domingo, 10 de fevereiro de 2013

Vidas Sem Rumo

Mais um excelente filme com a assinatura do mestre Francis Ford Coppola. Por essa época o cineasta resolveu focar em suas obras os anseios, medos e desafios da juventude americana. Duas obras marcantes surgiram dessa fase. Esse é um deles, o outro é o clássico moderno "O Selvagem da Motocicleta". "Vidas Sem Rumo" é menos cult e menos sofisticado,  talvez por isso seja mais acessível ao grande público. Já "Rumble Fish" tinha um roteiro mais bem trabalhado, mais introspectivo. Porém na categoria revelação "Vidas Sem Rumo" vence com folga pois revelou diversos atores que se tornariam astros anos depois. Basta ler a lista do elenco para entender. Estão lá Tom Cruise (dispensa maiores apresentações), Ralph Macchio (que iria estrelar a franquia de sucesso “Karate Kid”), Patrick Swayze (que iria se tornar ídolo adolescente com filmes ao estilo “Dirty Dancing”), Emílio Estevez (irmão de Charlie Sheen, filho de Martin Sheen e estrela da franquia “Young Guys”), Rob Lowe (um dos grandes ídolos juvenis da década de 80 que viu sua carreira no cinema afundar após um escândalo sexual envolvendo menores de idade) e Matt Dillon (que também iria brilhar em “O Selvagem da Motocicleta”). Curiosamente o elenco seria encabeçado por um ator que não conseguiu trilhar o mesmo caminho de sucesso dos demais membros do elenco, C. Thomas Howell.

O roteiro novamente era baseado em um livro de autoria de S.E. Hinton. Essa autora sempre teve como tema principal a vida dos jovens, seus anseios, suas inseguranças e suas lutas. Aqui ela conta a estória de violência envolvendo os irmãos Johnny (Ralph Macchio) e Ponyboy (C. Thomas Howell) que sofrem um ataque violento cometido por uma gangue de jovens marginais. Durante a agressão, para se defender, Ponyboy acaba matando um dos agressores, o que acaba desencadeando uma série de rixas e revanches entre duas gangues rivais que infestam as ruas das grandes cidades. O tom de “Vidas Sem Rumo” é de desesperança completa. Como o próprio título nacional revela, os jovens que passeiam pela tela são garotos sem qualquer futuro pela frente. Filhos de famílias pobres, muitas vezes desestruturadas, tudo o que lhes restam é entrar em alguma gangue das redondezas em busca de proteção (as ruas são verdadeiras selvas) e dinheiro (pequenos e grandes delitos que acabam rendendo alguns trocados para os membros desses grupos). O filme foi rodado em 1983 e de lá pra cá a situação só piorou, principalmente nos EUA onde os subúrbios das grandes cidades são completamente dominados por essas coletividades de marginais precoces. Coppola aqui mostra o beco sem saída em que se encontra a maior parte da juventude de seu país. O filme foi produzido pela Zoetrope Studios – de propriedade do próprio diretor – e com problemas de distribuição, por ser uma filme praticamente independente, não rendeu uma boa bilheteria. Só foi redescoberto depois quando lançado no mercado de vídeo VHS. O elenco cheio de astros certamente ajudou na promoção pois quando a fita finalmente chegou nas locadoras todos os atores que faziam parte de seu elenco já tinham suas famas consolidadas entre o público. De qualquer modo fica a dica. Não há como negar que “Vidas Sem Rumo” seja um Coppola menor, pouco conhecido, mas muito bom. Um olhar mais do que brilhante desse grande cineasta sobre as vidas sem rumo de seus personagens perdidos na vida.

Vidas Sem Rumo (The Outsiders, Estados Unidos, 1983) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Kathleen Rowell baseado na obra de S.E. Hinton / Elenco: C. Thomas Howell, Matt Dillon, Ralph Macchio, Tom Cruise, Rob Lowe, Patrick Swayze, Emilio Estevez / Sinopse: Jovens são alvos de uma gangue rival durante um assalto. A morte de um dos agressores acaba desencadeando uma série de rixas, rivalidades e violência que explodem pelas ruas.

Pablo Aluísio.

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