Queen - The Works
O primeiro LP do Queen que comprei, ainda na década de 1980, foi justamente esse "The Works". Corria o ano de 1983 e o clip de "Radio Ga Ga" não parava de passar na TV. Até hoje considero um dos videoclips mais geniais da história do rock, não pelo resultado em si, mas sim da ideia de se homenagear o clássico Metrópolis de Fritz Lang. Para um jovem que adorava cinema clássico não poderia haver nada melhor pois em um só pacote se misturava com grande bom gosto o universo do rock e dos velhos clássicos da sétima arte. A mistura se revelou irresistível, pelo menos no meu caso particular. Era exatamente essa canção que abria o álbum. Um belo cartão de apresentação.
Confesso que nunca fui fã de carteirinha da banda Queen. Claro que hoje em dia, nessa decadência musical em que vivemos, uma banda dessas faz uma enorme falta no cenário artístico, nas rádios, mas na década de 80 havia tanta coisa boa rolando ao mesmo tempo que o Queen poderia ser visto apenas como mais um grupo talentoso de rock. Talentoso, mas não imprescindível, De qualquer maneira esse tipo de constatação só vem mesmo para demonstrar o tamanho do vazio que vivemos atualmente em termos de música mundial.
Pois bem, a segunda canção do disco é "Tear It Up" do guitarrista Brian May. Esse é aquele tipo de som que você sabe que é do Queen, seja em que lugar você venha a ouvir a música pela primeira vez. Acredito que poucas melodias sejam tão representativas do som do grupo como ela. Essa batida aliás é encontrada em vários hits do Queen. Soa quase como uma marca registrada - o que talvez seja de fato. Muito usada por torcidas de futebol pelo mundo afora, mas em especial dentro do campeonato inglês de futebol. Coisas que apenas os hooligans entenderiam completamente. Como May a compôs a canção fecha com um maravilhoso solo de guitarra. A música que vem a seguir, "It's a Hard Life", foi escrita por Freddie Mercury e não é apenas um dos maiores sucessos do conjunto em sua carreira - é um verdadeiro hino do universo de baladas do rock inglês. De arrepiar realmente. Grande letra, grande melodia e uma excelente interpretação de Mercury (vamos falar a verdade: ele foi sim um dos maiores vocalistas da história do rock, sem favor algum!).
"Man On The Prowl" que vem logo a seguir também foi escrita por Mercury. Dessa já gosto muito. Ela fez um sucesso razoável nas rádios em seu lançamento, mas sempre a considerei muito infestada por clichês por todos os lados. Mesmo assim não deixo de curtir. Aprecio bastante seu acompanhamento vocal que lembra as velhas canções do estilo rockabilly dos anos 1950. Aliás o feeling da música vai exatamente por esse lado. Mais uma vez Brian May arrasa em um solo de guitarra onde ele usou uma velha Gibson dos 50´s. A tônica é realmente de nostalgia simpática. Um momento simpático do disco. O curioso é que "Machines (or 'Back to Humans')" é o extremo oposto desse sentimento. Aqui o Queen tenta soar futurista, em um clima meio pós apocalipse. Combina muito bem com a proposta de "Radio Ga Ga"e Metropólis. Musicalmente porém a considero fraca, com arranjos que hoje em dia soam totalmente datados. A melodia também não me atrai. Anda, anda e não chega em lugar nenhum.
E então chegamos em "I Want To Break Free". Foi o maior sucesso do álbum e vendeu milhões de cópias de seu single. O clip era verdadeiramente divertido com todo o grupo vestido de donas de casa entediadas. Ver Mercury com seu bigodão em roupas femininas e seios falsos, pilotando um aspirador de pó foi realmente muito engraçado. Tudo a ver com a proposta da letra, afinal pense, o que poderia ser mais contrário ao significado da palavra liberdade do que uma mulher casada, cheia de filhos, levando uma vida chata e suburbana? Todos merecem ser livres! Um sucesso imortal dos anos 80. Ótima canção.
Depois desse hit o disco fecha com três canções que não chegaram nem perto do sucesso de "I Want To Break Free", mas que são boas músicas no final das contas. "Keep Passing The Open Windows" de Mercury é a melhor delas. Lembra de certo modo "It's a Hard Life", porém é mais animadinha, pra cima! Gosto muito do refrão dessa linha melódica. Realmente ótima para levantar o astral. Depois dela Brian May retorna com seus solos furiosos de guitarra em ""Hammer To Fall". Outra que pode ser entoada tranquilamente em um estádio de futebol - embora a letra já não seja tão adequada. O disco enfim termina com "Is This The World We Created?", baladona escrita pela dupla Mercury / May. Bonito arranjo de piano e violão. Sempre considerei o Mercury um tanto subestimado. A verdade era que ele era um cantor com muitos recursos vocais. Pena um talento desses ter partido tão cedo.
Pablo Aluísio.
Avaliação:
ResponderExcluirProdução: ★★★★
Arranjos: ★★★★
Letras: ★★★
Direção de Arte: ★★★★
Cotação Geral: ★★★★
Nota Geral: 8.3
Cotações:
★★★★★ Excelente
★★★★ Muito Bom
★★★ Bom
★★ Regular
★ Ruim