Seguramente um dos filmes mais famosos da história do cinema. O filme nasceu da megalomania dos executivos da Fox, em especial do todo poderoso Darryl F. Zanuck, que tomou às rédeas da realização do filme com punhos de ferro. Embora não tenha sido creditado como diretor a verdade é que ele acabou dirigindo muitas das cenas pessoalmente, mostrando a importância que o projeto tinha para o estúdio naquele momento. Vendo a rival MGM colecionando um sucesso atrás do outro com seus épicos bíblicos a Fox resolveu correr atrás do prejuízo. Mesmo com problemas de caixa resolveu investir milhões em uma produção extremamente arriscada e problemática. Desde o momento em que o filme foi anunciado pelo estúdio, Cleópatra chamou a atenção da imprensa. Era caro demais, suntuoso ao extremo e traria o mito Elizabeth Taylor como a famosa rainha do Egito.
Para contracenar com ela foi escalado o trio formado por Rex Harrison (Júlio César), Roddy McDowall (Otavio Augusto) e finalmente Richard Burton (Marco Antônio). O roteiro já era por demais conhecido. O general Júlio César se apaixona pela monarca do Egito, Cleópatra, uma mulher tão bonita quanto sedenta de poder. Após Júlio César ser assassinado por senadores contrários ao seu constante acúmulo de poder, o braço direito de César, o também general Marco Antônio, se une à rainha do Egito para destruir a sede de poder de Otavio, sobrinho de César que pretendia subir ao trono de forma absoluta. Essa página é muito conhecida porque foi a partir dela que a República Romana foi substituída pelo Império, dando origem a uma linhagem de imperadores sanguinários e pervertidos.
Elizabeth Taylor ganhou um milhão de dólares para interpretar Cleópatra. Nunca na história uma atriz recebera tanto dinheiro por um só filme. A quantia chocou as pessoas e Elizabeth Taylor cunhou uma de suas mais famosas frases: “Se existe um idiota que me paga um milhão de dólares por um filme, não serei idiota de recusar” Quando as filmagens começaram Liz Taylor era considerada o supro sumo da Diva do cinema. Jovem, linda, famosa e rica, ela tinha todos os requisitos para interpretar a soberana com extrema fidelidade. Aliás os bastidores de filmagens do épico acabaram se tornando mais famosos que o próprio filme. Taylor se apaixonou por Burton e ambos começaram um caso amoroso ruidoso que escandalizou mais uma vez Hollywood. Entre tapas e beijos eles colocaram a Fox em alerta. Para piorar a atriz teve um sério problema de saúde durante as filmagens que tiveram que ser interrompidas. Com cenários enormes e centenas de milhares de extras contratados a paralização das filmagens custou uma soma imensa para os já cambaleantes cofres do estúdio. Após vários meses de confusões, brigas e escândalos o filme finalmente foi lançado e dividiu as opiniões. Para alguns críticos a produção era um show de mau gosto e da breguice. Para outros era uma maravilha da sétima arte.
O público prestigiou, pois a curiosidade era forte. Durante muitos anos se afirmou que o filme foi um fracasso de bilheteria. Não é verdade. Apesar de ter sido extremamente caro, Cleópatra conseguiu pagar os custos da produção. Sua bilheteria ao redor do mundo salvou o filme de ser um desastre e deixou um pequeno lucro para a Fox. Não era o que o estúdio estava esperando mas também estava longe de ser um grande fracasso. Hoje, após tantos anos, podemos dizer que o saldo final de Cleópatra é bastante positivo. A imagem de Liz Taylor como a rainha virou ícone de nossa cultura e o filme é símbolo de um tipo de cinema épico que não mais se faz hoje em dia, infelizmente. A maior prova da longevidade da produção é o fato de sabermos que até hoje, mesmo após tantos anos, nenhum filme conseguiu superar a grandiosidade dessa película. Não existe maior prova de sua qualidade do que essa.
Cleópatra (Cleopatra, EUA, 1963) Direção: Joseph L. Mankiewicz, Rouben Mamoulian (não creditado), Darryl F. Zanuck (não creditado) / Roteiro: Joseph L. Mankiewicz, Ranald MacDougall, Sidney Buchman / Elenco: Elizabeth Taylor, Richard Burton, Rex Harrison, Roddy McDowall, Martin Landau, Cesare Danova / Sinopse: A rainha do Egito Cleópatra (Elizabeth Taylor) se apaixona e tem um filho com o poderoso romano Júlio César (Rex Harrison). Após sua morte violenta no idos de março no Senado, ela resolve se unir com o General Marco Antônio (Richard Burton) contra as forças de Otávio Augusto (Roddy McDowall). A guerra irá definir o destino de Roma nos séculos seguintes.
Pablo Aluísio.
Cinema Clássico
ResponderExcluirCleópatra
Pablo Aluísio.
"Rex Harrison (Júlio César), Roddy McDowall (Otavio Augusto)" Isso pode se chamar de acertar brutalmente na escolha de um elenco; principalmente com Roddy McDowall como Otavius Augustus.
ResponderExcluirE temos que levar em conta que havia grandes atores naquela época. Assim era mesmo uma questão apenas de escolher bem, criteriosamente.
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