sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Uma Lição Para não Esquecer

Excelente filme dirigido pelo ator Paul Newman. Ele interpreta Hank Stamper, o filho mais velho de uma família de lenhadores. O pai Henry Stamper (Henry Fonda) é um sujeito austero, rígido, durão, que não admite que seus filhos demonstrem qualquer sinal de moleza. Ele impõe praticamente um regime militar dentro de sua própria casa. Todos os dias acorda toda a família às quatro da manhã para que eles estejam ao amanhecer na floresta, derrubando árvores. Se orgulham dessa forma de viver, como trabalhadores honestos que ganham a vida com o suor do próprio rosto. Quando uma greve de madeireiros explode na região os Stampers se recusam a descumprir seus contratos, parando o serviço e por isso decidem  continuar a trabalhar no dia a dia, como sempre fizeram. Isso acaba criando uma tensão com o sindicato de trabalhadores que começa a promover atos de sabotagem contra a família. Eles porém não estão dispostos a mudarem seu ponto de vista e vão até o final para levar a madeira até os depósitos da empresa que os contrataram. Para complicar ainda mais a situação do clã a volta do caçula Leeland Stamper (Michael Sarrazin), após passar vários anos fora cursando uma universidade, embaralha a já complicada situação familiar dentro da casa dos Stampers. Para o patriarca Henry aquela seria uma visita inesperada que ele agora terá que lidar da melhor maneira possível.

O roteiro do filme é baseado no best-seller do autor Ken Kesey. Em sua obra ele criou um retrato da típica família operária da sociedade americana. Os valores da classe trabalhadora são colocados em choque com os ideais do sindicato da região. Para os Stampers aqueles sindicalistas não passariam de comunistas disfarçados e eles não estariam dispostos a abrirem mão de sua ética de trabalho, descumprindo os contratos que assinaram. O núcleo familiar dos Stampers é formado por excelentes atores. O velho Henry Fonda é o patriarca. Ele passa praticamente o filme inteiro engessado após sofrer um sério acidente na floresta. Isso em nada tira sua visão de vida. Mesmo afastado do trabalho ele faz questão que seus filhos continuem a rotina dura de acordar de madrugada para passar o dia inteiro no meio da floresta derrubando árvores. O caçula da família é Leeland (Sarrazin), um jovem com outra visão de vida. Ele passou vários anos fora, estudando numa universidade, porém desempregado na grande cidade acaba voltando para o antigo lar, para trabalhar ao lado dos irmãos na floresta, um trabalho duro, onde apenas os fortes sobrevivem. Como viveu na cidade grande ele tem uma visão mais liberal do mundo, o que contrasta com seus irmãos mais rudes, que vivem da floresta. Por fim Paul Newman consegue demonstrar que também tinha grande talento para a direção. Ele criou um filme extremamente bem realizado que ganha muitos pontos positivos por causa da narrativa e das excelentes sequências na floresta, principalmente nas cenas mais impactantes, como por exemplo quando seu irmão no filme, Joe Ben (Richard Jaeckel), fica preso embaixo de um enorme tronco de árvore pesando algumas toneladas. Ele tenta de todas as formas salvar sua vida, mas a força da natureza acaba vencendo todos os seus esforços. O melhor porém vem na última cena do filme, com um maravilhoso toque de humor negro que fecha com chave de ouro essa excelente produção assinada pelo grande Paul Newman em um dos melhores momentos de toda a sua carreira.

Uma Lição Para não Esquecer (Sometimes a Great Notion, EUA, 1970) Direção: Paul Newman / Roteiro: John Gay, baseado na obra de Ken Kesey / Elenco: Paul Newman, Henry Fonda, Michael Sarrazin, Lee Remick, Richard Jaeckel / Sinopse: A família Stamper é formada por lenhadores. Quando o sindicato da categoria resolve fazer uma greve na região do Oregon eles se recusam a participar do movimento. Isso acaba criando uma tensão entre os Stampers e os demais trabalhadores, mas engana-se quem pensa que eles vão dar o braço a torcer pela pressão que sofrem. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Música e Melhor Ator Coadjuvante (Richard Jaeckel).

Pablo Aluísio.

Pergaminho Fatídico

Título no Brasil: Pergaminho Fatídico
Título Original: Plunder of the Sun
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: John Farrow
Roteiro: Jonathan Latimer, David Dodge
Elenco: Glenn Ford, Diana Lynn, Patricia Medina, Francis L. Sullivan
  
Sinopse:
O americano Al Colby (Glenn Ford) vai para Cuba. Ele pretende encontrar novas oportunidades de negócios. As coisas porém acabam dando errado e ele termina sem dinheiro em Havana. Justamente quando tudo parecia perdido ele é procurado por um misterioso homem que lhe oferece um serviço. Ele deverá viajar até o México levando consigo uma preciosidade arqueológica encontrada em ruínas antigas. São três páginas de pergaminho antigo e uma valiosa peça de jade que parece contar a chave para a decifração do que está escrito naquelas antigas folhas. Por mil dólares Colby aceita realizar a jornada. Ele só não contava que seria perseguido por inúmeras pessoas que também tentariam de todas as formas colocar as mãos naquele que pode ser um mapa ou guia para encontrar uma verdadeira fortuna, um tesouro antigo escondido pelos povos nativos dos conquistadores espanhóis no século XV.

Comentários:
Na era de ouro do cinema clássico americano não só se produziam grandes filmes, produções realizadas para marcar época. Hollywood sempre foi uma indústria cultural e como tal havia também um segmento direcionado principalmente para a pura diversão do grande público. Esse "Plunder of the Sun" se enquadra bem nessa última categoria. O filme em si é uma aventura embalada por um trama bem ao estilo do cinema noir (nesse período já em franca decadência). A mistura ora funciona, ora deixa bastante a desejar. O enredo gira em torno desse manuscrito que supostamente poderia indicar a localização exata de um grande tesouro que pertenceu a uma civilização antiga. Quando a Espanha começou a dominar as vastas terras que iriam se transformar no futuro México, muitos desses povos nativos foram simplesmente exterminados. Para se proteger os monarcas mandaram esconder ricos tesouros com ouro, prata e demais riquezas minerais. De certa maneira é uma derivação do velho mito do Eldorado aqui adaptado para o tempo em que o filme foi lançado (na primeira metade da década de 1950). Claro que filmes assim hoje em dia soam bem datados ainda mais depois que o cinema americano voltou a explorar esse gênero com produções ao estilo "Indiana Jones". A comparação obviamente é desproporcional, porém serve bem para dar uma ideia do que o espectador encontrará pela frente. Do cinema noir verá mulheres fatais, mentirosas, que só contam inverdades para colocar as mãos no pergaminho. Do gênero aventura fará um passeio bem interessante por ruínas das civilizações pré-colombianas. É curioso, até prende a atenção, mas no geral não passa mesmo de uma produção B realizada para faturar bem nas matinês. Um passatempo divertido, acima de tudo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Confissões de um Espião Nazista

Título no Brasil: Confissões de um Espião Nazista
Título Original: Confessions of a Nazi Spy
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Anatole Litvak
Roteiro: Milton Krims, John Wexley
Elenco: Edward G. Robinson, George Sanders, Francis Lederer, Paul Lukas, Henry O'Neill,  Dorothy Tree

Sinopse:
Um americano de origem alemã, desempregado e precisando ganhar dinheiro para sustentar sua família, aceita fazer serviços de espionagem para a Alemanha nazista de Hitler. Assim começa a passar informações militares dos Estados Unidos para espiões do III Reich, o que leva o agente do FBI Edward Renard (Edward G. Robinson) a abrir uma investigação para descobrir todo o aparato de espionagem.

Comentários:
Bom filme que fica ainda melhor se levarmos em conta alguns fatos históricos importantes. O primeiro deles é saber que essa produção foi realizada em 1939, ou seja, antes dos Estados Unidos entrarem na II Guerra Mundial. O nazismo naquela época era visto como algo absurdo pelos americanos, mas o governo do país não parecia disposto a entrar em mais um conflito de proporções épicas, onde muitos soldados e militares iriam morrer nos campos de batalha da Europa (algo que havia acontecido na I Guerra e que o povo americano não queria ver se repetir). Assim como Chaplin em "O Grande Ditador" esse filme também não perde tempo, se posicionando claramente contra o regime nazista, colocado aqui como vilão. O roteiro também chama bastante a atenção por não ter uma linha narrativa tão tradicional, ao invés disso segue por um estilo do tipo mosaico, com inúmeros personagens dispersos que depois vão se encontrar já perto do final do filme em um mesmo momento da trama. O ator Edward G. Robinson interpreta um agente do FBI, mas só aparece bem depois, quando todo o esquema de espiões de Hitler já se encontra bem montado e funcionando. O ator aliás foi peça central na produção desse filme já que a Warner tinha receios de produzir algo tão incisivo.  Robinson porém estava decidido em bater de frente com a ideologia nazista e nem pensou duas vezes em enfrentar Hitler e seus seguidores, pelo menos no cinema. Fica assim a lição de história e de bom cinema, onde a sétima arte foi colocada à serviço de bons ideais.

Pablo Aluísio.

Filhos do Desprezo

Título no Brasil: Filhos do Desprezo
Título Original: Juvenile Court
Ano de Produção: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: D. Ross Lederman
Roteiro: Michael L. Simmons
Elenco: Paul Kelly, Rita Hayworth, Frankie Darro, Hal E. Chester, Don Latorre, Richard Selzer

Sinopse:
Após a condenação de um jovem delinquente à pena de morte, o defensor público Gary Franklin (Paul Kelly) promete a si mesmo não mais falhar no tribunal. Ele fica frustrado até o surgimento de um novo caso, envolvendo um jovem acusado de um crime que não cometeu.

Comentários:
Bom filme de tribunal. Hoje em dia a grande atração para os cinéfilos que gostam de filmes clássicos é a presença de uma ainda bastante jovem Rita Hayworth no elenco. Ela interpretava a irmã de um jovem acusado de um crime do qual seria inocente. Quando o filme foi rodado um dos produtores sugeriu que Rita pintasse seu cabelo de loiro porque sua personagem fazia parte de uma família de imigrantes holandeses em Nova Iorque. O teste de câmera não ficou bom, por essa razão ela acabou aparecendo com seus longos cabelos negros que iriam virar sua marca registrada em Hollywood. Esse filme foi recentemente relançado nos Estados Unidos em um box com várias outras produções envolvendo o tema da delinquência juvenil. Por lá os jovens eram julgados como criminosos comuns, adultos, não havendo espaço para a proteção da lei contra menores de idade. O roteiro até que abre margem para um debate maior sobre esse tema, mas se concentra mesmo nos aspectos jurídicos do crime cometido pelo jovem acusado. Um bom filme, curtinho, mas bem eficiente. Além disso trouxe um dos primeiros trabalhos de Rita Hayworth que muito em breve iria se tornar uma das grandes estrelas de Hollywood.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

A Herança do Deserto

Título no Brasil: A Herança do Deserto
Título Original: Heritage of the Desert
Ano de Produção: 1932
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Zane Grey, Harold Shumate
Elenco: Randolph Scott, Sally Blane, J. Farrell MacDonald, David Landau, Gordon Westcott, Guinn 'Big Boy' Williams

Sinopse:
Adam Naab (J. Farrell MacDonald) é um fazendeiro, antigo bandoleiro e pistoleiro, que tem ambições de dominar todo o condado em que vive no Arizona. Ele tenta comprar as terras do rancheiro Jack Hare (Randolph Scott), mas esse se recusa a vender seu rancho. Pior do que isso, Naab deseja também a garota de Jack. Com isso a situação vai se tornando cada vez mais tensa até o inevitável duelo final.

Comentários: 
Depois de vários filmes mais sofisticados, chiques, produções do tipo "bolhas e champagne", finalmente Randolph Scott foi contratado para atuar em um faroeste. "A Herança do Deserto" de  Henry Hathaway trazia Randolph Scott como um cowboy envolvido bem no meio de uma disputa de terras no velho oeste americano. Ele fotografou muito bem com seus trajes de pistoleiro. O roteiro também foi um presente pois era bem escrito, com cenas marcantes. Produzido pela Paramount Pictures, filmado no próprio rancho da companhia, esse foi o primeiro grande sucesso de bilheteria de sua carreira. Um filme bem importante, que determinaria os rumos da filmografia do ator nas próximas décadas. O interessante é que por essa época Scott ainda não havia decidido se dedicar apenas aos filmes de faroeste. Ele tinha a ideia de apenas esporadicamente participar desse tipo de filme, porém com o tempo ele foi percebendo que as bilheterias de seus filmes de western eram bem superiores aos dos dramas e romances. Assim viu que o público o queria ver mesmo em trajes de cowboy, caminho do qual iria se dedicar mais com o passar dos anos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Matá-lo

Título no Brasil: Matá-lo
Título Original: ¡Mátalo!
Ano de Produção: 1970
País: Espanha, Itália
Estúdio: Rofima Cinematografica
Direção: Cesare Canevari
Roteiro: Nico Ducci, Eduardo Manzanos Brochero
Elenco: Lou Castel, Corrado Pani, Antonio Salines

Sinopse:
Uma quadrilha de bandoleiros e ladrões de bancos e trens resgata um dos seus comparsas e depois parte para uma nova onda de crimes. Seu alvo é uma diligência que está carregando ouro e prata. Logo após o roubo são cercados pelo xerife e decidem fugir para o deserto onde finalmente encontram seu trágico destino...

Comentários:
Filme espanhol que surfa na onda do western spaghetti. Esse aqui procura misturar elementos do velho oeste com um roteiro que explora até mesmo o mundo do sobrenatural. Acontece que os bandidos vão parar em uma cidade fantasma perdida no meio do deserto. A desolação é completa. Nesse lugar não existe nenhuma alma viva a não ser uma velha misteriosa que surge nas sombras, trazendo maldições e terror para os bandoleiros que chegam por lá. A fita é estrelada pelo colombiano Lou Castel. Ator (e também diretor), foi muito produtivo na era do cinema italiano, chegando ao recorde de ter trabalhado em nada mais, nada menos, do que 150 filmes! Provavelmente um recorde mundial na época. Noventa por cento desses filmes de faroeste nunca foram lançados no mercado brasileiro, com algumas exceções, é claro. Entre seus filmes mais conhecidos por aqui estão "Gringo" de 1967 e o clássico "O Leopardo" onde ele fazia apenas uma pequena participação. Esse "Matá-lo" acabou sendo assim um dos destaques de sua filmografia, chegando a ser lançado nos cinemas brasileiros no começo dos anos 70.

Pablo Aluísio.

O Preço do Poder

Título no Brasil: O Preço do Poder
Título Original: Il prezzo del potere
Ano de Produção: 1969
País: Itália, Espanha
Estúdio: Patry Film, Films Montana
Direção: Tonino Valerii
Roteiro: Massimo Patrizi
Elenco: Giuliano Gemma, Warren Vanders, María Cuadra, María Luisa Sala, Ángel Álvarez, Norma Jordan

Sinopse:
Bill Willer (Giuliano Gemma) é um agente especial da agência de detetives Pinkerton que é enviado para o deserto do Texas, numa região bem isolada e remota, para investigar a morte do presidente James Garfield em 1881. Depois das primeiras investigações ele descobre uma enorme teia de conspirações envolvendo assassinos profissionais e políticos desonestos e gananciosos.

Comentários:
Segundo os produtores desse western spaghetti o roteiro era baseado nos acontecimentos que levaram ao assassinato do presidente JFK em Dallas. Até aí tudo bem, o problema histórico porém é que o enredo da fita se passava no século XIX. Assim usou-se a morte de outro presidente norte-americano, James Garfield, para se fazer uma grande mistureba de eventos, fatos e conspirações históricas, tudo junto e misturado! Quem gosta de spaghetti western porém não haverá muito do que reclamar pois a receita e a fórmula desse tipo de produção é seguido à risca, inclusive com aquelas trilhas sonoras bem marcantes, muitos tiros e violência estilizada. Uma das coisas que mais me chamaram a atenção foi a atuação de Giuliano Gemma. Embora fosse um ator bem apessoado, sempre notei uma certa indiferença dele em cena. Seria pura omissão ou falta de um talento maior em termos dramáticos? Isso fica a critério de cada um descobrir.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

As 3 Espadas de Zorro

Título no Brasil: As 3 Espadas de Zorro
Título Original: Le Tre Spade di Zorro
Ano de Produção: 1963
País: Itália, Espanha
Estúdio: Hispamer Films, Rodes Cinematografica
Direção: Ricardo Blasco
Roteiro: Mario Amendola
Elenco: Guy Stockwell, Gloria Milland, Mikaela, Giuseppe Addobbati, Franco Fantasia, Juan Luis Galiardo

Sinopse:
A história se passa em 1830, no ano da independência do México. Um grupo de tirânicos governantes decide impor à população mais pobre e humilde um governo de opressão e tirania. Apenas um homem parece disposto a lutar pelos mais humildes, um cavaleiro de capa e espada chamado Zorro! Mas quem estaria por trás daquela máscara?

Comentários:
O famoso personagem Zorro também foi explorado dentro do western spaghetti! Esse filme é uma adaptação italiana de suas aventuras. Para dar uma impressão de que se tratava de um filme feito em Hollywood os produtores contrataram o ator norte-americano Guy Stockwell. Com longa experiência na TV, onde atuou em várias séries ao longo dos anos, Stockwell resolveu cruzar o Atlântico para dar vida a esse justiceiro negro, de capa e espada, tão cultuado dentro da cultura pop. Até que não ficou tão mal. O filme obviamente não pode ser comparado às produções americanas da mesma época, que contavam com maiores recursos e orçamentos mais milionários. Mesmo assim esse filme funciona até muito bem se você é fã do Zorro. Curiosamente em 1972 um filme chamado "Les aventures galantes de Zorro" usou várias cenas desse filme como pano de fundo! A produtora Hispamer Films estava indo à falência, por essa razão usou vários cenas rodadas para essa produção para suprir a falta de dinheiro para um novo filme sobre o Zorro. Oportunismo puro, claro.

Pablo Aluísio.

A Marca do Zorro

Título no Brasil: A Marca do Zorro
Título Original: Zorro
Ano de Produção: 1975
País: França, Itália
Estúdio: Les Productions Artistes Associés
Direção: Duccio Tessari
Roteiro: Giorgio Arlorio
Elenco: Alain Delon, Stanley Baker, Ottavia Piccolo

Sinopse:
Don Diego (Alain Delon) chega em uma nova província espanhola na Califórnia. O lugar está sob poder do tirano e corrupto Coronel Huerta. Para despitar ele se mostra perante todos como um sujeito fraco e que não representa ameaça, mas durante as noites se transforma no Zorro, um justiceirot implacável contra os crimes do Coronel.

Comentários:
Que tal ver o famoso galã francês Alain Delon como o Zorro? Pois foi justamente isso que aconteceu em meados dos anos 70. Com uma produção muito boa, bem acima da média, os produtores franceses cobriram o mais popular ator do país com a capa e a máscara do Zorro. O resultado ficou muito bom. Para muitos fãs do Zorro aliás esse é certamente um dos melhores filmes feitos sobre o personagem. Embora tenha sido intitulado como "A Marca do Zorro" essa não é uma refilmagem do clássico com Tyrone Power e nem tampouco uma adaptação literal do livro original que deu ínicio a saga do famoso mascarado. Na verdade o filme traz uma história própria, muito bem escrita, mostrando o Zorro lutando contra a corrupção e a tirania de uma caudilho local. Como toda produção europeia desse estilo o filme tem um acentuada dose de bom humor, mas que não chega a atrapalhar. Como diversão o filme funciona excepcionalmente bem e passa longe de decepcionar os fãs de longa data do Zorro. Um filme que realmente fez jus a esse famoso personagem da cultura pop, com ótimas cenas de luta de espadas, mostrando que Delon era também um bem treinado espadachim. Enfim, "A Marca do Zorro" é diversão garantida para todas as idades.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de agosto de 2017

Drácula - Bram Stoker

É mais do que interessante ler um livro como esse. Isso porque tendo sido escrito em 1897, em plena era vitoriana, ele captou para suas páginas grande parte da sensualidade da época. Sim, o livro "Drácula" é muito sensual, embora poucas pessoas parem para pensar sobre isso. O texto continua tão atual como se tivesse sido escrito hoje! O romance é tão moderno que não me admira em nada ter sido tão copiado e adaptado pelo cinema ao longo de todas essas décadas.

O enredo é clássico. Jonathan Harker é um jovem, ainda começando em sua carreira, que decide acertar de todas as maneiras. Para isso ele geralmente é enviado para serviços que ninguém mais quer em seu escritório, como ir na distante Romênia acertar os detalhes de compra e venda de um imóvel com um conde misterioso e recluso. O que ele nem desconfia é que o nobre é na verdade um ser da noite, um vampiro que vive nas sombras em busca de sangue humano para continuar vivo. O detalhe importante aqui é que Stoker criou um novo monstro, uma mistura de referências históricas, folclore e terror de sua época. Drácula tem um pouco de Jack, o Estripador, da condessa Elizabeth Báthory e de lendas do leste europeu envolvendo corpos sendo desenterrados com sangue escorrendo por suas bocas. Um toque de mestre que tornou sua criação imortal.

Como já escrevi o livro Drácula é muito sensual. Veja essa passagem escrita por Stoker onde ele recria o diário pessoal do personagem Harker. Após ser atacado por três vampiras em uma parte antiga do castelo de Drácula ele escreve: "Eu podia sentir o toque macio de dois dentes afiados, com tremores dos lábios, na pele muito sensível da minha garganta. Eu fechei meus olhos e num êxtase sensual esperei e esperei, com o meu coração batendo". É a descrição de um ataque de uma vampira mas também poderia servir para descrever o encontro de dois amantes no meio da noite. Nesse momento do livro Stoker demonstra que o horror pode ser tão sensual como uma cena de amor. O suspense não provém da picada do dente do vampiro mas sim de sua aproximação e da ansiedade que isso causa no personagem. 

Outro ponto interessante do texto de Stoker é que ele nunca poupa o leitor das cenas mais fortes, repletas de sangue. Isso ia de certa forma contra o bom gosto da era vitoriana, onde tudo era muito pudico, recatado e casto. Tornar algo assim tão explícito e visceral era algo completamente novo na literatura. Ele descreve tudo com riqueza de detalhes, inclusive no momento em que Lucy vai se transformando também em uma vampira: "Ela se contorcia dentro do caixão. Um grito de gelar o sangue veio então de seus lábios vermelhos abertos. O corpo tremia e tremia em selvagens contorções. Seus dentes agora afiados cortavam a carne de seus lábios. Sua boca surgia com uma espuma de carmesim". Como se pode perceber nenhum detalhe é deixado de lado.

Outro aspecto interessante do livro é que Stoker faz questão de desenvolver muito bem suas personagens femininas. Mina Murray é um exemplo perfeito disso. Ela tem força e personalidade marcante e sua presença é vital no desenvolvimento da trama. Ela não está lá apenas para ser atacada pelo conde, muito pelo contrário. Stoker lhe dá voz, atitudes e a coloca no centro de tudo, de forma privilegiada. Também é retratada como uma mulher inteligente e com muita desenvoltura se torna uma das principais narradoras dos acontecimentos.

De muitas maneiras Mina é a verdadeira heroína do enredo. Ela tem plena consciência que seus registros serão importantes e por isso compartilha todas as informações que pode sobre Drácula. O vampiro é praticamente seu objeto de estudo. Quando ela é mordida e começa a se tornar uma vampira seus textos se tornam uma valiosa contribuição para os que começam a caçar a criatura da noite. Essas informações se tornam valiosas pois permitem aos caçadores do vampiro anteceder seus movimentos, quando finalmente o encurralam no momento mais crucial do livro.

Nesse aspecto Mina é um belo contraste com sua amiga Lucy, que se caracteriza por sua falibilidade. Mina luta, combate, enquanto Lucy é a típica personagem feminina que está ali para ser atacada pelo vampiro. Lucy é o símbolo de uma vítima indefesa, a donzela em perigo, tão típica dos romances da era vitoriana. Mina é a nova mulher, ciente de si e de seu potencial, Lucy é a mocinha que cai nas garras do monstro cruel.

Assim Bram Stoker conseguiu trazer inovações em seu romance Drácula ao mesmo tempo em que mantinha um padrão que não assustasse demais seus leitores. Foi inovador e conservador com raro brilhantismo. O escritor nunca quis dar continuidade para seu livro, que para ele era uma obra pronta e acabada, bem fechada em seus objetivos. O que ele não anteviu é que na realidade havia criado toda uma nova mitologia de terror, todo um universo que iria se expandir infinitamente nos anos que viriam. Seu texto é muito rico porque consegue atrair tanto os leitores modernos de hoje, como seus contemporâneos quando o livro foi lançado. Por sua qualidades intemporais e atemporais, Drácula vai permanecer pelos séculos que virão como um clássico do horror eterno.

Pablo Aluísio. 

Tex

Esse é um dos personagens de quadrinhos mais longevos que se conhece. No Brasil Tex é publicado desde os anos 50, sem interrupções. Mesmo com a mudança de editoras ao longo dos anos a publicação segue em frente, estando atualmente acima do número 500! O interessante é que apesar de suas histórias se passarem no oeste americano, em pleno avanço dos colonizadores rumo ao desconhecido e sendo Tex um autêntico Texas ranger, esses quadrinhos não nasceram nos Estados Unidos, mas sim na Itália!

De fato o personagem foi criado pela dupla formada por   Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Gallepini. Eles aproveitaram a moda dos chamados filmes italianos de western (Western Spaghetti) e lançaram as estórias do Tex nas bancas, em revistas em branco e preto, com enredos simples e uma arte realmente caprichada. O sucesso na Itália fez com que os quadrinhos fossem publicados em outros países, inclusive o Brasil, onde fez sucesso imediato. O preço promocional (atualmente uma revistinha custa menos de 10 reais) também ajudou no êxito de vendas.

No Brasil também tivemos o sucesso dos chamados bolsos de livros (bolsilivros) que tinham praticamente o mesmo preço de capa dos quadrinhos de Tex, mas ao contrário desse, não era baseado na nona arte, mas sim em pura literatura, em um tipo de publicação que foi também muito popular no Brasil. Hoje em dia o jovem fã de faroestes pode-se perguntar se valeria a pena começar a ler Tex, já que suas publicações estão mais do que avançadas (afinal já foram lançadas mais de 500 edições só no Brasil). Não há problemas. As estórias de Tex não seguem uma cronologia fixa e geralmente seus arcos narrativos são fechados, sem a preocupação da continuidade (que atinge praticamente todos os super-heróis da DC e Marvel).

Há recentes publicações no Brasil de bonitos encadernados, com enredos compilados, facilitando bastante a vida dos que desejam acompanhar as aventuras do ranger dos quadrinhos. Esses encadernados são obviamente bem mais caros do que as tradicionais revistas mensais, porém valem a pena pela praticidade e também pela beleza pois ficam extremamente bonitos dentro de uma coleção de quadrinhos. Assim deixamos a dica para você também começar a acompanhar Tex e suas histórias, uma tradição que se mantém e firme e forte, apesar de todos esses anos passados.

Pablo Aluísio.

Ed Gein

Quem foi Ed Gein? Ele foi um dos assassinos em série mais infames da história dos Estados Unidos. E deu origem na cultura pop a diversos personagens de filmes de terror como "psicose" e o "Massacre da Serra Elétrica". Até mesmo em revistas em quadrinhos ele foi usado. Era algo bizarro. O homem real porém tinha um jeito menos espalhafatoso. Ele era considerado estranho na cidade onde vivia, mas ninguém poderia supor que ele fosse um serial killer tão insano.

Ed Gein foi criado numa fazenda isolada na pequena cidade onde ele nasceu. Meio-oeste americano, lugar de gente desconfiada e arredia. Sua mãe era uma fanática religiosa. Sempre colocando o jovem Ed embaixo de suas asas, falando de forma ininterrupta sobre pecado, culpa e inferno.

Quando ela morreu, alguns anos depois, Ed Gein ficou completamente sozinho no mundo. Ele já aparentava ter sinais de doença mental, porém enquanto a mãe era viva ele se mantinha na linha. Após a morte dele não houve mais limites ou barreiras. Ele então começou a apresentar atitudes de gente maluca. Desenterrava corpos de mulheres no cemitério local, durante as madrugadas, e levava para casa, para sua coleção de pedaços de corpos humanos. Gein passava dias desmembrando esses corpos, arrancando pedaços para usar numa espécie de artesanato da morte!

Sem distinguir entre realidade e loucura ele logo começou a matar. Matou uma senhora que trabalhava em um pequeno comércio de sua cidade. A esquartejou e depois a pendurou como se fosse uma carcaça de gado em um frigorífico. A sua fama de louco atroz aconteceu quando a política chegou em sua fazenda e encontrou um show de horrores. Abajures feitos de pele humana, corpos em pedaços por todas as partes, rostos de suas vítimas costurados como se fossem uma máscara e utensílios de uso doméstico que eram na verdade crânios de suas vítimas. Ed Gein foi levado e ficou preso até o fim de seus dias. E deixou um legado de horror que foi depois capturado pela cultura do cinema, da literatura e dos livros de pulp fiction.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de agosto de 2017

O Cinema de Steven Spielberg

A primeira boa oportunidade que apareceu para Spielberg no começo de sua carreira foi ser escolhido pelos estúdios Universal para dirigir "Encurralado". Era um telefilme, mas ao mesmo tempo era uma chance de trazer algo novo, que chamasse a atenção de público e crítica. Até esse momento Spielberg havia se dado bem dirigindo episódios de séries populares de TV como "Galeria do Terror" e "Columbo". Era necessário agora impressionar positivamente os executivos da Universal, para quem sabe, ter a possibilidade de dirigir seu primeiro filme para o cinema. Spielberg não queria passar o resto de sua carreira na telinha da TV, ele tinha planos mais ambiciosos para sua vida profissional.

Com roteiro escrito por Richard Matheson e um bom elenco que contava com os atores Dennis Weaver, Jacqueline Scott e Eddie Firestone, a trama de "Encurralado" (Duel, 1971) não parecia grande coisa. Um técnico em computação que de repente se via em uma situação limite ao ser perseguido por um enorme caminhão pelas estradas. Basicamente tudo se resumia em ser um thriller de ação. Para Spielberg porém esse enredo trazia muitas possibilidades, principalmente em usar takes e enquadramentos fora do comum. Assim ele foi para a estrada com sua equipe técnica e realizou um ótimo filme - sem exagero algum! É a tal coisa, se Spielberg queria chamar a atenção com seu primeiro filme, ele conseguiu. A crítica adorou, a tal ponto que Spielberg conseguiu uma indicação ao prêmio de Melhor Telefilme do ano no conceituado Globo de Ouro. Era uma estreia acima da média. Chegou inclusive a ser exibido nos cinemas brasileiros na época. 

Depois desse primeiro telefilme Steven Spielberg tinha planos de tentar algo no cinema, finalmente, mas enquanto um bom roteiro não chegava em suas mãos ele aceitou o convite para dirigir "A Força Do Mal", outra produção a ser exibida na televisão. Era um filme de terror, usando elementos mais tradicionais, mostrando um jovem casal tendo que lidar com forças sobrenaturais na casa para onde se mudaram. Ecos de Poltergeist se viam em todo o desenrolar da história, mas obviamente era uma produção bem mais modesta, com pouca semelhança do famoso filme de terror que iria ser produzido pelo próprio Spielberg dez anos depois.

Ainda houve mais um telefilme no ano seguinte chamado "Savage". Esse último telefilme de Spielberg já tinha traços maiores de inovação. A trama era baseada na estória de um repórter investigativo que descobria a existência de fotos comprometedoras de um juiz que acabara de ser indicado para a suprema corte do país. No elenco estava o grande ator Martin Landau, em mais um boa interpretação. Foi uma boa experiência, mas Spielberg queria deixar o espaço reduzido da TV, para dirigir seu primeiro filme no cinema. Algo que em breve iria finalmente acontecer.

Pablo Aluísio.

Al Pacino e Michelle Pfeiffer

Fazer "O Poderoso Chefão III" foi realmente marcante, mas Pacino ficou bem chateado com as críticas negativas. O curioso é que as críticas não atingiram o seu trabalho como ator no filme, mas sim outros aspectos da produção, como seu roteiro e alguns coadjuvantes que ficaram devendo. Mesmo assim o ator ficou bem contrariado.

Ele esperava que o terceiro filme dessa franquia marcasse a história do cinema como os dois filmes anteriores. Só que isso não aconteceu. O filme também foi menosprezado pela Academia. Quem estava esperando uma chuva de premiações no Oscar ficou realmente a ver navios. Nada aconteceu como era previsto.

Por isso o ator decidiu por um filme bem leve depois da experiência de fazer "O Poderoso Chefão III". A nova produção se chamava "Frankie & Johnny" e era sobre um romance envolvendo um cozinheiro e uma garçonete de uma lanchonete daquelas bem populares nos Estados Unidos. Gente comum retratada no cinema.

Para contracenar ao seu lado o estúdio contratou a linda Michelle Pfeiffer. Todos ainda tinham na cabeça sua performance como a Mulher-Gato, lançado nesse mesmo ano. O sucesso do filme do Batman, acabou, quem diria, levantando e muito a bilheteria desse filme despretensioso, um mero romance sobre duas pessoas do dia a dia. Pacino ficou duplamente feliz com o resultado do filme. E adorou trabalhar novamente ao lado de Michelle Pfeiffer. Afinal eles já tinham feito uma ótima parceria no começo dos anos 80 no filme "Scarface" de Brian De Palma.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Nicole Kidman - Primeiros Filmes

Terror a Bordo (1989) 
O primeiro filme com Nicole Kidman a ter sucesso internacional foi essa produção australiana chamada "Terror a Bordo". Era um suspense dirigido pelo cineasta veterano Phillip Noyce. O roteiro contava a estória de suspense e terror passada em um veleiro, no meio do oceano. O filme chamou a atenção da crítica internacional, ganhou status de cult movie e abriu as portas de Hollywood para a atriz.

Dias de Trovão (1990)
O primeiro filme de repercussão internacional que a atriz participou foi esse "Dias de Trovão". Foi a primeira grande produção da carreira da atriz que contracenava com o astro e ídolo Tom Cruise. O romance dos personagens acabou passando para fora das telas e Nicole e Cruise começaram a namorar, em um dos romances mais badalados dos anos 90. Romance esse que iria virar casamento que infelizmente não iria terminar muito bem, anos depois. "Dias de Trovão" foi dirigido por Tony Scott que em suas próprias palavras quis realizar um "Ases Indomáveis com carros de corrida"

Flertando - Aprendendo a Viver (1990)
Depois do blockbuster "Dias de Trovão", ao lado do namorado Tom Cruise, Nicole resolveu alisar seus cabelos que chamavam a atenção por causa de seus longos cachos ondulados, para atuar nesse pequeno filme independente chamado "Flirting", dirigido por John Duigan. O filme se passava todo em um ambiente escolar nada saudável. A produção australiana foi premiada em seu país, pelo Australian Film Institute, ganhando uma boa receptividade por parte da crítica internacional de um modo em geral.

Billy Bathgate: O Mundo a Seus Pés (1991)
Filme passado na era dos grandes gangsters americanos. Nicole Kidman interpretou uma personagem chamada Drew Preston, em um papel não muito significativo. Foi complicado para a atriz se sobressair em um elenco com tantos astros como Dustin Hoffman e Bruce Willis. Dirigido pelo cineasta Robert Benton, o filme não conseguiu fazer sucesso, ficando no meio do caminho. Com orçamento milionário o filme foi mal nas bilheterias. Uma das poucas coisas boas, segundo a crítica da época de lançamento da produção, era justamente a presença de Kidman, que com figurino de época ficou ainda mais bonita e glamorosa.

Pablo Aluísio.