quarta-feira, 9 de março de 2016

Oscar 2016: Ex_Machina Instinto Artificial

O grande vencedor do Oscar 2016 na categoria Melhores Efeitos Visuais (ou Melhores Efeitos Especiais) foi "Ex_Machina Instinto Artificial". Esse foi um prêmio que pegou muitos de surpresa, justamente porque os concorrentes eram de peso e o filme sobre a androide feminina não era tão cotado, de certo modo era até mesmo o azarão da noite. Imagine concorrer ao prêmio técnico mais importante do Oscar com super produções como "Star Wars - O Despertar da Força", "Mad Max - Estrada da Fúria" e "Perdido em Marte". O único estranho no ninho nessa categoria era mesmo "O Regresso", uma vez que faroestes nunca são indicados em efeitos especiais (esse foi um caso único na história do Oscar até os dias de hoje).

Outro fato chama a atenção: todas as equipes que foram indicadas ao Oscar em efeitos especiais já tinham sido indicadas antes, mostrando que essa categoria definitivamente não é coisa para amadores ou novatos. A equipe que criou os efeitos de "Star Wars - O Despertar da Força", liderada por Roger Guyett, por exemplo, foi a mesma que foi indicada por "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban" (O melhor da franquia Harry Potter em termos de efeitos especiais), "Star Trek" (o primeiro filme da nova franquia) e "Star Trek - Além da Escuridão" (sua elogiada sequência). São extremamente competentes em sua área.

Richard Stammers, responsável pelos ótimos efeitos de "Prometheus" e "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido" (filmes aos quais foi indicado em anos anteriores) era o grande favorito em vencer nessa categoria no Oscar 2016. Seu trabalho é de fato primoroso. Quem assistiu a "Perdido em Marte" no cinema em 3D sabe que seu trabalho foi simplesmente perfeito. Ele, utilizando-se de imagens captadas pela NASA no planeta vermelho, recriou aquele planeta inteiro para o universo imaginado por Ridley Scott. Realmente é de uma perfeição absurda. Em minha opinião nenhum dos demais candidatos (nem mesmo "Star Wars - O Despertar da Força" com seu visual de videogame) conseguiu chegar perto. Era realmente o trabalho que merecia ter vencido, caso os votos fossem apoiados em questões puramente técnicas e não também políticas e de relações públicas como sempre acontece em termos de Oscar.

Já "Mad Max - Estrada da Fúria", apesar de ser também um trabalho brilhante, não merecia tanto. Os desertos da Austrália e da Namíbia já são presentes da natureza, por essa razão não se pode comparar com toda a extensão de se criar um planeta do nada como foi visto em "Perdido em Marte". Além disso grande parte dos efeitos desse filme são de outra natureza, mecânicos, analógicos e não digitais como nos demais concorrentes. Ficou um pouco fora do páreo justamente por essas razões. E por fim chegamos no vencedor "Ex_Machina Instinto Artificial". Penso que esse filme venceu por duas razões básicas: a primeira se deve pela própria sutileza dos efeitos criados pela equipe técnica do filme (Andrew Whitehurst, Paul Norris, Mark Ardington e Sara Bennett). Tudo é de uma beleza digital realmente perfeita, tão bem inserida dentro da trama que em nenhum momento tomam conta do filme. Os efeitos ajudam a narrativa e não passam por cima dela. Isso justifica a segunda grande razão do porquê o filme ter sido premiado. A inserção extremamente bem realizada dos efeitos dentro do roteiro, de sua história, é algo que a cada dia se torna extremamente raro em Hollywood.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de março de 2016

Revólver

O diretor Guy Ritchie nunca se preocupou com as histórias que conta em seus filmes, mas sim como as conta. Um exemplo perfeito disso você encontra nessa fita de ação chamada "Revolver". O enredo que o roteiro explora não é colocado de forma linear em sua narrativa. Ao contrário disso vemos passado, presente e futuro se mesclarem completamente, muitas vezes numa mesma sequência onde vemos toda a ação se desenvolvendo, sua planejamento e a reação dos bandidos que foram passados para trás, tudo muitas vezes colocado fora de ordem cronológica. Com linguagem que muitas vezes pede emprestado a estética dos quadrinhos (o diretor chega inclusive a usar cenas animadas no longa), o filme se destaca por sua originalidade. Ritchie é assim um mestre não apenas em inverter o que se espera de um filme convencional, como também em frustrar expectativas de quem espera por um filme redondinho, com começo, meio e fim, seguindo as velhas fórmulas já desgastadas pelo tempo.

No filme acompanhamos a saída de Jake Green (Jason Statham) da prisão. Ele ficou sete anos numa solitária, sem falar com praticamente ninguém. De volta à liberdade ele começa a planejar sua vingança pessoal contra Dorothy Macha (Ray Liotta) que o traiu no passado. Macha, um gângster e traficante de drogas bem sucedido, agora tem seu próprio cassino onde ganha rios de dinheiro a cada jogada. Ele se preocupa com a saída de Green da prisão, mas está certo que com todo o seu poder pode anular seu antigo inimigo. Green porém tem pressa, principalmente depois que descobre estar sofrendo de uma doença rara que lhe dá poucos dias de vida. Ele resolve se unir a dois agiotas violentos, esperando com isso atingir Macha de uma vez por todas. Como eu já escrevi o filme não se limita a uma narrativa tradicional e ao invés disso se apoia bastante numa linguagem mais sensorial, dando voz aos pensamentos de Green, ao que ele sente e como pensa. É um filme esteticamente muito interessante, bem na linha de Guy Ritchie, que é um cineasta do tipo ame ou odeie. Assim se o estilo dele não faz a sua cabeça, passe longe, caso contrário se divirta, pois é um dos melhores de sua safra.

Revólver (Revolver, França, Inglaterra, 2005) Direção: Guy Ritchie / Roteiro: Luc Besson, Guy Ritchie / Elenco: Jason Statham, Ray Liotta, Vincent Pastore, Mark Strong / Sinopse: Após ficar sete anos preso, Jake Green (Jason Statham), resolve se vingar do criminoso Dorothy Macha (Ray Liotta), um dos responsáveis por sua prisão por tantos anos. Sua vingança porém terá que ser a mais rápida possível pois ele foi diagnosticado com uma rara doença que lhe dá poucos dias de vida. Filme premiado pelo Golden Trailer Awards na categoria de Melhor Trailer - Filme de ação estrangeiro.

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de março de 2016

Garotas sem Rumo

O filme mostra um bando de garotos e garotas brancas de classe alta dos melhores e mais ricos bairros de Los Angeles que se comportam como se fossem jovens negros e latinos de bairros pobres da cidade. Obviamente influenciados pela cultura negra, principalmente musical, eles pensam ser gangsters perigosos, membros de gangues, mas no fundo não passam de jovens mimados e vazios, sem nada na cabeça. Em busca de aventuras um grupo de garotas lideradas pela dondoca mimadinha Allison Lang (Anne Hathaway) resolve ir até o lado leste da cidade, onde impera a violência e a criminalidade. Ele procura por um amor bandido e acaba encontrando o que procurava na pele do traficante de crack Hector (Freddy Rodríguez). Afinal para quem leva uma vida tão fútil e vazia nada seria mais emocionante do que frequentar lugares barra pesada, fugindo sempre que possível da polícia, essa opressora arma nas mãos da sociedade americana! Bom, pela sinopse do enredo do filme já deu para perceber do que esse filme se trata.

Antes de mais nada é bom avisar que todos os personagens jovens desse filme são idiotizados ou imbecializados ao extremo. Tirando os "chicanos" e latinos em geral (todos retratados pelo roteiro como criminosos), os tais adolescentes brancos se comportam como verdadeiros imbecis. Eles se comportam como se fossem negros da periferia, usam colares cheios de ouro e demonstram um jeito de ser de dar pena, de tão idiotas que são. O roteiro é ambíguo. O espectador não sabe se ele no fundo satiriza ou critica esse tipo de estilo de vida ou se o está vangloriando de alguma forma. A personagem de Anne Hathaway faz o tipo "pobre menina rica". Mora em uma casa fabulosa, tem tudo à mão, mas não se "sente real e verdadeira". Para superar isso o que ela faz? Claro, se interessa por um traficante que vende crack na periferia. Por falar nisso um dos motivos para se assistir a esse filme vem justamente da presença de Anne Hathaway. Quando o filme foi feito ela ainda era bem desconhecida e jovem e talvez por isso tenha topado rodar ousadas cenas de nudez (uma das raras situações desse tipo em sua carreira). Assim se você tem algum tipo de atração por ela, aproveite. Fora isso há pouco mesmo a se elogiar nessa produção.

Garotas sem Rumo (Havoc, EUA, 2005) Direção: Barbara Kopple / Roteiro: Stephen Gaghan, Jessica Kaplan/ Elenco: Anne Hathaway, Bijou Phillips, Freddy Rodríguez, Shiri Appleby / Sinopse: Jovens ricas e brancas do melhor e mais rico bairro de Los Angeles resolvem ir para o lado leste da cidade, o mais pobre e cheio de criminalidade, para se envolver com traficantes de crack. Tudo pelo prazer da emoção de se viver um verdadeiro amor bandido. Filme indicado ao Cinema Audio Society na categoria de Melhor Mixagem de Som.

Pablo Aluísio.

Assassino Virtual

Título no Brasil: Assassino Virtual
Título Original: Virtuosity
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Brett Leonard
Roteiro: Eric Bernt
Elenco: Denzel Washington, Russell Crowe, Kelly Lynch
  
Sinopse:
Um serial killer do mundo virtual consegue romper a barreira do tempo e espaço e vem parar no mundo real, na nossa realidade. Uma vez nesse ambiente ele resolve levar em frente sua trajetória de crimes violentos. Apenas um policial poderá detê-lo em sua jornada de cadáveres. Filme indicado ao Prêmio Sitges - Catalonian International Film Festival na categoria de Melhor Ficção do ano.

Comentários:
Com a popularização de computadores pessoais (os chamados PCs) houve uma explosão de interesse no assunto. Essa ficção, produzida há mais de vinte anos, apostava justamente nesse crescente interesse pelo mundo virtual pelos jovens. O roteiro, até muito bem bolado, procurava trazer o que poderia acontecer se as duas realidades (a real e a virtual) colidissem em um mesmo ambiente, um mesmo mundo. No caso temos o serial killer do mundo virtual transportado para o nosso mundo e um policial fazendo de tudo para impedi-lo. Soa meio bobo para você? Provavelmente sim, já que o tempo não costuma ser muito gentil ou favorável a filmes de ficção. Com o tempo eles tendem a ficar ridículos pois os avanços da tecnologia torna todas as previsões obsoletas e até cômicas. Nesse filme, por exemplo, apesar de sua proposta futurista, nem há o uso de telefones celulares, por exemplo. De qualquer maneira sempre é de interesse do cinéfilo em ver dois grandes atores em cena, atuando juntos. Denzel Washington e Russell Crowe se saem muito bem embora esse último pareça meio deslocado nesse tipo de filme que definitivamente nunca foi sua especialidade. Já Denzel parece empenhado em fazer a fita dar certo. Até que em alguns momentos ele consegue mesmo dar um bom ritmo ao filme como um todo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Augustus - O Primeiro Imperador

Título no Brasil: Augustus - O Primeiro Imperador
Título Original: Imperium Augustus
Ano de Produção: 2003
País: Alemanha, Inglaterra, Espanha, Itália
Estúdio: EOS Entertainment, RAI Radiotelevisione Italiana
Direção: Roger Young
Roteiro: Eric Lerner
Elenco: Peter O'Toole, Charlotte Rampling, Vittoria Belvedere
  
Sinopse:
O velho Imperador Augustus Caesar (Peter O'Toole) resolve relembrar para sua frívola filha Júlia (Vittoria Belvedere), após a morte de seu marido Marcus Vipsanius Agrippa (Ken Duken), como se tornou o homem mais poderoso do Império Romano após vencer as tropas do general Marco Antônio (Massimo Ghini) e da Rainha do Egito Cleopatra (Anna Valle), após o assassinato de seu tio Julius Caesar (Gérard Klein). Filme baseado em fatos históricos reais.

Comentários:
Um telefilme que se propõe a contar a história de Caio Otaviano que passou para a história como Augusto César, aquele que é considerado o primeiro imperador de Roma. Já tinha lido uma extensa biografia sobre ele antes de assistir ao filme e talvez por essa razão fiquei com aquela sensação de que muita coisa foi deixada de fora pelo roteiro. Além disso um velho problema da indústria cultural americana se repetiu com uma certa insistência irritante no decorrer do filme - a de se unificar personagens diferentes da história em um só, com o objetivo de dar maior agilidade dramática ao desenrolar dos acontecimentos. Assim dois generais viram um só, ou senadores importantes na biografia de Augusto surgem na figura de apenas um político. Se de um certo ponto de vista isso é até aceitável, do outro deixa o resultado bem comprometido. No geral, como se trata de uma produção para a TV, não temos toda a opulência dos antigos épicos de Hollywood. Nada que venha a lembrar os filmes de Cecil B. DeMille. Isso porém não estraga o espetáculo já que o elenco procura compensar a falta de uma produção mais rica com um trabalho mais fiel ao modo de agir dos romanos antigos. E por falar em elenco temos o maravilhoso Peter O'Toole como o próprio Augusto, envelhecido e com uma certa melancolia pelos rumos que a vida tomou, mas mesmo assim muito enigmático e carismático em cena. Charlotte Rampling como Livia Drusilla também impressiona por sua classe e postura nobre. Um filme que se não consegue ser brilhante pelo menos conta com dignidade parte da biografia dessa importante figura da história da Roma Imperial.

Pablo Aluísio.

Quebra de Confiança

A história desse filme é baseada em fatos reais. Tudo começa quando o FBI começa a desconfiar que o veterano agente Robert Hanssen (Chris Cooper) está repassando para os russos importantes informações da segurança interna dos Estados Unidos. Para comprovar as suspeitas a própria agência arma uma complexa rede de agentes e recursos para pegar Hanssen em flagrante. Para isso eles convocam o jovem agente Eric O'Neill (Ryan Phillippe), recém ingresso na agência de investigação, para se fazer passar por seu assistente pessoal. Como ambos são católicos e possuem as mesmas origens, o FBI acredita que Eric acabará entrando mais a fundo nos segredos e na intimidade de Hanssen. Logo nos primeiros momentos porém Eric descobre que essa missão não será nada fácil. O velho agente, calejado pela experiência, é bastante cuidadoso, minucioso e até mesmo paranoico. Ele desconfia que o FBI está fechando o cerco sobre ele e por isso jamais abaixa a guarda, mas Eric persiste, demonstrando que nenhum segredo é realmente cem por cento seguro e imune a falhas.

Gostei bastante desse filme. Esse gênero de espionagem ultimamente já não é mais tão explorado, com raras exceções, então quando você se depara com uma fita realmente boa desse estilo, valorizada por um roteiro inteligente, o melhor mesmo é comemorar. O texto foca bastante no relacionamento conturbado dos dois protagonistas. O velho Robert Hanssen é um mestre em contraespionagem, porém o FBI passa a desconfiar que ele virou agente duplo, repassando informações aos russos. Apenas a proximidade e a amizade de Eric poderá desvendar o que realmente se passa em sua carreira. Eu já tive  várias oportunidades de escrever dizendo que não gosto do trabalho do ator Ryan Phillippe. Ele é fraco e pouco complexo em suas atuações. Aqui ele jamais chega a atrapalhar o filme porque temos em cena Chris Cooper em atuação inspirada. Seu personagem é muito bem desenvolvido do ponto de vista psicológico. Ele parece estar sempre em conflito existencial. Ao mesmo tempo em que tenta ser um bom católico cultiva perversões sexuais bizarras. Externamente passa a imagem de um agente impecável, com quase 25 anos de bons serviços prestados ao FBI, enquanto que nas sombras joga dos dois lados, tanto dos americanos como dos russos. É certamente um personagem com uma personalidade dividida e atormentada, um belo presente para qualquer grande ator. O filme no geral é realmente muito bom, valorizado por enfocar o mundo da espionagem de uma maneira mais humana e relacional.

Quebra de Confiança (Breach, Estados Unidos, 2007) Direção: Billy Ray / Roteiro: Adam Mazer, William Rotko / Elenco: Chris Cooper, Ryan Phillippe, Laura Linney, Dennis Haysbert / Sinopse: Após muitos anos de trabalho no FBI, o agente Robert Hanssen (Chris Cooper) começa a ser alvo de uma investigação interna da agência após surgirem indícios de que ele estaria passando informações secretas aos russos. Para ficar em sua cola e de forma mais próxima possível o FBI coloca o jovem agente Eric O'Neill (Ryan Phillippe) como seu assistente pessoal para que ele possa relatar todos os seus passos no dia a dia. Filme indicado ao Village Voice Film Poll na categoria de Melhor Ator (Chris Cooper).

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 3 de março de 2016

The Dressmaker - A Vingança Está na Moda

Festa estranha, com gente esquisita... lembram da música do "Legião Urbana"? Pois é... os versos caem bem nesse novo filme da atriz Kate Winslet. Ela interpreta Myrtle 'Tilly' Dunnage. Quando era apenas uma criança ela foi envolvida (injustamente) na morte de um garoto da sua cidade, um lugarzinho poeirento no meio do deserto da Austrália. Para não ser presa foi embora. Muitas décadas depois resolve retornar. Ela viveu por muitos anos em Londres onde aprendeu uma profissão e se tornou uma estilista reconhecida. De volta para o lugar onde nasceu ela reencontra sua mãe, praticamente enlouquecida, morando sozinha numa velha casa e todos os tipos mais bizarros que você possa imaginar. Um velho químico, dono de uma farmácia, que na verdade é um pedófilo, um homem de negócios desleal e infiel à esposa e um policial homossexual que não consegue se conter ao ver finas peças de roupas elegantes (uma das coisas mais divertidas do filme, em interpretação impagável do ator Hugo Weaving. aquele mesmo que interpretou o agente Smith da franquia Matrix).

Pois bem, esse filme é bem estranho e não apenas em relação aos seus personagens. No começo ele adota um estilo de humor negro, depois vai se levando gradualmente mais à sério até se tornar quase um drama. Não entendo como Kate Winslet topou fazer um filme como esse porque comercialmente suas chances de fazer algum sucesso são próximas do zero absoluto. O filme não tem muita graça (o  que não o ajuda a se vender como uma comédia) e nem uma dramaticidade que justifique sua existência (o que torna seu lado drama bem raso e vazio). A única coisa boa acaba se resumindo em ver a própria Kate Winslet desfilando um figurino bem exótico (que ora se mostra elegante, ora exagerado e brega). A cidadezinha perdida no deserto onde se passa a história também não ajuda em nada. O lugar se mostra sujo, desolado e cheio de figuras asquerosas. Enfim, não é uma produção para todos os públicos. Só indico mesmo para os fãs mais radicais de Kate Winslet e ninguém mais.

The Dressmaker - A Vingança Está na Moda (The Dressmaker, Austrália, 2015) Direção: Jocelyn Moorhouse / Roteiro:  Rosalie Ham, P.J. Hogan/ Elenco: Kate Winslet, Hugo Weaving, Liam Hemsworth, Sarah Snook / Sinopse: Myrtle 'Tilly' Dunnage (Kate Winslet) é uma jovem estilista que resolve voltar para a cidadezinha onde nasceu após ter sido acusada na infância de ter matado um garoto na região. Ela quer descobrir toda a verdade de seu caso, ao mesmo tempo em que procura se vingar de todos aqueles que a prejudicaram no passado.

Pablo Aluísio.

Amor e Liberdade

Alguns filmes você simplesmente esquece que um dia os assistiu. Apenas com registros antigos é que um dia se lembra que os viu em algum momento de sua vida. É o caso desse "Amor e Liberdade", produção de época, que mostra os dramas de um fazendeiro na Carolina do Norte no distante ano de 1815. Durante os tempos de escravidão ele, ao retornar para casa após vender sua produção, se depara com uma jovem escrava fugitiva. Como viúvo ele se solidariza com a situação, levando a garota para sua propriedade rural, algo que violava a lei naqueles tempos distantes e cruéis, quando o escravo nada mais era do que considerado uma coisa, um objeto, qua fazia parte do direito de propriedade de seu amo.

Não é de hoje que dramas desse tipo fazem sucesso de bilheteria, principalmente por causa da mensagem que carregam. Esteticamente bem produzido, com boa reconstituição de época, o filme agrada, pode ser considerado bom, mas nada excepcional ou maravilhoso. O roteiro muitas vezes se torna maniqueísta o que ofende de certa maneira a inteligência do espectador. Mesmo assim, baixando um pouco o tom do senso crítico, dá para curtir essa produção que é inegavelmente cheia de boas intenções ideológicas e históricas. Nunca é tarde demais para se aprender com os erros do passado, para que eles não venham a se repetir no futuro.

Amor e Liberdade (The Journey of August King, EUA, 1995) Direção: John Duigan / Roteiro: John Ehle, baseado no romance escrito por John Ehle  / Elenco: Jason Patric, Thandie Newton, Larry Drake / Estúdio: Miramax, Addis Wechsler Pictures / Data de lançamento: 26 de janeiro de 1996 / Duração: 91 minutos / Sinopse: Fazendeiro do século XIX resolve ajudar escravos fugitivos, o que o coloca contra a lei, porém em prol de seus próprios valores humanos e sentimentais.

Pablo Aluísio.