Grande clássico do cinema, contando a história de uma das personagens mais famosas da Idade Média. No século XV, em plena guerra dos cem anos entre Inglaterra e França, surge uma pobre camponesa chamada Joana (Ingrid Bergman) afirmando que Deus teria lhe dado uma missão divina. Ela deveria marchar com as tropas francesas para expulsar o invasor inglês de seu país. Ainda mais, após a vitória ela deveria ajudar a colocar no trono o futuro Rei Carlos VII (José Ferrer). Animados pela presença da vidente em suas fileiras, o exército francês começa uma série de campanhas vitoriosas contra as tropas do exército do Rei britânico Henrique VI, virando completamente os rumos do sangrento conflito. Após atingir seus objetivos, concretizando o que diziam suas vozes a agora adorada pelo povo, Joana D'Arc, de apenas 19 anos, acaba sendo traída e enviada para um tribunal religioso corrompido pela coroa da Inglaterra. Seu destino acaba se tornando trágico. Excelente filme histórico, dirigido por Victor Fleming, o mesmo cineasta do clássico imortal "E O Vento Levou". Aqui temos uma das personagens históricas mais conhecidas de todos os tempos, Jeanne d'Arc (1412 - 1431). Heroína francesa, ela se tornaria santa católica séculos depois de sua morte, quando o Papa Bento XV finalmente reconheceu que seu julgamento foi uma grande farsa, comandada por interesses políticos ingleses. Afinal ela seria considerada a grande responsável pelas derrotas sofridas pelas tropas do Rei Henrique VI.
Joana foi um símbolo, tanto do ponto de vista religioso como político. De certa forma ela foi usada pelos franceses como um sinal divino de que, naquela guerra que parecia interminável, Deus estaria do lado da França. Isso de fato aumentou a moral do exército francês que a partir daí colecionou vitórias e mais vitórias contra os ingleses. Infelizmente Joana estava do lado de um Rei francês corrupto, fraco e frívolo chamado Carlos VII, que não pensou duas vezes em praticamente vendê-la aos ingleses em troca de uma grande soma em dinheiro. Nas mãos dos inimigos foi montado um julgamento completamente parcial que tinha como único e exclusivo objetivo a enviar para a fogueira para ser queimada como herege e bruxa. E de fato os ingleses a chamavam de feiticeira durante as sangrentas batalhas das quais participou. A produção é de excelente nível. Indicada a vários Oscars e vencedor do prêmio nas categorias de Melhor Figurino e melhor direção de fotografia. O filme se revelou tão complicado de se filmar que o estúdio contratou três diretores, sendo que todos eles foram premiados com o Oscar. A atriz Ingrid Bergman encarna a guerreira com perfeição. Ora inocente, ora seguidora de uma fé cega, Joana logo cai nas mãos de traidores que nem pensaram duas vezes antes de a enviar para um terrível martírio. Temos que reconhecer que há uma clara simplificação na história de Joana no filme. Isso é até fácil de entender pois a intenção não era fazer um épico com três ou mais horas de duração. Assim a trama política que envolveu Joana na vida real foi simplificada para dar mais agilidade ao roteiro, decisão que se mostra acertada pois o filme realmente tem um desenvolvimento excelente, jamais cansando o espectador.
Na época em que viveu, Joana teve muitos inimigos, príncipes gananciosos, nobres ateus, pequenos reinados e feudos que a queriam morta. Como forma de enxugar tudo isso os roteiristas colocaram apenas os ingleses e os borguinhões como seus inimigos viscerais. O julgamento de Joana, que ficou famoso na história, tema de inúmeros livros e filmes, também foi simplificado, contando apenas com os mais marcantes momentos. Nada disso porém traz o menor demérito ao filme que certamente continua excelente, mesmo revisto hoje em dia. Como Joana D'Arc sempre foi uma personagem muito marcante na história, o cinema de vez em quando realiza produções explorando sua enigmática biografia. São mais de 90 filmes feitos enfocado a santa guerreira medieval. Essa produção da RKO pode certamente ser considerado uma das melhores, até porque conta com a preciosa e iluminada interpretação de Ingrid Bergman, musa do cinema que ficou imortalizada no eterno clássico "Casablanca". Ela está no tom certo e em termos estéticos ficou maravilhosa com os cabelos curtos tão característicos de Joana. Também adota uma postura de grande respeito com a sua personagem, a tornando muito digna e devota, tal como os livros de história a retrataram por todos esses séculos. Assim se o tema lhe chama a atenção e a personagem lhe desperta curiosidade ou interesse, não deixe de assistir a esse clássico absoluto do cinema americano. É um filme grandioso que realmente faz jus à donzela de Orleans.
Joana D'Arc (Joan of Arc, Estados Unidos, 1948) Estúdio: RKO Pictures / Direção: Victor Fleming / Roteiro: Maxwell Anderson, Andrew Solt / Elenco: Ingrid Bergman, José Ferrer, Francis L. Sullivan / Sinopse: O filme conta a história real da jovem Joana D'Arc. Durante a Idade Média ela afirmava ter visões de Deus. Nessas visões ela teria que ir para a guerra em defesa de seu país a França, para derrotar os ingleses que invadiam suas terras. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor direção de fotografia (Joseph A. Valentine, William V. Skall e Winton C. Hoch) e melhor figurino (Dorothy Jeakins e Barbara Karinska). Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor atriz (Ingrid Bergman), melhor ator coadjuvante (José Ferrer), melhor direção de arte, melhor edição e melhor música (Hugo Friedhofer).
Pablo Aluísio.
Cinema Clássico
ResponderExcluirJoana D'Arc
Pablo Aluísio.
E não é de hoje que políticos inescrupulosos usam a boa fé das pessoas simples para se dar bem. Lembrou de um certo capitão fracassado que usa a religiosidade para seus objetivos pessoais? Pois é...
ResponderExcluirA camponesa Joana tinha uma fé simples e pura. Ela poderia ter também sinais de esquizofrenia. Essa coisa de ouvir vozes é um sintoma. De qualquer maneira foi usada e abusada por políticos canalhas. Como era a selvagem Idade Média acabou na fogueira, sem ter cometido crime nenhum.
ResponderExcluirErick, acertou no alvo hein? hahahahaha
ResponderExcluirGente, ela foi uma vítima. Coitada, pobrezinha, perdeu a vida tão jovem. Caiu nas mãos de homens horrorosos.
ResponderExcluirQuem usa religião para fins políticos é vil e canalha. Esse é o meu ponto de vista.
ResponderExcluirEla tinha mesmo essa fé de pura inocência. Era algo muito forte nas pessoas medievais. Seria esquizofrênica? Não sei, sinceramente não sei. O que eu penso é que ela acreditava mesmo ouvir vozes de Deus. Agora se era mesmo Deus ou se era algum distúrbio mental, aí já é uma questão que foge aos meus domínios.
ResponderExcluirSim, Thaís, morreu jovem demais. E morreu de forma bárbara, desumana. Uma morte horrível.
ResponderExcluirA loucura é a Joana D'Arc não conseguir entender que ela continuava fazendo o certo, mas o interesses políticos diziam que aquilo tinha se tornado "errado", não podia ser mais feito. Hoje ainda é assim é por isso imensas injustiças são perpetradas.
ResponderExcluirÉ verdade. Ele foi útil em determinado momento histórico. Depois não mais. Jogaram ela na fogueira. Uma vítima da hipocrisia humana.
ResponderExcluirCorreção: "ELA..."
ResponderExcluir