Filme noir, dirigido pelo mestre do estilo Fritz Lang, que adaptou um romance de outro mestre, só que esse da literatura, Émile Zola. O centro de tudo é um perigoso triângulo amoroso envolvendo uma mulher casada, seu marido brutal e violento, e um veterano da guerra da Coreia que agora está de volta aos Estados Unidos, tentando recomeçar a vida como maquinista de trens. A mulher é uma especialista em manipulação de homens, que com sua sensualidade vulgar atrai todos eles para suas armadilhas. Quando o marido é demitido da empresa ferroviária, Vicky acaba convencendo seu patrão a readmiti-lo, usando para isso de seus dotes femininos. O envolvimento porém desanda para o crime, quando o marido enciumado resolve matar seu amante de ocasião. E o crime é cometido em uma viagem de trem que para o azar de Jeff Warren (Glenn Ford) acontece bem perto de onde ele se encontrava.
A partir daí temos o de praxe. A polícia investiga o crime, tenta chegar no verdadeiro assassino, mas sem muito sucesso. Jeff junta as peças do quebra cabeças e descobre que Vicky (Gloria Grahame), a esposa infiel, muito provavelmente está por trás de tudo. Ela, por sua vez, nem pensa duas vezes e começa a seduzir Jeff, com o propósito nada sutil de que seu novo amante elimine seu marido, já que ela não o suporta mais. É um jogo mortal que envolve sexo, traição e poder. Tudo explorado com o estilo característico do cinema noir, onde as mulheres eram fatais, os homens estavam ali apenas para serem manipulados e o crime acontecia praticamente sem punição.
Hoje em dia o filme é obviamente considerado um cult noir. Isso porém não o isenta de algumas falhas. Considerei o clímax pouco condizente com todo o desenrolar da trama. Tudo me pareceu sem muita carga dramática (que era o mínimo que se esperava). O personagem de Glenn Ford parece um pouco opaco, indo de acordo com a maré, sem demonstrar muita força interior. Em termos de elenco quem realmente se destaca é a atriz Gloria Grahame. Como eu já escrevi sua personagem tem uma dose de sensualidade que beira o vulgar, fazendo jus ao extenso rol de mulheres fatais do cinema noir. Na base da imoralidade completa ela vai seduzindo os homens para agirem de acordo com seus interesses. Enfim, um bom filme, com excelentes nomes envolvidos em sua realização, mas que a despeito disso não consigo considerar um dos melhores já realizados nesse estilo. Mesmo assim, para o cinéfilo, não deixa em nenhum momento de ser uma excelente opção para se assistir.
Desejo Humano (Human Desire, Estados Unidos, 1954) Direção: Fritz Lang / Roteiro: Alfred Hayes, baseado na novela escrita por Émile Zola / Elenco: Glenn Ford, Gloria Grahame, Broderick Crawford, Edgar Buchanan / Sinopse: Mulher sedutora e fatal começa a seduzir um veterano de guerra para que ele mate seu marido, um homem envolvido no assassinato de um executivo da empresa ferroviária.
Pablo Aluísio.
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