Com o êxito do primeiro filme, “Elizabeth”, era natural que os produtores levassem adiante a saga da Rainha Elizabeth I nos cinemas. Praticamente toda a equipe do filme anterior foi mantida. Uma vez contada sua origem o roteiro de “Elizabeth – A Era de Ouro” se concentra agora em um dos maiores desafios da Rainha durante os anos em que esteve à frente da coroa britânica. A trama se passa no ano de 1585. Nessa época a Espanha se torna a maior potência do planeta, fruto de sua política de expansionismo além-mar. As novas colônias descobertas no chamado novo mundo trouxeram uma riqueza inimaginável para o país Ibérico. Ouro, metais preciosos, tudo parecia brotar da terra com incrível facilidade. De posse de tanta riqueza a Coroa espanhola logo tratou de construir uma poderosa armada para consolidar seus domínios nas terras da chamada América. Como todo império que se preze os interesses da coroa espanhola logo entraram em choque com a Inglaterra, outra potência colonialista. Para piorar o Rei espanhol defendia abertamente a irmã de Elizabeth, Mary Stuart, como a verdadeira Rainha da Inglaterra, sucessora legítima do Rei Henrique VIII. Católica fervorosa, filha de mãe espanhola, Mary era a preferida das cortes espanholas para assumir o trono inglês. Não apenas por ser a filha mais velha de Henrique VIII mas também por causa de suas origens que a ligavam diretamente com o trono espanhol. Seria maravilhoso para a Espanha ter naquele momento histórico uma Rainha com sangue espanhol correndo em suas veias. Na visão das cortes espanholas Elizabeth era apenas a filha da devassa Ana Bolena, uma mulher sem virtudes.
Com tantos interesses conflitantes não é de se admirar que as duas potências tenham entrado numa feroz guerra que iria determinar os rumos da Europa (e do mundo) nos séculos seguintes. Para suportar todas as pressões externas, Elizabeth ainda teve que lidar com problemas internos, entre eles sua indefinição para se casar e ter filhos, garantindo assim uma sucessão tranqüila para sua dinastia. E é justamente nesse momento em que ela acaba simpatizando com a chegada do nobre aventureiro Walter Raleigh (Clive Owen) que logo se tornou inaceitável para as cortes como seu par romântico. Ele definitivamente não tinha as qualificações certas para se tornar o consorte real da Rainha. “Elizabeth – A Era de Ouro” é uma produção bem mais movimentada que o primeiro filme sobre Elizabeth I. As grandes batalhas, os conflitos em mar e terra, tudo isso deixa a produção com um aspecto bem mais atrativo para o público atual. Some-se a isso o ótimo uso de efeitos digitais nos momentos mais cruciais da guerra entre Inglaterra e Espanha. O saldo final como sempre é muito bom. A crítica adorou e o público prestigiou. Outro ponto positivo foi o fato de finalmente ter sido agraciado com o Oscar de Melhor Figurino, sanando um erro na premiação do primeiro filme. Para Cate Blanchett o resultado também não poderia ter sido melhor pois conseguiu indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro de melhor atriz. Um reconhecimento merecido de seu trabalho nas duas produções enfocando a Rainha Elizabeth I.
Elizabeth – A Era de Ouro (Elizabeth: The Golden Age, Estados Unidos, 2007) Direção: Shekhar Kapur / Roteiro: Michael Hirst, William Nicholson / Elenco: Cate Blanchett, Clive Owen, Samantha Morton, Geoffrey Rush, Tom Holland, Abbie Cornish / Sinopse: Segundo filme sobre a rainha Elizabeth I. Lutando contra os interesses da coroa espanhola que deseja colocar Mary Stuart no trono inglês e de pressões internas que querem que se case para garantir uma sucessão tranqüila, a Rainha tenta sobreviver dentro do quadro político de sua época.
Pablo Aluísio.
Elizabeth - A Era de Ouro
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