Em outubro de 1968 Elvis foi até os estúdios Samuel Goldwyn em Hollywood para a gravação de mais uma trilha sonora. É curioso, nessa mesma época Elvis vinha produzindo muito bem em outras sessões, principalmente no American Studios em Memphis, para outros futuros projetos, mas agora que tinha que parar tudo e voltar para gravar mais músicas para filmes, algo que não o deixava muito animado. Além disso tinha que suspender as maravilhosas sessões em Memphis, em seu lar, para viajar até a costa oeste gravar canções de bangue-bangue!
Era demais! Na verdade ele só estava ali para cumprir seu contrato. Se havia algo que Elvis se orgulhava era de sempre cumprir suas obrigações contratuais, sejam elas quais fossem. Quem produziu a sessão foi o arranjador e maestro Hugo Montenegro, especialista em temas desse tipo e que nunca havia antes trabalhado ao lado de Elvis. Como o filme era um faroeste a sessão tinha que registrar canções de filmes western, algo que deixava Elvis ainda mais preguiçoso e desanimado. Mesmo assim ele foi em frente. Essas duas primeiras noites de sessão não renderam nada de útil. Elvis estava com uma banda nova, a maioria dos músicos ele mal conhecia e isso talvez tenha deixado tudo ainda mais complicado. Assim o engenheiro Kevin Cleary relembra: "Elvis gravou apenas alguns takes de Let's Forget About the Stars e Charro. O resultado não ficou bom. Uma nova sessão foi marcada para dali algumas semanas".
Elvis foi embora e a orquestra de Hugo Montenegro providenciou a parte instrumental. Em novembro Elvis voltou para os mesmos estúdios e encontrou tudo pronto, só sendo necessário mesmo colocar sua voz e assim o fez, terminando rapidamente as duas músicas. Ao lado do cantor no estúdio havia apenas a equipe vocal de apoio (composta por Sue Allen, Allan Capps, Loren Faber, Ronald Hicklin, Ian Freebairn-Smith, Sally Stevens e Robert Zwirn). Elvis não gostava de gravar sobre uma faixa previamente gravada. Ele apreciava a troca de ideias com os músicos da banda dentro do estúdio, além do clima de estar cantando ao lado de sua equipe musical de rotina. Ele queria sentir melhor a música, algo que não acontecia nesse tipo de sistema de gravação. De uma forma ou outra o maestro e produtor Montenegro até que realizou um bom trabalho. Ele enriqueceu o background, colocando e tirando outros instrumentos, tudo para deixar as faixas no ponto certo.
Depois os tapes foram enviados para a RCA Victor em Nova Iorque que nem se animou muito em lançá-las corretamente, afinal de contas era mais uma trilha sonora de filmes de Hollywood e esse tipo de material não animava mais aos executivos da grande multinacional do ramo fonográfico desde 1965. Logo a edição de um compacto apenas com canções de Charro foi deixado de lado. Também era impensável aproveitar aquele material em algum lançamento mais bem elaborado. As músicas seriam usadas nos cinemas, mas no mercado tinham pouca chance de fazer sucesso. Assim foram arquivadas para serem lançadas depois como meros tapas buracos dos discos e singles futuros (como a própria faixa título Charro que iria se tornar lado B do single Memories no ano seguinte).
Sessão de gravação da trilha sonora Charro
Data de gravação: 15 de outubro e 25 a 27 de novembro de 1968
Local de gravação: Samuel Goldwyn Studio, Hollywood, California
Produção: Hugo Montenegro
Engenheiros de som: Kevin Cleary
Músicos: Elvis Presley (vocais), Tommy Tedesco (guitarra), Ralph Grasso (guitarra), Howard Roberts (guitarra), Raymond Brown (baixo), Max Bennett (baixo), Carl O'Brian (bateria), Emil Radocchia (percussão), Don Randi (piano), The Hugo Montenegro Orquestra.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley
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