terça-feira, 14 de junho de 2005

Elvis Presley - Las Vegas 1969

Elvis Presley, Las Vegas, 1969
Em 1969 Elvis voltou a se apresentar ao vivo. Desde a primeira metade da década ele estava ausente dos palcos. O motivo? O Coronel Parker colocou na cabeça que os fãs só pagariam uma entrada de cinema para ver Elvis cantando se não houvesse nenhuma outra forma disso acontecer, ou seja, para fazer sucesso em Hollywood Elvis deveria cair fora do mercado de turnês e shows ao vivo! Assim Parker isolou seu artista, quase como se fosse uma figura inalcançável, o colocando em um pedestal negado a meros mortais. Depois do esgotamento da fórmula dos filmes o jeito foi mesmo retornar aos shows. Como bem analisou anos depois David Stanley: "Os filmes de Elvis não estavam mais com nada e era muito mais lucrativo e vantajoso investir em concertos ao vivo, já que a casa sempre estava cheia, com ingressos esgotados e era bem mais barato de produzir".

Assim Elvis colocou o pé na estrada novamente... ou quase isso. Uma nova banda foi contratada e os antigos músicos que tinham tocado ao seu lado por anos foram definitivamente dispensados. Praticamente não sobrou ninguém da velha turma. Scotty Moore, por exemplo, foi descartado após pedir um cachê melhor ao empresário de Elvis. O Coronel Parker também adorava Las Vegas pois era um jogador contumaz das mesas de cassinos da cidade. Assim não pensou duas vezes em unir o útil ao agradável. Fechou contrato com o recém construído International Hotel. Na hora de assinar o contrato escrito Parker dispensou qualquer tipo de documento, assinando em uma toalha de mesa do restaurante do hotel, mandando que ela fosse depois recolhida aos seus aposentos! Imagine, assinar algo tão importante assim de forma tão surreal e fora dos padrões! Coisas do velho Coronel...

A agenda era puxada, com Elvis se apresentando todas as noites. O fato de ter que trabalhar tanto não o aterrorizou, mas sim o incentivou a perder peso, pegar uma cor e se apresentar com o melhor visual possível em seu reencontro com os fãs. O show da estreia foi realmente espetacular, com Elvis muito animado e empolgado, cantando muito bem e com afinco. Por mais absurdo que isso possa parecer o fato é que a RCA Victor, gravadora de Elvis, cochilou e ao que se saiba não gravou o concerto de forma profissional (o que existem são gravações feitas da plateia, com fraca qualidade sonora, os chamados CDs Audience). Pois bem, Elvis estava com muita vontade de cantar novamente ao vivo, ele sempre afirmara que amava mesmo era o palco. A crítica elogiou bastante e todos ficaram bem animados com os resultados. Elvis tinha planos de sair logo em turnê, pelas cidades americanas e depois, quem sabe, fazer sua tão sonhada turnê internacional (recentemente Priscilla Presley declarou em uma entrevista a um jornal americano que em 1977 Elvis estava preparando os últimos acertos para fazer seus primeiros concertos na Inglaterra - algo que deixou muita gente surpresa).

Mas voltemos a 1969. Esse foi realmente um grande ano para Elvis tanto dentro dos estúdios como também em shows. A volta do contato com o público rejuvenesceu o cantor. Ele parecia muito feliz com tudo, porém a esposa Priscilla também notou uma certa mudança em seu modo de agir. Ao retornar ao pique da glória, após tantos anos em baixa, Elvis começou também a ter uma postura mais arrogante, cheio de si, segundo sua mulher. Isso acabaria dando origem a diversos problemas com o casal. Presley não parecia muito se importar com esse tipo de coisa e decretou que namoradas e esposas só poderiam ir a Las Vegas para os shows de abertura e encerramento das temporadas. Priscilla ficou de orelha em pé, desconfiada - e ela tinha razão. A volta aos palcos levou Elvis de volta para a idolatria de seus fãs. Em pouco tempo ele começaria também a afundar pra valer nos prazeres e decadências que só a chamada cidade do pecado poderia lhe oferecer.

Pablo Aluísio.

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