sábado, 23 de julho de 2011

The Doors - L.A. Woman

"Se disserem que nunca a amei, certamente saberão que estão mentindo" - Jim Morrison disse essa frase não em relação a uma mulher ou a uma de suas namoradas, mas sim sobre Los Angeles, a cidade que o acolheu desde que foi para lá, ainda jovem, estudar cinema na universidade da cidade. Assim quando Jim explicou seu ponto de vista ele estava se referindo a "L.A. Woman", sua declaração de amor ao estilo de vida da cidade. Naquela altura os Doors estavam prestes a implodir, literalmente. Na verdade Jim sabia que o jogo estava acabado para ele no grupo. Anos e anos de abusos, confusões em shows, gravações conturbadas e brigas internas tinham destruído a credibilidade do cantor entre seus colegas de banda. Eles indiretamente desejavam que Jim fosse embora de uma vez por todas. O próprio baterista John Densmore já tinham informado a Morrison que os Doors queriam gravar um disco puramente instrumental, o que era praticamente um fora em Morrison pois ele seria desnecessário nesse tipo de trabalho pois não tocava nenhum instrumento. De fato os Doors gravaram dois discos com essa proposta após a saída de Morrison mas ambos os álbuns fracassaram completamente nas vendas.

Jim, barbudo e messiânico, estava mais preocupado naquela fase de sua vida em ir para Paris para escrever poesia e quem sabe virar um escritor em tempo integral, algo que ele sonhava há anos. Para escrever "L.A. Woman" Morrison novamente usou seu talento de estudante de cinema. A letra é obviamente narrativa, como se fosse um roteiro de uma cena de filme. Descritiva e empolgante, essa foi uma das melhores gravações da carreira dos Doors. Como último momento de rebeldia Jim resolveu que a acústica do estúdio estava ruim e resolveu levar seu microfone para dentro do banheiro, sentou em cima do vaso sanitário e mandou ver, com sua voz encharcada de álcool e drogas pesadas. O resultado é visceralmente empolgante. O arranjo é brilhante, pois tenta imitar o som de uma moto acelerando, para logo depois entrar um solo de baixo poderoso (tocado por Jerry Scheff, baixista da banda de Elvis Presley) e a coisa toda decola. Como os Doors não estavam preocupados em serem convencionais gravaram uma faixa de longa duração, com idas e vindas que a tornam absurdamente marcante e vibrante. Uma despedida e tanto de uma das maiores bandas de rock da história.

Pablo Aluísio.

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