Arnold Alois Schwarzenegger nasceu em uma pequena aldeia da Áustria chamada Thal. Nada poderia indicar que ele um dia se tornaria astro de filmes de ação em Hollywood. Seu pai era um guarda florestal e Arnold, seu irmão e sua mãe, cresceram meio isolados no mesmo lugar onde seu pai trabalhava, dentro de uma reserva florestal. Foi de certa forma a sorte grande da família Schwarzenegger pois no pós-guerra era difícil ter um emprego naquela região. A vida naquele local foi muito boa em termos de saúde para o jovem Arnold. Viver na natureza incentivou os dois irmãos a crescerem fazendo exercícios físicos. Desde cedo Arnold e o irmão seguiam seu pai, floresta adentro com machados. Longas caminhadas, exercícios regulares e muita atividade física moldaram seu corpo desde os primeiros anos.
O halterofilismo assim se tornou algo natural para Arnold Schwarzenegger. Ele logo se inscreveu em campeonatos e começou a colecionar títulos. O corpo esculpido em academias foi ficando cada vez mais definido até que ele se tornasse praticamente imbatível nos concursos de que participou na Europa e Estados Unidos. Esse mesmo físico inigualável se tornaria sua porta de entrada para o cinema. Os produtores estavam em busca de um sujeito forte, com corpo musculoso, para interpretar Hércules em um filme chamado "Hércules em Nova Iorque". Era o ano de 1970 e Arnold Schwarzenegger assinaria seu primeiro contrato para um filme. Parecia algo despretensioso, nada promissor. Naquela época o halterofilista sequer imaginava ter uma carreira dentro do cinema americano. Era mais uma oportunidade de ganhar um dinheiro de forma rápida e fácil. Dirigido por Arthur Allan Seidelman, a fita era uma espécie de comédia com pitadas de fantasia, realizada de forma familiar, para todos os públicos. Schwarzenegger interpretava Hércules, o herói mitológico que era enviado para a Terra. Uma vez em nosso mundo ele acabava encontrando o amor e uma promissora carreira no bodybuilder business, o mundo das academias e competições esportivas de halterofilismo. Desnecessário dizer que o filme era uma bomba completa, porém serviu como exposição para Schwarzenegger. Outros produtores poderiam assistir ao filme e quem sabe se interessar por ele. Qualquer trabalho para aquele austríaco era muito bem-vindo naqueles seus primeiros anos nos Estados Unidos.
O Pai de Arnold Schwarzenegger participou da II Guerra Mundial. Mais do que isso, como soldado ele foi enviado para a Rússia, naquela que seria a mais desastrosa missão alemã da guerra. Os nazistas enfrentaram o front russo sem preparo adequado. Além do desafio de enfrentar o exército vermelho em sua próprio território, eles não tinham os equipamentos, roupas e provisões necessárias para aquela campanha. Muitos morreram no caminho de volta para a Alemanha. O pai de Schwarzenegger sobreviveu ao front russo e à jornada de volta. Ele voltou à pé da Rússia, enfrentando todos os desafios. Enfrentou o frio, a fome, a exaustão e é claro, aos soldados inimigos. Ele ensinou ao filho que só ficou vivo porque durante toda a sua vida se dedicou aos esportes, ao trabalho físico, de cuidar do próprio corpo. Isso inspirou o jovem Arnold Schwarzenegger a seguir pelo mesmo caminho. Apaixonado pelo fisiculturismo Arnold se tornou um campeão de diversas competições esportivas. O fato de ter sido inúmeras vezes Mister Universo, o prêmio máximo da categoria, o levou até aos Estados Unidos. As portas do cinema americano então se abriram a ele.
O começo porém não foi muito promissor. Depois de sua estreia nas telas Arnold atuou em filmes menores, sem muita expressão, sempre interpretando algum personagem fortão que o roteiro exigia. Sua melhor oportunidade só surgiu em 1974 ao trabalhar em "O Guarda-Costas" com Jeff Bridges. Dirigido pelo excelente diretor Bob Rafelson finalmente o austríaco teve um papel que chamou a atenção. Ele interpretava um personagem chamado Joe Santo nesse roteiro que explorava a corrupção no mundo das competições de fisiculturismo. Muito provavelmente o próprio Arnold Schwarzenegger conhecia bem esse assunto. De qualquer maneira "Stay Hungry" (seu título original) não chegou a ser um sucesso de bilheteria, porém lhe trouxe exposição e divulgação no cinema, algo que era importante para ele naquela fase ainda inicial de sua carreira. Depois de mais algumas participações em séries de TV como "The Streets of San Francisco" ele teve outra excelente oportunidade. No set de filmagens dessa última série Arnold acabou se tornando amigo de Michael Douglas, que estrelava o programa. Esse então o indicou ao pai Kirk Douglas que estava produzindo um novo western, esse bem diferente, em tom de comédia e sátira. O filme se chamaria "Cactus Jack". O roteiro era quase um desenho animado filmado. O estilo Cartoon era algo inesperado. Arnold foi escolhido para viver um personagem chamado Handsome Stranger (algo como "o estranho bonitão"). O filme demonstrou que o jovem ator também tinha jeito para o humor, algo que ele iria explorar no futuro em seus filmes, quando já era um dos mais populares astros de Hollywood.
Depois de mais dois filmes sem importância o ator Arnold Schwarzenegger finalmente teve a grande oportunidade no cinema que estava esperando. O produtor Dino de Laurentiis havia comprado os direitos do personagem Conan para o cinema. Ele queria produzir o filme definitivo desse famoso bárbaro do mundo dos quadrinhos. A escolha de Arnold foi meio óbvia porque ele estava no auge da forma física. Não tinha grande experiência como ator, mas isso estava em segundo plano. O diretor contratado foi o veterano John Milius que estava procurando ser fiel mais à obra original escrita por Robert E. Howard do que propriamente das revistas em quadrinhos. Para quem não sabe Conan nasce como herói de literatura pulp, em contos escritos por Howard, sendo que só após sua morte houve a transição para os comics, os quadrinhos. E nesse mundo criado pelo escritor não havia espaço para a misericórdia ou o perdão. Era um mundo brutal povoado por homens brutais.
Esse primeiro filme de Conan ainda é considerado o melhor já feito no cinema. Com uma temática mais séria, sem tantos exageros que marcaram o segundo filme, "Conan, o Destruidor", essa primeira produção pode ser considerada uma pequena obra prima do gênero espadas e bruxas. Chamado simplesmente de "Conan, o Bárbaro", o filme chegou nas telas em maio de 1982. Ao custo de 20 milhões de dólares conseguiu render nas bilheterias a boa quantia de quase 200 milhões de dólares. Um sucesso absoluto. Além do sucesso comercial também foi bem elogiado pela crítica, conseguindo até mesmo arrancar uma indicação no Globo de Ouro para a atriz Sandahl Bergman. Em relação ao desempenho de Arnold Schwarzenegger não houve maiores problemas, até porque seu papel exigia basicamente força física nas cenas de ação e isso o austríaco conseguiu fazer. Ao tomar aulas de manejo de uma pesada espada, ele conseguiu convencer muito bem em cena, abrindo assim o caminho para uma década de grandes sucessos de bilheteria. Nos anos 80 o antes desconhecido Arnold Schwarzenegger iria se tornar um astro do cinema de ação.
Em 1984 o ator austríaco iria surgir nas telas com dois grandes sucessos de bilheteria. O primeiro foi "Conan, o Destruidor", a tão aguardada sequência de "Conan, o Bárbaro". Para esse segundo filme o estúdio fez diversas modificações, começando pela troca do diretor. A direção agora seria de Richard Fleischer. Era um veterano. No ano anterior havia dirigido "Amityville: A Casa do Medo" e o estúdio achou que seria uma boa trazê-lo para esse universo de espadas e bruxas. O resultado não agradou a todos. Indo mais para o lado dos quadrinhos, essa nova versão do Conan no cinema foi considerada bem mais juvenil do que o primeiro filme que priorizava mais o realismo. Em seu favor esse novo filme contava com uma produção mais caprichada, trazendo os monstros dos quadrinhos para a tela grande. Fez sucesso de público, mas não foram poucos os críticos que acharam o filme fraco ou ruim. Para Arnold Schwarzenegger foi uma experiência válida, embora ele tenha também se despedido do personagem que o faria famoso.
Depois disso Arnold assinou para trabalhar em um filme completamente diferente, uma ficção dirigida por James Cameron. Hoje em dia ele é um seguramente um dos diretores mais cultuados do mundo do cinema, mas em 1984 ele era apenas um cara que tinha dirigido um filme ruim sobre piranhas voadoras. O filme "O Exterminador do Futuro" (The Terminator) era encarado pela MGM como uma produção B, sem maiores recursos. Todo filmado à noite, pelas madrugadas de Los Angeles, não foi um filme fácil de rodar. Não havia muito dinheiro à disposição de Cameron. Seu grande triunfo era seu roteiro. James Cameron criou a estória de um robô assassino que voltava no tempo para matar a mãe do futuro líder da resistência. Era algo simples, sem maiores detalhes. Apenas isso. Arnold Schwarzenegger era o exterminador, um vilão com armamento pesado e com programação para destruir todos os que ficassem no meio de seu objetivo. Assim que foi lançado o filme caiu no gosto do público. Com orçamento limitado custou apenas 6 milhões de dólares e em pouco tempo rendeu mais de dez vezes esse valor nas bilheterias, se tornando um sucesso absoluto, um dos filmes mais lucrativos e populares dos anos 80. De fato "O Exterminador do Futuro" acabou mudando para sempre as carreiras de Schwarzenegger e também de James Cameron, que deixou de ser um cineasta de filmes B para se tornar um dos grandes nomes de Hollywood.
Em 1985 Arnold Schwarzenegger surgiu nas telas em mais um filme de espada e feitiçaria. Não, não era o terceiro filme com Conan, o Bárbaro, mas sim uma adaptação para o cinema de outra personagem desse mesmo universo, a Red Sonja. A estrela principal desse filme chamado "Guerreiros de Fogo" foi a atriz Brigitte Nielsen, na época a esposa do maior rival de Arnold nas telas, o ator Sylvester Stallone. Arnold Schwarzenegger surgia apenas como um coadjuvante de luxo interpretando um guerreiro de nome Kalidor. Na verdade o ator austríaco nem queria fazer o filme. Ele apenas participou da produção para cumprir um contrato com a produtora de Dino De Laurentiis. Por esse contrato ele teria que fazer ainda dois filmes, mas chegou em um acordo com o produtor. Ele faria apenas "Guerreiros de Fogo" e depois disso ficaria livre. Dino topou a proposta. Esse novo filme foi severamente criticado em seu lançamento, mas impulsionado pelo sucesso de "O Exterminador do Futuro" acabou faturando bem nas bilheterias.
E então seguindo os passos de Stallone, o ator ficou livre para atuar em "Comando para Matar" (Commando, EUA, 1985). Esse inclusive pode ser considerado seu primeiro filme ao estilo "Exército de um Homem só". Ele interpretava um super soldado, já em vias de se aposentar, que tinha sua filha sequestrada. Armado até os dentes (literalmente falando) ele então partia para a vingança sangrenta. Sob direção de Mark L. Lester, Arnold Schwarzenegger realizou um dos filmes mais simbólicos do cinema de ação dos anos 80. Tiros e mortes acima de qualquer coisa. O roteiro surgia como mero pretexto para um banho de sangue - que hoje em dia acabou tendo até mesmo um pouco de humor involuntário pelo absurdo das cenas. O filme que custou meros 10 milhões de dólares (um orçamento bem razoável) acabou faturando nas bilheterias mais de 50 milhões - um belo lucro para o estúdio, mostrando mais uma vez o potencial de sucesso de seu nome impronunciável nos cartazes, nos posters de filmes. No mesmo ano em que Stallone arrasava nas bilheterias com seu "Rambo II", Arnold respondia com a violência sem freios de "Comando Para Matar". Por essa época a rivalidade entre eles, os dois chamados brucutus do cinema, deu origem a uma divertida troca de farpas pela imprensa. Não era para valer, ambos até se gostavam, mas servia também para divulgar ainda mais os filmes que faziam. Era parte do jogo, do marketing de vender filmes.
Pablo Aluísio.
Os Filmes de Arnold Schwarzenegger
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Pablo Aluísio.