Em 1986 Paul lançou mais um álbum, intitulado "Press To Play". As reações não foram tão boas como em outros discos de sua carreira solo. Isso era até previsível pois Paul vinha de uma sucessão de grandes discos nos anos 80. Basta lembrar de "Tug of War" (provavelmente seu melhor trabalho após os Beatles) e até mesmo "Pipes of Peace" (que trazia nada mais, nada menos, do que Michael Jackson como artista convidado). Assim as expectativas estavam altas demais para qualquer novo lançamento de músicas inéditas assinadas por Paul.
A música de trabalho desse novo disco foi "Press". A canção ganhou um cilp (como era de praxe na época) e foi bastante divulgada nas rádios. Acabou virando um hit, porém curiosamente não ficou tão marcada na carreira de McCartney como tantos outros clássicos. Ele nunca a tocou ao vivo e nem a trouxe de volta aos seus shows. De certa maneira é aquele tipo de faixa que ficou parada mesmo lá nos anos 80. Isso porém não significa que seja uma música ruim ou fraca. Longe disso. "Press" tem um ótimo arranjo, com destaque para a participação do músico brasileiro Carlos Alomar, em um brilhante solo de guitarra. A gravação é de alto nível, beirando o perfeccionismo, como é comum nos trabalhos de Paul McCartney.
Outra canção que merece destaque é "Angry". Ao contrário de "Press" ela não foi trabalhada por Paul para ser tocada nas rádios e nem virou sucesso na época. Acabou circulando apenas entre os fãs dos Beatles e de Paul que compraram o LP. De certa maneira ela tem uma sonoridade que lembra o punk inglês dos anos 70, mas com uma pitada dos velhos sucessos do rock´n´n roll em seus primórdios, lá nos anos 50, quando os primeiros singles desse novo gênero musical chegavam nas lojas. Em um disco com pouco mais de dez faixas afirmo que há pelo menos quatro grandes momentos (o que convenhamos não deixa de ser uma boa média). Uma das faixas que foram injustamente subestimadas e caíram no esquecimento foi justamente esse rock com espírito anos 50 chamado "Angry".
A gravação inclusive me lembra uma jam session por parte de Paul e seu grupo de apoio (contando, olhem só, com Pete Townshend na guitarra e Phil Collins na bateria!). É bom salientar que isso não é um defeito, mas um mérito, simplesmente porque nem sempre uma grande produção garante uma grande música. Muitas vezes a simplicidade é tudo em uma faixa como essa! Tirando os vocais típicos do Wings (que nos remete aos anos 70) tudo o mais me faz lembrar das velhas gravações dos tempos da Sun Records ou até mesmo antes disso! O ritmo é bem envolvente e a letra, sucintamente simplória, completa ainda mais o quadro nostálgico. Só resta saber como um quarentão como Paul na época ainda encontrou toda essa energia adolescente revoltosa e rebelde em plenos anos 80! Ponto para o bom e velho Sir Macca e sua eterna juventude roqueira. É assim que se faz meu caro...
Pablo Aluísio.
Se pararmos para pensar, a grande maioria dos hits da fase solo do Paul até hoje estão nos discos Tug of War e Pipes of Peace, e esse último muito por conta da participação do Michael Jackson. A verdade é que a usina criativa que tanto a parceria, quando o antagonismo entre Paul e John sustentava se fechou com a dissolução dos Beatles e apesar do obvio sucesso solo do Paul após o inesperado fim da dupla ele não tinha estofo para ad aeternum produzir obras primas como no tempo dos Beatles. O chato do John fazia muita falta.
ResponderExcluirÉ interessante, esses 'FÃS' de Paul dizendo que a maioria dos hits dele estão apenas nesses discos lançado nos anos 80, esquecendo-se que antes disso ele gravou MY LOVE(Red Rose Speedway), BAND ON THE RUN, MS VANDERBILD, PICASO'S LAST WORDS, JET, MAMMAMUNIA(Band On The Run) VÊNUS AND MARS & ROCK SHOW, LET ME ROLL (Vênus And Mars), SILLY LOVE SONGS. Pra falar sério listar todos os Hits de McCartney levaria muito tempo. Se ninguém curte, deixa que eu curto.
ResponderExcluirrogério:
ExcluirA carapuça serviu. Não é questão de "FÃs". mas de ser iconoclasta. Se considerarmos sucesso o espectro planetário de uma obra, que é onde os Beatles se situam e o Paul merece essa referencia, a carreira solo do Paul é Tug of War e Pipes of Peace, que ele repete até hoje nos shows junto com Live and Let Die; ponto.
Anos 70, fase Wings, dezenas de grandes obras primas e sucessos nas rádios... época de ouro.
ResponderExcluirTodo mundo malha bastante o Press, mas eu gosto rs. O Paul é um workaholic, o cara não para de trabalhar. Eu sou do tipo que curte do McCartney até o New. E, me crucifiquem, também gosto do Give My Regards to Broad Street, o filme, rs. Além da fase dos anos70 dos Wings, outro momento legal da carreira dele que precisa ser mencionada foi o Flowers In The Dirt.
ResponderExcluirFlowers in the Dirt é um disco maravilhoso.
ResponderExcluirUm dos melhores álbuns da carreira solo de Paul.