Em outubro desse ano após mais uma ótima sessão de gravação em Nashville, Elvis foi filmar o seu décimo filme, Kid Galahad (Talhada para Campeão), uma refilmagem de um filme homônimo de 1937, dirigido por Michael Curtiz (o mesmo que dirigiu Elvis no excelente King Creole) e estrelando Edward G. Robinson, Bette Davis e Humphrey Bogart. Na refilmagem, a idéia básica da trama foi mantida, com as alterações no nome do personagem principal que seria agora Walter Gulick e na sua ocupação anterior com a entrada no mundo do boxe, que agora seria de um mecânico recém-saído do exército que volta para sua cidade de nascimento e acaba encontrando um promotor de lutas (interpretado pelo ótimo Gig Young) que acaba descobrindo que o mecânico Walter leva jeito para o esporte. Logo, o personagem de Elvis se apaixona pela irmã do promotor interpretada por Joan Blackman, (mais linda do que nunca!). Para quem não se lembra Joan já havia trabalhado com Elvis em "Blue Hawaii". Walter tem que lidar com os problemas com a máfia de Gig e uma luta final com o campeão e invencível lutador de boxe Sugarboy.
Como treinador Elvis tem ninguém menos que Charles Bronson, o mesmo que dez anos depois estrelaria o filme “Desejo de Matar”. Bronson e Elvis não se deram bem nos sets de filmagem. Bronson considerou as habilidades de luta de Elvis como ridículas e ele sentiu-se ofendido com isso. Apesar disso a química entre os dois na tela é boa. O filme tem um roteiro superior aos demais filmes de Elvis, um elenco de apoio ótimo, uma trilha interessante sem músicas horrendas. Seleção musical equilibrada. Além desses aspectos positivos Elvis ainda tem a chance de participar de algumas cenas mais dramáticas, como a que ele discute com Gig, quando este o proíbe de sair com sua irmã. As cenas de lutas são razoáveis e o câmera mostra alguns ângulos interessantes. Porém o papel aqui exigia de Elvis uma personalidade um pouco menos educada e mais casca grossa. Infelizmente sua interpretação não consegue ser forte o suficiente e Elvis, sem querer, acaba suavizando muito o personagem, o que é um ponto negativo. Interessante é que o cabelo de Elvis está quase ao natural, com pouca brilhantina e loiro, pela última vez em sua carreira. O final, felizmente, não acaba com uma música, apesar de ser um pouco sem graça.
O grande problema de Kid Galahad é que as músicas não se contextualizam no filme, que poderia muito bem ter sido rodado sem elas. Interessante é que quando Elvis foi rodar o filme ele levou o famoso macaco chimpanzé Scatter em sua primeira viagem para Holywood. Scatter havia sido comprado recentemente e era tratado como se fosse um membro da Máfia de Memphis. Gostava de beber cerveja e olhar embaixo das saias das garotas e era responsável por uma verdadeira bagunça nos estúdios o que deixava os diretores loucos. "Kid Galahad" foi o último filme um pouco mais sério de Elvis. No final das contas teve uma bilheteria fraca se comparada à de "Blue Hawai" e foi apenas o 37º filme mais assistido do ano. Lançado em agosto de 1962 a trilha sonora chegou ao mercado como EP alcançando pouca expressividade nas paradas. A carreira cinematográfica de Elvis, após essa película, foi jogada em um mar de produções que tentavam copiar de certa forma a fórmula de seu sucesso no Havaí. Era a busca pelo sucesso perdido.
Talhado Para Campeão (Kid Galahad, EUA, 1962) Direção: Phil Karlson / Roteiro: William Fay, Francis Wallace / Elenco: Elvis Presley, Gig Young, Lola Albright, Joan Blackman, Charles Bronson, David Lewis / Sinopse: Jovem sai do exército e acaba encontrando sua verdadeira vocação no boxe. Com talento para cantar ele vai levando sua vida entre os ringues e o violão. No meio do caminho acaba encontrando o grande amor de sua vida.
Victor Alves e Pablo Aluísio.
Elvis Presley
ResponderExcluirPablo Aluísio