domingo, 18 de dezembro de 2011

John Lennon, o Iconoclasta

Certa vez durante uma entrevista, em um raro momento de humildade (algo que convenhamos era raro em John) ele reconheceu que muitas vezes falava demais, além da conta. O entrevistador queria saber porque ele, John, sempre aparecia mais na imprensa do que seus colegas de banda. John explicou que ele falava demais e por isso havia a impressão de que ele era mais atuante que Paul, George e Ringo. Na verdade John não conseguia ver um microfone diante de si... em pouco tempo ele estava falando literalmente de tudo, do universo, das religiões e principalmente de política, algo que iria lhe trazer mais problemas do que soluções.

Certa vez vi uma entrevista de Paul McCartney dizendo que John muitas vezes se perdia e começava a falar bobagens em série. Era verdade. Sua frase "Os Beatles são mais populares do que Jesus Cristo" rendeu muitos problemas aos Beatles. Segundo explicou John depois que a confusão começou, ele apenas estava tentando explicar que para muitos jovens ingleses e americanos os Beatles tinha se tornado mais importantes em suas vidas do que as próprias religiões, o próprio cristianismo. Depois ele soltou a frase infeliz que iria surgir em manchetes pelo mundo afora. Muitos jovens, principalmente americanos batistas, promoveram grandes fogueiras para que outros jovens jogassem os discos dos Beatles nas chamas.

Inicialmente com pose de quem não estava nem aí para o que estava acontecendo, John teve que reconhecer que a coisa toda havia tomado proporções impensáveis. O novo single da banda não conseguia chegar mais ao primeiro lugar nos Estados Unidos e muitos analistas afirmaram que isso estava acontecendo simplesmente porque as rádios americanas estavam boicotando os Beatles. O empresário do grupo Brian Epstein então colocou John contra a parede - ele deveria ir a público explicar sua frase e principalmente se desculpar com os cristãos do mundo inteiro.

John assim o fez, mas as coisas nunca mais seriam como antes, essa é a verdade. Recuperar-se de algo assim não é uma coisa fácil de superar. Para piorar após a morte de Brian, John recomeçou as provocações contra o cristianismo. Na letra de "The Ballad of John And Yoko" ele usou um refrão claramente provocativo que dizia: "Do jeito que as coisas vão eles vão acabar me crucificando". E na carreira solo John se auto declarou ateu ao dizer numa de suas letras mais autorais de que não acreditava em Deus, nem em Elvis, nem nos Beatles, que ele só acreditaria mesmo nele mesmo e em Yoko. O curioso é que apesar do texto de sua própria letra John voltaria atrás de sua declaração ao dizer que "acreditava em uma força do universo" - uma forma dele reconhecer a existência de um criador. De uma maneira ou outra o Beatle jamais deixou de falar pelos cotovelos, mesmo a poucas semanas de sua morte. Além de falastrão John era também um iconoclasta, ou seja, tinha uma combinação explosiva dentro de si.

Pablo Aluísio.

2 comentários:

  1. Pablo Aluísio - Music!
    John Lennon o Iconoclasta
    Todos os Direitos Reservados.

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  2. Já que você esclareceu que quem fez a capa foi o Andy Warhol fica mais fácil entender o alto relevo fálico no Jeans. Esse Warhol era chegado num grande volume, se é que me entende.

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