Elvis nos Anos 70
Os arranjos das músicas de Elvis nos anos 70, principalmente aqueles que ele utilizava em seus shows de palco em Las Vegas, foram produzidas por maestros e músicos que nunca tiveram tradição no estilo anterior de Elvis, dos anos 50 e 60. Era pessoal da tradição de Frank Sinatra e Tommy Dorsey. Eles colocaram todos aqueles naipes de metais, coisa que era inteiramente anacrônica na música de Elvis Presley até aquele momento. No final das contas eles não se adaptaram a Elvis, mas o contrário, Elvis é que se adaptou ao estilo deles. Os arranjos à La Sinatra conferem um sabor nostálgico e saudosista ao som de Elvis nos seus anos finais. Com poucas exceções não havia esse tipo de arranjo na música de Elvis até aquele ponto.
É importante também lembrar da influência da Motown de Berry Gordin na música de Elvis. Esse processo começou em 1969 nas sessões do American, mas se acelerou a partir nos anos 70. Além de apresentar músicas dessa conhecida gravadora negra americana, Elvis ainda acrescentou outra coisa inédita em seus discos: um acompanhamento feminino no melhor estilo Supremes. Estou me referindo ao grupo Sweet Inspirations, é claro. Não havia esse tipo de coisa na música de Elvis do passado, se me lembro e muito as únicas participações em coro feminino de Elvis nos anos anteriores se resumia a participações da Mila Kirkham e nada mais. Os grupos vocais no passado de Elvis eram todos ao estilo mais gospel, como os Jordanaires. Acrescentar Motown, símbolo da música negra americana dos anos 60 em seus próprios discos, é sem dúvida tomar uma atitude saudosista e nostálgica.
O Uso imoderado de grupos vocais gospel de apoio também é uma atitude de quem estava mesmo voltado para o passado e não para o futuro. É bom lembrar que de certa forma o gospel apreciado por Elvis era aquele dos anos 50, começo da década de 1960, coisa simples de se constatar ao tomar conhecimento dos conjuntos que estavam ao lado de Elvis em sua última década: JD Summer por exemplo e até o Voice, mesmo sendo um grupo novo, não deixavam nunca o velho repertório para trás. Usar músicas e canções gospel estilo anos 50 e 60 é uma atitude nostálgica e pouco atualizada. Em poucas palavras: nostalgia pura.
O mais evidente retorno para os standarts musicais. O uso excessivo de suas antigas músicas ou de canções clássicas do passado. As músicas de trabalho dos discos finais de Elvis quase todas eram antigas: Unchained Melody, Promised Land, Hurt, You´ve Lost That Lovin Feeling, My Way, são as músicas que ele se utilizava em seus shows para promover seus discos recentes. Mesmo que houvesse material inédito nos discos de estúdio a postura de Elvis ao apresentar essas músicas como as de trabalho, as que divulgavam seus discos perante seus fãs, afastava qualquer dúvida de como ele dirigia sua imagem nos anos 70. É um fato de certeza que ele se posicionara definitivamente como um ídolo fundado no passado. Na minha concepção não há dúvida que Elvis tinha uma imagem completamente voltada para a nostalgia de sua geração em seus derradeiros anos.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley
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