domingo, 19 de novembro de 2023

A Profanação dos Reis da França

A Profanação dos Reis da França
Uma das histórias mais terríveis da Revolução Francesa se deu na chamada profanação dos Reis da França. Em um momento em que o radicalismo e o fanatismo tomavam conta dos revolucionários franceses, decidiu-se que não deveria se deixar pedra sobre pedra em relação à monarquia francesa, ao antigo regime. Era necessário não apenas matar o rei Luís XVI e a Rainha Maria Antonieta, mas também apagar para sempre da história os nomes dos reis e rainhas do passado. Nem a memória e nem o respeito aos mortos, aos corpos do reis dos séculos anteriores, deveriam ser mantidos. A ordem era acabar com tudo, de forma violenta e definitiva! Assim uma turba ensandecida marchou em direção à milenar Basílica de Saint-Denis. Ali aconteceria atos de vandalismo e desrespeito ímpares na história da Europa. 

Durante séculos os reis e suas rainhas tinham sido sepultados naquela grandiosa catedral cristã. Só que os revolucionários, tomados por ódio e ressentimento, decidiram que os reis e as rainhas tinham que ser tirados violentamente de suas tumbas para um ato final de vandalismo sem precedentes. Eles começaram a destruir os seus túmulos, puxando os corpos de reis e rainhas para destrui-los sem dó e nem piedade. Um momento de barbarismo sem limites. Além disso não podemos ignorar que muitos daqueles revolucionários queriam mesmo era roubar as jóias e objetos valiosos com que esses monarcas tinham sido enterrados. Em última análise eram todos ladrões e saqueadores de tumbas reais. 

Eles violaram túmulos de grandes nomes da história como o do primeiro rei da França, Clovis I, o homem que havia expulsado os invasores romanos do solo francês. Roubaram sua valiosa coroa que havia sido enterrada com ele, roubaram seus anéis e até mesmo o cetro real dourado, uma peça histórica extremamente importante, de um valor histórico imensurável, feita de puro ouro. E quando esses objetos foram roubados houve também brigas para saber quem iria ficar de posse dessas valiosas peças. Agindo como abutres, os revolucionários transforam o ambiente da catedral em puro caos de violência e crime. Não havia maior prova de sua sordidez do que brigar por itens roubados que não lhes pertenciam.

Todos os túmulos reais foram profanados em apenas uma tarde. Quando abriram o caixão do rei sol, Luís XIV, tiveram uma grande surpresa. O famoso monarca tinha o corpo perfeitamente preservado. Um homem alto em vida, sua postura no túmulo era tão nobre que os revolucionários ficaram alguns minutos apenas olhando para aquele lendário rei da França, em um silêncio até mesmo respeitoso. Mesmo morto, Luís XIV mantinha seu porte e pose reais de nobreza. Só depois de um tempo é que um dos ladrões da multidão decidiu profanar o corpo do rei, abrindo sua barriga com uma espada, tirando de lá seus restos mortais para depois colocá-los em sua boca. Depois cortaram a cabeça de Luís, o Rei Sol, sob aplausos e gritos de todos os presentes. E também roubaram tudo o que havia de valor dentro de seu caixão! Era atroz a situação!

Reis medievais tiveram suas espadas e armaduras roubadas após destroçarem seus corpos. Rainhas sofreram atos de desrespeito de natureza sexual. A barbaridade não tinha limites. A farra insana porém acabou quando abriram o caixão do Rei Luís XV. Seu corpo entrou em putrefação líquida imediatamente após entrar em contato de novo com o oxigênio do ar. O corpo real se desmanchou em um chorume cadavérico de cor esverdeada! O cheiro fétido foi tão forte que os revolucionários tiveram que sair por alguns minutos de dentro da catedral. Até parecia que o penúltimo rei francês tentava, mesmo após sua morte, expulsar todos aqueles profanadores das tumbas reais. Infelizmente não havia como parar aquelas pessoas. Todos os túmulos foram violados e todos os bens foram roubados, até mesmo as roupas e mortalhas com tecidos finos que alguns reis tinham sido enterrados. Nada sobreviveu ao assalto daquela multidão enlouquecida de ódio. 

Depois os restos mortais dos reis e rainhas, agora completamente destroçados, foram jogados em um terreno baldio pantanoso perto da catedral. Alia jazia no meio da água podre os restos de algumas das figuras históricas mais importantes da história da França e da Europa. Tudo foi jogado no lixo, literalmente. Anos depois a monarquia francesa seria restaurada por um breve período. Os restos mortais que conseguiram resgatar foram retirados do pântano e colocados em dois grandes baús que foram levados de volta para a Basílica de Saint-Denis. Atualmente há um projeto de se catalogar através de exames de DNA os reis e rainhas francesas, para colocá-los de volta em suas tumbas originais, mas até hoje isso nunca foi feito. Seria um resgate histórico de respeito a todos esses monarcas. De qualquer forma fica o mal exemplo da brutalidade e insanidade que pode tomar conta de pessoas simplesmente alucinadas por ideologias políticas. O respeito pela passado histórico precisa ficar acima desse tipo de fanatismo ensandecido.

Pablo Aluísio. 

Imperador Romano Galba

Imperador Romano Galba 
Sérvio Sulpício Galba foi o imperador que sucedeu a Nero após sua morte violenta no ano de 68 da era comum. Esse imperador não tinha laços de parentesco com Júlio César. Por essa razão a partir de sua subida ao poder o termo César ganhou ares de título imperial, não tendo qualquer ligação mais com os descendentes do verdadeiro César. Apesar de não ser da família de César o fato é que Galba era de uma das famílias nobres mais ricas e tradicionais de Roma. Um verdadeiro nobre de sangue. Ele havia mostrado seu valor como homem público em diversos cargos que havia desempenhado ao longo de sua vida nos reinados de Calígula, Cláudio e Nero. Era considerado um homem sério, leal e de valor aristocrático. Também era inteligente e de certa maneira misericordioso até contra seus inimigos. 

Além de ser um homem público dos mais respeitados no império romano, Galba também havia sido general do exército romano. Ele não participou das conspirações para matar Nero, mas tampouco lutou contra os planos de seu assassinato. Antes da morte do insano imperador, Galba havia interceptado uma carta em que Nero mandava um legionário assassiná-lo, por essa razão recebeu a notícia da morte de Nero como um alívio e como um livramento dos deuses, pois sua vida haveria de ser poupada daquele assassino louco. 

De uma forma ou outra, Galba acabou sendo escolhido como o novo imperador pelas legiões após a morte de Nero. Ele havia sido general, tinha vasta experiência como administrador de províncias romanas e era um homem de linhagem nobre. Realmente poucos estavam à sua altura nesses quesitos. Era o homem ideal para ser o novo imperador. Quando Nero foi morto, Galba ocupava o posto de governador da hispânia (atual Espanha), um cargo de muito prestígio em Roma. Ele inicialmente relutou em ser o novo imperador, mas com receio de que houvesse anarquia e mortes em massa em Roma, decidiu aceitar o cargo de imperador. 

Galba poderia ter sido um dos melhores imperadores da história se não fosse por um detalhe: Ele estava muito idoso quando se tornou imperador. Mal conseguia andar por causa da velhice, sofria de artrite nas mãos e segundo algumas pesquisas de historiadores provavelmente sofria do Mal de Parkinson. Ele tinha tremores nas mãos e andava amparado por três homens de sua guarda pessoal. Já não enxergava direito e nem ouvia bem e sua fragilidade era algo perigoso para alguém que ocupava o posto máximo do Império. 

Além disso Galba começou a ter muitos atritos com generais do exército romano. Muitas vezes era duro demais com os militares, despejando ofensas pessoais pesadas sobre generais poderosos. Um deles, chamado Otão, decidiu que não iria ser ofendido mais por Galba. Ele promoveu uma armadilha para o idoso imperador. Ele foi convidado a ir até um lugar remoto nas cercanias de Roma. Chegando lá, viu a sua guarda pretoriana ir embora. Sabia que havia caído numa armadilha mortal. Velho e debilitado, não poderia resistir e nem lutar contra os assassinos contratados por Otão. Acabou sendo morto a punhaladas. Depois teve sua cabeça cortada, colocada em uma lança. Era o fim trágico de mais um imperador romano morto por suas próprias tropas imperiais.  E depois de sua morte um período de caos se apoderou dentro do maior império de sua era. 

Pablo Aluísio. 

sábado, 18 de novembro de 2023

Blitz - O Filme

Título no Brasil: Blitz - O Filme
Título Original: Blitz - O Filme
Ano de Lançamento: 2019
País: Brasil
Estúdio: Ancine
Direção: Paulo Fontenelle
Roteiro: Paulo Fontenelle
Elenco: Evandro Mesquita, Fernanda Abreu, Lobão, Fernanda Torres, Antonio Pedro, Billy Forghieri,

Sinopse:
Esse documentário mostra a história da Blitz, a primeira banda de rock brasileiro a explodir nas  paradas de sucesso no começo dos anos 80. Após o sucesso do hit "Você Não Soube Me Amar" a vida dos integrantes do grupo nunca mais seria a mesma. Um filme com farto material visual gravado na época, contando com o depoimento dos integrantes originais do grupo. 

Comentários:
A Blitz foi a ponta de lança no estouro do rock nacional dos anos 80. Foi o primeiro grupo a tomar de assalto todas as paradas das rádios, isso em uma época em que as gravadoras não davam muita bola para o rock produzido no Brasil. Seu visual, suas músicas meio bobinhas, logo caíram no gosto popular. E o sucesso foi enorme. De começo modesto, se apresentando no circo voador no RJ eles começaram a lotar ginásios e estádios por todo o país. Só que a festa durou pouco como vemos no documentário. Os membros eram todos muito jovens e inexperientes e não estavam preparados para toda a fama e sucesso que veio junto. O Evandro Mesquita, por exemplo, foi uma espécie de surfista que pegou uma onda cujo tamanho ele não tinha a menor ideia, nem do que aquilo tudo iria se transformar. Por isso a Blitz explodiu muito rapidamente e também implodiu após apenas 3 discos lançados. A sepaação foi causada por brigas, rixas e desavenças entre os integrantes. Pois é, alguns grupos são destinados mesmo a queimar como um meteoro caindo do céu. Ficam as boas lembranças, pelo menos. 

Pablo Aluísio.

Marighella

Título no Brasil: Marighella
Título Original: Marighella
Ano de Lançamento: 2012
País: Brasil
Estúdio: TC Filmes
Direção: Isa Grinspum Ferraz
Roteiro: Isa Grinspum Ferraz
Elenco: Carlos Augusto Marighella (em arquivos de imagens), Lásaro Ramos (narrador), Miguel Arraes, Leonel Brizola (em arquivos de imagens)

Sinopse:
Documentário sobre o político e guerrilheiro urbano de esquerda Carlos Marighella, mostrando seu lado mais pessoal, desde os tempos de estudante, passando pela vida política, indo até a sua luta contra a ditadura militar instalada como regime de força e exceção no Brasil em 1964. 

Comentários:
Antes de qualquer coisa é bom saber que esse filme não é aquela cinebiografia do Wagner Moura que tinha o Seu Jorge interpretando o protagonista. Esse é um documentário lançado bem antes. Dito isso, devo dizer que apesar de ser um bom registro histórico desse personagem o fato é que ele se baseia mais nas memórias de familiares e amigos do Marighella. É uma visão bem subjetiva dele, o mostrando mais humano, como um típico homem brasileiro de seu tempo, um sujeito extrovertido que gostava de carnaval, de criar poesias, escrever textos, contar piadas, etc. O lado mais sério de sua luta como guerrilheiro revolucionário de esquerda fica mesmo em segundo plano. E isso não significa que o documentário seja ruim, longe disso, foi apenas uma opção adotada por seus realizadores. E no meio de tudo ainda temos contato com alguns eventos importantes de sua vida e da própria história do Brasil. Enfim, para quem estiver em busca do lado mais humano do Marighella, esse documentário certamente será uma opção acertada. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

A Máfia da Dor

A Máfia da Dor
Uma stripper acaba conseguindo uma chance para trabalhar em uma empresa farmacêutica. Ela não tem qualquer formação para isso, mas logo descobre que o negócio é vender o remédio que a empresa fabrica. Ela precisa convencer médicos a receitarem a tal droga para dor. O problema é que ele é baseado numa substância que causa dependência química e se usado em altas doses pode levar o paciente a ter uma overdose de drogas. Esse é um ponto delicado, mas para todas aquelas pessoas o que interessa mesmo é vender o tal produto, de todo jeito, apenas para embolsar uma bela grana no final do mês. E a ganância logo se espalha entre médicos, representantes e vendedores da farmacêutica e escroques de todos os tipos. Que atendimento humanizado coisa nenhuma, o importante é ganhar dinheiro com a desgraça alheia. 

Gostei demais desse filme que foi lançado na Netflix nessa semana. Expõe mesmo os lances obscuros que imperam no simples ato de receitar um medicamento a um paciente dentro de um consultório médico. Há toda uma sordidez envolvida, uma gente que não quer nem saber do bem estar das pessoas doentes, eles só visam o lucro fácil e nada mais. O elenco é todo bom, contando com uma preciosa interpretação da sempre ótima Emily Blunt. Ela interpreta essa jovem mulher que ganha a vida tirando a roupa em clubes masculinos, mas que logo descobre que tirar o dinheiro de gente doente e desesperada é mais lucrativo! 

Até o Capitão América, ou melhor dizendo, o Chris Evans, deu as caras por aqui. Ele é o executivo da empresa picareta que quer empurrar a nova droga de todo jeito. Um sujeitinho asqueroso sem qualquer ética! E o que dizer o dono da farmacêutica interpretado por Andy Garcia? Sujeito estranho, cheio de manias, picareta no grau máximo, totalmente empenhado em apenas ficar milionário. Enfim muito bom esse novo filme. É o retrato cruel da saúde, não apenas nos Estados Unidos, mas praticamente no mundo todo. Então quer uma boa dica para ver um bom filme na Netflix nesse final de semana? Não deixe de ver esse "A Máfia da Dor". 

A Máfia da Dor (Pain Hustlers, Estados Unidos, 2021) Direção: David Yates / Roteiro: Wells Tower, Evan Hughes / Elenco: Emily Blunt, Chris Evans, Andy Garcia, Catherine O'Hara / Sinopse: Liza Drake (Emily Blunt) é uma stripper vai para o mundo dos negócios, indo trabalhar em uma empresa farmacêutica, onde precisa vender uma nova droga que pode viciar e matar os pacientes. Só que isso não importa, o que importa é ganhar muito dinheiro com essas pessoas doentes!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Besouro Azul

Título no Brasil: Besouro Azul
Título Original: Blue Beetle
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner
Direção: Angel Manuel Soto
Roteiro: Gareth Dunnet-Alcocer
Elenco: Xolo Maridueña, Bruna Marquezine, Susan Sarandon, Becky G, Belissa Escobedo, George Lopez

Sinopse:
Um jovem mexicano desempregado vai procurar emprego numa grande empresa de tecnologia e acaba caindo no meio de uma guerra corporativa que tenta dominar uma estranha tecnologia que vem de um antigo artefato de origem extraterrestre. E sem querer ele acaba se tornando um super-soldado, o Besouro Azul! 

Comentários:
Filminho chato e sem graça, cheio de clichês, mostra muito bem que esse tipo de filme de super-heróis já deu o que tinha que dar. É um tipo de cinema que já saturou há muito tempo. Para piorar aqui quiseram novamente faturar em cima da cultura woke, então é uma tentativa forçada de promover inclusão de minorias, no caso a comunidade latina e mexicana nos Estados Unidos. Só que o tiro saiu pela culatra porque todos os personagens foram desenhados pelo roteiro como caricaturas, algo que achei até vergonhoso a forma preconceituosa que a família mexicana é retratada no filme. E o pior é que achei a direção de arte bem feia, com efeitos especiais que parecem ter saídos de uma daquelas produções do Roberto Rodriguez (e isso definitivamente não é um elogio). Com roteiro preguiçoso e burro, esse filme quase não foi lançado nos cinemas. O estúdio sabia do tamanho da porcaria. Deveria ter ido mesmo para o streaming, para um daqueles canais secundários tipo o Space ou o CW. Enfim, é uma perda de tempo assistir esse filme com esse herói do quinto escalão da DC Comics. Passe longe! 

Pablo Aluísio.

Voyeur

Título no Brasil: Voyeur
Título Original: Voyeur
Ano de Lançamento: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix
Direção: Myles Kane, Josh Koury
Roteiro: Myles Kane, Josh Koury
Elenco: Gay Talese, Gerald Foos, Nan Talese

Sinopse:
Um veterano e consagrado jornalista de Nova Iorque decide contar em seu novo livro a história de um dono de motel que acabou criando uma rede de refrigeração que ele podia usar para espiar os casais transando em seu estabelecimento. Algo que poderia custar caro no final das contas para esse escritor. 

Comentários:
O voyeur é aquele tipo de sujeito que prefere ver as pessoas fazendo sexo do que ele próprio fazer. E nada seria mais adequado para esse tipo de pervertido sexual do que ser dono de um motel de beira de estrada. É justamente essa estranha e bizarra história que esse documentário da Netflix nos conta. Entretanto eu pude perceber que o foco principal desse filme nem é tanto a história do voyeur em si, mas sim a relação de amizade que nasce entre o escritor do livro, um jornalista com muitos anos de carreira, e o próprio voyeur, um tipo já de meia idade, bem esquisito, cheio de problemas, mas tentando manter uma postura de normalidade a todo momento. E o fato dele não ser totalmente honesto com o escritor e o abalo que isso iria atrair depois da publicação do livro. Eu gostei do documentário, mostrando bem um lado mais desconhecido e taradão da sociedade falsamente puritana e muito hipócrita dos Estados Unidos. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

A Nova (e última) Música dos "Beatles"...

A Nova (e última) Música dos "Beatles"...
Eu uso "Beatles" entre aspas porque não consigo ver essa "Now and then" como uma genuína música dos Beatles. É uma forçada de barra sair dizendo que essa seria a "última música dos Beatles". Pura coisa de marketing. Mais falso do que isso, impossível. Agora isso tudo não significa que eu não tenha que dar os parabéns ao bom e velho Paul McCartney. Ele tirou leite de pedra e transformou uma demo esquecida em uma gaveta qualquer do Dakota em Nova Iorque em uma bela música para se ouvir. O velho Paul não perdeu a mão em embelezar canções, principalmente de seu velho parceiro, o falecido John Lennon. 

Não tem como fugir à realidade que essa demo era um resto qualquer que John Lennon esqueceu que existiu e que foi resgatada por Yoko para fazer parte do Anthology 3. Não fez porque George Harrison não gostou da música e decidiu que não iria fazer nada por ela, apesar dos protestos de Paul. Os anos passaram, George morreu e então Paul resolveu trabalhar de novo naquela fita K7. Não há como negar que o trabalho de Paul ficou muito bonito, só que tudo isso no final não seria desnecessário, que tudo foi apenas uma chance de ganhar um dinheiro fácil com a marca dos Beatles?

Vamos aos fatos. John Lennon gravou essa demo em casa, de forma amadora. Colocou seu aparelho de gravador em cima do piano e tocou a canção. Ele fazia isso para não esquecer suas composições. Algumas vezes esquecia mesmo assim. Não se sabe nem ao certo quando a demo foi gravada. Alguns acreditam que foi por volta de 1977. Três anos depois John resolveu voltar para gravar um novo disco. Ele nem levou em conta essa composição para compor o novo álbum. Provavelmente não achava uma música tão boa para seu novo LP. Ignorou completamente. De fato não é uma de suas melhores criações. É triste, melancólica e tem uma harmonia meio chata. Não fez parte de sua carreira solo. Por que iria fazer parte da história dos Beatles?

Paul e Ringo estão no final de suas vidas. Essa faixa produzida agora é como raspar o fundo do baú. Em minha opinião os Beatles acabaram em 1970 e usando sua discografia oficial como marco a última música dos Beatles foi "The End" do Abbey Road. E fim, acabou ali. Nem "Free as a Bird" e nem "Real Love" dos dois primeiros CDs Anthology consigo considerar como músicas genuínas dos Beatles. São legais, reuniram os que ainda estavam vivos, mas ficam por aí. Não era Beatles assim como essa lançada essa semana também não é Beatles. E nem tampouco é a última música dos Beatles. Tudo tem um fim na vida e a trajetória dos Beatles acabou em 1970. O resto é jogada de marketing. 

Assim, para concluir, como eu definiria esse novo lançamento? Muito simples. É uma música que John Lennon compôs nos anos 1970. Era uma música interessante a ponto dele fazer uma demo, mas não tão boa a ponto dele incluir em algum de seus discos da carreira solo. Agora ela foi melhorada pelos velhos amigos Paul e Ringo. E pronto, nada muito além disso. Não me venha com esse papo furado dos Beatles que no meu caso definitivamente não cola mais!

Pablo Aluísio.