quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Paul McCartney - Press to Play

Bom, se há uma música que justifica a existência desse álbum de Paul McCartney essa é "Only Love Remains". Com um arranjo belíssimo, ao piano, essa é sem favor algum uma das melhores melodias escritas por Paul nos anos 80. Em um disco com tantos altos e baixos, McCartney conseguiu criar uma verdadeira obra prima (mais um em sua longa lista de belas baladas românticas). "Only Love Remains" aliás prova algumas coisas, uma delas que muitas vezes o caminho é a simplicidade. Essa não é uma canção extremamente arranjada, com arroubos orquestrais. Pelo contrário, tudo está no lugar certo e nunca atropela a melodia, essa sua grande qualidade. E letra traz sua mensagem definitiva com a frase "E o amor é tudo o que fica, apenas o amor permanece", Perfeito, sem retoques.

O mesmo infelizmente não pode ser dito da teatral "However Absurd". Aqui há excessos que não caem bem. Paul erra até mesmo no estilo vocal que adota. Não digo que a melodia seja ruim, suas linhas musicais repetitivas possuem seu charme, mas Paul deveria ter escolhido a simplicidade em seus arranjos, algo como voz e violão. Outra coisa que vai incomodar alguns é a escassez de maiores notas musicais, o que traz uma sensação de repetição que vai cansando o ouvinte pela repetição. Também não gosto da letra. Versos como os que reproduzo a seguir não me dizem nada: "Orelhas contorcidas, como um cachorro / Quebrando ovos em um prato / Não me zombe quando eu digo / Que isso não é uma mentira". Vamos convir, não ficou bom.

Esse projeto "Press to Play" não foi composto apenas pelas músicas que saíram no disco original, no vinil de 1986. Paul gravou outras faixas que ele arquivou e que só foram conhecidas pelos fãs anos depois na edição especial do álbum lançado em meados de 1993. Nenhuma dessas gravações é excepcionalmente boa, mas funcionam como curiosidade. "Write Away", por exemplo, não encontrou espaço nas faixas do disco. Assim Paul resolveu lançá-la discretamente como Lado B do single com "Pretty Little Head". Passou longe de ser um sucesso, nem os próprios fãs mais aguerridos de Paul se lembram dela, para falar a verdade.

Outras duas faixas foram arquivadas. "It's Not True" tem até um belo acompanhamento vocal, mas seu arranjo ficou pesado demais, lembrando em certo sentido algumas músicas do Pink Floyd na fase David Gilmour. Depois aos poucos ela vai abraçando um jeito mais Wings de ser. Não considero grande coisa, mas Paul a cantando baixinho tem seus atrativos. Provavelmente Paul não a considerou uma grande composição por isso a colocou na gaveta. "Tough On A Tightrope" parece uma baladinha, uma música de ciranda, para falar a verdade. Paul poderia até mesmo tê-la aproveitada em algum álbum conceitual, quem sabe. É simples e em certos aspectos até mesmo meio bobinha. Não admira que Paul a tenha deixado de lado.

Pablo Aluísio.

8 comentários:

  1. Paul McCartney - Press to Play 4
    Pablo Aluísio
    Todos os direitos reservados.

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  2. Pablo:
    Quando eu li essa parte do post com o verso": "Orelhas contorcidas, como um cachorro / Quebrando ovos em um prato / Não me zombe quando eu digo / Que isso não é uma mentira"" eu achei tão esquisito que me pereceu um brincadeira de destruir poesias prosaicas dos tempos do colégio em que fazíamos assim: "eu subi numa paineira, para ver você passar, jacaré não tem orelha, vou vender minha bicicleta".

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  3. Paul é um grande letrista...
    Mas essa seguramente é uma das piores letras que ele já fez...
    Até os gênios erram...
    E ninguém é perfeito! rsrs

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  4. E você tem razão; em However Absurd a melodia também é pobre e a voz está estranha, pra dizer o mínimo.

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  5. Pois é... não é uma música boa realmente...
    Por falar em Beatles, Paul, etc... Nesses últimos dias escrevi três textos novos sobre música, um do Elvis, outro dos Beatles e agora esse do Paul. Por incrível que pareça o texto dos Beatles foi o mais acessado, batendo inclusive o do Elvis... E eu que pensava que tinha mais fãs de Elvis entre meus leitores do que dos Beatles... que coisa!

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  6. Pablo:
    É difícil falar, e admitir, isso, mas o Elvis começa, mesmo que de forma imperceptível, a ser relegado ao ostracismo, principalmente pelos mais jovens (que são quem manteriam um mito), enquanto os Beatles, não só ainda não entrando nesse processo, como ainda ganham novos fãs, também dentre a juventude, graças a atemporalidade da sua obra.

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  7. É verdade. O peso do tempo se faz sentir. Afinal são 40 anos desde sua morte. É muito tempo...

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    1. É muito tempo; e o longo período à moda Las Vegas datou a obra, e a imagem, do Elvis de uma forma irremediável.

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