoais envolvendo drogas, bebidas, mulheres, brigas e processos mancharam sua estrela. De qualquer maneira seus filmes são a prova viva da grande excelência técnica que Hollywood já possuía naqueles tempos pioneiros. Ele sempre será lembrado como o Robin Hood ou o eterno aventureiro dos sete mares nas diversas aventuras épicas que estrelou. Flynn morreu em 1959, aos 50 anos, mas seus filmes lhe garantiram a imortalidade.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Filmografia Comentada: Errol Flynn

Errol Flynn foi um dos grandes astros da Warner na década de 30 e 40. Estrelou grandes produções e sucessos absolutos de bilheteria como "Robin Hood", "Capitão Blood" e "Carga da Brigada Ligeira". Flynn também foi uma das primeiras celebridades envolvidas em escândalos e confusões em Hollywood. Farrista, exagerava nas festas cheias de mulheres, drogas e excessos de todos os tipos. Aventureiro na vida real (era marinheiro antes de virar estrela de cinema) Flynn entrou na história do cinema. Segue comentários de filmes abaixo.

A Estrada de Santa Fé
Esse filme me deixou de orelhas em pé. Depois de assistir fiquei com sérias dúvidas sobre quais seriam suas verdadeiras intenções. O roteiro é muito dúbio e pra falar a verdade mal intencionado. Para começo de conversa os vilões do filme são todos abolicionistas. Isso mesmo, John Brown (líder abolicionista da história americana) é retratado aqui como um maníaco, fanático religioso e surtado! Os que lutam ao seu lado pelo fim da escravidão nos EUA são todos assassinos sanguinários! Enquanto isso os mocinhos são representados pelos personagens de Errol Flynn (fazendo o papel do jovem cadete sulista de nome Jeb Stuart) e por Ronald Reagan, isso mesmo o futuro presidente dos EUA, no papel de ora vejam só, George Custer! Ele mesmo o famoso general americano da sétima cavalaria que foi morto por Touro Sentado anos depois! Talvez Jack Warner, o produtor, fosse racista. Só isso explica diálogos que me deixaram abismados como quando o personagem de Errol Flynn briga com outro cadete por este estar lendo um manifesto pelo fim da escravidão! Em outra cena um casal de negros dizem que "não querem a liberdade de John Brown" e preferem voltar para sua antiga casa, no sul dos EUA! Ora, lá na sul os negros ainda eram escravos e viviam acorrentados! Quem em sã consciência vai acreditar em uma coisa dessas?! É claro que soa absurdo. Agora, deixando tudo isso de lado, não há como negar que é uma excelente produção com muita ação e cenas de batalhas bem feitas. Pena que o roteiro seja tão maniqueísta e escroto. Detalhe: A morte de John Brown, o abolicionista, acabou sendo o estopim da guerra civil americana! Quem diria...

A Carga da Brigada Ligeira
Produção da década de 1930 que mostra com muita eficência um dos fatos mais marcantes da história militar inglesa. O filme é de 1936 mas tem um roteiro tão bom, uma produção tão bem feita que nem parece que tem mais de sete décadas de existência. O argumento é baseado em fatos históricos: a história do regimento 27 de lanceiros do exército britânico na Índia. Durante uma invasão a um forte guarnecido pela companhia, um líder tribal local promoveu uma verdadeira chacina matando mulheres e crianças. Em represália o jovem Major Geoffrey Vickers (Errol Flynn) resolve por conta própria e em desrespeito a uma ordem direta atacar as tropas russas e do Khan para vingar a morte daquelas pessoas. A história real foi trágica e culminou na morte de vários soldados mas o roteiro, como era de se esperar, não trata do assunto como um erro de guerra mas como um ato de bravura desses militares. O debate sobre o valor ou desvalor desse ato segue em discussão até os dias de hoje. Até que ponto um oficial pode ignorar ordens superiores mesmo que baseado em um correto senso de justiça? O elenco é liderado pelo astro da época, Errol Flynn. Lembrando certos momentos de filmes anteriores seus o ator consegue trazer credibilidade ao papel. Como era um galã o roteiro traz o seu inevitável interesse romântico contando novamente com Olivia de Havilland. O diferencial é que aqui ela é disputada por Flynn e seu irmão, um agente da diplomacia inglesa. David Niven também está no filme mas em um papel tão apagado que fiquei com pena pois o seu personagem é totalmente secundário e coadjuvante. Em suma, "A Carga da Brigada Ligeira" ainda é um excelente filme e mostra que é possível mesclar eventos reais históricos com ficção sem perder a qualidade e o interesse. Recomendo com certeza!

O Intrépido General Custer
Quando resolvi assistir esse filme fui com o pensamento de que veria uma produção muito bem realizada, historicamente incorreta mas que no final das contas tinha tudo para ser um bom western estrelado pelo ídolo Errol Flynn. Acertei bem no alvo! O título em inglês é uma expressão popular no exército que se refere aos soldados mortos em serviço, no campo de batalha - em suas botas (They Died with Their Boots On). Pois bem, a primeira parte do filme é um pouco melosa e com toques de humor em excesso, algo que eu realmente não esperava nesse tipo de produção. Essa parte inicial tem muito mais a ver com o estilo bonachão do Flynn do que com a biografia do general Custer. Já dos sessenta minutos em diante o filme cresce muito (são duas horas e meia de duração). Custer se torna um general e vai para o oeste lutar nas chamadas guerras indígenas. O filme aqui se torna mais sério, com roteiro muito bem estruturado e com um final muito bem realizado, inclusive do ponto de vista histórico (os tropeços em termos de história ocorrem quase todos na primeira parte do filme). O elenco de apoio traz a gordinha Olivia de Havilland fazendo mais uma vez o interesse romântico de Flynn e Charley Grapewin no papel de "California Joe", um dos melhores personagens do filme, aqui na pele de um excepcional ator, ótimo mesmo. De resto o filme faz jus à fama do diretor Raoul Walsh, sempre muito competente.

Capitão Blood
O Médico Peter Blood (Errol Flynn) é confundido com rebeldes durante o reinado de Jaime II da Inglaterra. Como punição é enviado como escravo para trabalhos forçados na nova colônia britânica de Port Royal na América. Chegando lá lidera uma revolta de cativos como ele e juntos acabam tomando posse de um navio de guerra imperial. Em pouco tempo Blood e sua tripulação se transformam nos mais famosos piratas do Caribe de sua época. "Capitão Blood" foi o filme que transformou Errol Flynn em astro. Na época ele era apenas um promissor ator que a Warner apostava suas fichas. Com histórico de muitas aventuras em seu passado, Flynn havia sido marinheiro e veio da Austrália cruzando os sete mares como seu personagem. Tinha bom visual, pose de galã e sabia lutar bem de espada. Com tantos requisitos era óbvio que Blood parecia ter sido escrito especialmente para ele. Além de ser seu primeiro filme de repercussão "Capitão Blood" acabou definindo de forma definitiva a persona de Errol Flynn pelo resto de sua carreira. O pirata boa praça, sempre com um sorriso nos lábios, galante e aventureiro iria ser repetido em praticamente todas as atuações de Errol em sua filmografia dali pra frente. De fato virou sua marca registrada. A produção foi a menina dos olhos dos estúdios Warner na época de seu lançamento. Enormes sets de filmagens foram construídos, figurinos de luxo e um dos melhores diretores do mercado, o veterano Michael Curtiz, foi especialmente contratado para levar o pirata aventureiro para as telas. Tudo foi planejado e concebido para que "Capitão Blood" fosse não apenas um filme mas um evento cinematográfico. O resultado até hoje impressiona, mesmo após tantos anos de sua conclusão. Os cenários que simulam as antigas naus do século XVII são extremamente bem feitos - em ótima reconstituição histórica. O curioso é que "Capitão Blood" foi idealizado para reviver os antigos filmes de Douglas Fairbanks Jr, mas ao mesmo tempo em que foi influenciado acabou sendo uma das obras mais influenciadores da história do cinema uma vez que até hoje seu estilo é imitado à exaustão - vide a extremamente bem sucedida franquia "Piratas do Caribe" que bebe diretamente de sua fonte. Enfim é isso, um dos marcos do cinema de ação e aventura de Hollywood que conseguiu resistir até mesmo ao mais implacável inimigo das telas, o tempo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de maio de 2007

A Carga de Cavalaria Ligeira

Título no Brasil: A Carga de Cavalaria Ligeira
Título Original: The Charge of the Light Brigade
Ano de Produção: 1936
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Michael Jacob
Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Patric Knowles, Henry Stephenson, Nigel Bruce, Donald Crisp

Sinopse:
Durante a ocupação britânica imperial na Índia, um grupo de militares ingleses, liderados por dois irmãos da cavalaria real, lutam contra um líder local que começa a promover massacres entre a população civil da região. Filme premiado com o Oscar na categoria de melhor assistência de direção (Jack Sullivan).

Comentários:
Depois do sucesso do filme "O Capitão Blood" a Warner Bros decidiu repetir a dose. Reuniu a mesma equipe técnica do filme anterior, contratou novamente o diretor Michael Curtiz e o casal Errol Flynn e Olivia de Havilland, tudo para produzir um novo campeão de bilheterias. O resultado foi esse "A Carga de Cavalaria Ligeira", outro épico histórico, só que com mudanças de cenário. Saíram os piratas e seus navios no Caribe, para a entrada de valentes e corajosos militares em mais uma daquelas exaustivas guerras coloniais. Claro que diante da mentalidade da época os colonizadores aqui eram retratados como seres humanos bravos, que defendiam as populações indefesas. Algo que sabemos ser um tanto questionável do ponto de vista da história. De qualquer maneira o filme é considerado um clássico dos filmes de aventuras. Tem ótima produção e reconstituição de época e o astro maior do cinema da época, o galã Errol Flynn, acabou adicionando mais um filme na sua sucessão de sucessos no cinema.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

O Capitão Blood

Título no Brasil: O Capitão Blood
Título Original:  Captain Blood
Ano de Produção: 1935
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Casey Robinson
Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Lionel Atwill, Basil Rathbone, Ross Alexander, Henry Stephenson,

Sinopse:
Durante o reinado de Jaime II, o jovem Peter Blood (Errol Flynn) é condenado injustamente. Sua pena deve ser cumprida em uma dos navios do reino. Só que Blood acaba liderando um grande motim dentro dessa nau, tomando o comando da embarcação, se tornando assim um pirata dos sete mares.

Comentários:
Esse filme foi o primeiro de uma longa e bem sucedida parceria entre o diretor Michael Curtiz e o astro dos filmes de aventuras Errol Flynn. Seria uma linha de produções da Warner que teriam grande retorno de bilheteria. Todos grandes sucessos do cinema da época. E o curioso é que tudo parecia bem familiar para Errol Flynn. Ele era marinheiro quando jovem, tendo feito uma viagem entre Austrália e Estados Unidos que durou meses. O roteiro também era um ponto positivo. Escrito tendo como base o romance histórico de autoria do escritor Rafael Sabatini, realmente nada faltava nessa história épica que se passava durante as grandes navegações, na era de ouro da pirataria, onde grandes navios eram roubados por corsários que agiam fora da lei, dando origem a todos os tipos de aventuras. Nesse campo sem dúvida "O Capitão Blood" é um dos melhores exemplares cinematográficos já produzidos na história do cinema norte-americano.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Cuban Rebel Girls

Título no Brasil: Cuban Rebel Girls
Título Original: Cuban Rebel Girls
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Exploit Films
Direção: Barry Mahon
Roteiro: Errol Flynn
Elenco: Errol Flynn, Beverly Aadland, John McKay, Marie Edmund, Ben Ostrowsky, Reynerio Sanchez

Sinopse:
O famoso ator e astro de Hollywood Errol Flynn vai até Cuba como correspondente de guerra para cobrir os eventos da revolução cubana in loco. Com colaboração de Fidel Castro ele registra a luta do ditador comunista contra as forças corruptas de Fulgencio Batista.

Comentários:
Esse foi o último filme de Errol Flynn. Não dá para entender muito bem porque ele se envolveu em um projeto como esse. Nunca havia sido o foco de sua carreira filmes desse estilo, com teor político. Com claras simpatias ao guerrilheiro e revolucionário Fidel Castro, Flynn fez uma obra controversa! A proposta é tecnicamente ser uma produção que mescle aventura com documentário, mas o resultado é fraco, não conseguindo ser um bom filme em nenhum dos gêneros pelos quais tenta pertencer. Corroído pelo alcoolismo, o astro de Hollywood surge como uma sombra de si mesmo, nesse que é considerado o pior filme de sua longa filmografia. Sem dúvida uma despedida melancólica para um superstar do passado como ele. É um produção que pouca gente viu, que não chegou a ser lançado no Brasil na época. Bom, pelo resultado do que se vê na telas tudo o que podemos dizer é que nesse caso pelo menos as distribuidoras brasileiras tiveram razão, já que o filme não tinha mesmo potencial comercial. Enfim, esqueça esse deslize e procure conhecer apenas os grandes filmes da carreira de Flynn na Warner. Nas aventuras de sete mares ele foi imbatível. Nesse filme de teor político ele se perdeu completamente.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Errol Flynn - Hollywood Boulevard - Parte 1

Errol Flynn fez seu primeiro filme em 1933. Até esse momento sua vida pessoal já havia sido, de certa forma, uma aventura. Ele entrou na marinha e tal como os personagens que iria interpretar nos filmes de piratas dos sete mares, ele próprio sangrou o oceano. Acabou indo da distante Austrália aos Estados Unidos de navio. Uma viagem que o qualificou para interpretar aventureiros em Hollywood. Nada mais natural.

Seu primeiro filme foi "In the Wake of the Bounty". Inédito no Brasil era um misto de filme de aventuras nos mares com documentário sobre o verdadeiro HMS Bounty, o mitológico e famoso navio da armada britânica. A embarcação ficaria famosa no Reino Unido pela história de motim de sua tripulação. Os oficiais foram mortos e os marinheiros de baixa patente (ou de nenhuma patente, diga-se) assumiram o comando.

Nesse mesmo ano Flynn realizou seu segundo filme, uma produção romântica assinada pelo cineasta George King. O romance se chamava "I Adore You". Flynn teve um papel praticamente insignificante, onde apenas contava com seu bom visual e sua imagem jovem. Na realidade os verdadeiros astros dessa fita que foi esquecida pelo tempo eram Margot Grahame e Harold French. Nada muito importante.

Depois disso Flynn deu um tempo em Hollywood e embarcou em San Diego para uma nova e longa viagem entre continentes. Foi parar na Europa e no norte da África. Tudo de navio. Afinal ele adorava veleiros em geral. Só retornou à costa oeste, à California, dois anos depois. Acabou arranjando um papel interessante em  "Murder at Monte Carlo", um pequeno filme de suspense, uma produção B da Warner Bros. A direção era do cineasta Ralph Ince. A trama se passava em Monte Carlo, lugar chique, onde ricos e famosos iam passar as férias. Flynn fotografou muito bem, elegante em ternos de grife. Foi sua primeira grande chance no cinema.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 27 de junho de 2006

Western + Western

Abaixo disponibilizo várias resenhas sobre filmes de Western. Não estão incluídos os filmes de John Wayne, Gary Cooper, Randolph Scott, Errol Flynn e outros atores que possuem tópico próprio no blog. Para visualizar os comentários dos filmes desses atores consulte os tópicos respectivos denominados "Filmografia Comentada".

Duelo de Ambições (Nas Garras da Ambição) - A trama do filme é simples: dois cowboys são contratados para levar um grande rebanho de gado do Texas até o território selvagem de Montana. Essa era uma travessia que até aquele momento não havia sido feita, uma vez que o caminho era infestado por tribos hostis como os Sioux e ladrões de gado (até o exército americano evitava circular por aquela região). O filme foi dirigido pelo grande Raoul Walsh e prometia, pela sinopse, ser realmente grandioso, como os grandes clássicos do western dos anos 50. Infelizmente a estrutura do roteiro não me agradou muito e posso inclusive apontar o erro dele: a presença de Jane Russell no elenco. Nada contra ela, gosto de suas atuações, além do que sua parceria com Marilyn Monroe em "Os Homens Preferem as Loiras" entrou para história do cinema. O problema é que com Jane em cena o diretor acabou se perdendo. O filme ficou meloso, fora de foco. O que era para ser um exemplo de "filme de macho" com todos aqueles atos de bravura e luta para atravessar o velho oeste acabou virando com Jane um romance banal, sem muitos atrativos. Analisando bem o problema não se resume a ela. O fato é que com Clark Gable em cena os roteiristas não resistiram e investiram mais uma vez na sua velha imagem de galã (que já estava com prazo de validade vencido na época pois ele inegavelmente surge em cena envelhecido, pouco viril e com claros sinais que a idade finalmente havia chegado). As intensas provocações de Jane para com Gable fazem com que o filme caia no lugar comum, com direito inclusive a músicas cantadas por Russell (algo que na minha opinião não caiu muito bem). Fica naquele joguinho de tensão sexual entre eles sem nunca chegarem aos "finalmente" Além disso tem o inevitável triângulo amoroso envolvendo ainda o personagem do ator Robert Ryan. Pena que Raoul Walsh não preferiu filmar uma produção mais focada na travessia do gado e menos no romance açucarado. De qualquer forma, mesmo com essas restrições, ainda indico esse "Os Homens Altos" (tradução literal do título original) para os fãs de faroeste. No mínimo será curioso assistir. PS: No Brasil o filme também recebeu o título de "Nas Garras da Ambição". Era comum nos anos 50 os filmes receberem mais de um título (geralmente quando passava na TV depois as emissoras mudavam os títulos ao seu bel prazer).

Kansas Raiders
O Audie Murphy foi o soldado americano mais condecorado da II Guerra Mundial. Quando a guerra acabou ele voltou para os EUA e começou uma carreira como ator. Aproveitando a onda de patriotismo ele foi estrelando um western atrás do outro. Os filmes de faroeste do Audie Murphy eram quase sempre produções B da Universal. Ele próprio nunca se levou muito à sério e quando encerrou sua carreira disse em tom de brincadeira: "Fiz dezenas de faroestes em Hollywood e eles eram todos iguais, só mudavam os cavalos". Na época não se dava muita bola para seus filmes, é verdade, mas ultimamente os fãs de western tem reconhecido melhor essas produções. Um exemplo é esse Kansas Raiders (que no Brasil ganhou o péssimo título de "Os Cavaleiros da Bandeira Negra"). O filme é um típico produto de Audie Murphy. Produção modesta, roteiro simples e tramas ligeiras - para se passar nas matinês para a garotada. Dificilmente os filmes tinham mais de 70 minutos. O curioso é que mesmo quando ele interpretava bandidos lendários do velho oeste, como Jesse James, Audie soava como o mocinho. Eu pessoalmente nunca fui muito fá dele, devo confessar, pois sempre o achei um ator muito limitado, com um rosto muito comum e além do mais pouco masculino (ele tinha cara de babyface pra falar a verdade). Ele também nunca criou um estilo próprio de caracterização- falando a verdade ele apenas enganava bem em cena. Além disso muitos de seus filmes eram adaptações de livros de bolso que eram muito populares nos anos 50. Nesses livrinhos todos os personagens eram bem romantizados, como bem se percebe aqui nesse filme. Apesar disso, pelo sucesso que alcançou e pela longa filmografia que acabou estrelando, os faroestes com Audie Murphy merecem passar por uma revisão. Não são de todos ruins e no fundo divertem, com clima de nostalgia. PS: Esse filme tem uma curiosidade, interpretando um dos bandidos do bando de Jesse James temos Tony Curtis, bem jovem, e com duas linhas de diálogos para falar. rs.

Armado Até os Dentes
Eficiente Western B que tem um roteiro tão redondinho que me deixou surpreso. No filme Robert Mitchum faz um pistoleiro de aluguel chamado Clint Tollinge. Se auto denominando um "pacificador de cidades" ele chega na pequena Sheridan atrás da mãe de sua pequena filha. Ao chegar no local acaba descobrindo que a cidade está sendo ameaçada e extorquida pelo bando de um rancheiro que quase nunca vai lá, mas que barbariza quem se atreve a cruzar seu caminho. Colocando seus serviços ao povo local ele logo é escolhido como auxiliar do xerife para colocar ordem no caos reinante. O interessante aqui é que o vilão (e obeso mórbido) Dade Hollman só aparece nos cinco minutos finais o que mostra que o roteiro joga bastante com sua onipresença na região, embora praticamente não apareça em cena. O elenco é muito bom. Robert Mitchum compõe um tipo que curiosamente seria repetido por outro Clint, o Eastwood, em seus filmes. Caladão, durão, cara de poucos amigos, ele logo impõe respeito por sua perícia e velocidade no gatilho. O elenco feminino é todo formado por beldades e starlets da época. Como o enredo mostra um grupo de dançarinas de cabaret a fartura de mulheres bonitas é alto no filme, com destaque para Karen Sharpe, jovem e estreante no cinema. Esse foi o primeiro filme do diretor Richard Wilson. Embora estreante nas telas se saiu muito bem pois consegue imprimir ação e tensão nas medidas certas. Curiosamente ele iria dirigir poucos filmes em sua carreira, preferindo exercer a função de produtor anos depois. Enfim, recomendo "Armado Até os Dentes" para os fãs de western. É um filme rápido, bem atuado e com roteiro bem construído.

Golpe de Misericórdia
Achei um western bastante eficiente. No fundo o filme vai agradar a diversos tipos de cinéfilos: aos que gostam de faroestes clássicos e aos que curtem também filmes sobre assaltos. A trama central gira em torno do roubo de um trem no distante território do Colorado (praticamente um deserto inóspito naquela época em que o filme é passado). Embora o filme não entre muito no desenvolvimento dos personagens (o que é comum em faroestes dos anos 50) o fato é que o roteiro demonstra preocupação em mostrar as motivações e os sentimentos de Wes McQueen (Joel McCrea), fugitivo e principal membro do grupo que planeja executar o crime, o que no final das contas é um diferencial. O elenco é liderado pelo ator Joel McCrea, durão sem perder a ternura (principalmente em relação às beldades em cena). Dessas a que mais me chamou a atenção foi Virginia Mayo. Era canastrona sim mas fotografava muito bem na tela, principalmente pelos olhares que foram extremamente bem captados pelo diretor. E por falar nele, Raoul Walsh era um excelente cineasta. Isso é bem demonstrado no uso maravilhoso que ele faz da paisagem natural que se torna quase um personagem próprio. Aliás curiosamente o filme foi rodado em 3 Estados diferentes (Califórnia, Arizona e Novo México) e embora o filme leve o nome original do território do Colorado esse não foi utilizado em cena! Enfim, coisas de cinema. Recomendo para os fãs de bons faroestes de ação com excelentes tomadas de cena mostrando o roubo do trem em movimento. Vale a pena.

Três Sargentos
Algumas coisas não dá para entender. Como é que um filme que reúne todo o Rat Pack consegue não ter música e o pior, ser tão sem graça? O problema de "Três Sargentos" é justamente esse: a fita se leva à sério demais! Um filme que reúna Sinatra, Martin e Davis, Jr não poderia nunca ser tão convencional como esse. O filme não tem nenhuma canção, nada! Para piorar o humor é deixado de lado. Apenas uma cena investe nesse aspecto, a cena inicial com os 3 sargentos dentro do bar. Após uma briga ao estilo pastelão o espectador é levado a pensar que o roteiro vai seguir essa linha mas que nada! - inexplicavelmente muda de tom e assume uma postura séria, baseada em longos tiroteios e batalhas com os índios das montanhas. Sinatra apenas passeia no filme. Aliás seu personagem nem sempre aparece nas cenas mais importantes. Melhores são as participações de Dean Martin e Sammy Davis Jr, que em dupla proporcionam bons momentos. De resto pouca coisa convence. A cena final é praticamente toda passada dentro de uma caverna nitidamente recriada em estúdio. O filme não é mal feito mas a cenografia soa fake demais. O diretor John Sturges foi contratado pessoalmente por Sinatra após o sucesso de "Sete Homens e Um Destino" mas o deixou em rédeas curtas. Com o projeto sob controle Frank colocou toda a trupe no elenco (inclusive Peter Lawford, cunhado do presidente John Kennedy e péssimo ator) em um western que não deu muito certo. Seria bem melhor se fosse assumidamente cômico, com muitas canções. Não adianta muito ter grandes cantores em cena se não os utilizarem não é mesmo?

Sua Última Façanha
Um grande filme! Resolvi assistir depois de tomar conhecimento de que esse era o filme preferido do próprio Kirk Douglas. Depois de conferir devo dizer que concordo com o ator em gênero, número e grau. Embora tenha estrelado vários e vários clássicos ao longo de uma das carreiras mais produtivas e bem sucedidas em Hollywood não há em sua extensa filmografia nenhum filme que tenha tanto coração e sentimento como esse. Um roteiro que lida de maneira primorosa com o fim de um amado estilo de vida que definiu vários dos grandes heróis da história dos EUA. O grande mérito aqui é que Douglas, o diretor David Miller e principalmente o roteirista Dalton Trumbo conseguiram reunir vários gêneros em um só filme, com resultado bem acima da média. Se pode pensar que "Lonely Are The Brave" é apenas um western temporão, de um estilo que já estava se tornando fora de moda, mas isso é uma visão simplista. O filme passeia tranquilamente por vários estilos e gêneros, tangenciando os filmes policiais, on the road e até mesmo os dramas românticos, isso sem perder a direção em momento algum. Passado no moderno oeste americano somos apresentados ao personagem John W. "Jack" Burns (Kirk Douglas). Ele é um velho cowboy que tenta manter vivo seu estilo de vida em um mundo que definitivamente nada mais tem a ver com o passado. No meio de auto estradas, aviões a jato e carros modernos, Burns tenta manter de alguma forma intacta a figura mitológica do cowboy do velho oeste. Claro que agindo assim ele logo encontra problemas com a lei, com a sociedade e com a mentalidade moderna. Os jovens o acham uma peça de museu mas ele insiste em manter sua dignidade intacta. Duas coisas impressionam no filme: O lirismo subliminar do roteiro e a eficiente caçada final a Burns em uma montanha rochosa íngreme. Algumas cenas são as melhores que já vi. Fiquei imaginando como devem ter sido complicadas as filmagens em loco, até porque subir com um cavalo em um ambiente daqueles é quase impossível (em muitos momentos fiquei realmente receoso do cavalo e do dublê de Douglas caírem montanha abaixo, tal o perigo das tomadas feitas). Em conclusão podemos afirmar que "Sua Última Façanha" é uma excelente crônica sobre a mudança de costumes que se sucedem de uma época histórica para outra. O velho mito que se depara com os desafios da modernidade. Em vista de tudo isso certamente vai agradar aos fãs de western e também aos que querem conhecer melhor essa fase de mudanças profundas no modo de viver dos mitos do passado. Vale muito a pena conhecer, certamente.

Audácia de um Forasteiro
Faroeste B estrelado pelo veterano ator Fred MacMurray (50 anos de carreira e quase 100 filmes no curriculum!). Aqui ele faz um tipo que nem era tão comum dentro de sua filmografia. Para falar a verdade sua persona em cena como um cowboy casca grossa e fugitivo não convence muito. Ele tinha cara de bonachão e se saía melhor em comédias ou filmes família como os que realizou nos estúdios Disney. Ao seu lado em cena pelo menos um ator de faroeste de verdade: James Coburn. Muito jovem ele interpreta um capanga da quadrilha local. O filme foi feito na Columbia no auge da popularidade dos filmes de bang bang. Como esse tipo de western sempre dava bilheteria os filmes eram rodados em escala industrial, um atrás do outro, geralmente aproveitando as mesmas locações e os mesmos cenários. O filme foi dirigido por Paul Wendkos, outro profissional veterano com mais de 100 filmes em sua lista! O interessante é que assim como MacMurray ele também não era especialista em westerns! Enfim, o filme é isso, um faroeste curto, rápido e direto para ser exibido nas matinês dos cinemas nos anos 50. Vale como curiosidade.

Jovens Demais Para Morrer
Roteiro e Argumento: O roteiro de Young Guns II mistura fatos reais com ficção. De forma geral é bem mais fantasioso do que o primeiro filme. Existem cenas que jamais aconteceram na história real como o encontro de Billy The Kid com o governador. Outras são totalmente corretas do ponto de vista histórico como a fuga de Billy da delegacia e a morte dos dois homens da lei. De maneira em geral o roteiro adaptou muita coisa para dar mais agilidade ao filme no que fez bem pois o resultado final é bem dinâmico e não há problemas de ritmo na fita. / Produção: Essa franquia Young Guns sempre foi muito bem produzida. Filmada no Arizona o clima da região em que viveu Billy The Kid é muito bem recriada em cena (embora a história real tenha se passado no Novo México, muito mais árido e inóspito). De resto tudo está muito bem fiel, tanto do ponto de vista de figurinos (Billy quase sempre está com roupas modestas) como de costumes (apenas o bordel mostrado do filme é muito mais luxuoso do que realmente era na época). / Direção: Esse é o filme de maior projeção da carreira do diretor Geoff Murphy. Dele só consigo me lembrar do péssimo Freejack, aquele filme B com o Mick Jagger. De qualquer forma temos que reconhecer que seu trabalho aqui está muito bom. Na verdade alguns membros da equipe dizem que o filme foi co-dirigido por Emilio Estevez que apenas não quis se comprometer assinando a direção também. / Elenco: A franquia Young Guns é conhecida por reunir em seu elenco jovens atores que estavam na crista da onda na época. Assim temos além de Emilio Estevez como Kid, os atores Kiefer Sutherland (Garotos Perdidos), Lou Diamond Phillips (La Bamba). Como coadjuvantes algumas boas surpresas como a presença do veterano James Coburn e de Alan Ruck (O amigo de Mathew Broderick em Curtindo A Vida Adoidado).

Wild Bill - Uma Lenda do Oeste
Terminei de rever. Curiosamente me recordei de bastante coisa apesar de ter assistido há tanto tempo. O filme é muito bom, interessante e bem montado. Ao invés de contar cronologicamente a história de Wild Bill o diretor optou por narrar os últimos momentos de vida dele, onde aos poucos sua história é relembrada em diversos flashbacks (em preto e branco na maioria das vezes). O filme é curto, pouco mais de 90 minutos, o que torna insuficiente para mostrar a vida do famoso personagem (que foi de tudo um pouco na vida, desde caçador de búfalos a xerife de cidades perigosas como Deadwood). Talvez apenas uma minissérie conseguiria contar todas as histórias envolvendo Wild Bill. Tecnicamente muito bem feito o roteiro romanceou alguns aspectos da vida do famoso pistoleiro para trazer mais interesse à trama. A mais significativa dessas mudanças foi a relação que os roteiristas criaram entre o assassino de Wild Bill e um amor do passado dele. Obviamente que ambos os personagens existiram realmente mas Jack McCall, o assassino de Bill (que seria enforcado por esse crime) não era filho de Susannah Moore, a antiga namorada do passado. Essa foi apenas uma tentativa de trazer mais dramaticidade ao filme. Jeff Bridges está muito bem no papel e todo o elenco de apoio é acima da média, principalmente Ellen Barkin como Calamity Jane. Fazendo às vezes de narrador o filme ainda traz o ótimo John Hurt no papel de um amigo inglês de Wild Bill. Vale a pena assistir para conhecer esse famoso mito do oeste americano.

Sete Homens e Um Destino
Moradores de um pacato vilarejo mexicano pedem ajuda a um grupo de pistoleiros liderados por Chris (Yul Brynner) e Vin (Steve McQueen) para que os protejam do terrível bando de bandidos e assassinos do pistoleiro Calvera (Eli Wallach). Refilmagem americana do filme "Os Sete Samurais" de Akira Kurosawa. Uma das grandes idéias dos roteiristas foi transpor a estória para o velho oeste, pois essa é a verdadeira mitologia americana. Saem os samurais e entram os pistoleiros e cowboys do filme. Nada mais adequado. Mas não foi apenas por essa adaptação que a produção se tornou um clássico. Provavelmente esse seja o western com a mais lembrada e famosa música tema da história do cinema. Muito evocativa e tocada várias vezes ao longo do filme em diversas versões diferentes logo fica claro porque se tornou um marco no estilo. Elmer Bernstein era realmente um grande compositor como bem demonstrado aqui. Basta a música tocar para o espectador entrar imediatamente no clima do gênero western. Outro ponto muito forte de "The Magnificent Seven" é seu elenco acima da média, liderado pelos carismas de Yul Brynner e Steve McQueen, ambos estrelas em ascensão em Hollywood na época. Os sete pistoleiros contratados para defender a pequena vila são variações do velho mito do cavalheiro solitário e errante (como bem resume uma cena em que eles discutem sobre os prós e contras da vida que levam). O elenco de apoio é excepcionalmente bom, com destaque para Charles Bronson (ainda em sua fase de coadjuvante), Robert Vaughn (que iria virar astro da TV anos depois) e James Coburn (um dos atores que melhor personificou pistoleiros em filmes de faroeste). Produzido pela Mirisch cia, a produção não é muito rica (essa empresa era especializada em fitas B que depois eram distribuídas pelos grandes estúdios como Universal e MGM) mas esse pequeno detalhe não compromete o filme em nenhum momento. Já a direção do veterano John Sturges é eficiente (embora um corte na duração final seria bem-vinda). De qualquer forma não há como negar que para quem gosta de western esse é sem dúvida um filme obrigatório.

Onde Imperam as Balas!
Nas décadas de 40 e 50 a Universal era um verdadeiro celeiro de jovens estrelas. O estúdio fornecia treinamento, publicidade e acompanhamento para futuros astros. Em troca esses atores assinavam contratos leoninos onde quem realmente lucrava após seu sucesso era a própria Universal. Rock Hudson, Tony Curtis e Robert Wagner foram alguns que foram descobertos dessa forma. Rory Calhoun foi outro desses astros fabricados pelo estúdio americano. Geralmente estrelando faroestes B, Calhoun foi aos poucos subindo na carreira mas não conseguiu virar o astro de primeira grandeza que tantos esperavam. Isso porque bem no auge de sua ascensão uma revista escandalosa revelou ao público que Rory era um ex presidiário que havia cumprido pena antes de se tornar o famoso cowboy das matinês. Abalado jamais conseguiu virar um ator de primeira linha. Esse "Onde Imperam as Balas" é justamente isso, mais um western da Universal feito para promover mais uma de suas grandes descobertas. Se não é genial passa longe de ser um produto medíocre. O filme é simples mas tem todos os ingredientes que fazem a festa dos fãs desse gênero - inclusive com o esperado duelo final entre dois grandes pistoleiros. Vale a pena assistir, ainda mais para conhecer Calhoun, um dos mais conhecidos "ex futuros grandes astros" da Universal.

O Trem do Inferno
Terminei de assistir agora. O filme mistura vários estilos - é um western, com retoques de filmes de espionagem e suspense à la Agatha Christie. Apesar de atirar para tantos lados o roteiro só consegue ser mediano em todos os gêneros que passeia. Como western não consegue ser muito empolgante. Se não fosse a época enfocada teríamos poucos elementos para considerar ele um faroeste clássico. Como suspense ao estilo Agatha Christie o filme também só consegue ser superficial. Ao contrário das tramas escritas pela famosa escritora esse "O Trem do Inferno" não consegue se sustentar muito em cima do mistério que envolve os crimes cometidos dentro do trem. Por fim, como filme de espionagem também não temos nada de muito especial - principalmente quando Bronson revela sua verdadeira identidade (o que em momento algum chega a ser uma grande surpresa). Apesar de todas as suas limitações "O Trem do Inferno" não é um desperdício completo de tempo. O filme tem bonita fotografia, pois foi filmado numa das regiões mais bonitas das rochosas e além disso conta com ótimas cenas de ação (em especial a queda de vagões desgovernados e uma bem coreografada cena de luta em cima do trem em movimento). Esses momentos realmente fazem valer a pena assistir ao filme. Em suma, "O Trem do Inferno" é um filme mediano e se você não for exigir demais pode até mesmo ser encarado como bom passatempo.

Pequeno Grande Homem
"Pequeno Grande Homem" é um filme curioso. Misturando fatos reais com mera ficção a fórmula seria copiada anos depois em "Forrest Gump". E o que é real e o que é ficção nesse filme? O personagem principal "Little Big Man" é real. Ele foi um dos chefes Lakotas que participaram da batalha em que foram massacrados o General Custer e a sétima cavalaria. Embora "Little Big Man" realmente tenha existido ele não era um branco criado por cheyennes como mostrado no filme. Era um guerreiro do bando de "Cavalo Louco" e dizem ter sido o chefe que tirou o escalpo do famoso general americano após ele ter sido morto. Já a visão de Custer no filme é, apesar da sátira, bem mais fiel do que o mostrado em filmes como "O Intrépido General Custer" com Errol Flynn. Se nos antigos filmes Custer era mostrado como um oficial valente e honrado aqui ele é retratado como um assassino e genocida de crianças e velhos (algo que realmente ocorreu de fato). O filme também mostra Buffalo Bill e Wild Bill Hancock mas sem maior importância no enredo de uma forma em geral, muitas vezes servindo apenas como alívios cômicos (o que destoa um pouco e se reflete na parte mais sem inspiração do roteiro). Enfim, não é um filme historicamente correto mas que pode ser encarado como um divertido jogo onde realidade e ficção se misturam.

Pat Garrett & Billy The Kid
Curiosamente há poucos dias assisti "Os Jovens Pistoleiros", western dos anos 80 que contava justamente a primeira parte dessa história (e que depois faria parte do roteiro de "Jovens Demais Para Morrer", sua continuação). Em "Pat Garrett & Billy The Kid" não há todo o contexto que contribuiu para o surgimento do mito Billy The Kid. Apenas pequenas citações são feitas em relação à guerra do condado de Lincoln (conflito que deu origem a tudo no inóspito Novo México). Quando o filme começa Billy já é um pistoleiro famoso e procurado pelo xerife Garrett. Ficamos sabendo que ambos tem uma história anterior, que são inclusive amigos mas em nenhum momento o roteiro procura explicar tudo o que aconteceu. De certa forma isso não é em si um problema, mas uma opção do diretor. Claro que para pessoas que não conhecem a história pode soar um pouco confuso mas como não é o meu caso não senti maiores problemas sobre isso. Historicamente o filme procura ser bem correto. Tirando o personagem de Bob Dylan, que é totalmente fictício, todos os demais personagens são reais e fazem parte da mitologia. Em termos de elenco gostei de praticamente todos mas principalmente de James Coburn como o xerife Garrett. Velho conhecido dos filmes de western Coburn está muito adequado ao papel. Eu nunca considerei Kris Kristofferson como ator e por isso não vou condenar sua interpretação, digamos, contida. Ele não brilha mas se torna eficiente apesar de suas limitações. No mais o filme tem uma trilha sonora ótima e uma direção com todas as características que fizeram a fama de Sam Peckinpah; Vale muito a pena assistir a mais essa versão da história do mito Billy The Kid.

Os Jovens Pistoleiros
Terminei de rever. Ontem eu assisti um documentário do National Geographic sobre o verdadeiro Billy The Kid e isso acabou despertando minha curiosidade para assistir novamente esse filme. O mito desse pistoleiro é encoberto por uma série de meias verdades, lendas e mentiras. A lenda do oeste é de certa forma bem diferente dos fatos reais. Isso aconteceu no passado e volta a acontecer nesse filme. Apesar de bem produzido o roteiro toma muitas liberdades sobre o que de fato aconteceu. O começo, é bom salientar, segue muito bem os fatos que antecederam à chamada Guerra do condado de Lincoln. Nesse aspecto o filme começa bem, até a morte do mentor de Billy, John Tunstall. Isso porque ele foi morto quando ia à cidade sozinho. No filme ele está acompanhado por seu grupo que apenas se distancia um pouco dele e por isso ele é emboscado. A partir desse ponto do filme as coisas começam a se distanciar dos fatos reais. É certo que Billy The Kid, por exemplo, participou da morte do xerife Brandy mas nada é comprovado sobre isso. Já o filme coloca Billy como o assassino do corrupto policial. Outro exemplo: Billy The Kid não matou Murphy, como mostrado no filme. Na realidade após a explosão da guerra no condado não houve mais um encontro entre eles. Esses e outros exemplos servem para demonstrar como Hollywood realmente alterou várias passagens apenas para tornar o roteiro mais redondo. Assim mais uma vez o Billy real sai de cena para que apenas o mito prevaleça. Apesar disso é bom entender que o filme, apesar dos erros históricos, é acima de tudo um veículo competente, com muita ação e boas tomadas de locação no deserto. Se falha como história certamente alcança seus objetivos como diversão e entretenimento.

Texas Rangers
Esse filme "Texas Rangers" lembra muito a fórmula de outro western moderninho, "Jovens Demais Para Morrer". A fórmula é basicamente a mesma, junte um grupo de jovens atores e faça um filme com as regras clássicas do gênero faroeste. Interessante é que assim como em Young Guns aqui a receita se mostra interessante, nada muito brilhante mas que pode facilmente se transformar em um bom passatempo para quem gosta do estilo. Aqui nós temos o ator James Van Der Beek liderando o elenco. Para muita gente seu nome hoje em dia nada significa, mas para quem acompanhou a série Dawnson´s Creek lembra muito bem. Infelizmente sua carreira não deslanchou após o fim do seriado e nunca mais ouvi falar nele! Mas o elenco de Texas Rangers não se resume apenas a ele. Tem vários atores bacanas por lá também, como por exemplo, Robert Patrick (Exterminador 2, Arquivo X), Tom Skerritt, veterano ator que infelizmente não tem muito o que fazer mas que marca presença dignamente, Alfred Molina como o vilão - anos antes de repetir a dose em "Homem Aranha 2" e finalmente Ashton Kutcher fazendo mais uma caracterização de bobão (papel que ele repete em todo e qualquer filme aliás, até mesmo em westerns como esse). Enfim, "Texas Rangers" pode ser uma boa opção para os que gostam do gênero western. Não é um filme brilhante, mas diverte acima de tudo.

Jonah Hex
Por definição eu gosto de Westerns. Esse porém é um western diferente que foi baseado em um personagem em quadrinhos. No cinema o Jonah Hex poderia render bem mais mas devo confessar que ficou no meio do caminho. O filme é muito curto, quase um média metragem, com pouco mais de 70 minutos. O roteiro é simplório e não se desenvolve (basicamente todo o argumento pode ser resumido na seguinte frase: "Homem mau mata família de homem honrado e essa vai atrás de vingança"). O filme é só isso. Tem uma subtrama envolvendo uma arma de destruição em massa que será usada pelo vilão para destruir Washington mas nem isso consegue prender a atenção do espectador. O ator que interpreta Jonah Hex não tem carisma e chega às raias da antipatia. Malkovich, um bom ator, está mais canastrão do que nunca desfilando um festival de caretas grotescas. Isso sem falar no seu visual, usando uma peruca simplesmente ridícula. Já Megan Fox é um desastre completo. A garota simplesmente não sabe atuar, não sabe expressar nenhum tipo de sentimento em cena, em algumas ocasiões notei que ela nem sabe falar direito! A única coisa que sabe fazer é um biquinho atrás do outro posando de gostosa. Merece o Framboesa de Ouro certamente. Jonah Hex não é um personagem ruim pelo que vi. Há cenas interessantes quando ele fala com os mortos (esse é um de seus poderes como todo bom personagem de HQ) mas até isso é desperdiçado. No geral é a tal coisa, o Hex pode até ser interessante mas o filme não.

Dança com Lobos
Veja só como são as coisas. Inicialmente meu plano era assistir esse filme em três partes por causa de sua longa duração. Acontece que fiquei tão envolvido que não larguei mais e terminei assistindo o filme todo de uma só vez hoje à noite. Dança com Lobos é maravilhoso, grande obra da sétima arte. Mereceu todos os prêmios e todas as badalações em torno dele. Curiosamente resolvi rever só por causa da nossa comunidade mas devo dizer que foi muito bom, recompensador até. Ainda mais agora que estou no meio da trilogia da cavalaria do grande diretor John Ford. Enquanto que nos filmes de Ford o exército americano é visto sob um prisma heroico e pioneiro, aqui temos o outro lado da moeda, mostrando sujeitos completamente grotescos, brutos e estúpidos ostentando a farda azul da cavalaria americana. Na verdade são dois extremos, a visão de Costner e a visão de Ford. Nenhum dos dois deve estar absolutamente certo, até mesmo do ponto de vista histórico. A conquista do Oeste e o massacre dos povos indígenas foi uma página negra na história dos EUA e não há como simplesmente escolher entre ambos os lados. Foi um choque de civilizações como aliás tem sido corriqueiro na história da humanidade. Deixando isso de lado a grande mensagem do filme, pelo menos na minha visão, é que não importa a cultura que você faça parte, no fundo todos os seres humanos desejam apenas a felicidade própria e de sua família, seja onde estiver e seja com quem conviver. O tenente do filme encontrou sua felicidade no meio dos índios, pois lá criou raízes e formou uma família.

Tombstone
A história do OK Curral segue dando manga para muitos filmes, desde "Sem Lei e Sem Alma" com Kirk Douglas (como Doc) e Burt Lancaster (como Earp) até o mais recente "Wyatt Earp" dirigido pelo Kevin Costner. Essa versão "Tombstone" sempre foi considerada a mais "pop" de todas pois o roteiro é ágil, movimentado e não perde tempo com tantos detalhes como outros filmes. Aqui também existem algumas diferenças que achei significativas. Por exemplo, nessa versão Wyatt Earp é mais contido e precavido. Ele procura acima de tudo não se meter em confusão. Está sempre receoso de entrar em algum conflito com os bandidos locais. Só quando a coisa fica insuportavel é que ele parte para o tudo ou nada ao lado de seus irmãos e Doc Holliday. Achei Val Kilmer muito bem como Doc, muito embora a melhor interpretação do pistoleiro seja mesmo a de Dennis Quaid no filme de Costner. Kurt Russel está apenas ok para falar a verdade. Seu bigode postiço não convence mas como o filme em si é bom e movimentado não paramos muito para pensar sobre isso. Para falar a verdade o que sempre me chamou atenção nos filmes dos Earps é a figura de Doc Holiday mesmo. Doutor, beberrão, pistoleiro e vivendo eternamente no fio da navalha. Esse cara se não tivesse existido de verdade teria que ser inventado por algum roteirista talentoso, porque ele sempre rouba os filmes do xerifão. E pensar que ainda hoje o acusam de ser um ladrão e assaltante barato... Depois de ver tantos filmes cheguei na conclusão que ele era realmente um ladrão... um ladrão do filme alheio.

Pilastras do Céu
Esse filme me surpreendeu positivamente. Nunca o tinha assistido e só o fiz por curiosidade, pois andei lendo sobre a vida do ator Jeff Chandler (que morreu em 1961 e hoje anda meio esquecido). Bom, adoro filmes de cavalaria, sou fã assumido desse tipo de western. Esse é bem curioso porque embora tenhamos todos os elementos que sempre caracterizaram esse tipo de filme: tiroteios, batalhas e índios x cavalaria, o subtexto que o roteiro traz não é nada clichê ou banal. Seu final é uma grande surpresa e mostra bem a mentalidade religiosa que ainda hoje prevalece na sociedade americana. Não vou contar mais para não estragar, quem tiver curiosidade de assistir um filme que consegue misturar tantas coisas em tão pouco tempo aproveite para conferir, garanto que no mínimo ficará surpreso pelo final incomum.

Bravura Indômita (2010)
Não existe nada mais perigoso no mundo do cinema do que refilmar antigos clássicos absolutos do passado. Quando o remake de "Bravura Indômita", western clássico com John Wayne, foi anunciado eu temi pelo pior. Não havia esquecido ainda de vários remakes desastrosos que foram feitos como Psicose, por exemplo. Se é um marco da história do cinema qual é a finalidade de refazer tal filme? Além da falta de originalidade os remakes sofrem de outro problema, sempre caindo em uma verdadeira armadilha: ou seguem literalmente o filme original e aí se tornam inúteis ou então tentam inovar correndo o risco de despertar a fúria dos fãs da obra original. As duas opções convenhamos não são nada boas. Eu fiz questão de rever o original poucos dias antes de assistir a esse remake justamente para ter uma base melhor de comparação com o filme dos irmãos Coen. A minha impressão é a de que essa nova versão preferiu seguir o caminho da refilmagem mais fiel ao original, sem inovações impertinentes ou banais. Embora seguindo lado a lado com o filme de Wayne o remake tem pequenas e pontuais novidades. Não resta dúvida, por exemplo, que essa nova versão tem um roteiro bem mais explicativo do que o filme de 1969, mostrando mais aspectos do livro que deu origem aos dois filmes. A reconstituição histórica também segue mais condizente com a época em que se passa a estória. Esses são certamente pontos positivos aqui. Já no aspecto originalidade o filme deixa bastante a desejar. É fácil perceber que não há nada de muito autoral dos Coen na produção, o que me deixou muito surpreso já que eles sempre fizeram questão de colocarem suas assinaturas em cada filme que fizeram. Isso não acontece com "Bravura Indômita". É um filme, como disse antes, muito bem feito, com tudo nos eixos mas curiosamente sem surpresas, chegando a ser convencional, isso claro se compararmos com o primeiro filme. Burocrático? Sim. Respeitoso em excesso com o filme original? Certamente. Do elenco o grande destaque fica com Jeff Bridges. É fato que Rooster Cogburn é um personagem à prova de falhas, pois foi ótimo para John Wayne e novamente caiu muito bem na caracterização de Bridges. O que mais me chamou a atenção é que a interpretação no novo remake é quase uma homenagem velada ao desempenho anterior de Wayne. Até a entonação vocal é extremamente semelhante. Bridges em certos momentos é quase uma paródia de Wayne, tudo muito igual e parecido. Aliás esse talvez seja o grande problema da obra dos Coen: a grande semelhança com o original. Eu li algumas entrevistas deles afirmando que nunca assistiram ao filme com Wayne. Depois de ver essa nova versão posso afirmar com certeza absoluta que estão mentindo descaradamente. Tudo remete ao primeiro "Bravura Indômita". Só não entendi porque afinal resolveram refilmar um filme tão igual ao primeiro? Mero capricho? Depois de conferir o filme estou propenso a pensar que sim. No final das contas "True Grit" versão 2010 não conseguiu escapar da armadilha que ronda todo e qualquer tipo de filme que segue essa proposta, se tornando uma obra meramente desnecessária no saldo final.

Sangue em Sonora
Filmado em locações no Estado americano de Utah em 1966 o filme Sangue em Sonora trazia um Marlon Brando estrelando um western de estrutura tradicional, o que de certa forma era um surpresa já que o ator era conhecido não só por seu talento mas também por sempre procurar trabalhar em projetos mais ousados e polêmicos. O que teria acontecido então para Brando embarcar em um projeto tão, digamos assim, comum? Conforme explicou em sua própria autobiografia "Canções que minha mãe me ensinou" o que o levou a filmes como esse foi a simples necessidade de ganhar muito dinheiro para bancar os problemas financeiros que enfrentou. Nos anos 60 Brando teve que enfrentar uma incrível série de contratempos. Suas ex-esposas o processaram, a guarda de seus filhos exigia que o ator desembolsasse somas cada vez maiores para pagar os advogados e sua querida ilha Tetiroa só lhe trazia prejuízos. Mal conseguia construir seu hotel um furacão vinha e destruía com tudo (o ator pretendia transformar o local em ponto turístico ambiental mas jamais concretizou seus planos por causa da irascível natureza da região). Assim, atolado em dívidas, Marlon Brando se dispôs a se deslocar para uma locação de difícil acesso para as tomadas de cena. Em seu livro Brando recorda que ficou surpreso ao chegar lá e saber que tinha sido o mesmo local onde Wayne havia filmado um conhecido western na era de ouro do cinema. O problema era que o local ficava muito próximo de uma base americana de testes nucleares. Para Brando muito provavelmente foi nesse local que John Wayne teria sido contaminado por depósitos de lixo nuclear (urânio), o que teria sido decisivo para o desenvolvimento do câncer que vitimaria Wayne anos depois. Brando afirmaria depois: "Não deixava de ser uma ironia o fato do grande defensor da indústria armamentista nuclear norte-americana ter sido morto justamente por ter sido contaminado por seu lixo deixado no local". Não era novidade para ninguém que ambos os atores se detestavam na vida pessoal, pois Brando era um típico liberal enquanto John Wayne era um defensor reacionário dos ideais do partido Republicano. Deixando de lado todos esses problemas de egos tão comuns nos grandes atores de cinema, vamos ao filme em si. Como afirmei antes o filme tem uma estrutura comum e simples. O diretor Sidney J Furie não quis arriscar muito, até porque na época não passava de um novato com poucos filmes significantes no currículo. Trabalhar com Brando também não era nada fácil, pois o ator tinha um histórico de problemas com diretores nos sets de filmagens. A sorte de Furie foi que na ocasião Brando estava envolvido em tantos problemas que simplesmente não quis infernizar ainda mais sua vida com confusões de bastidores. Assim as filmagens transcorreram sem grandes incidentes, tudo resultando em um filme que é um bom western, embora muito longe do que se esperaria de um gênio da atuação como Brando. Na realidade só existem dois bons momentos para Brando em toda a (curta) duração do filme. A cena inicial do filme, por exemplo, com Brando na Igreja, gera bons momentos ao roteiro, porém a melhor parte acontece depois quando Brando enfrenta o vilão Chuy Medina (interpretado por um irreconhecível John Saxon) na taberna. A queda de braço com escorpiões realmente foi uma excelente ideia, que casou muito bem com a proposta do filme que no fundo não passa de um Western de rotina com altas doses de Tequila. Sangue em Sonora não é nem de longe o mais brilhante momento do mito Brando nas telas da década de 60 mas mantém o interesse e diverte, o que no final é o que realmente importa.

A Volta do Pistoleiro
Pistoleiro (Robert Taylor) sai da prisão de Yuma e recebe carta de um amigo que precisa de sua ajuda pois está sendo ameaçado por bandidos locais que querem expulsá-lo de seu rancho na fronteira com o México. Robert Taylor foi um dos galãs mais populares de Hollywood nas décadas de 40 e 50, estrelando várias produções de luxo dos principais estúdios. Passeou em vários gêneros desde filmes épicos (Quo Vadis), de capa e espada (Os Cavaleiros da Távola Redonda, Ivanhoé) até produções de guerra (O Dia D). O problema é que Taylor era aquele tipo de ator que se baseava apenas em sua aparência física, algo que é inerente a todos os galãs aliás. Quando a idade chega eles obviamente são trocados por atores mais jovens e caem no ostracismo. Acontece com todos e aconteceu com Robert Taylor também. No final dos anos 50 ele já demonstrava sinais de declínio na carreira. Tentou sobreviver indo para a TV e até conseguiu uma sobrevida com séries como The Detectives mas a partir de 1962 os trabalhos foram ficando cada vez mais escassos. Quando realizou "A Volta do Pistoleiro" Robert Taylor já estava praticando aposentado das telas. Para falar a verdade esse foi seu último filme americano nos cinemas (decadente chegou a filmar na Itália e após um breve retorno à TV morreria dois anos depois em 1969). Aqui temos uma produção B da MGM. Não é um grande western, não tem uma grande produção e o roteiro para falar a verdade é mais do mesmo (a velha estória do pistoleiro rápido do gatilho que parte em busca de vingança). Taylor está visivelmente envelhecido e sem pique, aparentando inclusive problemas de obesidade (sua barriga saliente é constrangedora). De qualquer forma tenta trazer alguma dignidade ao papel usando de seus velhos maneirismos (como o levantar das sobrancelhas e o cerramento dos olhos nos momentos de tensão). No saldo final "Return of the Gunfighter" serve apenas como uma despedida desse galã hollywoodiano dos velhos tempos. Claro que ainda é melhor vê-lo no auge, como em "Quo Vadis" mas essa produção não deixa de ser curiosa também para conferir um dos últimos trabalhos dele nas telas.

Vera Cruz
O filme já começa à toda mostrando o encontro da dupla central, Cooper e Lancaster, numa cena com diálogos totalmente cínicos e dúbios. De certa forma isso se repetirá em todo o restante da fita. Curioso porque até mesmo o personagem de Gary Cooper parece não ter muitos escrúpulos. Coronel do exército confederado ele agora vaga pelo deserto mexicano para vender sua mão de obra ao grupo que lhe pagar melhor, ou seja, é um mercenário. Já o personagem de Burt Lancaster é bem pior, ladrão de cavalos, mentiroso e trapaceiro, desde o começo do filme já sabemos que não há nada o que esperar dele em termos éticos. Algo que se confirma no final quando teremos o tradicional duelo no meio das ruínas de uma cidade mexicana! "Vera Cruz" foi um dos primeiros westerns em que a ação foi colocada em primeiro plano, superando até mesmo os cânones dos faroestes mais tradicionais. Muitos especialistas inclusive qualificam "Vera Cruz" como uma espécie de predecessor do que seria feito no chamado Western Spaguetti. Não chegaria a tanto mas não há como negar que os faroestes italianos iriam utilizar de vários elementos que estão presentes aqui. Um dos elementos é justamente a simplificação dos roteiros em detrimento da ação incessante. A trama da produção na realidade se desenvolve praticamente toda em torno de uma diligência com carregamento de ouro que tenta chegar até o porto de Vera Cruz. No meio do caminho Cooper e Lancaster, que estão protegendo o carregamento ao lado de um pelotão do exército mexicano, vão enfrentando todo tipo de desafios, conflitos e traições (sim, todos querem no final ficar com a fortuna e para isso não medem esforços em trair qualquer um). A produção é muito boa - bem acima da média dos faroestes da época. O figurino dos mexicanos na fita pode até ser considerada exagerado, mas é fiel no final das contas uma vez que eles realmente se vestiam daquela maneira. Em conclusão Vera Cruz é um bom western, talvez um pouco prejudicado pelo excesso de personagens e pirotecnia. Vale pelo carisma de Lancaster e pela presença sempre muito digna do grande mito Gary Cooper.

Audazes e Malditos
Braxton Rutledge (Woody Strode) é um sargento negro do exército americano que é acusado de matar um oficial superior. Como se isso não bastasse ainda é apontado também como o assassino e estuprador de uma jovem garota. Para defendê-lo é indicado como advogado de defesa o tenente Tom Cantrell (Jeffrey Hunter). Instaurada a corte marcial todos tentarão desvendar o que realmente teria acontecido. "Audazes e Malditos" é mais um belo western do consagrado diretor John Ford. Geralmente filmes de cavalaria americana sempre dão bons filmes e com Ford na direção não poderia sair outro resultado. Porém o filme se diferencia dos demais que John Ford fez sobre o exército americano. Muita coisa que vemos em sua famosa trilogia da cavalaria não se repete aqui. Em "Audazes e Malditos" temos um autêntico filme de tribunal, só que obviamente passado no velho oeste. Embora haja conflitos entre soldados e Apaches (mostrados em flashbacks) a ação propriamente dita não se desenrola no meio do deserto mas sim em depoimentos, testemunhos e evidências que são apresentadas durante a corte marcial do sargento. Para um filme assim Ford teve que convocar um bom elenco de atores. Jeffrey Hunter está muito bem no papel do tenente que tenta de todas as formas inocentar o acusado. Para falar a verdade não me recordo de nenhuma outra atuação dele tão boa quanto essa. Era sem dúvidas um bom ator que ficou imortalizado não apenas no papel de Jesus Cristo em "Rei dos Reis" como também por ter sido o primeiro piloto da nave Enterprise no episódio de estreia da série "Jornada nas Estrelas" que na época foi considerada "cerebral" demais para os padrões da TV americana. Uma pena que tenha morrido tão jovem. Outro destaque é a presença de Woody Strode como o sargento negro acusado de assassinato e estupro. Sua postura é das melhores e ele mostra que era excelente ator em pequenos detalhes, no olhar, na convicção e na dignidade. Por todas essas razões recomendo "Audazes e Malditos" não apenas aos fãs de John Ford, esse genial cineasta, mas também a todos que gostam de edificantes tramas jurídicos. Certamente não irão se arrepender.

Na Encruzilhada dos Facínoras
Cam Bleeker (Fess Parker) é enviado pelo governador do Kansas para se infiltrar em uma quadrilha liderada por Luke Darcy (Jeff Chandler), um carismático líder rebelde que às vésperas da guerra civil americana prega a independência do Kansas da União Federal. Esse Western da Paramount estrelado por Jeff Chandler, o galã de cabelos grisalhos, é muito bem escrito principalmente na parte que toca ao personagem Luke Darcy, com vários diálogos inteligentes e bem construídos. Acontece que ele não é apenas mais um vilão unidimensional que vemos em tantos filmes de bang bang mas sim um homem de ideias que prega a separação de seu Estado de forma definitiva dos EUA, se tornando assim um país com sua própria soberania, a República independente do Kansas. Utopia? Certamente, mas não podemos nos esquecer que era justamente isso que os confederados queriam na guerra civil norte-americana. Curiosamente, e isso é mostrado no filme, o Kansas ficou em cima do muro no conflito, nem aderindo aos exércitos da União e nem se unindo ao Sul confederado. Irritados por essa neutralidade muitos grupos resolveram pegar por conta própria em armas para incendiar as populações de pequenas cidades - e é justamente isso que vemos o personagem de Jeff Chandler fazer durante todo o filme. Por falar em Jeff Chandler ele está muito bem no filme. Ator competente, tinha ótima dicção e era ideal para interpretar tipos mais eruditos como o que vemos aqui. Revelado pela Universal ao lado de outros famosos atores da época como Rock Hudson e Tony Curtis, Chandler conseguiu se estabilizar em Hollywood com uma série de boas atuações em bons filmes, mesmo quando se tornou livre do contrato da Universal. Esse "Na Encruzilhada dos Facínoras" foi realizado justamente quando Chandler se tornou ator free lancer. Já seu parceiro em cena, Fess Parker, é apenas correto. Fisicamente parecido com Gregory Peck, Fess se torna ofuscado por Chandler não conseguindo se impor como "mocinho" da estória. Por fim não poderia deixar de falar da atriz francesa Nicole Maurey. Muito bonita, sofisticada e elegante, ela logo se torna um verdadeiro colírio para a plateia mascuilna, o que não é nada mal. Em suma, "The Jayhawkers!" é um bom retrato dos bastidores do maior conflito armado que já ocorreu em solo americano. Vale a pena conferir.

O Homem dos Olhos Frios
Caçador de recompensas (Henry Fonda) chega em uma pequena cidade do oeste com o corpo de um bandido. Ele vem em busca do prêmio prometido pela captura do foragido morto. Assim conhece o Xerife local (Anthony Perkins) um jovem e inexperiente homem da lei que em pouco tempo se verá numa situação de vida ou morte. Lida assim a sinopse pode-se pensar que o filme é mais um faroeste de rotina entre tantos que foram produzidos durante os anos 50. Mero engano. "The Tin Star" (que recebeu um título nada adequado no Brasil de "O Homem dos Olhos Frios") é um excelente estudo psicológico daqueles homens que tinham a audácia e a coragem de impor a lei em lugares distantes e violentos do oeste americano no século 18. Eram mal remunerados, geralmente encontravam a morte cedo e mesmo assim procuravam exercer sua função da melhor forma possível. Aqui temos um jovem sem a malícia e a experiência necessárias para fazer valer a lei em uma cidade lotada de mal feitores. Curiosamente acaba encontrando seu mentor em um velho caçador de recompensas (Henry Fonda, ótimo) que só está ali atrás de seu dinheiro e nada mais. Os acontecimentos porém o farão mudar de ideia. Na realidade ele próprio era um xerife que largou a estrela de lata após perceber que ganharia muito mais caçando bandidos perigosos pelo deserto. Assim temos de um lado um jovem ainda idealista que tem que se confrontar com um experiente e calejado ex homem da lei que sabe exatamente o que ostentar aquela estrela significava no velho oeste. O "duelo" de personalidades deles é a base de todo o argumento do filme. O elenco é excelente. Henry Fonda não precisava de muita coisa para se impor em qualquer filme que trabalhasse. Ícone do western o ator se saí extremamente bem no papel do ex-xerife e atual caçador de recompensas Morg Hickman. Agora verdade seja dita: embora Fonda brilhe mais uma vez o destaque vai mesmo para Anthony Perkins. Ele mesmo, o ator que ficaria marcado para sempre como o psicopata Norman Bates de "Psicose" aqui interpreta um papel totalmente diferente, demonstrando que era realmente um bom ator e não apenas um intérprete de um personagem só (como muitos pensam). O xerife que interpreta é um sujeito sem moral, meio abobalhado, receoso e inseguro que tem que lidar com uma situação limite ao qual não tem o menor controle. "The Tin Star" ("A Estrela de Lata" no original) é isso, uma crônica muito bem estruturada sobre o modo de pensar e agir dos homens da lei em uma terra que passou para a história justamente por não ter lei, a não ser a lei do mais forte. Excelente western, procurem assistir.

Sangue de Heróis
Baseado no livro de James Warner Bellah, "Fort Apache - Sangue de Heróis" é um ótimo faroeste. Produzido e dirigido por John Ford, ele é o primeiro de uma trilogia realizada pelo cineasta sobre a cavalaria do exército americano, pós-guerra civil. Os dois outros, igualmente ótimos, são "Legião Invencível", de 1949, e "Rio Grande", de 1950. O filme gira em torno de um arrogante coronel da cavalaria americana, disposto a tudo para ter o reconhecimento do governo dos EUA por seus relevantes serviços prestados à nação. Para tanto, despreza os conselhos de seus auxiliares mais próximos, conhecedores dos problemas vividos pelos apaches, no longínquo território do Arizona e se envolve numa guerra desnecessária e suicida contra os indígenas, que só queriam ser tratados com um pouco de respeito e justiça. E o que chama a atenção é que, após sua morte, ele consegue ser oficialmente reconhecido como herói, muito embora tenha injustificadamente sacrificado a vida de centenas de homens sob seu comando. Além do belo trabalho realizado por Ford, o filme conta com um roteiro muito bem estruturado e com a magnífica fotografia de Archie Stout. Henry Fonda está soberbo no papel do coronel Thursday, seguido de John Wayne, como o oficial que se rebela contra suas ordens. Adicionalmente "Fort Apache - Sangue de Heróis" conta ainda com um elenco coadjuvante de primeira linha, com nomes como Ward Bond, Victor McLaglen, George O'Brien e Pedro Armendáriz, entre outros. Shirley Temple, a garota prodígio da década de 30, faz um bom trabalho como adulta, na época com 20 anos de idade. O roteiro (e obviamente o livro que lhe deu origem) são em essência uma romantização em cima da história real do General Custer. Após ser morto pelas tribos comandadas por Cavalo Louco e Touro Sentado, Custer virou um herói nacional nos EUA. Na realidade ele era um carreirista que não media esforços para subir na carreira, não importando as consequências de seus atos. O Coronel Thursday do filme nada mais é do que uma alegoria da personalidade verdadeira do Custer histórico. Por tudo isso e muito mais o filme hoje é simplesmente essencial para os fãs do grande cinema da era de ouro de Hollywood. Sem dúvida uma obra magnífica. (Leia mais sobre filmes de John Wayne em seu tópico próprio de nosso blog)

Pablo Aluísio.