A filmografia de Kate Hudson tem altos e baixos. Ela faz parte de uma família de atores (filha da comediante Goldie Hawn, casada com Kurt Russell) e por essa razão já nasceu dentro do mundo do cinema. Essa linhagem ajudou certamente a abrir algumas portas importantes na indústria. Sua estreia se deu em uma boa série chamada O Quinteto (que chegou a ser exibida na TV aberta brasileira). No cinema atuou pela primeira vez na comédia adolescente Uma Aventura no Deserto. Não era grande coisa, mas serviu para que se tornasse mais conhecida. Depois disso surgiu como coadjuvante em três outros filmes, todos bem mais relevantes, 200 Cigarros, As Mulheres de Adams e Intrigas.
Só com Quase Famosos foi que ela se tornou realmente um nome quente no cinema. O filme, muito bem escrito e dirigido por Cameron Crowe, era um retrato da vida na estrada de bandas de rock nos anos 70. Kate interpretava uma groupie chamada Penny Lane (o mesmo nome da famosa canção dos Beatles). O filme foi sucesso de crítica e público e acabou ganhando um status de cult movie com o passar dos anos. A trilha sonora também era fantástica. Como Kate chamou todas as atenções por sua atuação logo os estúdios lhe ofereciam propostas para ser a atriz, a estrela, de novos filmes. Os dias de coadjuvante tinham chegado ao fim.
Antes disso porém Kate tinha assinado para participar de um filme com Richard Gere chamado Dr T e as Mulheres. Não era um grande filme, mas daria a ela a chance de atuar ao lado do famoso galã de Hollywood - naquela altura já em sua fase de cabelos grisalhos. O interessante é que o filme que deveria transformar Kate em uma grande estrela não foi bem de bilheteria. O épico histórico Honra & Coragem - As Quatro Plumas não foi prestigiado pelo público. Considerado chato pelos jovens e recebido friamente pela crítica em seu lançamento acabou não agradando a quase ninguém. O único aspecto positivo foi que ela teve a oportunidade de contracenar com Heath Ledger, jovem ator que morreria muito cedo, vítima de uma overdose de drogas. Imortalizado no papel de Coringa no cinema, Ledger não teve tempo de desfrutar de sua fama.
Depois desse fracasso os planos mudaram. Havia um nicho muito bom para Kate direcionar sua carreira: a das comédias românticas. Era uma fase em que o público feminino garantia a boa bilheteria desse tipo de produção. Assim ela resolveu apostar em um bom roteiro sobre relacionamentos. O filme se chamava Como Perder um Homem em 10 Dias. Kate interpretava uma jornalista que testava sua própria tese sobre as coisas que jamais se deveria fazer em um relacionamento. A dupla ao lado do ator Matthew McConaughey (que também tinha ótimo timing para esse tipo de filme) se revelou certeiro e ela conseguiu seu primeiro grande sucesso de bilheteria como atriz principal. Finalmente Kate Hudson se tornava chamaria de bilheteria, abrindo uma nova fase em sua carreira.
Depois que Kate Hudson descobriu o caminho do sucesso ela não parou mais de realizar filmes. Os estúdios há tempos vinham em busca da nova namoradinha da América. Kate surgiu na hora certa para ocupar esse espaço. Em Um Presente Para Helen a atriz conseguiu discutir um tema sério (a escolha de muitas mulheres entre ter uma carreira ou cuidar de seus filhos) de forma bem interessante, sem com isso perder o humor e a leveza. A personagem de Kate era a de uma mulher moderna, profissional no pico da carreira, que de repente se via na delicada situação de ter que cuidar de crianças. Tanto público e crítica gostaram bastante do resultado.
Depois tentando mudar um pouco os ares a atriz estrelou uma fita de terror! Algo inesperado por muita gente. Em A Chave Mestra, Kate interpretava uma jovem cética que tinha que aprender sobre o mundo espiritual de uma forma nada convencional. Vivendo em uma New Orleans cheia de magia, feitiços e maldições, ela acaba tendo contato com o lado mais negro das crenças do sobrenatural. O filme tinha uma excelente direção de arte e o clima adequado, porém a crítica se dividiu. Para alguns faltaram sustos, se tornando uma fita que apostava muito em um terror mais psicológico. Para outros o que realmente faltava no roteiro era sutileza. De qualquer maneira, apesar do bom resultado final, acabou sendo o primeiro e único filme de terror de sua carreira.
Assim ela acabou voltando para as comédias românticas onde atingia sempre os melhores números do ponto de vista comercial. No divertido Dois é Bom, Três é Demais, Kate contracenou com o ator Owen Wilson. O filme era uma comédia até bobinha, mas divertida, sobre um casal que tinha que aguentar o amigo sem futuro do marido. Nos bastidores Kate acabou tendo um caso amoroso ligeiro com Wilson que acabou ficando perdidamente apaixonado por ela. Depois do fim do breve namoro o ator entrou em uma depressão profunda e acabou tentando o suicídio com uma overdose de drogas legais (calmantes). O fato deixou Kate completamente transtornada pois ela definitivamente tinha encarado tudo como um flerte sem maiores consequências, enquanto Owen a via como o amor de sua vida. Até hoje Kate se recusa a falar no assunto que para ela causa grande desconforto pessoal.
Superados os dramas da vida real ela voltou a estrelar outra comédia, o filme Um Amor de Tesouro. Novamente fazendo par com Matthew McConaughey. Os dois sempre se deram muito bem juntos e não seria diferente agora. O filme tem uma levada de muito bom humor, misturado com um estilo de aventura em alto mar. Entre tapas e beijos o casal tentava encontrar um tesouro milionário na costa dos Estados Unidos. Com ótimas e divertidas cenas, que aproveitavam toda a beleza natural, a fita fez relativo sucesso comercial, sendo destroçada pela crítica americana que considerou o resultado bobo e descartável demais. Um filme para pura diversão descompromissada.
Já que Kate havia emplacado sucessos de bilheteria no gênero comédia romântica era até esperado que ela seguisse nesse mesmo filão por algum tempo, afinal Hollywood são negócios, acima de tudo. Assim em 2008 ela surgiu nas telas em mais uma comédia chamada "Amigos, Amigos, Mulheres à Parte". Aqui ela atuou ao lado de Dane Cook. Esse humorista sempre fez uma linha mais agressiva, com piadas sujas, etc. Na verdade ele surgiu nos palcos, contando esse tipo de humor politicamente incorreto. Ao lado de Kate as coisas foram mais suavizadas por um roteiro mais de acordo com o público dela, embora houvesse algumas baixarias, aqui e acolá. É um filme descartável, para assistir uma única vez, dar algumas risadinhas e jogar fora.
"Noivas em Guerra" é um pouquinho mais elegante, onde o diretor Gary Winick tentou soar mais sofisticado. Mesmo assim essa comédia romântica também não consegue se destacar muito. O grande atrativo vem da dobradinha entre Kate e a atriz Anne Hathaway. Ela interpreta uma amiga da personagem de Hudson que acaba criando uma rivalidade com ela. Assim ambas começam a disputar entre si por todas as coisas, inclusive sobre seus próprios casamentos, uma querendo ter o casamento melhor do que a outra - chegam ao absurdo de marcarem o casamento para o mesmo dia, apenas em nome da rivalidade. Fraquinho, bobinho, mas as duas atrizes pareceram se divertir bastante em cena.
Depois dessas duas produções como estrela e protagonista, Kate resolveu ficar um pouco mais sem segundo plano no drama musical "Nine". Nunca gostei muito dessa produção, mas inegavelmente fez bastante sucesso, principalmente de crítica, levando uma penca de indicações nos principais prêmios do cinema internacional, entre eles o Oscar e o Globo de Ouro. Nesse filme Kate Hudson é apenas uma coadjuvante de luxo para gente como Daniel Day-Lewis, Nicole Kidman, Penélope Cruz, Judi Dench e Sophia Loren. Seguramente é o seu filme com o elenco mais marcante e talentoso. Pena que ela mesma não tenha muito espaço no meio de tantos astros e estrelas.
Em 2010 Kate Hudson procurou por novos ares, novos desafios. Depois de "Nine" ela queria atuar em algo melhor. Comédias românticas estavam descartadas, pelo menos por um tempo. Assim ela embarcou no thriller policial de terror e suspense "O Assassino em Mim". A trama explora a figura de um serial killer (um assassino em série) atuando em uma cidade do Texas. Gosto desse filme, principalmente (mais uma vez) por causa de seu bom elenco que conta com, além de Kate, Casey Affleck (recentemente premiado com o Oscar) e Jessica Alba.
"Pronta para Amar" é um bom filme. O tema é pesado, mostrando o drama de uma jovem que descobre que está com uma doença incurável, só que o roteiro procura enfocar tudo de maneira leve. A própria Kate procura tornar sua personagem bem simpática, amena. Nada parecida com aquelas antigas personagens de filmes antigos onde tudo era visto como uma grande tragédia, com uso excessivo de cores dramáticas em cada momento. É um bom filme, como frisei, só não foi muito marcante em sua carreira como um todo.
Até para contrabalancear o filme anterior, um drama sobre doenças, a Kate Hudson realizou logo em seguida a comédia romântica "O Noivo da Minha Melhor Amiga". Considero esse filme bem fraco e descartável. É a estorinha de duas amigas, sendo que uma delas vai se casar. A outra, como é bem de praxe nesse tipo de filme, acaba se apaixonando justamente pelo noivo dela! Caos à vista! Nada muito digno de nota a não ser a boa direção de arte que em alguns momentos tenta até mesmo reviver o clima das antigas comédias românticas dos anos 60, com destaque para as que traziam a dupla Rock Hudson e Doris Day. Um filme bonitinho, mas ordinário também.
O filme que veio logo a seguir se chamou "O Relutante Fundamentalista". Não gostei muito também. O papel da Kate Hudson nesse filme é até bem secundário. Ela interpreta a namorada de um estrangeiro, vindo de um país árabe, que vai estudar nos Estados Unidos. Quando acontece o 11 de setembro, com os ataques terroristas, ele fica dividido entre a lealdade com seu povo de origem e a nova realidade de sua vida na América. É aquele tipo de filme cheio de boas intenções, mas que não funciona direito. Além disso não podemos esquecer de que boas intenções o inferno está cheio!
Pablo Aluísio.
Os Filmes de Kate Hudson
ResponderExcluirTexto Compilado
Pablo Aluísio.
Pablo:
ResponderExcluirSei que você é um grande fã da Kate Hudson, na verdade, grandessíssimo fã dela, portanto vou tentar não te magoar. Pra mim o melhor filme dela até hoje é "Como Perder um Homem em 10 Dias". Ela é mais bonita que a mãe (só não canta, nem dança como a Goldie), atua bem, tem química como os atores em filmes românticos, mas, por algum motivo, ainda não deu certo. Talvez lhe falte carisma. Sinto meu caro.
Ela se destaca por ser linda, que é bem diferente de ser uma dama da interpretação. Sim, uma maneira bem pouco durável de manter uma boa carreira no cinema. Só espero que não estrague seu rosto com plásticas medonhas, como aconteceu com a Renée Zellweger! Fora isso, tudo é perdoável! rsrsrs
ResponderExcluirDurante muito tempo em achei que ela era filha do Kurt Russel. O rosto dela lembra muito dele misturado com a Goldie.
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