quinta-feira, 18 de maio de 2017

Desejo Humano

Filme noir, dirigido pelo mestre do estilo Fritz Lang, que adaptou um romance de outro mestre, só que esse da literatura, Émile Zola. O centro de tudo é um perigoso triângulo amoroso envolvendo uma mulher casada, seu marido brutal e violento, e um veterano da guerra da Coreia que agora está de volta aos Estados Unidos, tentando recomeçar a vida como maquinista de trens. A mulher é uma especialista em manipulação de homens, que com sua sensualidade vulgar atrai todos eles para suas armadilhas. Quando o marido é demitido da empresa ferroviária, Vicky acaba convencendo seu patrão a readmiti-lo, usando para isso de seus dotes femininos. O envolvimento porém desanda para o crime, quando o marido enciumado resolve matar seu amante de ocasião. E o crime é cometido em uma viagem de trem que para o azar de Jeff Warren (Glenn Ford) acontece bem perto de onde ele se encontrava.

A partir daí temos o de praxe. A polícia investiga o crime, tenta chegar no verdadeiro assassino, mas sem muito sucesso. Jeff junta as peças do quebra cabeças e descobre que Vicky (Gloria Grahame), a esposa infiel, muito provavelmente está por trás de tudo. Ela, por sua vez, nem pensa duas vezes e começa a seduzir Jeff, com o propósito nada sutil de que seu novo amante elimine seu marido, já que ela não o suporta mais. É um jogo mortal que envolve sexo, traição e poder. Tudo explorado com o estilo característico do cinema noir, onde as mulheres eram fatais, os homens estavam ali apenas para serem manipulados e o crime acontecia praticamente sem punição.

Hoje em dia o filme é obviamente considerado um cult noir. Isso porém não o isenta de algumas falhas. Considerei o clímax pouco condizente com todo o desenrolar da trama. Tudo me pareceu sem muita carga dramática (que era o mínimo que se esperava). O personagem de Glenn Ford parece um pouco opaco, indo de acordo com a maré, sem demonstrar muita força interior. Em termos de elenco quem realmente se destaca é a atriz Gloria Grahame. Como eu já escrevi sua personagem tem uma dose de sensualidade que beira o vulgar, fazendo jus ao extenso rol de mulheres fatais do cinema noir. Na base da imoralidade completa ela vai seduzindo os homens para agirem de acordo com seus interesses. Enfim, um bom filme, com excelentes nomes envolvidos em sua realização, mas que a despeito disso não consigo considerar um dos melhores já realizados nesse estilo. Mesmo assim, para o cinéfilo, não deixa em nenhum momento de ser uma excelente opção para se assistir.

Desejo Humano (Human Desire, Estados Unidos, 1954) Direção: Fritz Lang / Roteiro: Alfred Hayes, baseado na novela escrita por Émile Zola / Elenco: Glenn Ford, Gloria Grahame, Broderick Crawford, Edgar Buchanan / Sinopse: Mulher sedutora e fatal começa a seduzir um veterano de guerra para que ele mate seu marido, um homem envolvido no assassinato de um executivo da empresa ferroviária.

Pablo Aluísio. 

Estrela do Norte

Título no Brasil: Estrela do Norte
Título Original: The North Star
Ano de Produção: 1943
País: Estados Unidos
Estúdio: The Samuel Goldwyn Company
Direção: Lewis Milestone
Roteiro: Lillian Hellman, Burt Beck
Elenco: Anne Baxter, Dana Andrews, Walter Huston, Erich von Stroheim
  
Sinopse:
Um bucólico e feliz vilarejo ucraniano chamado "Estrela do Norte" é invadido por tropas nazistas durante a II Guerra Mundial. O pacato e rural povo se une então para resistir aos crimes de guerra cometidos pelos alemães. Os mais jovens vão para as colinas, para formar uma milícia de resistência armada e as mulheres, crianças e idosos ficam na vila, mas não sem antes destruir tudo, usando da estratégia de "terra arrasada" para impedir o avanço dos nazistas em direção à Rússia.

Comentários:
A guerra ainda estava indefinida, com os exércitos de Hitler lutando ferozmente na União Soviética, quando o produtor Samuel Goldwyn realizou esse filme. A sua intenção fica clara desde o começo. Judeu de nascimento, o produtor queria chamar atenção do povo americano para o sofrimento que os russos e ucranianos estavam passando naquele momento, lutando bravamente por sua nação e seu país. A estrutura desse filme aliás é bem curiosa. Na primeira parte somos apresentados à vida cotidiana do pequeno vilarejo, sua vida rural, a alegria de seu povo. Há muitas canções e os momentos de felicidade parecem prevalecer. Os jovens estão enamorados e a vida segue feliz. Tudo desmorona quando os primeiros soldados alemães chegam na localidade. Com sua habitual brutalidade os nazistas já chegam metralhando os moradores que encontram pela frente, fazendo de tudo para conter as chamas que se espalham pela pequena cidadela. Acontece que seguindo ordens de Stálin, os moradores tinham que queimar tudo, suas casas, as plantações, matar os animais domésticos, tudo com a finalidade de não deixar nada para os nazistas em termos de acomodações, instalações e comida. Era a política da "terra arrasada" que foi muito eficiente no combate contra as tropas invasoras. Com um viés de solidariedade em relação aos soviéticos, o filme tenta direcionar a opinião pública dos Estados Unidos em prol daqueles povos. Curiosamente a obra depois seria considerada equivocada do ponto de vista político, isso porque com o fim da II Guerra Mundial os comunistas da União Soviética se tornaram os inimigos dos americanos, com o advento da Guerra Fria. Isso porém pouco importa, pois é um bom filme, que inclusive foi indicado a seis prêmios da Academia. Um retrato de uma época de muita luta e resistência contra o avanço nazista.

Pablo Aluísio.


quarta-feira, 17 de maio de 2017

Rio da Prata

Título no Brasil: Rio da Prata
Título Original: Tumbling River
Ano de Produção: 1927
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: Lewis Seiler
Roteiro: Jack Jungmeyer 
Elenco: Tom Mix, Dorothy Dwan, William Conklin, Elmo Billings, Wallace MacDonald, Buster Gardner
  
Sinopse:
Tom Gieer (Tom Mix) é um cowboy que decide deixar os rebanhos de gado de lado para viajar até a Califórnia, em busca de ouro. A região na época estava atraindo grandes massas de homens em busca da fortuna. No começo Tom não consegue ter muito sucesso, mas acaba descobrindo prata em uma das margens do rio. Só que essa sua descoberta acaba atraindo a cobiça de bandidos locais. Agora Tom terá que lutar por suas terras.

Comentários:
Antes do surgimento de John Wayne o grande nome do western americano era Tom Mix. Ele foi um grande astro de filmes de faroeste, atraindo multidões para as salas de cinema da época. Seus filmes eram bem simples, com roteiros feitos para as matinês, com personagens bem delimitados, com o mocinho (geralmente interpretado pelo próprio Tom Mix), uma mocinha, representando o amor de sua vida e vilões, em grande número para que Mix fosse matando ao longo da trama. Esse "Tumbling River" ficou bem popular em seu lançamento porque foi um dos primeiros filmes da Republic a serem rodados em locações, no Novo México, onde se aproveitou toda a beleza da região para dar uma fotografia bonita ao filme. Acabou virando uma espécie de pioneiro do gênero western nesse aspecto. Outro fato digno de nota é que a atriz Dorothy Dwan sofreu um acidente durante as filmagens. A balsa onde ela se encontrava afundou bem no meio do rio e ela só não morreu afogada porque foi salva pelo próprio Tom Mix, que pelo visto era herói também na vida real, fora das telas de cinema.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de maio de 2017

Promessa de Sangue

Título no Brasil: Promessa de Sangue
Título Original: Per 100.000 Dollari T'ammazzo
Ano de Produção: 1968
País: Itália
Estúdio: Zenith Cinematografica
Direção: Giovanni Fago
Roteiro: Ernesto Gastaldi, Luciano Martino
Elenco: Gianni Garko, Carlo Gaddi, Claudio Camaso, Fernando Sancho, Bruno Corazzari, Susanna Martinková
  
Sinopse:
Johnny Forest (Gianni Garko) é um caçador de recompensas que percorre o velho oeste em busca de criminosos procurados. Sempre com cartazes do tipo "procurado vivo ou morto" em mãos, Forest caça impiedosamente os bandidos para ficar com os prêmios por suas capturas. Ao chegar em uma velha cidade empoeirada no meio do deserto texano, ele descobre que seu próprio irmão se tornou um procurado. Assim Forest, que tem contas a acertar com ele por causa do passado, sai em seu encalço pelas areias do deserto. 

Comentários:
Esse bang bang à italiana também é conhecido pelo nome de "Pistoleiros em Conflito". É um típico western spaghetti que coloca em posições opostas dois irmãos. Eles eram de uma família aristocrata no passado, mas tudo foi destruído quando Clint Forest (Claudio Camaso) matou o próprio pai, pelas costas, com um tiro certeiro de rifle. Pior do que isso, ele acusou seu irmão mais velho, Johnny Forest (Gianni Garko), pelo crime. Para não ser preso injustamente Johnny fugiu com seu cavalo, se tornando um caçador de recompensas do velho oeste. Já na primeira cena do filme encontramos Johnny enfrentando um bando de bandoleiros mexicanos. Eles os enfrenta dentro de uma velha igreja abandonada. Quando os bandidos chegam Forest se esconde dentro de caixões para liquida-los. Uma ótima cena, diga-se de passagem. Com todos eles mortos ele chega então numa cidadezinha perdida onde o xerife lhe informa que seu irmão Clint agora também é procurado pela lei. Há uma recompensa de mil dólares por sua captura - nada mal! Acontece que Clint também está envolvido em um roubo de ouro de uma guarnição militar durante a guerra civil. Assim o roteiro tece a teia da trama. Johnny em busca de Clint para prendê-lo e vários criminosos em busca de Clint para colocarem as mãos no ouro roubado. De maneira em geral é realmente um bom faroeste spaghetti, valorizado por uma boa produção e cenas realmente bem boladas - como aquela em que Johnny Forest, o caçador de recompensas, fica pendurado de cabeça para baixo no meio do deserto. Todos os ingredientes da fórmula spaghetti de fazer filmes como o tema da vingança, a trilha sonora sempre eloquente e presente em cada cena e a violência estilizada estão presentes. Vai agradar em cheio aos fãs do estilo. Pode conferir sem receios.

Pablo Aluísio.

Balas de um Bandoleiro

Título no Brasil: Balas de um Bandoleiro
Título Original: Guns of a Stranger
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Robert Hinkle
Roteiro: Charles W. Aldridge
Elenco: Marty Robbins, Chill Wills, Dovie Beams, Bill Coontz, Charles W. Aldridge, Ronny Robbins
  
Sinopse:
Durante uma confusão em sua cidade, o xerife Matthew Roberts (Marty Robbins) acaba matando um jovem aspirante à pistoleiro, um forasteiro de Abilene que estava de passagem pela região. A morte de alguém tão jovem frustra o velho xerife, que decide deixar sua estrela de prata de lado para cavalgar pelo velho oeste. No Arizona ele acaba encontrando uma quadrilha de bandoleiros que está aterrorizando a população local. Em pouco tempo seu instinto de homem da lei aflora novamente e ele resolve então enfrentá-los com armas em punho.

Comentários:
Filme de faroeste dos anos 70 que tenta seguir os passos dos filmes italianos, do famoso gênero Western-Spaghetti. Sinceramente falando, essa influência que veio da Europa é uma das coisas mais curiosas que já aconteceram dentro da indústria cinematográfica americana. Quando os primeiros filmes italianos chegaram no mercado americano eles foram ridicularizados pela crítica, porém com o tempo eles foram conquistando cada vez mais público. O western americano estava em crise e assim acabou copiando muito do estilo do cinema europeu. Os filmes americanos dos anos 70 assim já foram produzidos com essa forte influência, a tal ponto que chegaram até mesmo a perderem um pouco de sua própria identidade. "Guns of a Stranger" tem um roteiro muito eficiente, com trama redondinha, explorando a velha figura (mítica para alguns) dos xerifes do velho oeste. Homens quase sempre retratados como pessoas honestas, acima de qualquer suspeita! Claro que no mundo real não era bem assim - havia certamente xerifes corruptos que se aliavam à criminalidade - porém para o lado mais tradicional do western americano isso quase nunca acontecia (efeitos de uma visão de mundo conservadora e moralista da época). Embora não seja um grande filme, "Guns of a Stranger" pelo menos consegue divertir em certos momentos. O ator Marty Robbins era fraco, o que compromete a fita de uma maneira em geral. Mesmo assim, com esses problemas, ainda vale a pena ser conhecido, mesmo que tudo seja pela mera curiosidade apenas.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Sete Homens e um Destino

Título no Brasil: Sete Homens e um Destino
Título Original: The Magnificent Seven
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Antoine Fuqua
Roteiro: Nic Pizzolatto, Richard Wenk
Elenco: Denzel Washington, Chris Pratt, Ethan Hawke, Vincent D'Onofrio, Peter Sarsgaard, Manuel Garcia-Rulfo
  
Sinopse:
Uma cidade do velho oeste vive sob o jugo de um empresário inescrupuloso chamado Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard). Usando da violência e força bruta, respaldado por um exército de bandidos, ele humilha e extorque toda a população. Procurando por ajuda alguns moradores vão atrás de alguém que os protejam e encontram o que procuravam na figura do pistoleiro Chisolm (Denzel Washington), que forma um grupo de sete homens para libertar todas aquelas pessoas subjugadas pelo crime. Agora, ao lado de todos, eles vão expulsar Bogue daquela região, custe o que custar. Filme indicado ao Black Reel Awards na categoria de Melhor Ator (Denzel Washington).

Comentários:
Eu já deixei claro inúmeras vezes que não gosto de remakes cinematográficos. De forma em geral eles são inúteis, desnecessários e muitas vezes decepcionantes. Essa é praticamente uma regra geral. Então no deserto de originalidade em que vive Hollywood nos dias atuais eis que surge o remake do clássico de western "The Magnificent Seven" que, por sua vez, é sempre bom lembrar, já era uma versão Made in USA do filme de Akira Kurosawa, "Os Sete Samurais". Pois bem, nesse novo filme, turbinado por um orçamento generoso, tendo como destaque a presença do astro Denzel Washington, temos algumas modificações na estória, muito embora a espinha dorsal dos filmes originais se tenha mantido. Basicamente é a mesma coisa, com pessoas de uma cidade oprimida por uma quadrilha que procuram por alguma ajuda. Embora seja um bom faroeste - é inegável isso - essa nova versão tem alguns problemas. 

O primeiro deles é o fato do diretor Antoine Fuqua ter optado por realizar um filme longo demais. Esse tipo de filme, com esse tipo de enredo, não necessita de uma metragem tão extensa. Se o corte final fosse mais enxuto penso que o filme ganharia mais em termos de agilidade e edição. O fato de Fuqua ter procurado levar à sério demais o próprio enredo também é um problema. Nunca foi essa a proposta da primeira versão americana. Por fim temos a violência, que em determinados momentos extrapola um pouco. São problemas eventuais, pontuais, que não chegam a atrapalhar muito. O filme foi malhado bastante desde que foi lançado, mas penso que não é para tanto. É um faroeste bem produzido, com um elenco interessante, embora em minha opinião Denzel Washington esteja um pouco fora de seu habitual. Passa longe de ser tão ruim como alguns críticos afirmaram. Na verdade, na pior das hipóteses, temos aqui pelo menos uma boa diversão. Sim, continua desnecessário, como todo remake, mas com um pouquinho de boa vontade até que não faz feio. Escapou de ser um filme inútil.

Pablo Aluísio.

Soldados Búfalos

Título no Brasil: Soldados Búfalos
Título Original: Buffalo Soldiers
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Turner Pictures
Direção: Charles Haid
Roteiro: Jonathan Klein, Frank Military
Elenco: Danny Glover, Timothy Busfield, Glynn Turman, David Jean Thomas, Timothy Busfield
  
Sinopse:
Após a guerra civil americana, um grupo de militares do exército americano, formado majoritariamente por negros conhecidos como "soldados búfalos", vai até um distante e hostil território ocupado pelos guerreiros apaches para capturar um líder nativo conhecido como Vittorio, que está espalhando medo e terror aos colonos brancos do Novo México. Filme indicado ao Primetime Emmy Awards e ao American Society of Cinematographers.

Comentários:
"Buffalo Soldiers" é um excelente telefilme que fez tanto sucesso e recebeu críticas tão boas em seu lançamento que acabou sendo lançado também no mercado de vídeo. No Brasil o filme chegou em VHS, já que naquela época ainda não havia disponível aos brasileiros o canal TNT (que produziu e exibiu o filme originalmente). Danny Glover interpreta o sargento Washington Wyatt que faz parte desse batalhão. É um filme muito bem produzido que não deixa de tocar no assunto da questão racial. Acontece que nessa tropa em particular não existem apenas negros, mas militares brancos também. Assim não é surpresa para ninguém que mais cedo ou mais tarde surjam ofensas racistas entre eles. Companheiros de farda, lutando pelo exército, nada disso consegue amenizar a questão racial. Os militares negros por sua vez acabam demonstrando seu valor justamente onde é necessário, no campo de luta contra os nativos. Essas chamadas "guerras indígenas" foram bem sangrentas, causando muitas mortes e para alguns historiadores também um amplo genocídio do povo índio. Tudo isso pode ser levado à debate em relação a essa produção, porém se você estiver apenas em busca de um bom faroeste, com boas cenas de ação, também não ficará decepcionado. O filme cumpre também seu papel no quesito diversão. Assim deixamos a dica desse bom filme, que hoje em dia segue pouco lembrado, mesmo para os fãs do gênero western.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de maio de 2017

Alçapão Sangrento

Título no Brasil: Alçapão Sangrento
Título Original: Jack McCall, Desperado
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Sidney Salkow
Roteiro: John O'Dea, David Chandler
Elenco: George Montgomery, Angela Stevens, Douglas Kennedy, James Seay, Eugene Iglesias, John Hamilton
  
Sinopse:
Jack McCall (George Montgomery) é nascido no sul, porém resolve se alistar no exército do norte, da União, durante a guerra civil americana. Acusado de ser um espião sulista dentro do quartel general unionista, ele é preso, julgado e condenado à morte como espião. Desesperado, consegue escapar da prisão e passa a ser perseguido de forma violenta por soldados ianques, até que foge para uma reserva da nação Dakota.

Comentários:
"Jack McCall, Desperado" é mais uma produção B da Columbia que foi lançada nos anos 50. O filme foi estrelado por George Montgomery, um astro de faroestes de que nunca consegui gostar muito. Ele não era particularmente um bom ator e sempre parecia deslocado em cena. Ele só conseguia se sobressair quando a ação era o ponto focal dos filmes em que atuava. Assim os próprios produtores procuravam por roteiros mais rasos para que ele estrelasse. Nada de tramas muito rebuscadas, nem de personagens profundos. O que interessava era a sucessão de tiroteios e perseguições, o que com o tempo ficou mais conhecido popularmente como filmes de bangue-bangue. É um filme que não desgosta o fã de faroestes, mas que certamente também não vai adicionar nada de muito relevante na coleção. Melhor procurar por filmes mais interessantes e importantes do ponto de vista histórico.

Pablo Aluísio.

O Regresso

O caçador de peles Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) vê seu grupo ser atacado por nativos selvagens em uma região remota do velho oeste. Eles quase não conseguem sair vivos da brutalidade dos indígenas. Precisando encontrar o caminho de volta para sua base ele acaba sendo atacado de forma violenta por um urso cinzento. Praticamente dado como morto, vira alvo do caçador John Fitzgerald (Tom Hardy) que quer deixá-lo para trás. O instinto de sobrevivência de Glass porém falará muito mais alto. "O Regresso" é um filme brutal. Não há outra definição. Também traz a interpretação mais visceral da carreira do ator Leonardo DiCaprio. Praticamente não há quase diálogos para declamar, mas apenas a fúria da luta entre o homem e a natureza. O realismo das cenas impactam desde o começo. É curioso como há um contraste muito presente entre a beleza do lugar onde a estória se passa e a brutalidade inerente da natureza humana entre brancos e nativos. O discurso politicamente correto também não resiste em nenhum momento. A velha ladainha do choque de civilizações não encontra eco nessa batalha pela sobrevivência.

E por falar em sobreviver a qualquer custo a cena mais lembrada da produção (o ataque do urso selvagem contra Glass) resume muito bem a essência desse roteiro. Nesse mundo primitivo não há espaço para o Éden, mas apenas para a guerra em se manter vivo. "The Revenant" assim se revela uma obra prima. O cineasta mexicano Alejandro G. Iñárritu é certamente o diretor mais promissor de sua geração. Confesso que ele nunca havia me impressionado tanto como agora. Não há qualquer dúvida de que "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" é uma obra prima do cinema, porém com esse novo filme ele alcançou um novo pico em sua filmografia, algo que poucos esperavam. Certa vez o lendário xerife Wyatt Earp foi perguntado sobre o que achava dos filmes de western que estavam sendo lançados no cinema. Ele disse que o velho oeste americano era muito mais brutal do que aquilo que se via nas telas. Provavelmente se tivesse tido a oportunidade de assistir "O Regresso" o velho homem da lei teria se sentido muito mais familiarizado. O filme é isso, um retrato extremamente bem feito de um tempo onde apenas os mais fortes conseguiam sobreviver. É brutal, mas também é maravilhoso em todos os aspectos.

O Regresso (The Revenant, Estados Unidos, 2015) Direção: Alejandro G. Iñárritu / Roteiro: Mark L. Smith, Alejandro G. Iñárritu / Elenco: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Will Poulter, Domhnall Gleeson, Forrest Goodluck, Paul Anderson / Sinopse: Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) é um caçador que se vê diante de uma realidade brutal, não apenas por causa do clima hostil onde está, como também pela natureza perversa e cruel dos homens. Apesar de ter tudo contra si ele lutará até o fim pela sua sobrevivência, custe o que custar. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Ator (Leonardo DiCaprio), Melhor Fotografia (Emmanuel Lubezki) e Melhor Direção (Alejandro G. Iñárritu). Também vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator - Drama (Leonardo DiCaprio) e Melhor Direção - Drama (Alejandro G. Iñárritu).

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de maio de 2017

A Mocidade de Lincoln

Título no Brasil: A Mocidade de Lincoln
Título Original: Young Mr. Lincoln
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: John Ford
Roteiro: Lamar Trotti
Elenco: Henry Fonda, Alice Brady, Marjorie Weaver, Arleen Whelan, Eddie Collins, Richard Cromwell
  
Sinopse:
O sonho do jovem Abraham Lincoln (Henry Fonda) é se tornar um grande advogado. Até chegar lá porém ele terá que superar muitos desafios. Filho de uma humilde família da interiorana Hodgenville, no Kentucky, trabalhador rural, ele precisa mostrar seu valor nos estudos, mesmo sem muito apoio ou incentivo por parte de seus pais. O filme narra justamente os anos iniciais de sua vida profissional, quando apenas sonhava em vencer na vida.

Comentários:
Quando se fala em filmes sobre a figura do presidente Abraham Lincoln, sempre se lembra dessa produção dos anos 30. É um dos clássicos da brilhante carreira do mestre John Ford. O filme foi vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro (Lamar Trotti) justamente por romantizar os primeiros anos de atuação de Lincoln, quando ele era apenas um jovem advogado desconhecido, do interior do Kentucky. Apesar de ser inegavelmente um grande filme, desses para se ter em sua coleção, o fato é que há dois pequenos erros em sua narrativa. O primeiro diz respeito aos próprios fatos mostrados na tela, todos eles meramente ficcionais. Obviamente Lincoln realmente foi um advogado de interior antes de entrar na vida política. Isso é certo, porém os acontecimentos mostrados no filme, os detalhes, as causas, essas são frutos da imaginação do roteirista Lamar Trotti. Outro erro digno de nota vem da própria personalidade do protagonista. Interpretado por Henry Fonda, o jeito de ser e agir do seu Lincoln tem mais a ver com a imagem simbólica que ele construiu em seus anos na Casa Branca, do que com a do jovem advogado cheio de prosa que é encontrado nos livros de história. Em sua juventude Abraham Lincoln era dado a contar causos, piadas e anedotas divertidas, muitas delas explorando a vida de um homem simples do campo. Nada a ver com atitudes gloriosas, majestosas, da imagem oficial. O Lincoln da história era bem mais divertido. Assim o filme perde bastante no quesito veracidade histórica, embora como puro cinema é realmente uma excelente obra cinematográfica.

Pablo Aluísio.

Emboscada Selvagem

A Allied Artists Pictures produziu muitos filmes como esse nos anos 1950. Eram produções de orçamentos mais modestos, sem nenhum grande astro no elenco. Tudo com o objetivo de economizar nos custos. Esse "Emboscada Selvagem" porém tem alguns méritos ao seu favor. O filme foi todo rodado em uma floresta de proteção ambiental em Bedon, no Oregon, o que lhe trouxe pelo menos uma bonita fotografia. O roteiro também explora a luta entre a cavalaria americana e os índios, o que torna tudo ainda mais interessante. Filmes sobre fortes do exército americano costumam ser nostálgicos e bons, acima de tudo. O astro do filme é o loiro ator John Ericson. Ele era alemão de nascimento e teve apenas uma carreira discreta em Hollywood. No geral fez mais séries de TV do que cinema nos anos 1950. Ele interpreta esse oficial, o tenente Niles Ord. Durante uma patrulha na região ele descobre a localização de uma indígena que será dada em casamento ao líder dos guerreiros rebeldes, o selvagem Águia Negra. Sem saber direito o que fazer com ela o tenente decide levar a jovem índia para o forte e isso obviamente desperta a ira do violento chefe tribal e seus homens. Começa então um cerco ao forte. Como se isso não fosse ruim o bastante o comandante da tropa é um tolo, um arrogante, o Coronel Roland Dane (interpretado por Edward Platt, o "Chefe" da série Agente 86).

A esposa do Coronel foi namorada do Tenente no passado e isso cria uma rivalidade entre eles. A jovem garota parece ainda gostar de seu antigo namorado, deixando a tensão se espalhar entre esses oficiais da cavalaria. A produção de "Emboscada Selvagem" não é de encher os olhos e seu roteiro, que foi baseado numa novela escrita por Gordon D. Shirreffs, não é excepcional. Apesar de tudo isso o filme ainda diverte. Há uma boa cena final entre o tenente e o chefe Águia Negra. Uma luta de punhais em cima do monte. No geral é um filme curto (meros 80 minutos de duração) e simples em seus objetivos. Feito para as matinês ainda vale como diversão nostálgica, mas passa longe de ser uma obra prima do gênero.

Emboscada Selvagem (Oregon Passage, Estados Unidos, 1957) Direção: Paul Landres / Roteiro: Jack DeWitt, baseado na novela escrita por Gordon D. Shirreffs / Elenco: John Ericson, Lola Albright, Toni Gerry, Edward Platt / Sinopse: Tenente da cavalaria, prestando serviço militar em um forte remoto do exército americano, precisa não apenas lidar com os índios selvagens da região, como também com um comandante petulante, vaidoso e incompetente.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Rebelião em Dakota

Título no Brasil: Rebelião em Dakota
Título Original: The Black Dakotas
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Ray Nazarro
Roteiro: Ray Buffum, DeVallon Scott
Elenco: Gary Merrill, Wanda Hendrix, John Bromfield, Noah Beery Jr, Howard Wendell, James Griffith

Sinopse:
O presidente Lincoln decide amenizar a crise com as nações indígenas do oeste. Em plena guerra civil ele envia um emissário para os territórios da nação Sioux para propor um tratado de paz. Além disso envia um carregamento de ouro para os índios, uma maneira de mostrar sua boa vontade. Brock Marsh (Gary Merrill), um espião confederado, descobre sobre essa missão e decide que irá roubar o ouro para a causa dos estados do sul.

Comentários:
Bom western B. A premissa se baseia em um fato histórico real, quando os confederados (que tinha senso de honestidade e ética bem maleáveis) decidem roubar um carregamento de ouro enviado pelo presidente Lincoln ao oeste. É curioso que o roteiro não coloque como protagonista nenhum dos militares da união, conhecidos como ianques, mas sim um espião do lado confederado, um sujeito que inclusive usa um nome falso (Zachary Paige) para se infiltrar entre os soldados de casaca azul para planejar um grande roubo. O filme tem um elenco interessante, com destaque para Gary Merrill, um veterano, com mais de 100 filmes na carreira. Quase sempre atuando como coadjuvante aqui ele teve uma chance de aparecer em primeiro lugar nos créditos. Um presente de reconhecimento por parte da Columbia. Outro nome que sempre chamará atenção nos créditos é o do diretor Ray Nazarro. Esse certamente foi um dos grandes mestres da era de auge dos faroestes americanos. Um verdadeiro artesão do Bang-Bang made in USA.

Pablo Aluísio.

O Último Malfeitor

Título no Brasil: O Último Malfeitor
Título Original: Bad Men of Tombstone
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: King Brothers Productions
Direção: Kurt Neumann
Roteiro: Philip Yordan, Arthur Strawn
Elenco: Barry Sullivan, Marjorie Reynolds, Broderick Crawford, Fortunio Bonanova, Guinn 'Big Boy' Williams

Sinopse:
Durante a corrida do ouro, no velho oeste americano, um cowboy chamado Tom Horn (Barry Sullivan) chega em Tombstone. Durante um assalto ele é confundido com um dos bandoleiros e é preso. Alegando ser inocente das acusações, ele tenta provar sua inocência, mas só conseguirá isso se sair da prisão. Para sua fuga conta com seus companheiros que o salvam de ser enforcado injustamente.

Comentários:
Antigo western, lançado originalmente na década de 1940, que recentemente chegou nas lojas americanas em uma edição especial da Warner Bros. Infelizmente não temos nenhuma notícia sobre o lançamento desse DVD no Brasil. De qualquer forma esse faroeste B sempre é bastante lembrado no círculo de colecionadores. O filme fez tanto sucesso em sua época que virou até mesmo revista em quadrinhos. Como sabemos havia muitas adaptações de personagens do cinema para o mundo dos comics (a nona arte) e isso se refletiu também no Brasil onde uma revistinha mensal explorou essa mesma adaptação. Em termos de roteiro, como era de se esperar, existe a sempre presente dualidade dos personagens, entre os mocinhos e os bandidos. O curioso de "Bad Men of Tombstone" é que isso não é assim tão transparente. Parece existir uma intenção nesse roteiro de confundir mesmo o espectador, o que não deixa de ser algo muito positivo para um filme dos anos 40. Já naquela época os escritores procuravam fugir um pouco do lugar comum.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Reduto de Heróis

Título no Brasil: Reduto de Heróis
Título Original: Fort Courageous
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Lesley Selander
Roteiro: Richard H. Landau
Elenco: Fred Beir, Don 'Red' Barry, Hanna Hertelendy, Harry Lauter, Walter Reed, Cheryl MacDonald
  
Sinopse:
O Sargento John Lucas (Fred Beir) da décima cavalaria dos Estados Unidos é levado a julgamento militar após um ataque sangrento ao seu forte, localizado nos confins do território Apache. Ele é acusado de ter cometido diversos erros durante a batalha, o que acabou resultando na morte do comandante da guarnição. Lucas porém está convencido de que é inocente de todas as acusações e irá se defender até o fim nessa corte marcial.

Comentários:
Filmes de cavalaria americana geralmente são muito bons. Não tem erro. Poucos são os faroestes que decepcionam quando exploram o tema dos soldados americanos durante as chamadas guerras indígenas. Esse "Fort Courageous" tem um roteiro bem consistente, explorando um ataque de apaches contra um forte localizado em território inimigo. Muitos militares morrem e um sargento é levado como bode expiatório. Assim temos uma corte marcial em andamento, enquanto os eventos são relembrados em longos flashbacks. Tudo muito bom e bem realizado. Um aspecto interessante da trama acontece quando os soldados da cavalaria fazem de refém o filho do cacique da tribo. Os apaches então juram vingança de sangue, se preparando para a guerra. Ora, atacar um forte americano não era algo muito fácil, sendo necessária a presença de algum traidor dentro das tropas para facilitar a entrada de guerreiros. Teria Lucas sido o traidor desse massacre? Assista ao filme para conferir. O filme é realmente bem acima da média, por isso deixamos a recomendação.

Pablo Aluísio.

Os Cruéis

Título no Brasil: Os Cruéis
Título Original: I Crudeli
Ano de Produção: 1967
País: Itália, Espanha
Estúdio: Alba Cinematografica
Direção: Sergio Corbucci
Roteiro: Sergio Corbucci, Albert Band, Louis Garfinkle
Elenco: Joseph Cotten, Norma Bengell, Al Mulock, Julián Mateos, Aldo Sambrell, Gino Pernice

Sinopse:
Após a derrota humilhante na guerra civil americana as tropas do sul são dispensadas. Muitos veteranos começam a vagar pelo velho oeste em busca de algum meio de sobrevivência. Para o Coronel Jonas (Joseph Cotten) essa situação é humilhante. O veterano então decide planejar um grande roubo de ouro para reerguer o exército confederado. Um sonho megalomaníaco que ele lutará para transformar em realidade. 

Comentários:
Western Spaghetti dirigido pelo grande diretor Sergio Corbucci. Esse cineasta seguramente foi um dos mais talentosos mestres do cinema italiano, em especial dos faroestes. Ele criou e dirigiu o grande sucesso "Django", provavelmente o filme mais famoso dessa época. Colhendo os frutos desse sucesso (e de muitos outros), Sergio Corbucci procurou ampliar os horizontes desse tipo de filme, explorando mais aspectos históricos, etc. Ao ler sobre um fanático oficial confederado que lutou para reerguer a Confederação sulista após o fim da guerra civil nos Estados Unidos, o diretor resolveu escrever o roteiro desse filme. A história (que era real) parecia tão absurda que daria certamente um ótimo western italiano. Inicialmente Corbucci pensou em escalar Franco Nero para o papel, mas como o protagonista era um veterano coronel sulista, bem mais velho, o ator não foi contratado. Outro detalhe que chama a atenção no elenco é a presença da atriz brasileira Norma Bengell. Com um figurino elegante, em trajes negros, ele chama a atenção pela classe e sofisticação. Então é basicamente isso. Um bom faroeste italiano que prima por ter sido dirigido por um dos grandes mestres do gênero.

Pablo Aluísio.