O personagem King Kong é um dos mais famosos da história do cinema. Surgiu pela primeira vez nas telas na década de 1930 em um filme dos estúdios RKO. Na sociedade americana imperava a grande depressão e o filme investia em um mundo de realismo fantástico, com muita aventura e ação, pautada por efeitos especiais de encher os olhos. Era a forma de trazer um alívio para aqueles anos de muito desemprego e falta de esperanças. A fórmula se tornou certeira e o gorilão caiu imediatamente no gosto do grande público que encheu as salas de cinemas. Muitas décadas depois King Kong voltaria às telas, com nova roupagem e efeitos especiais. Era a década de 70, quando os filmes de ficção e fantasia estavam em alta. Era um bom filme mas não escapou das criticas por causa da tentativa de modernizar demais a estória. Peter Jackson era apenas um jovem quando assistiu a esse segundo King Kong nas telas e por muitos anos cultivou o sonho de um dia dirigir algo realmente definitivo sobre o monstro. A chance finalmente lhe caiu nas mãos após o imenso sucesso de bilheteria da trilogia “O Senhor dos Anéis”. Com carta branca e orçamento literalmente monstruoso (mais de 200 milhões de dólares), Jackson finalmente começou a tornar realidade seu velho sonho de trazer o rei Kong de volta à sua merecida grandiosidade.
O resultado final mostra um filme muito bom mas que não consegue ser excelente por causa de alguns equívocos do roteiro. É certo que há muitas coisas boas no texto como, por exemplo, trazer a estória do filme de volta à década de 30 (na mesma época em que o King Kong original foi lançado). Outro ponto positivo foi resguardar a aparição de Kong o máximo possível criando assim uma expectativa no público. O problema porém surge logo após King Kong surgir em cena. A overdose de efeitos digitais (principalmente nas cenas em que o gorila entra em uma briga épica contra dinossauros) acaba desviando o foco principal do que é o mais importante nesse filme, a relação de amizade entre o enorme monstro e a delicada e bela heroína que acaba ganhando a afeição do gigante. Peter Jackson parece vacilar na direção, se garantindo numa série de cenas com muitos efeitos digitais que podem impressionar o público mais jovem mas que acabam soando desnecessários e gratuitos para os cinéfilos com mais bagagem. O saldo final é bom, não há como negar, mas perdeu-se a chance de realmente produzir a obra definitiva com King Kong. Claro que nada poderá superar o charme e o carisma do primeiro filme, o original. Poderiam ter realizado algo mais equilibrado e focado nas principais características da estória original mas isso infelizmente não ocorreu aqui nesse remake.
King Kong (King Kong, Estados Unidos, 2005) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Peter Jackson, Fran Walsh, Philippa Boyens / Elenco: Naomi Watts, Jack Black, Adrien Brody, Thomas Kretschmann, Colin Hanks, Andy Serkis, Evan Parke, Jamie Bell, Lobo Chan, John Sumner, Craig Hall, Kyle Chandler, William Johnson / Sinopse: O diretor Carl Dehnam (Jack Black) lidera uma expedição até uma ilha remota perdida no meio do oceano para verificar se uma antiga lenda sobre um gorila gigante realmente tem algum fundo de verdade. Chegando lá ele finalmente consegue ver o monstro mitológico. Não satisfeito resolve capturar King Kong para levá-lo até os EUA onde pretende explorar comercialmente o animal, uma decisão de que ele se arrependerá amargamente depois.
Pablo Aluísio.
King Kong
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