quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Frank Sinatra - Sinatra '57 in Concert

Ao contrário de Elvis que lançou muitos discos gravados ao vivo, principalmente na década de 1970, poucos foram os álbuns lançados nesse estilo por Frank Sinatra. O cantor era muito perfeccionista e não se sentia confortável ou confiante para lançar discos gravados ao vivo, uma vez que a qualidade sonora nem sempre ficava muito boa, além das eventuais falhas que sempre ocorriam nesse tipo de apresentação, onde o imprevisto e o erro eram a regra. Assim apenas muito mais tarde na carreira foi que Sinatra sentiu-se seguro o suficiente para autorizar o lançamento de discos gravados em concertos na sua discografia oficial. Por tudo isso esse CD tem um valor e tanto para os fãs do The Voice. Afinal de contas ele traz um concerto de Sinatra gravado em Seatlle no ano de 1957. Ao ouvir a íntegra do show não posso ficar surpreso com a boa qualidade sonora. Certamente passa longe da perfeição pois de certa maneira a maravilhosa orquestra que acompanhava Sinatra ficou um pouco abafada ao fundo, mesmo assim considerei realmente excelente o tratamento que foi realizado nas fitas originais. Não é preciso lembrar que nos anos 1950 a técnica de gravação de shows era muito precária, quase primitiva. Apenas faixas gravadas em estúdios profissionais apresentavam boa qualidade sonora.

Outro aspecto que merece destaque é a própria postura de Sinatra no palco. Não há espaço para maiores improvisos ou brincadeiras. Nesse ponto Sinatra era realmente um profissional admirável. Ele tinha um repertório para interpretar e o fazia com extrema maestria e cuidado técnico. Como eu escrevi, para alguém tão perfeccionista não havia espaço para falhas. No máximo ele se dava o prazer e privilégio de cantar alguma música com uma entonação mais divertida. Em pequenos momentos ele se divertia mais como em "I Get a Kick Out of You", onde acabava perdendo por um momento o fio da meada do acompanhamento de seus músicos. É interessante que esse tipo de show era bem diferente do que ele estava mais acostumado a realizar em Las Vegas. Ao lado do Rat Pack a proposta era bem outra. Quando estava acompanhado de Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford ou Joey Bishop, o cantor com copo de whisky na mão adotava outra postura, outro comportamento, quase como um comediante. A intenção não era apenas cantar bem, mas acima de tudo divertir o público, contando piadinhas e histórias engraçadas. Nem sempre esse tipo de material foi bem apreciado pelos críticos, já que todos queriam mesmo ouvir o talento de Sinatra com a devida perfeição e profissionalismo. Se esse for o seu caso então recomendo esse CD sem receios.

Frank Sinatra - Sinatra '57 in Concert
1. Introduction / You Make Me Feel So Young
2. It Happened in Monterey
3. At Long Last Love
4. I Get a Kick Out of You
5. Just One of Those Things
6. A Foggy Day
7. The Lady Is a Tramp
8. They Can't Take That Away From Me
9. I Won't Dance
10. Sinatra Dialogue
11. When Your Lover Has Gone
12. Violets For Your Furs
13. My Funny Valentine
14. Glad to Be Unhappy
15. One For My Baby
16. The Tender Trap
17. Hey Jealous Lover
18. I've Got You Under My Skin
19. Oh! Look at Me Now

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Chuck Berry - Too Much Monkey Business

É uma pena que o mito e pioneiro do rock Chuck Berry tenha nos deixado. Ele morreu no dia 18 de março de 2017. Estamos sempre comentando sobre Berry aqui no blog, pois sua música, seus discos e suas gravações estão sempre vivas nesse espaço, na ordem do dia. Pois bem, para homenagear esse grande roqueiro, um dos verdadeiros pais do rock ´n´ roll, nada melhor do que falar sobre sua arte. Em 1956, em pleno auge da explosão do rock, Berry lançou mais esse single pela Chess.

O compacto era extraído de seu álbum "After School Session" (um dos ícones da primeira geração de roqueiros americanos) e trazia dois clássicos absolutos, com "Too Much Monkey Business" no lado A e "Brown Eyed Handsome Man" no lado B. A letra, como convinha a Berry nessa época, usava de gírias da época, pois a expressão "Monkey Business" era muito utilizada entre os jovens. A música fez bastante sucesso, chegando ao quarto lugar da Billboard e entrou definitivamente no panteão de grandes clássicos do rock ´n´ roll, ganhando versões posteriores de grandes astros da música como os Beatles e Elvis Presley. Algum tempo depois um outro single seria lançado com a canção "Let It Rock" no lado A, mostrando como essa faixa era popular na carreira de Chuck Berry.

Chuck Berry - Too Much Monkey Business (1956)
Single: Too Much Monkey Business / Brown Eyed Handsome Man / Cantor: Chuck Berry / Álbum: After School Session / Selo: Chess Records / Data de Lançamento: Setembro de 1956 / Produção: Leonard Chess, Phil Chess / Músicos: Chuck Berry (vocais e guitarra), Johnnie Johnson (piano), Willie Dixon (baixo), Fred Below (bateria).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Chuck Berry - Chuck Berry In London

Recentemente foi anunciado que Chuck Berry gravaria um novo disco apenas com canções inéditas, algo que ele não faz há muito tempo. Eu recebi essa notícia com bastante reserva. Chuck Berry tem sido explorado por sua família já há bastante tempo. Ele está com 90 anos de idade e não deveria estar mais em um palco ou em um estúdio de gravação e sim curtindo sua aposentadoria em paz. Ele já fez tudo o que deveria fazer em sua carreira. Recentemente ele fez alguns concertos realmente desastrosos, causados justamente por causa de sua idade avançada e da falta de condições de se apresentar bem. É hora do bom e velho Berry descansar.

Dito isso deixa aqui a dica desse excelente álbum ao vivo gravado em Londres quando Berry visitou a Inglaterra para uma série de concertos para seus fãs ingleses (que definitivamente não são poucos). O disco foi lançado originalmente em 1965 e naquela época Berry ainda era uma explosão em cima de um palco. O curioso da seleção musical desse concerto é que Chuck Berry fugiu completamente da set list habitual que costumava usar em seus shows. Ao invés de apostar nos velhos sucessos que todos conheciam ele optou por um repertório completamente fora dos padrões, focado principalmente em canções de blues. Isso é interessante porque ele já sabia que o material seria usado em um disco a ser lançado, por isso caprichou, tanto do ponto de vista em escolher as músicas certas, como também na hora de tocar e cantar, procurando dar sempre o melhor de si. O resultado é ótimo. Eis aqui um álbum que definitivamente não pode faltar na coleção de nenhum roqueiro que se preze.

Chuck Berry - Chuck Berry In London (1965)
My Little Love-Lights / She Once Was Mine  / After It's Over / I Got A Booking / Night Beat / His Daughter Caroline  / You Came A Long Way From St. Louis / St. Louiis Blues / Jamaica Farewell / Dear Dad / Butterscotch / The Song Of My Love / Why Should We End This Way / I Want To Be Your Driver.

Pablo Aluísio.

Chuck Berry - St. Louis to Liverpool

Chuck Berry ficou vários anos na prisão. Finalmente em 1963 ele ganhou a liberdade. Quando saiu da cadeia ele percebeu que os grupos de rock que mais faziam sucesso nas paradas, como Beatles e Rolling Stones, estavam gravando vários de seus antigos clássicos. Assim o interesse em sua música estava renascendo. Ao ser preso nos anos 50 uma das coisas que Berry havia dito era que jamais voltaria a gravar pela gravadora Chess, pois era, em suas próprias palavras, uma empresa comandada por um bando de ladrões. Pois bem, ao sair da prisão, falido e sem muitas perspectivas, ele acabou cedendo às pressões e voltou para a Chess para gravar esse álbum. Ele engoliu seu orgulho pessoal para ter uma nova oportunidade na carreira.

O título procurava fazer uma ponte entre o legado de Berry e as novas bandas, por isso a referência a Liverpool, a terra dos Beatles. É claro que havia ali um oportunismo barato por parte dos produtores, mas para Berry o importante era voltar à ativa, voltar a trabalhar. E como era de se esperar o resultado era genial. Em seus anos preso, Berry aproveitou para compor vários temas, muitos deles gravados aqui pela primeira vez. Um repertório fantástico, capaz de derrubar dúzias de bandinhas da moda. Ele era realmente genial. Basta dar uma olhada na seleção para verificar que novos clássicos da geração rocker eram lançados nesse álbum como, por exemplo, "Promised Land" (que Elvis Presley regravaria alguns anos depois), "Merry Christmas Baby" (outra que Elvis aproveitaria, um autêntico blues de natal, composto na amargura de se passar uma noite de natal atrás das grades) e "Little Marie", uma espécie de continuação de "Memphis, Tennessee". Enfim, o disco era mais uma obra prima da discografia de Berry, produzido em uma época complicada de sua vida. A despeito de tudo contra, Chuck Berry mais uma vez provava que ainda era capaz de produzir rock de extrema qualidade. Ser genial é isso aí.

Chuck Berry - St. Louis to Liverpool (1964)
1. Little Marie 2. Our Little Rendezvous 3. No Particular Place to Go 4. You Two 5. Promised Land 6. You Never Can Tell 7. Go Bobby Soxer 8. Things I Used to Do 9. Liverpool Drive (instrumental 10. Night Beat (instrumental) 11. Merry Christmas Baby 12. Brenda Lee

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Chuck Berry - Chuck Berry Is on Top

Bom, se eu fosse indicar algum álbum da discografia original de Chuck Berry para algum marinheiro de primeira viagem em sua obra certamente apontaria para esse "Chuck Berry Is on Top". Aqui Berry resolveu unir alguns singles de sucesso com gravações novas, inéditas. O resultado mais uma vez é excelente. Uma pena que na carreira e na vida pessoal Berry estivesse vivendo um verdadeiro caos, um inferno astral. Profissionalmente ele estava brigando com a gravadora Chess Records. Havia acusações para todos os lados, mas Berry insistia que estava sendo roubado pelos irmãos Leonard Chess e Phil Chess! A coisa toda iria atingir um ponto em que eles iriam partir para as raias dos tribunais, tamanho o nível de atrito que havia se instalado. Na vida pessoal as coisas também não iam nada bem. Chuck Berry vinha enfrentando acusações pesadas, em processos criminais, que culminariam em sua prisão alguns meses depois.

Com tanto coisa jogando contra não é de se admirar que ele tenha tido vários problemas para colocar um disco completamente inédito nas lojas. Particularmente abomino coletâneas em geral que considero resumos incompletos das obras dos artistas de que gosto. É um produto comercial para vender e nada mais. Em relação a roqueiros como Chuck Berry e Little Richard a coisa ficou ainda mais feia pois a partir dos anos 60 sairiam uma infinidade de títulos como "Golden Hits" e coisas do gênero que apenas procuravam relançar velhas gravações com novas capas. Uma verdadeira praga. Mesmo assim ainda consigo indicar - com certa reserva - um álbum como esse, afinal de contas em seu favor temos o fato dele ter sido parte da discografia original de Berry nos anos 50. Uma prova que sua carreira foi realmente meteórica, de poucos anos. Depois ele infelizmente se tornaria mais um artista ao estilo revival, vivendo de glórias passadas e pouco produzindo algo de novo.

Chuck Berry - Chuck Berry Is on Top (1959)
Almost Grown / Carol / Maybellene / Rock Sweet Little & Roller / Anthony Boy / Johnny B. Goode / Little Queenie / Jo Jo Gunne / Roll Over Beethoven / Around and Around / Hey Pedro  / Blues for Hawaiians.

Pablo Aluísio.

Chuck Berry - Chuck Berry Blues

Há um certo consenso sobre a carreira de Chuck Berry sobre o fato dele ser muito mais do que apenas um roqueiro celebrado pelos anos pioneiros do surgimento do Rock americano, lá nos distantes anos 50. Na verdade Chuck deve ser celebrado também como um talentoso intérprete de blues. Até porque não há como separar o rock original de todos aqueles gêneros que lhe deram origem com especial destaque para o próprio blues, o gospel e até mesmo o jazz. Cada um desses estilos deram sua contribuição para o surgimento daquele novo idioma musical que ficaria conhecido popularmente como Rock ´n´ Roll.

Uma boa oportunidade para conhecer o blueseiro Berry vem justamente desse álbum chamado muito apropriadamente de "Chuck Berry Blues". A edição em CD vem com 16 faixas, quatro a mais do que o LP original. No repertório vemos o cantor tentando resgatar suas origens. Berry não se sai mal em nenhuma das gravações, mas temos que reconhecer que ele não também não consegue ser tão brilhante como em seu lado rocker, já que como roqueiro ele foi um dos mais importantes da história. Como blueseiro, devo dizer, ele é apenas um músico esforçado, embora como eu escrevi, talentoso. Berry chega a até mesmo, em momentos ocasionais, a brilhar como em "I Just Want To Make Love To You", "The Things I Used To Do" e principalmente "St. Louis Blues". Mesmo assim há momentos que deixam a desejar como na preguiçosa "Still Got The Blues", onde Berry parece se contentar em ficar no piloto automático, apelando para clichês. Dentro do blues o grande mentor de Berry, como ele sempre admitiu, sempre foi Willie Dixon. Na prática porém Berry chega mais próximo do estilo de Muddy Waters, o que convenhamos também não é nada mal.

Chuck Berry - Chuck Berry Blues
House Of Blue Lights / Wee Wee Hours / Deep Feeling / I Just Want To Make Love To You / How You've Changed / Down The Road Apiece / Worried Life Blues / Confessin' The Blues / Still Got The Blues / Driftin' Blues / Run Around / Route 66 / Sweet Sixteen / All Aboard / The Things I Used To Do / St. Louis Blues.

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Chuck Berry - One Dozen Berrys

Segundo álbum da carreira de Chuck Berry e o primeiro a ser lançado oficialmente na Europa - uma prova de seu sucesso comercial. Esse disco tem alguns dos maiores clássicos da carreira do cantor e compositor. Duas delas são ícones absolutos que merecem estar em qualquer lista de melhores rocks de todos os tempos, são elas "Sweet Little Sixteen" que estouraria nas paradas assim que foi lançada e "Rock and Roll Music" que anos depois seria regravada pelos Beatles em seu disco "Beatles For Sale". Em tempos politicamente corretos em que vivemos uma letra como a de "Sweet Little Sixteen" certamente traria problemas para Berry, afinal imagine a paranoia que iria se formar ao se deparar com uma canção que falava de uma doce garota de dezesseis anos! Seria o caos em cima do pobre Chuck. Já "Rock and Roll Music" tem uma grande letra, algo bem típico de Chuck Berry pois ele usava de uma linguagem quase cinematográfica para passar seu recado. Obra Prima!

"One Dozen Berrys" faz parte da primeira fase da carreira do cantor. Por essa época ele ainda gravava seus álbuns em Chicago, sob supervisão dos próprios irmãos Chess (Leonard e Phil Chess) que dominavam todo o processo de gravação com mãos de ferro, algo que em pouco tempo os colocaria contra as ideias de Chuck Berry que não ficaria muito tempo no selo - ele saiu batendo a porta literalmente, dizendo que estava sendo roubado pelos donos da Chess na cara dura! De uma forma ou outra não há como negar que é um grande trabalho. Não importam muito as brigas de bastidores quando o ouvinte se delicia com esse repertório. Berry até procura inovar um pouco ao considerar gravar ousadias como "Rockin' at the Philharmonic", uma óbvia tirada de sarro dele para cima dos críticos do Rock ´n´ Roll que não paravam de qualificar as primeiras canções de rock como imbecis e destituídas de valor musical. O tempo, senhor de tudo, porém iria dar o devido reconhecimento para Berry e todos os pioneiros do rock uma vez que esse disco hoje é considerado um verdadeiro clássico! Nada mal...

Chuck Berry - One Dozen Berrys (1958)
Sweet Little Sixteen / Blue Feeling / La Jaunda / Rockin' at the Philharmonic / Oh Baby Doll / Guitar Boogie / Reelin' and Rockin / In-Go / Rock and Roll Music / How You've Changed / Low Feeling / It Don't Take But a Few Minutes.

Pablo Aluísio.

Chuck Berry - After School Session

Chuck Berry foi um poeta da geração jovem da década de 50. Através das letras de suas canções ele procurou cantar o universo de um adolescente da época. Suas canções geralmente falavam de assuntos triviais mas muito importantes para quem tinha seus 16, 17 anos. Em suas músicas temas como garotas, namoros, escola e carrões estavam sempre presentes. Ao longo da vida Berry criou um estilo próprio, sendo considerado até hoje um dos mais criativos guitarristas e compositores da história do rock. De fato poucos tiveram tanto talento em escrever riffs aparentemente simples mas muito bem elaborados. Os solos de Berry são inconfundíveis, formando uma sonoridade que fica na mente de quem ouve para sempre. Basta ouvir uma vez para ser fisgado! Assim não é de se admirar que tenha composto tantos sucessos no começo de sua carreira. Esse seu primeiro álbum na carreira traz um exemplo perfeito disso. O disco é composto basicamente por canções gravadas nas primeiras cinco sessões de estúdio do artista na gravadora Chess e mostra todas as características que fizeram de Berry um dos nomes mais importantes do surgimento do rock´n´roll americano.

Chuck Berry nunca foi uma pessoa fácil de se controlar e essa característica ele aprendeu pelas gravadoras pelas quais passou. Sua passagem na Chess Records foi seguramente sua fase mais inspirada. Nessa gravadora ele colecionou hits após hits, todos lançados em singles de grande sucesso comercial. Para um cantor negro como ele na década de 50 um single de sucesso era tudo o que se procurava alcançar pois isso geralmente significava mais shows e com mais shows mais grana ele conseguia ganhar. Pois Berry não conseguiu apenas um single mas vários, em sequência. Infelizmente como ele próprio definiu anos depois tudo o que conseguiu por essa época foi ser literalmente roubado por empresários e donos de gravadora. Sempre às turras com esse pessoal, Berry não foi consultado nem sobre esse seu primeiro álbum, cujas faixas foram escolhidos à sua revelia. De qualquer modo esse “After School Sessions” é um joia da fase artística mais inspirada de Berry com canções fantásticas que até hoje inspiram as novas gerações de roqueiros. Um disco maravilhoso de um artista numa fase comercialmente conturbada de sua carreira mas artisticamente muito produtiva em sua vida.

Chuck Berry - After School Session (1957)
School Days / Deep Feeling / Too Much Monkey Business / Wee Wee Hours / Roly Poly (Rolli Polli) / No Money Down / Brown Eyed Handsome Man / Berry Pickin / Together (We'll Always Be) / Havana Moon / Downbound Train / Drifting Heart / You Can't Catch Me * / Thirty Days (To Come Back Home) * / Maybellene * / * Faixas bônus do lançamento em CD.

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Chuck Berry

Chuck Berry - Na famosa foto de divulgação da gravadora Decca ao lado, vemos o cantor e compositor Chuck Berry com sua guitarra, ainda no começo da carreira. Ele diria depois que pouco sobrou de seus primeiros anos. Em entrevista Berry recordou: "Todos me roubaram. Meu empresário, os donos das gravadoras, as editoras de música, minhas ex-esposas,  meus parentes! O dinheiro que ganhei no auge da minha carreira foi todo roubado! Assim eu tive que continuar trabalhando para não morrer de fome!"

Chuck Berry, como muitos dos pioneiros do rock, não tinham a menor ideia de como a indústria musical funcionava. Por essa razão assinaram contratos em que praticamente cediam todos os direitos de suas músicas e gravações. Para esses primeiros roqueiros o que importava era gravar discos, mostrar que estava fazendo sucesso no meio musical.

Só que ao assinarem esses contratos leoninos eles perdiam direito a quase tudo. O próprio Chuck Berry iria descobrir que não tinha o direito sequer de usar seu próprio nome pois ele havia cedido tudo para a gravadora Decca, desde suas gravações de seus maiores sucessos, passando por sua imagem e até mesmo o nome! Chuck Berry assim precisou lutar por anos em processos e mais processos judiciais para finalmente começar a ganhar algum dinheiro com sua própria arte.  

Chuck Berry - I Just Want To Make Love To You / House Of Blue Lights / Confessin' The Blues
"I Just Want To Make Love To You" é um dos blues mais bem arranjados da discografia de Chuck Berry. Além da onipresente guitarra de Berry ele resolveu colocar também uma guitarra rítmica que lembra muito a sonoridade típica dos anos 70, um tipo de arranjo que iria fazer parte de muitas músicas daquela época. De todas as faixas do disco "Chuck Berry Blues" essa era uma das mais vocacionadas a virar um hit nas rádios. Só que isso acabou não acontecendo, muito provavelmente por desleixo da gravadora que não trabalhou direito na promoção da música nas estações de rádio. Uma pena.

"House Of Blue Lights" abre com um daqueles rifs memoráveis de Berry. Essa canção é puro rock ´n´ roll dos anos 50. A única razão dela ter sido incluída nesse álbum foi para ajudar na promoção do disco. OK, um dos ingredientes da formação do rock como ritmo musical foi o blues, todos sabem disso, porém "Blue Lights" não é uma canção de blues, pelo contrário, é puro rock mesmo, sem tirar e nem colocar nada. Grande gravação de Berry e também um dos melhores momentos do disco. A melodia é das mais agradáveis e lembra imediatamente de outros sucessos de Berry como a sempre lembrada "Johnny B. Goode".

Mais híbrida é a animadinha "Confessin' The Blues". Dessa faixa aprecio especialmente o "duelo" de guitarras, com Berry solando em praticamente toda a gravação. A melodia com as várias "paradinhas" é outro ponto de atração. Assim como "Make Love to You" essa é igualmente uma das mais bem arranjadas canções do disco. O próprio Chuck Berry abriu espaço no meio da faixa para solar e improvisar como nunca com sua Gibson. Precisava mais de alguma coisa? Penso que não. Em apenas dois minutos Chuck Berry mandou muito bem, adicionando todos os elementos que o fizeram um dos grandes nomes do surgimento do rock nos Estados Unidos.

Chuck Berry: O Ocaso de um Mito
É lamentável saber que um dos grandes mitos da história do rock, Chuck Berry, está nesse momento fazendo uma turnê pela América do Sul (Argentina, Chile, etc) sem ter a menor condição de se apresentar mais com dignidade. Aos 86 anos o velho roqueiro não está nada bem, nem fisicamente e nem psicologicamente falando.

Sua última apresentação no último dia 14 de abril na Argentina foi avaliada como “desastrosa” pela imprensa local. Berry subiu ao palco visivelmente debilitado, sem condições de tocar ou cantar adequadamente. Ao lado de sua famosa guitarra mal conseguiu acertar as notas de seus clássicos.Executou apenas 10 canções em 1 hora de show e saiu sem dar adeus. Acompanhado de uma banda considerada “medíocre” pela crítica argentina Berry não tem mais condições psicológicas e nem de saúde para se expor a esse tipo de apresentação. Seu concerto foi classificado como “triste, bizarro e indigno” pela edição argentina da Rolling Stone. A todo momento Berry era ajudado por sua filha que ao que parece tem sido a organizadora de suas últimas e lamentáveis aparições ao vivo.

Para piorar o que já era bem ruim o cantor não parece mais saber direito onde se encontra ou que está fazendo. De fato Berry só não foi vaiado por causa de sua importância na história do rock – e os argentinos entendem perfeitamente isso. Seria a repetição de mais uma história triste envolvendo os pioneiros do rock? Explorado por familiares e parasitas em geral esses músicos são levados a concertos por cachês altos mesmo não tendo mais a menor condição de levar um show em frente. Triste saber que o maravilhoso Berry se encontra nessa situação. Espero que ele consiga encontrar alguma paz em seus últimos anos de vida. Obs: o texto foi escrito antes da morte do cantor. Chuck Berry morreu em 18 de março de 2017.   

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Brian Jones

Foi um dos fundadores do grupo Rolling Stones. Na verdade para muitos a idéia que deu forma ao conjunto partiu exclusivamente dele. Brian Jones era um dândi, um sujeito bem sofisticado, com ótima formação cultural que resolveu embarcar na onda do Rock ´n´ Roll para se divertir e quem sabe ganhar alguns trocados. Ele se uniu então a alguns jovens “Teddy Boys” que encontrou como Mick Jagger e Keith Richards e sem ter noção do que estava criando acabou fundando um dos maiores grupos de rock da história.

Era um grande instrumentista mas como colega de grupo era um sujeito complicado. Esnobe, só aceitava ficar nos melhores hotéis (enquanto os demais Stones se viravam em quartos fajutos). Achava que era o líder intocável dos Stones mas sua presunção acabou minando sua liderança. Aos poucos os garotos de rua, Jagger e Richards, assumiram esse posto. Jones porém não viveu para ver sua queda arquitetada.

Ele morreu antes, em circunstâncias misteriosas na piscina de sua casa. Era um jovem ainda e até hoje não se sabe com exatidão o que aconteceu (para alguns estava tão drogado que simplesmente se afogou de forma acidental). Hoje, passados tantos anos isso não importa mais. Brian Jones sempre será lembrado como o idealista criador dos Rolling Stones. Um dândi afetado que agora faz parte da constelações dos grandes nomes do rock na história.

Brian Jones (1942 – 1969)

Pablo Aluísio.

Raul Seixas – O Dia Em Que A Terra Parou

Depois de alguns problemas de saúde e divergências artísticas Raul Seixas resolveu cair fora da Phillips, a gravadora onde ele havia gravado seus maiores sucessos. De mala e cuia na mão ele acabou indo parar na recém fundada WEA, braço nacional da multinacional Warner. Raul Seixas em casa nova então começou a trabalhar no novo disco. Ao lado de seu parceiro Cláudio Roberto acabou compondo todas as canções do disco. Raul e Cláudio Roberto não era de fato uma dupla tão significativa como Raul e Paulo Coelho mas não há como negar que compuseram alguns dos grandes clássicos do repertorio de Raulzito, inclusive “Maluco Beleza” que está aqui no disco. Como se pode perceber pelo próprio nome do álbum Raul era acima de tudo um grande fã de cinema. “O Dia em que a Terra Parou” é o nome do famoso clássico Sci-fi dos anos 50. Raul então se aproveitou do título para compor uma simpática faixa onde em um inspirado jogo de palavras mostrava um dia em que “ninguém estaria lá”. Nada de ETs ou Aliens na letra, apenas a idéia simples e bem bolada em que ninguém mais sairia de casa, ficando tudo parado no dia em que literalmente a terra parou.

O álbum foi criticado por alguns por não trazer tantas faixas significativas como nos primeiros discos de Raulzito mas não concordo plenamente com essa visão. Existem no mínimo quatro grandes canções na seleção musical. Além das óbvias “Maluco Beleza” (onde brincava com sua fama de lunático) e a já citada “O Dia Em Que a Terra Parou” havia ainda a deliciosa “No Fundo do Quintal da Escola” onde Raul dava uma banana para seus críticos mais ferozes. Aproveitava também para relembrar dos dias de colegial quando pulava o muro do quintal da escola. Ótima letra. Afirmando que não sabia para onde estava indo mas que estava no seu caminho, Raulzito dá seu divertido recado para os que gostavam de lhe passar sermões. Outro momento fenomenal é “Sapato 36” onde em uma letra nostálgica Raul relembra aspectos de sua infância, mostrando que já não era mais a criança de antes mas sim uma pessoa ciente de si mesmo. Um recado sincero para seu pai. Enfim, para os críticos de sua fase na WEA basta apenas uma audição. Certamente não é um disco filosófico e cheio de mensagens como os anteriores mas não há como negar que é uma bela coleção de canções do eterno maluco beleza.

Raul Seixas – O Dia Em Que A Terra Parou (1977)
Tapanacara
Maluco Beleza
O Dia em que a Terra Parou
No Fundo do Quintal da Escola
Eu Quero Mesmo
Sapato 36
Você
Sim
Que Luz É Essa?
De Cabeça-pra-Baixo

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Frankie Valli and the Four Seasons

Certa vez li um texto escrito por um jornalista inglês especializado em música pop dizendo, de forma bem irônica e ácida, que o Four Seasons foi “a melhor banda de casamentos da história”. Era um tom de escárnio com a música do grupo, como se quisesse desmerece-los por causa de suas canções inocentemente românticas. Bom, como diria o presidente JFK jamais confie em especialistas! Na verdade o grupo Frankie Valli and the Four Seasons marcou bastante a música americana, principalmente naquela fase de entressafra, quando a música jovem daquele país passava por uma grande mudança. A indústria que se assustara com os roqueiros rebeldes e perigosos dos anos 50 agora abraçava moços bem comportados, que só queriam emplacar sua música nas paradas de sucessos. Nada de derrubar o sistema, nem de invocar rebelião nas escolas. O grupo só queria mesmo cantar o amor juvenil daquela época para assim vender muitos discos. Esse aliás era o grande sonho do baixinho Frankie Valli, descendente de italianos, que queria mostrar o talento de seu grupo. Dono de uma voz finíssima e até estridente, Valli, mesmo que por caminhos tortuosos, conseguiu chegar lá!

O grupo nasceu em 1960 e sua formação inicial contava com o próprio Frankie Valli como líder vocal, Bob Gaudio nos teclados, Tommy DeVito na guitarra e Nick Massi no baixo.  Frankie Valli já tinha estrada pois estava tentando decolar na carreira desde 1953. Ele participou de sucessivos grupos mas a sorte não parecia bater na sua porta. Não conseguiu se sobressair e nem fazer sucesso, também pudera na década de 50 o rock americano teve uma verdadeira explosão de criatividade, dominando todas as paradas. Só na década seguinte Valli conseguiu conquistar seu lugar ao sol, justamente quando se uniu ao Four Seasons. O primeiro single foi um fracasso mas aos poucos o grupo foi chamando a atenção, conquistando seu espaço. A explosão veio com "Sherry”, seguido do sucesso número 1 da Billboard, "Big Girls Don't Cry". A partir daí o grupo se firmou e foi conseguindo um sucesso atrás do outro até a invasão britânica em 1964 que de uma forma ou outra enterrou várias carreiras de artistas americanos. É claro que o som deles jamais poderia ser páreo para os Beatles e os Rolling Stones. Não faz mal. Ouvir um álbum do Four Seasons hoje é um dos maiores prazeres que um fã da música dos anos 60 pode desfrutar. Seu som, suas letras sobre romances adolescentes e principalmente a voz de Valli ainda soam maravilhosamente inocentes e cativantes. Uma volta ao tempo que faz muito bem à alma e ao espírito. Por isso serão sempre eternos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A-ha – Memorial Beach

Nem sempre os melhores álbuns se tornam necessariamente sucessos de vendas. Um dos maiores exemplos disso é “Memorial Beach”, um dos discos mais bem produzidos e realizados do grupo norueguês A-ha, que a despeito de sua grande qualidade musical literalmente afundou nas paradas. Para se ter uma idéia o álbum não conseguiu se destacar nem nas paradas da Alemanha e Inglaterra, dois fortes redutos de fãs do grupo. Porque isso aconteceu? Muitos atribuem o fato à pouca divulgação que o disco teve em seu lançamento, já outros acreditam que seu resultado comercial pífio foi resultado das próprias músicas presentes no álbum pois tinham pouca vocação comercial, sendo em sua grande maioria faixas mais românticas, ternas, que em pouco lembravam os hits radiofônicos dos discos anteriores do grupo. De uma forma ou outra “Memorial Beach” acabou mesmo sendo ignorado pelo grande público, circulando apenas entre os fãs mais fieis ao A-ha.

Deixando a questão meramente comercial de lado e analisando o trabalho apenas em seu lado artístico não há como negar que “Memorial Beach” é sem dúvida um dos melhores discos do A-ha. As canções, todas extremamente bem escritas e executadas, levam o ouvinte a realmente se sentir numa praia durante um entardecer preguiçoso. Há grandes baladas aqui, todas com melodias inspiradas, sem qualquer pressa de chegarem ao fim. O clima relaxante e romântico dita o tom de todas as demais músicas. Isso porém não quer dizer que haja apenas baladas. “Move to Memphis”, por exemplo, é ótima, ideal para dançar e se divertir. Curiosamente o disco foi gravado em um frio e isolado estúdio localizado nos arredores de Minneapolis, o que deve ter contribuído ainda mais para o clima soturno de “Memorial Beach”. Enfim, fica a dica para quem não conhece e pensa que o A-ha é apenas um grupo vocacionado para sucessos descartáveis de FM. Eles são bem mais do que isso e “Memorial Beach” prova isso muito bem.

A-ha - Memorial Beach (1993)
Dark Is the Night for All
Move to Memphis
Cold as Stone
Angel in the Snow
Locust
Lie Down in Darkness
How Sweet It Was
Lamb to the Slaughter
Between Your Mama and Yourself
Memorial Beach

Pablo Aluísio.

Jimmy Clanton

Algumas histórias no mundo da música são mais do que divertidas, são na verdade finas ironias do destino. Veja o caso de Jimmy Clanton. Ele surgiu no vácuo deixado por Elvis Presley após ele ser convocado pelo exército americano no final da década de 50. Caindo nas graças do influente DJ Alan Freed, o jovem mal tinha saído do High School e já estava vendo sua carreira decolar rapidamente. Numa conversa informal com um produtor do selo Ace Records, Freed teria dito: “Qualquer garoto bonito pode fazer o mesmo sucesso que Elvis. Eu vou transformar esse garoto em um cantor maior que Presley, espere e verá!”. E no começo as coisas realmente pareciam ir muito bem. De repente Jimmy Clanton começou a aparecer nas paradas de sucesso, na TV (no popular American Bandstand) e sua gravação "Just a Dream" subiu ao primeiro posto da Billboard (vendendo mais de um milhão de cópias!). Um feito maravilhoso, só comparado a Elvis, é claro! Mas eles queriam mais. Após mais um sucesso, a deliciosamente descerebrada “Go Jimmy Go”, o cantor foi parar nas telas de cinema.

Ele assim surgiu estrelando mais um daqueles típicos filmes de rock ´n´ roll, “Go, Johnny Go!”. Na película ele interpretava o personagem Johnny Melody, uma paródia de si mesmo. Vieram mais sucessos em seguida, "A Letter to an Angel," "Ship on a Stormy Sea," e "Venus in Blue Jeans". A verdade é que enquanto Elvis Presley estava virando picolé no frio da Alemanha, Jimmy Clanton deitava e rolava nas paradas e no cinema até que... bem, a festa certamente não duraria para sempre! Em 1960, bem no exato momento em que Elvis voltava para os EUA com ampla repercussão da mídia, Clanton era convocado pelo exército americano! Existe ironia mais interessante do que essa no mundo da música americana? Eu acredito que não. Ele acabou sendo vitima do mesmo destino que havia prejudicado Elvis e que em última análise o tinha transformado em um astro!. Clanton acabou ficando dois anos em serviço militar e quando voltou o mundo musical já era bem outro. Os Beatles estavam nas paradas e ninguém mais daria muita bola para um artista que sempre vivera na sombra de Elvis Presley (já naquela época também passando sufoco para competir com a invasão britânica). A moral de toda essa história? Ora, definitivamente o mundo dá voltas meus amigos...

Pablo Aluísio

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

The Trashmen - Surfin' Bird

Provavelmente você não conheça assim de nome, afinal quem se lembraria de um grupo de rock chamado “Os Lixeiros”? Se não lembra do grupo certamente se lembrará de seu som ao ouvir o maior sucesso deles, "Surfin' Bird"! A música foi lançada em um single sem maiores pretensões em 1963 e conseguiu a façanha de alcançar o quarto lugar entre os mais vendidos da parada Billboard, provavelmente o maior feito comercial de uma banda de garagem da história da música americana! Sim, o Trashmen era uma banda de amigos de Minnesota que nunca se levaram muito a sério (bom, basta ouvir Surfin Bird para entender isso).

E foi justamente esse o segredo do sucesso desse single – a sonoridade era tão absurdamente estúpida e a letra tão completamente debilóide que obviamente caiu nas graças dos jovens de forma imediata! Foi um estouro de vendas! Era tola, ridícula e... irresistível! O grupo acabou em 1967, quase no anonimato já que Surfin Bird tinha sido a única grande “criação” deles (na verdade uma fusão de duas outras músicas, "The Bird's the Word" e "Papa-Oom-Mow-Mow" que não foram creditadas na época) mas quem se importa? Surfin Bird é uma das melhores representantes da surf music, que aqui surge em sua essência, uma ode ao doce sabor da juventude sem problemas da década de 60! Quem disse que toda música tem que mudar o mundo? O Trashmen provou justamente o contrário disso!

Pablo Aluísio.

Patsy Cline

Certa vez durante uma reunião com amigos um deles me fez uma pergunta das mais interessantes: “Pablo qual foi na sua opinião a voz feminina dos anos 60?”. Nem pensei muito. “Patsy Cline” – respondi. Infelizmente poucos se lembram de Patsy, principalmente no Brasil, onde apenas colecionadores mais atentos se lembram da maravilhosa voz dessa cantora, em um timbre vocal que sempre gostei de chamar de angelical. Além disso é impossível ouvir uma canção de Patsy sem lembrar imediatamente dos chamados anos dourados. É uma associação imediata. Sua voz, seus arranjos, as letras, tudo soa muito evocativo àquele período.

Patsy Cline foi uma estrela cadente. Gravou apenas três álbuns de estúdio e teve sua vida encerrada muito cedo, morrendo com apenas 30 anos em 1963 mas seu legado é fenomenal. Ela começou a carreira no universo country mas logo despontou com um pop romântico fantástico que logo alcançou repercussão nas paradas. “Crazy” é sintomático nessa nova fase. Como uma típica garota daqueles anos ela teve que conciliar sua carreira musical com seus casamentos, que não deram muito certo. Ela vivia nessa dualidade entre a vida de cantora e dona de casa mas a vocação falou mais alto. Patsy morreu em um acidente de carro perto de Camdem, uma cidade importante na história da música americana pois foi lá que nasceu a RCA Victor uma das companhias mais importantes da indústria fonográfica. Felizmente seus discos preservaram o que de melhor havia nela, seu grande talento vocal.

Discografia de Patsy Cline:
Patsy Cline (1957)
Patsy Cline Showcase (1961)
Sentimentally Yours (1962)

Pablo Aluísio.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Eagles - Hotel California

Eu adoro o Eagles. Essa banda tem aquele sonzão poderoso da década de 70 que sempre me agrada. O meu primeiro álbum do Eagles, ainda na era do vinil, foi esse "Hotel California" que traz a música mais conhecida do grupo. Basta começar o excelente dedilhado de introdução para todos os ouvintes saberem de que música se trata. A canção é conhecidíssima e envolta em muitas lendas urbanas por causa de sua letra que para alguns é muito sinistra e sombria. Afinal o que seria o Hotel California? O purgatório? O próprio Hades? Cada um aparece com uma interpretação diferente o que mitifica ainda mais a música que é realmente maravilhosa. O Eagles é um dos grupos mais interessantes do country rock americano pois ao mesmo tempo em que são campeões de vendas de discos nunca perderam seu estilo muito singular, que qualifico tranquilamente como alternativo. Seu som único embala há gerações e eles ainda hoje seguem com o pé na estrada mostrando a vitalidade de seu nome mesmo nos dias de hoje. Sempre tocando em concertos com lotação esgotada por onde se apresentam o Eagles tem um público fiel, só comparado aos grandes nomes da história da música como Beatles, Elvis ou Pink Floyd.

Hoje eles soam bem mais comportados mas na década de 70 os membros do Eagles não eram nada fáceis. Suas histórias extravagantes durante as turnês são lendárias. Formado por grande beberrões e farristas o Eagles surpreende por ter sobrevivido àqueles anos alucinados. Viveram realmente o lema do "Sexo, Drogas e Rock n Roll" em plenitude. Esse álbum foi gravado naquela fase conturbada. Como viviam brigando entre si o Eagles teve muitas formações diferentes ao longo dos anos. Aqui o grupo surge pela primeira sem o membro fundador Bernie Leadon que resolveu deixar a banda para alcançar vôos solos. Sem dúvida uma grande perda pois além de ótimo vocalista era um letrista dos mais capazes. Mesmo com sua saída o grupo seguiu em frente, demonstrando que poderiam seguir sem Bernie.

O som aqui surge mais bem elaborado, com ótimos arranjos. Não há espaços em branco no som do Eagles. Há sempre uma guitarra solando no fundo (às vezes até duas ou mais) o que deixa a sonoridade encorpada e brilhante. Credito a Hotel California o título de um dos mais roqueiros trabalhos do grupo. Seu som ficou mais forte, com muita pegada. Um exemplo é a ótima "Life in the Fast Lane" onde Don Henley consegue uma vocalização extremamente bem integrada com a parte instrumental (há também um dos melhores solos do Eagles).  Don Henley aliás predomina na parte vocal, sendo seguido de perto por Glenn Frey e Joe Walsh, ambos em grande forma. Tanto bom gosto resultou em excelentes números. "Hotel California", o álbum, vendeu 16 milhões de cópias apenas nos EUA, um número fantástico. Junte-se a isso os 3 singles extraídos do disco (todos campeões de vendas) e você entenderá o sucesso do Eagles. Sua coletânea "Eagles Greatest Hits" vendeu inacreditáveis 42 milhões de cópias o que mostra a força do grupo dentro do mercado fonográfico. Isso porém é o de menos. O que vale a pena é sempre ouvir esses loucos maravilhosos e sua sonoridade única. Eagles é realmente tudo de bom.

Eagles - Hotel Califórnia (1976)
Hotel California
New Kid in Town
Life in the Fast Lane  
Wasted Time  
Wasted Time (Reprise)  
Victim of Love
Pretty Maids All in a Row
Try and Love Again
The Last Resort

Pablo Aluísio.

Eagles - On the Border

Ultimamente tenho ouvido bastante esse álbum. É interessante porque o grupo Eagles é gigante dentro das fronteiras americanas. Um de seus discos se encontra no seleto grupo dos cinco álbuns mais vendidos da história na indústria fonográfica dos Estados Unidos. Só que isso só acontece mesmo entre os fãs de country - rock naquele país. Em outros lugares do mundo, como Europa e Brasil, o Eagles é mais conhecido por Hotel California e olhe lá! É isso não deixa de ser uma injustiça porque foi um grupo excepcional dentro de seu nicho musical. Eram excelentes músicos, tanto de palco como de estúdio, por essa razão mereciam ter maior prestígio nos demais países estrangeiros.

Esse disco em particular tem uma excelente seleção musical. Ele foi lançado originalmente em 1974. Produzido pela dupla de talentosos produtores musicais formada por Bill Szymczyk e Glyn Johns, foi o primeiro disco do Eagles a trazer o jovem guitarrista Don Felder. A capa, trazendo uma bela arte, mostrava uma águia voando no deserto do oeste, com destaque para as formações rochosas do Monument Valley, algo bem no estilo country and western. Minha faixa preferida nesse disco abria o lado B do vinil original. Era "James Dean". O título já entregava o jogo. Uma homenagem do grupo ao ator James Dean, morto em 1955. O refrão retomava o lema de viver rapidamente, sendo muito jovem para morrer. A melodia era aquele tipo de sonoridade que grudava na mente do ouvinte. Colocaram até o som de um carro acelerando para reforçar a mensagem. Ficou muito bom. Outro destaque é a bela canção "Already Gone", que já abria as cortinas do disco em grande estilo.

Eagles - On the Border (1974)
Already Gone
You Never Cry Like a Lover
Midnight Flyer
My Man
On the Border
James Dean
Ol' 55
Is It True?
Good Day in Hell
Best of My Love

Pablo Aluísio.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Eagles - Their Greatest Hits (1971 - 1975)

Qual foi o disco mais vendido da história? Acredite, por anos e anos foi justamente esse "Their Greatest Hits" do grupo americano de country rock Eagles! No total esse álbum vendeu 18 milhões de cópias e isso quase que exclusivamente nos Estados Unidos. Assim percebemos como o Eagles é bem maior dentro das fronteiras do Tio Sam do que no resto do mundo. Dentro dos Estados Unidos o Eagles é considerado um dos maiores grupos de rock da história. No resto do mundo eles são apenas encarados como uma boa banda dos anos 70. Injustiça!

Pois bem, aqui nesse disco temos os maiores sucessos do grupo em sua fase de maior criatividade e maior sucesso comercial. Os membros eram jovens, estavam compondo suas melhores músicas e eles estavam surfando na onda do sucesso. É o auge deles como grupo, sem dúvida. Some-se a isso a formação clássica, considerada a melhor do grupo em todos os seus anos de carreira. Se você é um ouvinte ocasional do Eagles, que não faz questão de colecionar a discografia deles, esse álbum vai satisfazer todas as suas pretensões. Já se você quiser ir mais a fundo da música do Eagles, bem nesse caso o disco vai soar bem superficial mesmo. É tudo uma questão de ponto de vista.

Eagles - Their Greatest Hits (1971 - 1975)
Take It Easy
Witchy Woman
Lyin' Eyes
Already Gone
Desperado
One of These Nights
Tequila Sunrise
Take It to the Limit
Peaceful Easy Feeling
Best of My Love

Pablo Aluísio.

Eagles - One of These Nights

Assim como aconteceu com o Pink Floyd o auge dos Eagles se deu nos 1970. Em meados daquela década o grupo estava super entrosado e afiado. As inúmeras turnês trouxeram uma maestria sonora ao grupo que jamais seria alcançada em nenhum outro momento de sua história. Some-se a isso o fato dos membros do conjunto estarem no auge de sua juventude, vivendo pelas estradas empoeiradas dos Estados Unidos o sonho de ser um rockstar. O bom momento se reflete justamente nesse excelente disco, "One of These Nights", que seria o quarto álbum do grupo e o antecessor imediato da obra prima deles, "Hotel California".

E basicamente o que temos aqui? Uma coleção primorosa de belos arranjos e letras acima da média. Assim que chegou nas lojas o público correu para transformar o vinil em um dos mais vendidos da história, com quatro milhões de cópias consumidas em poucas semanas. Isso abriu as portas do sucesso internacional ao Eagles que saiu em sua primeira turnê fora dos Estados Unidos. O resto é história. Embora hoje em dia o Eagles seja considerada apenas uma banda de rock country blues ao estilo jurássico, o fato é que o som das águias atravessou o tempo, comprovando a extrema qualidade de suas gravações, que resistiram bravamente ao teste do tempo. / Produção: Bill Szymczyk / Formato Original: Vinil / Músicos: Don Felder, Glenn Frey, Don Henley, Bernie Leadon, Randy Meisner

Eagles - One of These Nights (1975)
One of These Nights
Too Many Hands
Hollywood Waltz
Journey of the Sorcerer
Lyin' Eyes
Take It to the Limit
Visions
After the Thrill Is Gone
I Wish You Peace.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ultraje a Rigor - Nós Vamos Invadir sua Praia

Talvez seja um dos discos de estreia mais importantes da geração do rock Brasil dos anos 80. É incrível, mas olhando para a seleção de músicas ficamos com a impressão de que o disco seria uma coletânea e não a estreia de uma banda de rock brasileira. Eu acho que o Ultraje a Rigor nunca mais poderia superar um LP como esse - e realmente eles nunca mais repetiram o feito, em toda a sua discografia. Pena que com o tempo o grupo fosse perdendo o foco. Mudanças de formação e falta de turnês mais consistentes minaram um pouco o brilho desse grupo de rock.

As faixas, com poucas exceções, são todas boas e fizeram sucesso. O Lobão chegou a fazer uma pequena participação na faixa título do álbum. No mais só clássicos do Ultraje a Rigor como "Eu me Amo", que tem uma letra simples, mas muito bem sacada e "Rebelde sem Causa", trocadilho com o nome do famoso filme de James Dean. "Ciúme" completa a lista das melhores. Fora essas ainda tem a engraçadinha "Marylou" e  "Jesse Go", que segundo o próprio Roger Rocha Moreira foi composto em "homenagem" ao Paulo Ricardo e seu estrelismo misturado com egotrip.

Ultraje a Rigor - Nós Vamos Invadir sua Praia (1985)
Nós Vamos Invadir sua Praia
Rebelde sem Causa
Mim Quer Tocar
Zoraide
Ciúme
Inútil
Marylou
Jesse Go
Eu Me Amo
Se Você Sabia
Independente Futebol Clube

Pablo Aluísio.

RPM - Revoluções por Minuto

O RPM foi uma farsa do rock brasileiro dos anos 80. Afirmo isso baseado no fato de que esse grupo foi o de maior sucesso da época e ao mesmo tempo o de sucesso mais efêmero. Duvida? Ora, se formos analisar bem a discografia dessa banda veremos que eles na realidade só fizeram sucesso em 1 disco. Isso mesmo. Muita gente vai dizer que o LP Rádio Pirata também foi um megasucesso. Sim, foi, entretanto as músicas nada mais eram do que versões ao vivo do repertório desse primeiro álbum.

O RPM de certa maneira foi assim um teste de fogo para o marketing musical da indústria fonográfica brasileira. E deu muito certo, pelo menos nesse disco de estreia. O grupo era tão popular no Brasil como qualquer outro grupo estrangeiro. Fãs histéricas nos shows, idolatria total, impacto na mídia. Tudo isso teve o RPM em seu auge. Porém com o mesmo impacto que teve ao surgir, teve ao sumir. A banda explodiu muito rapidamente, turbinado por guerras de egos e muito abuso de drogas. Sobrou apenas as músicas desse disco. São boas músicas, maracaram época, disso não discordo. Só não possuem a marca da posteridade que define os grandes da história do rock Brasil.

RPM - Revoluções por Minuto (1985)
Rádio Pirata
Olhar 43
A Cruz e a Espada
Estação do Inferno
A Fúria do Sexo Frágil Contra o Dragão da Maldade
Louras Geladas
Liberdade / Guerra Fria  
Sob a Luz do Sol
Juvenília
Pr'esse Vício
Revoluções por Minuto

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

35 anos de Rock and Roll

O selo Som Livre (que pertencia ao grupo Globo) lançou coisas bem interessantes no Brasil durante os anos 80. Pois é, nem só de trilhas sonoras de novelas vivia essa gravadora. Aqui eles reuniram um belo repertório da fase mais, digamos, heróica do rock americano. E o mais interessante de tudo é que entre as faixas se encontravam algumas preciosidades. Sim, havia velhos sucessos batidos, como a própria "Long Tall Sally" do Little Richard e até mesmo "Sweet Little Sixteen" do Chuck Berry. Entretanto havia sim material de qualidade que fugia do banal.

Entre essas faixas eu destacaria a maravilhosa versão de "Will You Love Me Tomorrow" do The Shirelles, a melhor que já ouvi até´hoje, com lindo arranjo de orquestra. E por mais que tenha procurado por essa mesma versão em outros discos, jamais encontrei! Surpresa completa. Outra que foge do lugar comum é "Save The Last Dance For Me". Essa é outra versão que ainda não encontrei por aí. Por fim destaco outra raridade, essa versão sui generis de "Go Jimmy Go" do Jimmy Clanton. Uma raridade. Em suma, não é uma coletânea tão banal como alguns dizem por aí. Tem coisa boa e rara aqui também. Por isso se encontrar para comprar nem pense duas vezes.

35 anos de Rock and Roll
1. Little Richard - Long Tall Sally
2. Bobby Day - Rockin' Robin
3. Robin Luke - Susie Darlin'
4. The Champs - Tequila
5. The Coasters - Charlie Brown
6. The Shirelles - Will You Love Me Tomorrow
7. Jimmy Rodgers - Honeycomb
8. Lloyd Price - Stagger Lee
9. Chuck Berry - Sweet Little Sixteen
10. Del Shannon - Runaway
11. Jerry Wallace - Primrose Lane
12. Duanne Eddy - Rebel Rouser
13. The Drifters - Save The Last Dance For Me
14. Jimmy Clanton - Go Jimmy Go
15. Gene Vincent - Be Bop A Lula
16. Bill Halley & His Comets - ABC Boogie

Pablo Aluísio.

The Blues Brothers

Trilha sonora do filme "Os Irmãos Cara de Pau". O grande mérito do projeto The Blues Brothers" realmente veio do lado musical. O time de grandes músicos que foram contratados para participar do filme até hoje impressiona. Esse grupo contava com nomes como Ray Charles, Aretha Franklin e James Brown, entre outros. A cena de James Brown inclusive é hilária, fazendo um pastor de igreja cheio de estilo e ginga! Ray Charles também não fica atrás protagonizando certamente um de seus melhores momentos no cinema. Impagável. De Aretha Franklin nem precisamos perder tempo comentando, pois a grande diva da música negra é simplesmente fenomenal.

A razão de tanta gente boa ter sido reunida em um só disco veio diretamente da insistência do próprio John Belushi em reunir um grupo de craques para cantar na trilha sonora. Belushi era apaixonado por música e mantinha um velho sonho de se tornar cantor, formar uma banda de rock e blues e fazer sucesso. Embora sua trajetória tenha sido curta ele realmente conseguiu esse feito, mesmo que de maneira indireta, pois o disco "The Blues Brothers" alcançou grande êxito comercial levando essa trilha a alcançar grande sucesso de vendas quando foi lançada originalmente. Um fato raro certamente, pois trilhas sonoras de comédias não costumavam nem frequentar a lista da Billboard.

The Blues Brothers - Trilha Sonora
1. She Caught The Katy - The Blues Brothers / Jake Blues
2. Theme Peter Gunn - The Blues Brothers Band
3. Gimme Some Lovin' - The Blues Brothers / Jake Blues
4. Shake a Tail Feather - Ray Charles / The Blues Brothers
5. Everybody Needs Somebody to Love - The Blues Brothers
6. The Old Landmark - James Brown / Coro do Rev. James Cleveland
7. Think - Aretha Franklin / The Blues Brothers
8. Theme From Rawhide - The Blues Brothers
9. Minnie the Moocher - Cab Calloway / The Blues Brothers Band
10. Sweet Home Chicago - The Blues Brothers
11. Jailhouse Rock - Jake Blues / The Blues Brothers

Pablo Aluísio.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Bruce Springsteen - Western Stars

Esse é o novo álbum do cantor e compositor Bruce Springsteen. Muito se tem falado que é um dos trabalhos mais parecidos com "Nebraska", um dos clássicos do artista. Será mesmo? Ainda estou nas primeiras audições e isso é algo complicado porque geralmente nesse primeiro momento não se tem ainda uma visão completa e profunda sobre o disco. Mesmo assim posso antecipar que a comparação  é válida e tem sua razão de ser. E quais seriam essas semelhanças? Bom, antes de mais nada temos aqui uma sonoridade bem intimista, muito semelhante com o que ouvimos em "Nebraska". 

Também é uma viagem ao interior dos Estados Unidos. O clima é de longas planícies, cavalos selvagens à solta, muita imensidão de campo e também muita solidão. Com um pouco de imaginação podemos até mesmo visualizar um cowboy deitado no chão do deserto, esperando a hora para tocar o gado em direção do oeste. É justamente esse tipo de clima que Bruce Springsteen quis capturar. E isso é tão verdadeiro e óbvio que o cantor resolver deixar claro até mesmo na arte do álbum. A capa é simbólica sobre isso, com um Mustang selvagem (uma raça bem popular de cavalos na América), completamente livre e indomado no meio do oeste. E o título do disco, que em nossa língua significa "Estrelas do Oeste" escancara ainda mais as intenções do artista. O Bruce Springsteen da cidade grande, o operário de "Born in The USA", definitivamente não dá as caras nesse trabalho.

Bruce Springsteen - Western Stars
Hitch Hikin'
The Wayfarer
Tucson Train
Western Stars
Sleepy Joe's Café
Drive Fast (The Stuntman)
Chasin' Wild Horses
Sundown
Somewhere North of Nashville
Stones
There Goes My Miracle
Hello Sunshine
Moonlight Motel

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Bruce Springsteen - Working On a Dream

Se existe um artista que merece todos os aplausos no cenário musical mundial esse certamente é Bruce Springsteen. Demonstrando que a vitalidade e o espirito do Rock não tem nada a ver com idade, "The Boss" como é conhecido, está bem próximo de completar 60 anos (no próximo mês de setembro), mas esbanja uma versatilidade e talento que deixariam muitos dos ídolos atuais mortos de vergonha. Para muitos sessentões aposentados ele é um exemplo: trabalha feito um louco, colocando um novo CD no mercado a cada dois anos, realiza vários concertos ao redor do mundo e o mais importante, demonstra que ainda é um verdadeiro astro pois o material apresentado é dos mais relevantes que existem atualmente. Talvez um dos poucos cantores surgidos na década de 60 ainda na ativa plenamente, Bruce vem intercalando sua carreira com álbuns que louvam suas heranças folk / country (como Nebraska, The Ghost of Tom Joad, We Shall Overcome e Devils & Dust) e trabalhos elaborados especialmente para tocarem nas rádios e alcançar sucesso comercial (como o sempre lembrado Born in The USA, Tunnel of Love e mais recentemente Magic, seu último álbum).

Esse Working On A Dream se enquadra na segunda categoria. Assim como "Magic" o velho Bruce demonstra que ainda está bem longe de perder o toque de midas que sempre caracterizou seus melhores discos comerciais. Ao ser lançado o CD chegou rapidamente ao primeiro lugar na Billboard entre os mais vendidos, derrubando estrelinhas pop da atualidade, mostrando que, ao contrário do que muitos profetizam, a boa música ainda tem lugar cativo nas paradas musicais. Ao lado de sua eterna banda, The E Street Band, Bruce compôs o material de "Working On a Dream" durante a turnê mundial de "Magic" e entre os shows foi ensaiando com seu grupo visando o lançamento de seu novo disco para pouco mais de um ano após esse chegar nas lojas. "Working On a Dream" aliás foi o último trabalho do membro da E Street Band, Danny Federici, que morreu antes dos trabalhos serem concluídos. Como forma de homenageá-lo Bruce convocou seu filho, Jason Federeci, para trabalhar na finalização do álbum. O CD é excepcional, desde a faixa título, Working On a Dream (que chegou a ser usada por Bruce na campanha do amigo Barack Obama), até This Life, que traz em sua melodia todas as características que fizeram de Bruce um dos mais conhecidos cantores americanos no mundo. Mas o destaque absoluto desse álbum é certamente The Wrestler. A canção foi feita para ser tema do filme "O Lutador", com Mickey Rourke. Excepcionalmente bem escrita e arranjada, The Wrestler é a canção que melhor sintetiza essa grande obra. Maravilhosa. Espero que Bruce ainda tenha muitos anos de vida pela frente, a boa música certamente agradece.

Bruce Springsteen - Working On a Dream
01. Outlaw Pete
02. My Lucky Day
03. Working on a Dream
04. Queen of the Supermarket
05. What Love Can Do
06. This Life
07. Good Eye
08. Tomorrow Never Knows
09. Life Itself
10. Kingdom of Days
11. Surprise, Surprise
12. The Last Carnival
13. The Wrestler.

Pablo Aluísio.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Bruce Springsteen - Nebraska

Esse é o disco mais sombrio, soturno e melancólico da carreira do Bruce Springsteen. Todas as vezes que ouvi esse álbum eu tive que entrar em um certo clima de introspecção, porque a sonoridade é para poucos. E qual seria a razão de tanta tristeza e solidão? A grande maioria das cações foram compostas em cima de crimes bárbaros que aconteceram nos Estados Unidos na década de 1950. Um casal de serial killers formado por Charles Starkweather (O James Dean assassino) e sua namorada de 14 anos de idade, a psicopata Caril Ann Fugate deixaram um rastro de morte por onde passaram...

Esse casal de jovens pegou um carro e saiu matando em série nos recantos mais pacatos da América. Essa história bateu fundo na alma do Bruce Springsteen e assim ele resolveu gravar o disco. O que predomina nas faixas é o folk e o blues, em harmonias que são pura reflexão, pura solidão, pura tristeza. "Nebraska" não é um disco para todo mundo. Até mesmo em relação ao seleto grupo de fãs do cantor, tem que haver uma certa triagem. É um trabalho musical que não vai deixar você indiferente. Ou vai amar ou odiar o que vai ouvir. E isso é a maior prova que se trata de uma obra-prima da discografia do artista.

Bruce Springsteen - Nebraska (1982)
Nebraska
Atlantic City
Mansion on the Hill
Johnny 99
Highway Patrolman
State Trooper
Used Cars
Open All Night
My Father's House
Reason to Believe

Pablo Aluísio.

Bruce Springsteen - Born in the U.S.A.

Um ótimo trabalho de Bruce Springsteen que foi alvo de dois pontos de vista igualmente equivocados. O primeiro deles de fundo ideológico e o segundo artístico. Não é segredo para ninguém que durante muitos anos o álbum "Born in the U.S.A." foi taxado de ser uma absurda patriotada, de ser uma mera propaganda do Tio Sam, dos ideais americanos. De fato quando o disco foi lançado os Estados Unidos viviam sob a era Reagan e esse tipo de pensamento acabou encontrando terreno fértil entre os especialistas em música. O republicano Reagan era tão reacionário que esse disco o retratava com perfeição. A questão é que não se trata disso. Bruce Springsteen está apenas louvando em sua música o estilo de vida do americano comum, do trabalhador médio de seu país, do operário da construção civil, que apenas deseja trabalhar de forma honesta o dia inteiro para depois do expediente tomar algumas cervejas no bar local para retornar aos braços da patroa no fim do dia. Sonhos comuns e cotidianos ordinários do americano de subúrbio. O segundo equívoco do ponto de vista sobre o disco é a de que ele seria na realidade a obra prima do artista. Também não é bem assim.

É um bom álbum, feito para tocar nas rádios, mas longe de ser o seu melhor momento. Bruce Springsteen tem uma carreira muito mais rica artisticamente do que supõe essa vã opinião. De qualquer maneira se você gosta de rock tenha certeza que é um item que não pode faltar em sua discografia.  O álbum se tornou um grande sucesso, inclusive no Brasil. As rádios não cansavam de tocar a música título e Bruce Springsteen ampliou sua popularidade para além das fronteiras do Tio Sam. Não é equivocado dizer que o disco foi seu passaporte para vir ao Brasil pela primeira vez durante o primeiro Rock In Rio, realizado em 1985. Bruce também começou a ficar conhecido por seus longos concertos, alguns chegando ao ponto de durar mais de três horas! Nesse aspecto ele tem muito em comum com outro dinossauro do Rock, Paul McCartney. Ambos são workaholics conhecidos, artistas que não conseguem parar em momento algum, sempre lançando novos discos, encarando longas turnês em apresentações sem fim. A questão pode ser entendida ao ler uma recente entrevista do Ex-Beatle, onde ele explicou que não vê sua carreira como um "trabalho", mas como pura diversão, algo que faz por amar e não por necessidade (até porque eles estão ricos e não precisariam desse tipo de agenda para sobreviver).

Bruce Springsteen - Born in the U.S.A. (1984)
Born in the U.S.A
Cover Me
Darlington County
Working on the Highway
Downbound Train
I'm on Fire
No Surrender
Bobby Jean
I'm Goin' Down
Glory Days
Dancing in the Dark
My Hometown.

Pablo Aluísio.

Raul Seixas - A Panela do Diabo

Esse foi o último disco do Raul Seixas, aqui em parceria com o roqueiro Marcelo Nova pelo selo WEA. As pessoas gostam de falar mal do Marcelo Nova (ex-Camisa de Vênus) em relação a esse álbum e aos shows que fez ao lado de Raul Seixas, mas eu pessoalmente acho isso uma grande injustiça. Quando ele resgatou Raul Seixas do ostracismo, acabou também dando um novo sopro de vida na carreira do Maluco Beleza, que queiram ou não, estava mesmo abandonado, tanto pelas gravadoras, como pela mídia em geral.

E juntos fizeram um belo disco em minha opinião. Há músicas muito boas para se ouvir nesse álbum. Dentre elas, entre os destaques, eu citaria "Carpinteiro do Universo", com seu ritmo mais cadenciado, lembrando velhos momentos de Raul nos anos 70 e "Pastor João e a Igreja Invisível", uma paulada nesses pastores picaretas que infestam a vida religiosa no Brasil. Enfim, é um disco de despedida dos mais dignos. Raul Seixas iria morrer poucos meses depois do lançamento desse trabalho. Penso que ele morreu feliz, pois estava tocando e trabalhando, mesmo com todas as adversidades de saúde. Foi uma boa despedido de um dos grandes nomes da música brasileira.

Raul Seixas - A Panela do Diabo (1989)
Be-Bop-A-Lula
Rock 'n' Roll
Carpinteiro do Universo
Quando Eu Morri
Banquete de Lixo
Pastor João e a Igreja Invisível
Século XXI
Nuit
Best Seller
Você Roubou Meu Videocassete
Cãibra no Pé

Pablo Aluísio.

Frank Sinatra - Ring-a-Ding-Ding!

Primeiro disco de Frank Sinatra no novo selo Reprise Records. É curioso saber que em determinado momento da carreira Sinatra tenha simplesmente se cansado das grandes gravadoras formando seu próprio selo, onde teria completa liberdade de gravar o que bem entendesse, da forma que achasse melhor. Durante muitos anos a imprensa pegou no pé de Sinatra por causa dessa sua decisão o acusando de ser arrogante, insuportável e outros adjetivos menos educados. Bobagem, Sinatra sabia muito bem o que era melhor para ele e sua carreira. Se tinha o talento, a voz, e os meios porque então iria ficar enriquecendo executivos que nada faziam por ele? Além disso Sinatra tinha amigos no meio artístico suficientes para formar seu próprio quadro de grandes astros na Reprise – e assim o fez levando imediatamente para o novo selo seus amigos e “comparsas” Dean Martin e Sammy Davis Jr. Seguindo a própria filosofia de sua nova empresa deu total liberdade a eles para gravarem seus discos sem pressão ou interferências. Foi ou não um ato genial de Sinatra? Claro que sim! Mas não parou por aí, Sinatra trouxe ainda para a Reprise os astros Bing Crosby, Jo Stafford, Rosemary Clooney, Esquivel e até o comediante Redd Foxx que gravou um LP de piadas (algo considerado novo e revolucionário na época).

Sinatra gostava de brincar dizendo que na Reprise ele era o dono, o conselho de administração e fiscal e o produtor, tudo ao mesmo tempo! Bom, pelo resultado desse ótimo “Ring-a-Ding-Ding!” só podemos concordar com tudo o que ele fez pois o álbum é excelente, mesclando ótimos momentos de uma fase particularmente inspirada do cantor – afinal ele estava em última análise trabalhando para si mesmo, o que tornava o ato de gravar suas faixas um prazer extra. Na seleção musical ele cercou-se apenas do melhor, trazendo canções compostas por verdadeiros gênios da música americana e européia como George e Ira Gershwin, Cole Porter e Irving Berlin. Só a nata da nata, o mais fino e elegante que existia no mercado em termos musicais. Desnecessário dizer que o resultado final é de uma sutileza e elegância a toda prova. Pontuando tudo os ótimos arranjos assinados por Johnny Mandel e sua orquestra. Maravilhoso! Para os brasileiros uma curiosidade extra na faixa “The Coffee Song” onde Sinatra cantando sobre o café cita nosso país de forma bastante simpática! Em 2011 a Capitol relançou o álbum numa edição caprichada, com 5 faixas bônus engrandecendo ainda mais o título. Ouça e entenda porque Sinatra sempre foi considerado ao lado de Elvis Presley e Bing Crosby um dos maiores cantores da música americana de todos os tempos.

Frank Sinatra - Ring-a-Ding-Ding! (1961)
Ring-a-Ding Ding!
Let's Fall in Love
Be Careful, It's My Heart
A Foggy Day
A Fine Romance
In the Still of the Night
The Coffee Song
When I Take My Sugar to Tea
Let's Face the Music and Dance
You'd Be So Easy to Love
You and the Night and the Music
I've Got My Love to Keep Me Warm
Zing! Went the Strings of My Heart **
The Last Dance **
The Second Time Around **
Zing! Went the Strings of My Heart **
Have You Met Miss Jones? **

** Faixas Bônus do relançamento em CD.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Raul Seixas - A Pedra do Gênesis

Raulzito bebeu muito durante sua vida. Muitas pessoas citam drogas como seu maior problema, mas essa é uma visão equivocada. O verdadeiro problema de Raul Seixas era o abuso de bebidas mesmo, seu drama era o álcool. Assim quando ele entrou no estúdio para gravar esse seu último disco solo (o penúltimo de sua vida) ele já estava muito debilitado. O disco foi lançado pelo selo Copacabana e foi o último do artista nessa modesta gravadora do Rio de Janeiro. Com isso sua carreira entrou em um hiato, pela fraca vendagem.

Eu considero esse "A Pedra do Gênesis" um dos discos mais fracos da carreira de Raul Seixas. Não há nenhum grande sucesso entre suas faixas. De destaque mesmo eu poderia citar apenas algumas poucas canções. A faixa título do disco até que é boa, mas se torna enjoativa depois de um tempo. "Não Quero mais Andar na Contramão (No No Song)" é um desabafo de um homem que tendo abusado tanto, por tanto tempo, pede uma trégua, dizendo que vai finalmente se endireitar. "I Don't Really Need You Anymore" tem uma bela melodia, mostrando que Raul ainda conseguia compor belas músicas, mesmo com todas as adversidades. E a lista das boas faixas se encerra com "Fazendo o Que o Diabo Gosta". Todo o resto não está à altura da genialidade do Maluco Beleza.

Raul Seixas - A Pedra do Gênesis (1988)
A Pedra do Gênesis
A Lei
Check-up
Fazendo o Que o Diabo Gosta
Cavalos Calados
Não Quero mais Andar na Contramão (No No Song)
I Don't Really Need You Anymore
Lua Bonita
Senhora Dona Persona (Pesadelo Mitológico nº 3)
Areia da Ampulheta

Pablo Aluísio.

Backbeat

Trilha sonora do filme "Os Cinco Rapazes de Liverpool" (Backbeat, no original). Na Inglaterra foram lançados duas versões do disco. A primeira, para venda comum em lojas, na versão compact disc (CD). A segunda, item para colecionador em tiragem limitada, foi lançada no formato vinil. Essa prensagem era obviamente um produto visando um público bem específico - a dos saudosistas do velho e bom bolachão, do vinil. O som é dos melhores. O ex-beatle Ringo Starr colaborou indiretamente na produção desse disco. Quando as primeiras versões lhe foram apresentadas ele convenceu os produtores de que o som não estava pesado o suficiente. Ringo disse: "Os Beatles nessa época de Hamburgo (onde a história do filme se passa) mais parecia uma banda punk do que aquilo que ouvimos em seus primeiros discos".

Assim, seguindo os conselhos do veterano baterista, o grupo voltou ao estúdio para acelerar o tempo das canções, além de acrescentar uma certa "sujeira" na sonoridade. O resultado é ótimo. Os Beatles, em seus primórdios, nunca soaram tão bem e pulsantes. Não podemos esquecer que os Beatles naqueles tempos tocavam em Hamburgo, em night clubs obscuros e até mesmo em locais onde havia striptease. Eles tinham que tocar para bêbados, prostitutas e valentões. Não era fácil ser artista naquele meio social. Enfim, uma ótima trilha sonora para um ótimo filme (o melhor já feito sobre o famoso quarteto de Liverpool).

Backbeat (Soundtrack album)
1. Money
2. Long Tall Sally
3. Bad Boy
4.Twist And Shout
5. Please Mr Postman
6. C'Mon Everybody
7. Rock 'N' Roll Music
8. Slow Down
9. Roadrunner
10. Carol
11. Good Golly Miss Molly
12. 20 Flight Rock

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!

Raul Seixas, veterano roqueiro que era, decidiu chamar esse seu disco com o grito de guerra de "Tutti Frutti" que havia sido imortalizada por Little Richard e Elvis Presley, seus ídolos desde os tempos da juventude. Se o espírito do rock estava bem vivo na mente de Raulzito, o mesmo não se podia dizer de sua saúde física. Ele vinha sofrendo há tempos de diversos problemas de saúde e isso o impedia de gravar mais, fazer shows e compor mais músicas. Entre uma internação e outra ele foi gravando esse LP no estúdio Copacabana, sua nova gravadora.

Eu evito de criticar um disco como esse porque Raul vinha passando por diversos problemas. Então seria simplesmente uma covardia dizer que o disco era fraco, sem boas músicas. Era o que ele podia fazer naquele momento crítico de sua vida. E nem penso que o disco seja realmente fraco como alguns críticos fizeram crer na época de seu lançamento. Há bons momentos aqui para se ouvir. Eu gosto de "Quando Acabar o Maluco Sou Eu". Boa faixa que abre o disco. E o que dizer do sucesso "Cowboy Fora da Lei"? É Raul Seixas em sua pura essência. Fez muito sucesso e revitalizou a música dele nas rádios. Então criticar Raul é fácil, complicado mesmo é fazer um disco como esse mesmo com toda as dificuldades que ele vinha passando em sua vida.

Raul Seixas - Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! (1987)
Quando Acabar o Maluco Sou Eu
Cowboy Fora da Lei
Paranóia II (Baby Baby Baby)
I Am (Gîtâ)
Cambalache
Loba
Canceriano sem Lar (Clínica Tobias Blues)
Gente
Cantar

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Há 10 Mil Anos Atrás

Raulzito pegou o título de uma música do Elvis Presley e compôs essa canção "Eu Nasci há 10 mil anos atrás". Acho acima de tudo divertida. E para completar o quadro de humor o próprio Raul Seixas aparecia na capa com uma longa barba branca, um cabelo de profeta, como se fosse um homem de realmente 10 mil anos de idade. Coisas de sua mente sempre atenta e criativa. Agora, apesar de ser um dos discos mais lembrados de sua discografia, a crítica especializada sempre torceu o nariz para esse álbum de Raul. Não raro ouvimos reclamações dessa gente que o disco seria fraco, nada memorável, uma bobagem.

Bom, bobagem eu digo de quem fala que esse disco do Raul Seixas é bobagem. Vamos dar a César o que e de César. Aqui está um dos momentos mais lembrados da carreira do cantor, o clássico absoluto "Eu Também Vou Reclamar", onde Raul aproveita para tirar sarro das músicas da MPB daquela época. O alvo era obviamente Caetano Veloso. Outra faixa muito subestimada, que considero uma das melhores dessa safra de Raul é a música "As Minas do Rei Salomão". E o que podemos dizer de "Meu Amigo Pedro"? Essa Raul compôs para seu irmão que vivia lhe criticando. Raul resume tudo ao dizer que eles vão para o mesmo lugar - provavelmente dizia que todos iriam morrer de todo jeito, iam para o mesmo túmulo, teriam o mesmo fim. Filosofia pura! Por fim, para provar que é um ótimo disco ainda há no repertório a bonita "Ave Maria da Rua", uma das preferidas de Paulo Coelho. Então, com tantas canções marcantes não há porque criticar tanto esse disco. E tenho dito.

Raul Seixas - Há 10 Mil Anos Atrás (1976)
Canto para minha Morte
Meu Amigo Pedro
Ave Maria da Rua
Quando Você Crescer
O Dia da Saudade
Eu Também Vou Reclamar
As Minas do Rei Salomão
O Homem
Os Números
Cantiga de Ninar
Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Rock in Rio - Nacional

Comprei esse vinil na época de lançamento original, em 1985. O primeiro Rock in Rio foi realmente algo fenomenal em termos de Brasil. Em um país onde poucas atrações internacionais vinham tocar, o Rock In Rio abriu todas as portas de nosso mercado para artistas internacionais. Dois discos foram lançados, um apenas como música internacional e outro com os artistas nacionais. Era prache da gravadora Som Livre e ao que parece aqui eles usaram a mesma fórmula que era usada nas trilhas sonoras das novelas.

Para quem é fã de qualquer um dos artistas que estão nessa coletânea devo dizer que o interesse será pouco. Todas as versões desse LP são as versões oficiais dos discos desses artistas. Tudo batido, nada de novo ou original. Se pelo menos as versões tivessem sido gravadas ao vivo, durante o festival, esse vinil teria muito mais valor, seria peça de colecionador. Porém não optaram por esse caminho. Ao invés disso o que temos são as mesmas versões de estúdio, sem nenhuma novidade. Assim não dá para ser feliz.

Rock in Rio - Nacional (1985)
Blitz
Lulu Santos
Barão Vermelho
Os Paralamas do Sucesso
Elba Ramalho
Gilberto Gil
Erasmos Carlos
Ney Matogrosso
Kid Abelha
Alceu Valença
Ivan Lins
Pepeu Gomes
Baby Consuelo
Moraes Moreira
Eduardo Dusek

Pablo Aluísio.