sábado, 12 de janeiro de 2013

Mad Max

Hoje em dia o cinema australiano passa por uma crise criativa mas na década de 70 ele passou por uma fase extremamente interessante do ponto de vista artístico. Atualmente os filmes australianos praticamente apenas imitam os clichês do cinema americano (com pontuais exceções) mas o quadro já foi o inverso. O maior exemplo foi esse “Mad Max”, filme de baixo orçamento rodado nos desertos australianos que acabou criando um sub-gênero próprio, o dos filmes de ação pós apocalíptico. George Miller, o diretor, teve uma idéia genial nesse aspecto. Ele resolveu levar toda uma equipe de cinema para as regiões mais distantes e secas do deserto australiano (um lugar que faz o sertão nordestino parecer um oásis) para rodar uma aventura on the road completamente futurista. O enredo não perderia muito tempo com firulas, partindo logo para a ação desenfreada! Liderando o elenco ele trouxe um desconhecido, um jovem boa pinta, sem qualquer experiência em filmes de ação que só possuía no currículo uma pequenina produção da Austrália sobre Surf chamado “Summer City” (que chegou a ser lançado em vídeo no Brasil). Ele não era australiano mas americano, criado naquele país desde muito jovem. Seu nome? Mel Gibson! O sucesso estrondoso de Mad Max acabou abrindo as portas de Hollywood para Gibson e o resto é história pois ele acabou se tornando um dos mais bem sucedidos astros da indústria americana. Hoje em inferno astral, Gibson naquela época era apenas um garoto promissor que daria muito, muito certo na carreira.

Por falar em sucesso, “Mad Max” é até hoje um dos filmes mais lucrativos da história do cinema. Ele custou apenas 800 mil dólares – uma mixaria em se tratando de filmes – e rendeu mais de 100 milhões de dólares quando ganhou o mercado americano e europeu. Os críticos ianques aliás adoraram todo o conceito por trás do filme. Era algo inovador, genial, que chegava até mesmo a lembrar o clima árido e selvagem dos grandes clássicos do western americano. A identificação foi imediata. Anos depois George Miller explicaria que a idéia de filmar em um mundo pós-apocalipse nasceu mesmo por necessidade e conveniência. Ele só conseguiria rodar um filme com orçamento tão barato se não tivesse que pagar pelas locações. Os custos deveriam ser os menores possíveis. Assim a idéia de filmar no deserto australiano veio bem a calhar. Como não havia nada naquela região esquecida por Deus ele teve a genial idéia de inserir no argumento do filme que aquilo seria justamente o mundo após o fim da civilização. Tudo seria subentendido e o roteiro não deveria perder tempo explicando muito o que tinha acontecido. Junte a isso alguns carrões envenenados, perseguições, tiros e pronto! Estava criado um conceito inovador que seria imitado até a exaustão nos anos seguintes (continua sendo imitado até hoje é bom frisar). É certo que existiram vários filmes sobre o mundo após o Apocalipse mas nenhum tinha sido tão original e inovador como “Mad Max” que praticamente criou sozinho o estilo que seria seguido por décadas! O mais importante aqui porém é o fato de termos um filme australiano sendo copiado pela cinema americano, justamente o que o diferencia dos dias atuais onde encontramos o extremo oposto disso. Bons tempos aqueles.

Mad Max (Mad Max, Austrália, 1979) Direção: George Miller / Roteiro: James McCausland, George Miller / Elenco: Mel Gibson, Joanne Samuel, Hugh Keays-Byrne / Sinopse: Policial conhecido como Mad Max vai a desforra contra uma gangue de bandidos no deserto australiano. Armado e furioso ele pretende impor seu conceito de justiça contra os criminosos que caça pelas estradas inóspitas. Espetacular sucesso comercial do cinema Australiano. Deu origem a duas continuações e centenas de filmes que seguiam a mesma linha de mundo pós-apocalíptico.
   
Pablo Aluísio.

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