quinta-feira, 16 de junho de 2005

Elvis Presley - Elvis e os Beatles - Parte 2

Depois de uma série de desencontros finalmente Elvis se encontrou com os Beatles. Corria o ano de 1965 e a carreira de Elvis vinha mal. Ele estava concentrado em cumprir uma série de contratos com estúdios de cinema, fazendo filmes em série, um atrás do outro. Obviamente que a fórmula iria se desgastar com os anos. E foi justamente esse momento ruim na carreira de Elvis que levou John Lennon a ir direto ao ponto ao perguntar a Presley porque ele não gravava mais rock ´n´ roll. Elvis foi pego de surpresa e se desculpou, dizendo justamente que havia uma série de contratos com Hollywood e que a falta de tempo o fazia se ausentar do cenário do rock mundial.

Tentando tranquilizar o Beatle, Elvis se saiu com essa: "Eu ainda vou gravar alguma coisa, quem sabe em breve!". Sem perder o pique, Lennon rebateu: "Ah, então esse disco eu vou comprar!". Esse diálogo de Elvis com John revelava muito do que os Beatles pensavam dele naquela época. Eles eram fãs desde os primeiros discos, quando ainda eram apenas adolescentes em Liverpool, só que agora não conseguiam mais gostar dos álbuns do cantor, justamente pela insistência em gravar o tal "material de Hollywood". De todos os Beatles o que mais gostava do velho Elvis, do roqueiro, era John Lennon. Por isso ele deu essa indireta, como que dizendo a Elvis que voltasse para o velho estilo musical que o havia consagrado nos anos 50.

Já Paul McCartney resolveu prestar atenção em coisas, digamos, periféricas. Ele ficou impressionado quando Elvis lhe mostrou um controle remoto de TV, onde ele conseguia mudar os canais da televisão sem precisar se levantar da poltrona. Na Inglaterra isso ainda não havia chegado no mercado e era como se Elvis lhe apresentasse algum tipo de tecnologia do outro mundo. Paul também se impressionou com o bronzeado de Elvis. Ele estava terminando de filmar mais um filme do Havaí, esse chamado "No Paraíso do Havaí" e estava super bronzeado, algo que pegou Paul de surpresa! "Nunca havia visto alguém com um bronze daquele! Na Inglaterra apagaram o sol! A gente estava bem pálido ao lado de Elvis" - relembraria Paul anos depois!

Já os demais Beatles ficaram meio de lado. Enquanto Elvis, Paul e John levavam um papo, George Harrison se isolou e parecia não ter ninguém para conversar. Sua atitude antissocial levou alguns presentes a antipatizarem com seu jeito calado, mas esse era de certo modo seu modo de agir. Não era à toa que ele era chamado pela imprensa de "O Beatle quieto". Ringo Starr se saiu melhor. Ele era considerado o mais simpático Beatle e por isso interagiu com todos, mas gostou particularmente mais do Coronel Parker pois esse também adorava jogos em geral. Com o empresário de Elvis, Ringo jogou bilhar, cartas e bebeu alguns drinks de whisky escocês, já que Ringo também era muito bom de copo.

Depois de algumas horas conversando com os Beatles o próprio Elvis resolveu colocar fim no histórico encontro. Ele se desculpou e disse que tinha que ir dormir pois tinha trabalho no dia seguinte, pela manhã. Os Beatles então se tocaram que era hora de ir embora. Com sua educação tipicamente sulista Elvis os acompanhou até o carro, se despediu e disse que em breve eles poderiam voltar a se encontrar pessoalmente. Curiosamente esse novo encontro jamais aconteceu. O único Beatle que voltou a ver Elvis novamente foi George Harrison muitos anos depois, quando conseguiu ser recebido por Elvis em seu camarim, durante um concerto em Nova Iorque. Os Beatles não existiam mais como grupo, porém Elvis foi cordial e educado com George, agradecendo por ele ter ido ao seu show.

Pablo Aluísio.

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