sexta-feira, 14 de junho de 2013

Austrália

Nem sempre uma grande produção e um enredo ao velho estilo garantem a realização de um bom filme. Um exemplo disso é esse “Austrália”, uma superprodução que tinha a pretensão de reviver o clima dos grandes épicos do passado, mais precisamente da era de ouro de Hollywood. Não deu muito certo. Usando como referência um dos maiores clássicos da história, “E o Vento Levou”, o diretor Baz Luhrmann tentou recriar as tintas desse tipo de filme que sinceramente não se faz mais. Não adianta ter uma mulher forte como personagem central e nem um interesse romântico personificado em um homem rude como vemos aqui. Tem que haver mais, entre elas uma estória de fato cativante e o mais importante: muito calor humano nos dramas passados na tela. “Austrália” infelizmente não tem nada disso. O roteiro narra a luta de uma dona de fazendas naquele distante país. Ela tem que enfrentar não apenas as adversidades naturais como também os problemas causados pelo próprio homem, entre eles uma guerra internacional (a II Guerra Mundial) e conflitos internos.

Essa personagem é uma aristocrata interpretada pela atriz Nicole Kidman. Sua fazenda é um latifúndio a se perder de vista, com mais de duas mil cabeças de gado. Ao seu lado conta apenas com o apoio de seus empregados, entre eles um rústico capataz vivido pelo “Wolverine” Hugh Jackman. Como a intenção do diretor sempre foi recriar algo próximo do famoso filme com o casal Vivien Leigh e Clark Gable, seus personagens em cena lembram em muito os que vimos no clássico de 1939. O problema é que não possuem carisma nenhum. Adoro Nicole Kidman como atriz e profissional mas ela está completamente perdida aqui. Não consegue encontrar o tom certo de seu papel e se perde no meio da trama arrastada que parece nunca ter fim (o filme é longo demais, certamente confundindo longa duração com qualidade, algo que definitivamente não é a mesma coisa). No final das contas temos um verdadeiro elefante branco cinematográfico. Um filme que não agradou a ninguém (foi um fracasso de bilheteria) provando que não basta apenas tentar repetir a fórmula dos grandes filmes do passado para fazer um épico clássico, tem que ter talento para isso.

Austrália (Australia, Estados Unidos, Austrália, 2008) Direção: Baz Luhrmann / Roteiro: Baz Luhrmann, Ronald Harwood / Elenco: Nicole Kidman,  Hugh Jackman, Bryan Brown / Sinopse: Rica proprietária de uma enorme fazenda na Austrália tem que enfrentar uma série de adversidades para tocar em frente seu empreendimento.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Matador de Aluguel

Por falar em Patrick Swayze (1952–2009) me lembrei de um de seus filmes mais sui generis. Era o final dos anos 80, Swayze havia saído de um de seus grandes sucessos, Dirty Dancing, mas não conseguia mais repetir o mesmo êxito de bilheteria. Na verdade desde aquela época percebi uma certa indefinição em sua carreira. O ator não sabia ao certo se virava um galã de filmes românticos ou um novo herói de ação (afinal eram os anos 80, a época de ouro dos action movies). Tentando acertar em algum filão o ator acabou estrelando esse singular “Road House”. Recentemente o desenho animado “The Family Guy” tirou uma onda em cima do filme ao mostrá-lo como o preferido do personagem Peter Griffin. Para ele esse seria “o melhor filme de todos os tempos”! Uma piada irônica sobre as poucas qualidades da produção, é claro. Até a frase de promoção de “Matador de Aluguel” serve hoje de piada: “Ele é ligado em ação, música quente e mulheres”. Francamente...

Eu me recordo que assisti “Matador de Aluguel” em um cinema poeira da minha cidade. Na platéia apenas o público que consumia pancadaria na época: trabalhadores comuns, geralmente da construção civil e torcedores de futebol (na maioria corintianos). É claro que essa turma não queria assistir Shakespeare, queria ver ação insana da primeira à última cena. E para minha surpresa o público gostou do que viu. Claro que não era Stallone, o rei desse filão, mas sim aquele cara que rebolava em “Dirty Dancing” mas mesmo assim, com certas reservas, o povão gostou. E afinal qual era o “roteiro” de “Road House”? Bem, Swayze interpretava um leão de chácara, um sujeito bom de punhos que não levava desaforos para casa! Ele chega numa cidadezinha do Missouri e vai trabalhar em um bar – daqueles bem barra pesada – e literalmente sai no braço com os que querem anarquizar o local! Isso obviamente acaba irritando um chefão local, o bandidão Brad Wesley (Ben Gazzara). A partir daí não precisa ser vidente para descobrir o que acontece: muitas brigas e ação, com Swayze suando a camisa para demonstrar que levava jeito para os filmes de ação. O filme envelheceu? Claro que sim, mas é aquele tipo de coisa, hoje tudo soa muito mais divertido do que na época. Pelo visto Peter Griffin não estava tão errado assim.

Matador de Aluguel (Road House, Estados Unidos,1989) Direção: Rowdy Herrington / Roteiro: David Lee Henry / Elenco: Patrick Swayze, Kelly Lynch, Sam Elliott, Ben Gazzara / Sinopse: Leão de chácara sai nos tabefes com quem pretende bagunçar no bar onde trabalha. Sua pose de valentão e bom de briga logo irrita um poderoso chefão local que agora deseja tirá-lo do mapa o mais rápido possível.

Pablo Aluísio.

Ghost – Do Outro Lado da Vida

Um sucesso improvável. Assim podemos definir “Ghost”, um dos maiores fenômenos de bilheteria da década de 1990. Sua trajetória de sucesso lembra bastante a de outro filme, quase da mesma época, que também caiu nas graças do público para surpresa do estúdio, “Uma Linda Mulher”. Ambos foram filmes lançados em temporadas consideradas de baixa, quase como um “tapa buraco” na programação das salas de cinema dos EUA, mas que, contra todas as previsões, viraram grandes recordistas de vendas de ingressos. Também tem em comum o fato de serem filmes românticos, com forte apelo emocional, embora “Ghost” também tenha se aproveitado do talento de uma boa comediante e de um enredo que tangencia o sobrenatural com muita inspiração. Aqui temos a trágica estória de Sam Wheat (Patrick Swayze), brutalmente assassinado, no auge de seu relacionamento com Molly Jensen (Demi Moore). Do além ele decide resolver a trama de sua morte ao mesmo tempo em que busca punição para seu assassino.

Para isso contará com a ajuda de uma picareta, uma charlatã que finge ser médium e vidente, Oda Mae Brown (Whoopi Goldberg), que logo se tornará responsável pelas melhores cenas de humor de todo o filme. Como todo grande sucesso de bilheteria “Ghost” acabou entrando definitivamente para o universo da cultura pop com cenas marcantes, que não foram mais esquecidas pelos cinéfilos, como a famosa seqüência do vaso na argila, ao som do hit romântico “Unchained Melody” dos Righteous Brothers. Seu sucesso marcou também no mundo da estética (o cabelo curtinho de Demi Moore virou moda) e do próprio cinema (que de repente se viu lançado vários filmes com temática semelhante). No geral é um filme muito bom, que ainda resiste bem ao tempo, apesar de ter sido lançado há mais de 20 anos. Com efeitos especiais discretos e bem realizados, uma trama de assassinato, pitadas de bom humor e um toque romântico à prova de falhas, não é de se admirar que ainda continue tão cultuado e querido pelo público.

Ghost – Do Outro Lado da Vida (Ghost, Estados Unidos, 1990) Direção:  Jerry Zucker / Roteiro: Bruce Joel Rubin / Elenco: Patrick Swayze, Demi Moore, Whoopi Goldberg, Tony Goldwyn / Sinopse: Após ser morto, Sam Wheat (Patrick Swayze), tentará do além-vida prender o seu assassino. Para isso contará com a ajuda muito especial de uma médium charlatã Oda Mae Brown (Whoopi Goldberg, vencedora do Oscar por esse papel).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Psicose II

Após passar 22 anos internado numa instituição para criminosos insanos Norman Bates (Anthony Perkins) finalmente é submetido a uma comissão formada por psiquiatras e especialistas que decidem que ele está finalmente apto para voltar à vida na sociedade. Após uma tumultuada audiência judicial – que conta com a presença de parentes de vítimas indignados com a possibilidade dele ganhar às ruas novamente – Norman Bates se torna mais uma vez um homem livre. Ele passa então a ter um pequeno acompanhamento apenas como formalidade. De volta ao infame Bates Motel ele agora terá que reconstruir sua vida. Sua casa, onde viveu ao lado de sua mãe está completamente abandonada mas o motel ainda funciona, tocado por um gerente indicado pela justiça. O problema é que o local virou um ponto de encontro de usuários de drogas e prostituição o que deixa Norman chocado e irritado! Mas as mudanças terão que esperar um pouco. Como parte de sua recuperação Bates começa então a trabalhar em uma lanchonete enquanto se organiza novamente na vida. Lá simpatiza com uma garçonete, Mary Loomis (Meg Tilly) que logo se torna sua amiga. O que ele não desconfia é que ela tem uma forte ligação com seu passado violento!

“Psicose II” é uma continuação tardia do clássico de Alfred Hitchcock. Quando foi anunciado muitos acharam de muito mal gosto mexer com um enredo que havia marcado tanto na história do cinema americano. Mas como a Universal andava em uma crise financeira sem precedentes e tinha os direitos sobre os personagens de Psicose resolveu-se tentar ressuscitar todo aquele universo que tanto sucesso havia feito no passado. Assim Norman Bates ganhou a liberdade e voltou para seu sinistro motel de beira de estrada. O que mais chama a atenção aqui é a tentativa do roteiro em mexer com as neuroses de Bates de uma maneira pouco convencional. Existe um grupo de pessoas que querem que ele volte à insanidade para que seja encarcerado de novo. Também há uma sutil insinuação de que a mãe de Norman de fato é uma entidade do mal que ronda sua vida, não sendo apenas fruto de sua mente doentia. Algumas pontas ficam soltas na estória e certas situações soam forçadas demais (como o surgimento da “verdadeira” mãe de Norman Bates) mas de uma maneira em geral o filme consegue à duras penas se manter em um nível aceitável. A falta de Hitchcock se torna óbvia mas o diretor Richard Franklin faz o que é possível para preencher essa lacuna, inclusive usando de tomadas ousadas que repercutem muito bem no saldo final. Em termos de violência “Psicose II” é bem contido, existem apenas duas cenas mais explicitas mas que felizmente nunca caem no mal gosto. Assim temos um filme que a despeito de ser desnecessário pode vir a entreter aos fãs do filme original. Afinal de contas muita gente ficou curiosa no final de Psicose sobre o destino do personagem depois de todos aqueles acontecimentos.

Psicose II (Psicose II, Estados Unidos, 1983) Direção: Richard Franklin / Roteiro: Tom Holland, Robert Bloch / Elenco: Anthony Perkins, Vera Miles, Meg Tilly / Sinopse: Norman Bates (Anthony Perkins) volta para a liberdade após passar mais de 20 anos internado em um sanatório para criminosos insanos. Agora de volta à vida normal ele terá que lidar com seus próprios demônios interiores.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de junho de 2013

O Garoto do Futuro

Nos anos 80 valia tudo (ou quase tudo) no chamado cinema para adolescentes. Foi de certa forma a época de ouro para esse filão. John Hughes estava no auge, lançando uma crônica juvenil atrás da outra e com o sucesso dele, novos filmes foram idealizados e lançados. Foi então que começou uma verdadeira mistura de gêneros, e como não poderia deixar de ser os produtores resolveram unir os filmes de adolescentes com a mitologia dos monstros da Universal. Nasceu assim a idéia desse “Teen Wolf”. Basicamente se tratava de uma grande diversão onde um típico adolescente americano descobria que descendia de uma longa linhagem de lobisomens! Antes de qualquer coisa esqueça os gritos, as mortes, o sangue jorrando e tudo mais, “Garoto do Futuro” era um filme muito leve, focado principalmente na diversão pipoca sem qualquer pretensão de ser mais um filme marcante sobre o monstro. Para estrelar o estúdio trouxe o jovem Michael J. Fox que estava fazendo sucesso na série cômica “Caras e Caretas”. Era um novo ídolo teen e seu estilo caía perfeitamente no papel.

O curioso é que “Teen Wolf” foi filmado antes do grande sucesso de Fox em “De Volta Para o Futuro”. Aliás as filmagens do filme produzido por Spielberg começaram ao mesmo tempo em que esse filme estava sendo rodado. O ator escolhido para interpretar Martin McFly era Eric Stoltz mas as coisas não deram muito certo. Foi então que Spielberg mandou parar as filmagens de “De Volta Para o Futuro” até “Teen Wolf” ficar pronto para que só assim Michael J. Fox pudesse entrar no elenco. Vendo o potencial do outro filme os produtores de “Garoto do Futuro” o deixaram na geladeira por vários meses para só o lançar depois de “De Volta Para o Futuro” pois aproveitariam certamente toda a publicidade da outra produção. Nesse meio tempo Fox se tornaria um astro e o filme iria no embalo, o que certamente o tornaria outro sucesso do ator. No Brasil o filme se chamou inicialmente “Lobo Adolescente” mas depois do impacto do filme de Zemeckis tudo mudou, inclusive o título, que mesmo sem muito sentido passou a se chamar “O Garoto do Futuro”. Oportunismo pouco é bobagem!

O Garoto do Futuro (Teen Wolf, Estados Unidos, 1985) Direção: Rod Daniel / Roteiro: Jeph Loeb / Elenco: Michael J. Fox, James Hampton, Susan Ursitti, Jerry Levine, Mark Arnold / Sinopse: Adolescente tipicamente americano acaba descobrindo que é na verdade um lobisomem!

Pablo Aluísio.

Areias Brancas

Depois de alguns fracassos de bilheteria Mickey Rourke tentou recuperar o antigo sucesso com mais um thriller de ação e suspense. O filme foi dirigido pelo bom cineasta Roger Donaldson. A fita se propôs a ser um filme policial de ação com toques de suspense e mistério. Essa película infelizmente chegou em poucas salas nos cinemas brasileiros (apenas nos grandes centros como Rio e São Paulo). Havia todo um efervescente mercado de vídeo (VHS) e assim o filme acabou sendo lançado diretamente nas locadoras em praticamente todo o país, o que achei um erro haja visto que filmes bem piores de Rourke tinham conseguido maior espaço em nossas salas comerciais como “Orquídea Selvagem”, enquanto esse que tinha seu potencial para fazer boa bilheteria por aqui foi praticamente ignorado. Para piorar me recordo bem que o filme foi muito mal lançado em nosso mercado, uma vez que não houve boa publicidade e nem muita repercussão. Para falar a verdade foi até complicado achar a fita para alugar! Um completo descaso com os fãs do ator no Brasil. Por isso muitos ainda desconheçam “Areias Brancas” até hoje.

Mickey Rourke aqui interpreta um perigoso traficante de armas e drogas que é caçado por um xerife feito por Willem Dafoe. O elenco ainda contava com Samuel L. Jackson em boa atuação como um agente federal também em busca de Rourke. O filme tem bom ritmo e excelentes tomadas de ação. É um policial dos bons mas infelizmente não conseguiu alcançar bom resultado comercial. Como se pode perceber o grande atrativo desse filme é seu excelente elenco, formado por atores que estavam em bastante evidência na época. A estética dessa produção também aproveitou bastante daquele clima mais sofisticado e clean que imperava em séries de sucesso na TV como a famosa “Miami Vice”. Na época inclusive li uma critica publicada em um jornal americano que definia “Areias Brancas” como um tipo de encontro entre Mickey Rourke e Miami Vice. Não é para tanto. Esse é um bom momento da carreira de Mickey que infelizmente foi bem subestimado. Agora com o mundo virtual surge uma nova chance dos fãs descobrirem essa produção. Se encontrar por aí não deixe passar batido, vale bastante a pena.

Areias Brancas (White Sands, Estados Unidos, 1992) Direção: Roger Donaldson / Roteiro: Daniel Pyne / Elenco: Mickey Rourke, Willem Dafoe, Mary Elizabeth Mastrantonio,  Samuel L. Jackson,  M. Emmet Walsh / Sinopse: Uma verdadeira caçada é desencadeada após o descobrimento de um corpo numa pequena cidade dos EUA. Thriller policial estrelado por Mickey Rourke e Willem Dafoe.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A Recruta Hollywood

Pelo visto Hollywood anda mesmo em crise de criatividade. Essa comédia “A Recruta Hollywood” nada mais é do que uma usurpação da idéia central de um antigo filme chamado “A Recruta Benjamin” com a comediante Goldie Hawn que usava do mesmo ponto de partida: uma beldade loira, mimada e cheia de firulas, acaba indo parar no exército americano! Veja bem, se nem aquele filme original era lá grande coisa imagine essa cópia descarada! Aqui temos uma estrela de cinema, Megan Valentine (Jessica Simpson), que resolve se alistar no U.S. Army com a intenção de dar veracidade ao seu novo filme que terá como personagem principal justamente uma militar.

E então temos aquelas obviedades que nascem de uma garota dessas envolvida numa rígida disciplina militar, sem luxos ou mordomias. Claro que depois de um tempo ela se tornará ciente da importância da pátria e blá, blá, blá... A atriz principal é Jessica Simpson, uma daquelas celebridades loiras americanas vazias que até hoje não convenceram ninguém mas que não saem das capas de revistas de fofocas, ora preocupada com seus casos amorosos, ora mostrando a nova cor do cabelo, ora exibindo sua barriga de gravidez de nove meses... e daí eu pergunto: o que temos a ver com isso? Nada, por isso ignore essa comédia descartável e sem graça.

A Recruta Hollywood (Major Movie Star, Estados Unidos, 2008) Direção: Steve Miner / Roteiro: Steve Miner / Elenco: Jessica Simpson, Vivica A Fox, Steve Guttenberg, Aimee Garcia / Sinopse: Estrela de cinema (Jessica Simpson) acaba entrando no exército americano para provar que é uma boa atriz pois seu próximo personagem será a de uma militar. Isso, é claro, causará muitas confusões dentro do quartel.

Pablo Aluísio.

Alien³

Uma das seqüências mais complicadas já realizadas em Hollywood. De fato por pouco o terceiro filme da franquia Alien não afundou durante sua própria produção. Vários diretores e roteiristas estiveram envolvidos mas em pouco tempo foram substituídos por novos nomes que estivessem mais de acordo com o que os executivos do estúdio queriam. Afinal era uma das franquias mais bem sucedidas da história e eles definitivamente não queriam arriscar em quase nada. No fundo desejavam apenas mais um filme parecido com os anteriores (e se possível tão lucrativo quanto eles foram). Por essa razão houve muita controvérsia nos bastidores da realização dessa terceira sequência, não sendo rara uma constante troca de farpas entre diretores e chefes do estúdio. James Cameron, o diretor do filme anterior, qualificou o novo roteiro de “um tapa na cara dos fãs de Aliens”. Depois de bater a porta anunciou que nunca mais voltaria a se envolver com a franquia. A atriz Sigourney Weaver também hesitou em voltar. Sua hesitação em aceitar ou não fez com que sua personagem fosse eliminada da trama. Isso provava que o filme seria feito com ou sem ela. Depois de muita negociação entrou em acordo com a Fox e por cinco milhões de dólares de cachê resolveu voltar.

Depois de muitas trocas de cadeiras a direção foi finalmente entregue ao jovem cineasta David Fincher que até aquele momento não tinha muito o que mostrar, uma vez que só havia dirigido pequenos curtas e vídeos, além de um documentário sem grande expressão chamado “The Beat of the Live Drum”. Assim Fincher tentou conciliar suas próprias idéias para o filme com aquilo que o estúdio queria ter em mãos. Não foi fácil. A visão de Fincher era um tanto fora dos padrões, o que elevou o nível de tensão durante as filmagens. De fato é o filme da franquia mais diferenciado de todos, com um clima próprio e soluções singulares para a trama e os personagens. O filme chegou aos cinemas sob uma chuva de críticas negativas, conseguindo apenas uma tímida bilheteria dentro dos EUA (mas se tornando um sucesso pelo mundo afora). Revisto hoje em dia temos que reconhecer que não é um filme de fácil digestão. Alguns pontos funcionam e outros não, mesmo assim merece reconhecimento pela ousadia em seus planos e na narrativa. Isso de certa forma já deixava claro o talento de David Fincher que iria se revelar um dos melhores diretores da nova geração nos anos que viriam.

Alien³ (Alien³, Estados Unidos, 1992) Direção: David Fincher / Roteiro: Dan O'Bannon, Ronald Shusett / Elenco: Sigourney Weaver, Charles S. Dutton, Charles Dance / Sinopse: Durante a fuga a nave de Ripley cai em Fury 161, um distante e esquecido planeta nos confins do espaço sideral, cuja população é formada por perigosos condenados de uma prisão de segurança máxima. O problema é que a criatura Alien também parece ter sobrevivido ao terrível acidente pois não tarda a aparecer vários corpos mutilados com marcas do terrível ser alienígena. Agora Ripley terá que enfrentar o monstro mais uma vez.

Pablo Aluísio.