Por volta de 1965, lançamentos sem qualidade como "Harum Scarum" começavam a destruir o prestígio artístico de Elvis Presley. Os jornais destroçavam e até debochavam da má qualidade de seus filmes mas o próprio Elvis Presley não parecia muito preocupado com isso. Isolado e distante de todos ele não chegava a ter conhecimento do que se dizia sobre ele. O cantor parecida viver dentro de uma bolha que o distanciava do mundo lá fora. Nesse período Elvis se afundou pra valer em seus estudos esotéricos. Ele lia livros e mais livros sobre espiritualidade, procurando conhecer todos os tipos de religiões existentes, inclusive as orientais que lhe despertavam grande fascínio.
Assim Elvis deixou sua carreira musical de lado e entregou tudo nas mãos do coronel. Para ele aquilo tudo era apenas um trabalho para se ganhar a vida. Nessa fase de sua vida Elvis começou a se preocupar mesmo com sua vida espiritual. Ele que sempre tivera uma personalidade exuberante começava a procurar por isolamento e calma, sempre com algum livro na mão, procurando lugares serenos para ler. Esse tipo de atitude chegou aos ouvidos do Coronel. Parker há tempos queria se encontrar com Elvis mas ele sempre arranjava uma desculpa qualquer. Preocupado o Coronel resolveu ir até Graceland para ver o que estava acontecendo.
Depois de se encontrar com Elvis ficou ainda mais preocupado. Presley parecia desinteressado pelos aspectos profissionais de sua vida. Nem sequer mais ouvia seus próprios discos para ver se algo de que não gostasse tinha saído nas edições dos LPs. Não ligava mesmo para nada. Parker comentou com Joe Esposito que tinha visto um Elvis apático e que parecia também deprimido, sem forças para se interessar pelas coisa que antes o despertavam grande atenção. Diante disso resolveu abrir o jogo e foi sincero com ele ao afirmar: "Elvis, esses livros que você anda lendo são perigosos. Eles mexem com sua mente. Eu já estudei sobre controle mental e posso dizer que esse tipo de literatura pode mexer com qualquer um." Elvis ao ouvir isso não pareceu prestar muita atenção, como sempre.
Depois Esposito confessou ao Coronel que os caras da máfia de Memphis viviam levando seus problemas pessoais aos ouvidos de Elvis. Esse tipo de coisa o deixava preocupado e muitas vezes arrasado emocionalmente. Sem pensar duas vezes o Coronel reuniu toda a turma e passou um sermão daqueles: "Não levem seus problemas para Elvis. Cuidem de suas próprias vidas. Elvis é um artista e não um psicólogo para ficar cuidando de vocês. Imagine ter que lidar com os problemas de onze pessoas de uma só vez! - isso envergaria qualquer homem - o deixem em paz de uma vez por todas".
Outra coisa também começou a preocupar a mente do velho Coronel. Elvis começou a ter atitudes de quem não andava girando muito bem da cabeça. Certa vez disse aos caras da máfia de Memphis que teria que ir para o meio de um gramado que estava sendo irrigado, durante a madrugada, pois anjos celestiais queriam falar com ele. E lá foi Elvis para o meio da água, com as roupas do corpo todas molhadas, começando a gesticular e bater papo com o vento. Os caras que o acompanharam ficaram assustados com aquilo. Em outra ocasião mais esquisita ainda, Elvis começou a discutir com a parede, dizendo ter visto ali rostos humanos que estavam lhe perguntando sobre os grandes desejos de Deus para a humanidade. Até Priscilla ficou assustada com aquilo tudo.
O Coronel Parker porém já havia decidido que enquanto não queimasse toda a literatura mística de Elvis não ficaria sossegado. Ele começou assim uma campanha surda para que Elvis retornasse à razão. Ao lado de Priscilla ficou com o firme propósito para que Elvis queimasse tudo. De certo modo o velho empresário tinha razão pois Elvis andava lendo coisas bem esquisitas, livros que misturavam religião com discos voadores e coisas do tipo. Uma maluquice sem tamanho. Enquanto Parker não visse uma grande fogueira feita dessa literatura estranha nos quintais de Graceland ele não iria desistir.
Pablo Aluísio.
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