terça-feira, 18 de janeiro de 2011

The Kooks - Inside In, Inside Out

Entre a nova geração de bandas do Britpop o The Kooks tem se destacado. Com um som bem mais acústico do que qualquer outro grupo britânico, o grupo vem firmando sua própria identidade dentro do movimento criando um som interessante e bem produzido. Com apenas dois CDs já conseguiu chamar a atenção do público e critica no cenário da música dita alternativa européia. O grupo foi formado em Brighton e começou quase como uma brincadeira entre amigos da escola. Aos poucos a base da banda foi se formando nas diversas apresentações amadoras que o grupo foi realizando no circuito indie inglês. Da brincadeira nasceu um EP que virou sucesso entre a moçada mais alternativa o que acabou chamando atenção do poderoso selo Virgin. Com apenas dois trabalhos no mercado ainda é muito cedo para prever se o The Kooks vai efetivamente se firmar ou desaparecer como muitas bandas por aí. De qualquer forma é bom destacar o belo trabalho que desenvolveram nesse disco de estréia. Seu maior mérito foi justamente buscar uma sonoridade própria, sem cair nas armadilhas de tentar imitar a sonoridade de bandinhas do momento como o Arctic Monkeys (o grupo de fedelhos mais chato a surgir na história do Rock);

O CD tem duas faixas que valem a pena e estão acima da média. A primeira abre seu disco de estréia e se chama Seaside. Embora lembre um Keane com menos arranjo e pompa, a canção se destaca por ser singelamente produzida e mostrar que ainda há caminho para a beleza da ótima dobradinha voz / violão, algo que vem se perdendo completamente entre os novos grupos. Outra que se destaca é She Moves In Her Own Way. Esse tipo de levada, descompromissada e deliciosamente juvenil, vinha fazendo falta entre os roqueiros neófitos. Recentemente o The Kooks se apresentou no excelente programa Live From Abbey Road e demonstrou que já pode pertencer a um nicho onde apenas grandes bandas fincam seus pés. Tudo ainda é especulação sobre o futuro do The Kooks mas pelo menos esses garotos já provaram que podem voar mais longe, se vai valer a pena ou não apenas o tempo dirá.

The Kooks - Inside in, Inside Out - Seaside / See The World / Sofa Song / Eddie's Gun / Ooh La / You Don't Love Me / She Moves In Her Own Way / Matchbox / Naïve / I Want You / If Only / Jackie Big Tits / Time Awaits / Got No Love

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

João Penca e Seus Miquinhos Amestrados - Sucesso do Inconsciente

O João Penca e Seus Miquinhos Amestrados (que nome hein?) foi um grupo de rockabilly escrachado que até fez muito sucesso no Brasil durante os anos 80. Eu cheguei a ter dois discos deles naquela época, em vinil. Esse foi o primeiro que comprei. Olha, sinceramente, o João Penca se caracterizava por ter ótimos arranjos (bem ao estilo dos anos 50 mesmo), porém acompanhado de algumas das piores letras já escritas dentro do rock Brasil. Se fosse nos dias de hoje eles seriam cancelados tranquilamente. E esse tipo de situação está bem presente nesse álbum de 1989. Era mesmo de péssimo mau gosto as letras das versões de músicas americanas.

As piores letras podem ser encontradas em faixas como "Menino Justiceiro", "Larga Meu Pé", "A Surra" e "Johnny Pirou", onde a péssima letra destruiu um dos maiores clássicos da história do rock. "O Monstro Macho" provavelmente seria crime nos dias atuais, apesar da referência aos velhos filmes de terror soe até divertida. E o que dizer de um medley musical que eles próprios intitularam de "Merdley"? Olha, por mais escrachados que eles fossem, quase como um grupo de comediantes, não precisavam exagerar tanto, descer tanto, vamos convir. Eles mesmos desqualificavam nesse ponto a música que faziam. Diante disso quem vai defender? Foi humor? Se foi essa a intenção, eles poderiam ter sido mais sutis e menos na base da quinta série do primário.

João Penca e Seus Miquinhos Amestrados - Sucesso do Inconsciente (1989)
Menino Justiceiro
Larga Meu Pé
A Surra
O Par
Matinê no Rian
O Velho Tubarão
Johnny Pirou
Cozinho de Noite
O Monstro Macho
S.O.S. Miquinhos (Merdley):
Namoradinha de um Amigo Meu
Esperto É o Coqueiro
Certo ou Errado
Rua Augusta
Vem Quente que Eu Estou Fervendo
Yellow River

Pablo Aluísio. 

domingo, 16 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Novo Aeon

Esse disco pode ser considerado o terceiro álbum solo do cantor e compositor em sua nova fase na carreira. Não mais o produtor, mas sim o artista, se assumindo completamente. Foi o disco que também herdou a pressão de fazer o mesmo sucesso do álbum anterior, "Gita". O próprio Raul admitiu isso em entrevistas. A gravadora esperava a venda de um grande número de cópias, mas isso não aconteceu. As vendas foram fracas e a crítica especializada caiu em cima, malhando o disco de forma impiedosa. Com isso as relações de Raul Seixas com a gravadora Phillips, que já não eram boas, acabaram levando ao rompimento.

A dupla formada por Paulo Coelho e Raul Seixas retornou com novas músicas, mas sem o mesmo brilho de antes. Raul costumava dizer que eles tinham entre si uma "inimizade íntima" e essa tensão acabou se refletindo no disco. Pelo menos há alguns clássicos no repertório do álbum. O maior sucesso veio com a excelente "Tente Outra Vez", uma injeção de ânimo e otimismo perante o fracasso. Uma bela letra, bem positiva. "A Maçã" também se tornou um sucesso, no ritmo de balada romântica despudorada. Já "Rock do Diabo"  mais parecia uma brincadeira de Raul em cima da velha ideia dos conservadores quadradões de que "o rock era coisa do Diabo". Para Raul Seixas era isso mesmo, eles estavam cobertos de razão! O Diabo era o pai do Rock!

Raul Seixas - Novo Aeon (1975)
Tente Outra Vez
Rock do Diabo
A Maçã
Eu Sou Egoísta
Caminhos
Tu És o MDC da Minha Vida
A Verdade Sobre a Nostalgia
Para Noia
Peixuxa (O Amiguinho dos Peixes)
É Fim de Mês
Sunseed
Caminhos II
Novo Aeon

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Giants Of Rock´n´Roll

Estava preparando um novo texto para o blog de Elvis Presley e sai em busca de algum material com Bill Haley para ouvir. No fundo de uma caixa acabei me deparando com esse "Giants Of Rock ´n´Roll" um CD que tenho há muitos anos e que nem me lembrava mais de sua existência. Comprei há 20 anos atrás numa pequena loja de minha cidade. "Giants" reúne 4 grandes nomes do surgimento do Rock em um só lançamento. Obviamente se trata de um bootleg, um lançamento não oficial, de um selo que nunca ouvi falar antes (provavelmente de fundo de quintal). A despeito de sua origem bastarda não deixa de ser uma boa dica para quem estiver com curiosidade de ouvir como soava o Rock ´n´Roll em suas origens. Por definição odeio coletâneas por serem produtos sem qualquer profundidade ou relevância mas abrirei uma pequena exceção aqui recomendando o título para os marinheiros de primeira viagem. As gravações são todas originais, oficiais, da época de seus lançamentos. 

Só grandes sucessos. Na década de 1950 todos esses artistas lançavam suas melhores músicas em singles (compactos de vinil com uma música no Lado A e outra no Lado B). Era um tipo de produto muito charmoso, de fácil venda, baratos e que rendiam um dinheiro imediato aos cantores e às gravadoras. Também eram de produção muito barata, sem grandes riscos, o que ajudava muito no surgimento de novos talentos. Até um caminhoneiro pobre como Elvis Presley tinha grana para lançar a sorte gravando um disquinho desses! Voltando ao CD aqui temos canções interligadas de Jerry Lee Lewis, Little Richard, Bill Haley e Chuck Berry. Todos grandes nomes, grandes mitos da primeira geração roqueira norte-americana. Gosto muito dessas primeiras faixas de Chuck Berry. Seu rock cru, sem firulas, fundado em letras maliciosas e sacanas e eram a alma dessas primeiras gravações do novo ritmo que surgia nas paradas. Jerry Lee Lewis também aqui surge com o melhor de seu repertório, pouco antes de se envolver com sua prima menor de idade o que lhe custaria a fama e o sucesso. Bill Haley, o "tiozão" do Rock também está no título com sua "Rock Around The Clock" e "See You Later Alligator", uma pequena pérola de seu set list. Fechando o festival revival "Little Richard" a contradição em pessoa. Homossexual e religioso, estridente e harmônico, negro e desafiador, o cantor marcou definitivamente o Rock em sua era jurássica. Enfim, comece com CDs com esse, depois vá se aprofundando com os discos oficiais desses artistas. Sem dúvida será uma bela experiência conhecer ou revisitar tantos talentos desse quarteto realmente fantástico!  

The Giants Of Rock ´n´Roll / Jerry Lee Lewis (Whole Lotta Shakin' Goin' On, Great Balls Of Fire, Breathless, High School Confidencial, Drinkin' Wine Spo-de-o-de) Bill Haley (Rock Around The Clock, Shake Rattle and Roll, ABC Boogie, Razzle-Dazzle, See You Alligator) Litte Richard (Long Tall Sally, The Girl Can´t Help, Rip It Up, Lucille, Good Golly Miss Molly) Chuck Berry (Maybelline, Roll Over Beethoven, Rock and Roll Music, Sweet Little Sixteen, Johnny B. Goode)  

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cazuza - Exagerado

Esse álbum foi gravado pelo Cazuza depois que ele deixou o Barão Vermelho. Ele queria fazer outro tipo de som, flertar com outras sonoridades. Os caras do Barão só queriam continuar naquela mesma coisa, gravando aquele tipo de som mais básico e juvenil da geração do Rock Brasil. Então, como novato em sua carreira solo, o Cazuza gravou esse seu primeiro disco completamente autoral. Eu acho um LP fraco. Veja, não quero desmerecer o talento e a importância do Cazuza e tudo o que ele representou naquela geração, mas sob um ponto de vista bem objetivo considero um disco bem fraquinho. Tem poucos momentos dignos de aplausos.

Tem uma boa música título que fez bastante sucesso nas rádios, a própria "Exagerado". Boa música, bem comercial. Quem viveu os anos 80 certamente conhece muito.  Tem uma obra-prima absoluta chamada "Codinome Beija-Flor", linda melodia, bela letra, mostrando o que ele de melhor conseguia produzir e compor. Porém tirando essas duas faixas o resto é bem ruinzinho. Nenhuma das demais faixas me convenceram. Algumas apelam para vulgaridades desnecessárias como "Só as Mães São Felizes". Outras apresentam letras bem abaixo da média. Pelo que fez e pelo que representou, esse disco não estava mesmo à altura do próprio Cazuza.

Cazuza - Exagerado (1985)
Exagerado
Medieval II
Cúmplice
Mal Nenhum
Balada de um Vagabundo
Codinome Beija-Flor
Desastre Mental
Boa Vida
Só as Mães São Felizes
Rock da Descerebração

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Little Richard - The Wild and Frantic Little Richard

Esse foi o único vinil que tive em minha coleção do grande Little Richard. Eu o comprei ao vê-lo na sessão de promoções em uma loja de discos (nos tempos em que ainda existiam lojas de discos!). Claro que após alguns anos comprei CDs do Richard, mas em vinil, LP, esse foi realmente o único que tive do artista. E, ao que me lembre, era uma edição nacional, o que realmente é algo surpreendente. Pensar que um álbum de 1967, do Little Richard, que nunca foi popular no Brasil, ter um disco lançado em selo nacional, realmente é algo fora dos padrões.

A sonoridade não era muito boa. Esse disco na realidade foi um trabalho de fim de festa para Little Richard. Seu contrato com  Modern Records havia chegado ao final e eles não queriam mais renovar com ele. Assim Littler Richard acabou gravando poucas músicas. A gravadora acabou completando com a inclusão de faixas diversas que tinha em arquivo, algumas delas gravadas ao vivo. Por isso não espere por nada muito caprichado ou bem gravado. A tônica é outra. O que vale é a importância histórica, desse grande nome da história do rock americano. Qualquer tentativa de desvalorizar esse disco, por mais simples que ele tenha sido, será, por isso, em vão.

Little Richard - The Wild and Frantic Little Richard (1967)
Baby What You Want Me to Do (live)
Do the Jerk
Directly From My Heart
I'm Back
Holy Mackerel
Good Golly, Miss Molly (live)
Send Me Some Lovin  (live)
Groovy Little Suzy
Baby Don't You Want a Man Like Me
Miss Ann (live)

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Blitz - Blitz 3

Esse foi o único disco que tive da Blitz. Estou falando da era do vinil, dos anos 80, que foi quando comprei o LP. Na época eu era apenas um adolescente e havia assistido a um show do grupo na cidade onde morava. Mesmo assim devo dizer que nunca fui fã de carteirinha desse grupo. Claro, até gostava das músicas, que tocavam muito nas rádios, mas ser fã de verdade, do tipo de pesquisar sobre a história da banda, etc, isso definitivamente nunca fui. Já nessa época eu gostava de Elvis, dos Beatles, então não havia comparação possível com a Blitz que fazia, vamos ser sinceros, um som muito descartável, coisa até bobinha. Nunca se levaram muito à sério, sempre havia um lance de galhofa mesmo.

Ainda assim tiveram sua importância no rock Brasil, principalmente por terem gravado o primeiro grande sucesso desse renascimento do rock brasileiro com "Você não soube me amar" de 1982. Depois disso lançaram mais alguns discos, sempre fazendo sucesso. Esse terceiro disco da Blitz foi lançado pouco antes do grupo implodir pela primeira vez. Houve brigas entre os membros da banda, alguns foram embora e o grupo acabou. Não há grandes hits nesse disco. As únicas que tocaram um pouco mais nas rádios foram "Xeque-Mate" e "Táxi". Tudo pop reciclável dos anos 80. Hoje em dia, nem preciso dizer, o disco soa completamente datado.

Blitz - Blitz 3 (1984)
01. Eugênio
02. Xeque-Mate
03. Egotrip
04. Amídalas
05. Tarde Demais
06.Táxi
07. Sandinha
08. Você Vai , Você Vem
09. Louca Paixão
10. Dali De Salvador
11. Trato Simples
12. Cresci ,Mamãe Cresci

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Leo Jaime - Direto do Meu Coração pro Seu

O disco anterior do cantor foi muito elegante, até com requintes de jazz, mas não vendeu bem. Então Leo Jaime procurou fazer algo mais comercial com esse álbum. É um daqueles discos feitos para vender, o que era justamente o que a CBS queria na época. A música título do disco é um bom blues chamado "Direto do Meu Coração Pro Seu", porém não virou hit. O que fez sucesso mesmo foi a música "Conquistador Barato" que virou tema de novela da Globo. Sucesso garantido. Em minha percepção a gravadora também quis posicionar Leo Jaime dentro de um campo ali formado por cantores românticos. A própria capa do disco sugeria isso, quase caindo em um estilo brega romântico, que aliás sempre vendeu muito bem no Brasil.

Outros destaques vieram com "Gatinha Manhosa" que também tocou muito nas rádios e "Coração Vagabundo", bela versão de uma música composta por Caetano Veloso. E quem sempre gostou do Leo Jaime rockabilly havia duas gravações novas de velhos clássicos do rock americano. "Hot Dog (Hound Dog)" teve a preciosa participação de Cazuza e "Tutti Frutti" tentou reviver os bons tempos do surgimento do rock na América. Enfim, um bom disco, mesmo sendo um pouco irregular na qualidade de seu repertório.

Leo Jaime - Direto do Meu Coração pro Seu (1988)
1. Direto do Meu Coração Pro Seu
2. Adoro
3. Gatinha Manhosa
4. Sob o Domínio da Paixão
5. Coração Vagabundo
6. Na Estrada
7. Todas as Honras do Presidente
8. Hot Dog (Hound Dog)
9. Tutti Frutti
10. Conquistador Barato
11. Junto

Pablo Aluísio.

James Brown - I Got You (I Feel Good)

James Brown - I Got You (I Feel Good)
Em 1965, em pleno auge da invasão britânica nas paradas americanas, chegou nas lojas o single "I Got You (I Feel Good)" de James Brown. Foi um sucesso espetacular! Realmente esse foi um artista diferente. James Brown conseguiu unir vários elementos da música norte-americana e quando todos pensavam que nada de novo surgiria no horizonte ele inovou! Misturando elementos do R&B, folk e soul, ele acabou criando algo único!

O single, como era de se esperar, subiu como um foguete nas paradas, sendo até hoje a música mais conhecida da longa e produtiva carreira de Brown. E para incendiar ainda mais as paradas o cantor criou uma coreografia própria para apresentar na TV americana. A partir daí Brown, com seu jeito único de dançar e cantar se tornou um dos maiores ícones da cultura negra dos Estados Unidos, sendo um dos artistas mais influentes da história! Michael Jackson? Ele em diversas entrevistas afirmou que um dos seus maiores ídolos era justamente James Brown, que unia a força de sua música com apresentações de palco memoráveis.

O compacto chegou nas lojas em outubro de 1965 e ficou entre os mais vendidos por doze semanas, um marco, já que o single chegava nas lojas através de um pequeno selo chamado King. Houve problemas de distribuição por causa da grande demanda e procura nas lojas. Anos depois James Brown diria que mesmo nos momentos mais complicados de sua vida ele sempre podia contar com o dinheiro dos direitos autorais dessa música, que nunca saiu de cena, sendo usada em comerciais, trilhas sonoras de filmes e todos os tipos de produtos. Canção imortal é isso aí!

James Brown - I Got You (I Feel Good) 
Lado A - I Got You (I Feel Good)
Lado B - I Can't Help It (I Just Do-Do-Do)

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Snow Patrol - A Hundred Million Suns

Algumas coisas me irritam profundamente. O Snow Patrol estava prestes a se tornar a minha banda preferida até alguns meses atrás. Seus dois trabalhos anteriores, Final Straw e Eyes Open, eram brilhantes. Ótima instrumentalização, arranjos de extremo bom gosto, melodias para grudar na cabeça. Todo o ABC que uma banda iniciante deve trilhar seguido à risca. Embora não fossem seus primeiros trabalhos - os dois primeiros CDs são extremamente experimentais - o Snow Patrol tinha tudo para se firmar com brilhantismo no cenário do rock britânico. Por essa razão esperei até com certa ansiedade por A Hundred Million Suns. Se estivesse em um jogo de azar diria até que estava com coragem de jogar altas somas no sucesso da nova obra do grupo. Bem, ainda bem que não estamos em Las Vegas, pois perderia uma pequena fortuna se tivesse realmente apostado neles. A Hundred Million Suns é decepcionante. A razão que levou um dos mais promissores grupos a não vingar em seu novo CD tem nome: Coldplay.

Os escoceses do Snow Patrol parecem que esqueceram tudo de interessante que tinham apresentado em seus CDs anteriores para se transformarem numa cópia bastarda da banda mais bunda mole do planeta, o Coldplay. Imitar o Coldplay é realmente o fim da picada. Convenhamos: O Coldplay faz muito mal para o Rock atual. Eles são extremamente chatinhos, deprimidinhos, tristinhos. Nada mais longe do verdadeiro espírito roqueiro que um dia existiu. Infelizmente seu enorme sucesso tem contaminado outros grupos, como o Snow Patrol, que aqui afunda artisticamente em busca do sucesso fácil. Na primeira audição já se mata a charada de A Hundred Million Suns. Pianinho ao estilo bunda mole de ser do Chris Martin, levada fácil para ser digerida pelas fanzocas do Coldplay, refrãos pegajosos para tocar na BBC, entre outras bobagens. Que decepção. Só resta torcer para que um dia o Snow Patrol reencontre o caminho da boa música, coisa complicada de acontecer já que seu A Hundred Million Suns já se converte em sucesso imediato, tocando inclusive na MTV. Por enquanto o Snow Patrol apenas segue seu caminho pelo ralo onde grandes músicos são engolidos pelo sucesso fácil. Maldito Coldplay.

Snow Patrol - A Hundred Million Suns (2008)
1. If There’s a Rocket Tié Me to It
2. Crack The Shutters
3. Take Back The City
4. Lifeboats
5. The Golden Floor
6. Please Just Take These Photos From My Hands
7. Set Down Your Glass
8. The Planets Bend Between Us
9. Engines
10. Disaster Button
11. The Lightning Strike

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Leo Jaime - Vida Difícil

O maior sucesso (e único) desse disco do roqueiro Leo Jaime foi a faixa "Nada Mudou", o que poderia ser visto como uma ironia, porque na realidade tudo havia mudado. O disco anterior "Sessão da Tarde" trazia um tipo de sonoridade rockabilly meio gaiata. Talvez por isso tenha feito tanto sucesso. Então Leo resolveu mudar tudo, o teor das letras, os arranjos, partindo para algo mais sofisticado. Com produção de Luiz Carlos Maluly, que trabalhara ao lado do RPM, para o selo CBS, o disco chegou nas lojas e surpreendeu muita gente. Também havia elementos de ironia, a começar pela capa. O disco se chamava "Vida Difícil" ao mesmo tempo em que mostrava um sujeito com os pés em cima da cadeira, em belos sapatos italianos de luxo. 

Eu considero pessoalmente um excelente álbum. O comprei em vinil ainda na época. Uma seleção de boas músicas, todas agradáveis ao ouvido. Se não fizeram sucesso o problema, o azar, era do público mesmo. Perderam muita sofisticação sonora. Os arranjos contaram com a preciosa colaboração do saxofonista Léo Gandelman, que usa seu bonito instrumento em praticamente todas as faixas. Agora, o maior absurdo ocorreu mesmo por causa de um erro da gravadora. Não colocaram no vinil o sucesso "A Lua e Eu", que só saiu na versão em K7. Imagine a cara de decepção de quem comprou o disco nos anos 80.

Leo Jaime - Vida Difícil (1986)
Nada Mudou
Briga
Contos De Fadas
Prisioneiro Do Futuro
Amor
Sem Futuro
Mensagem De Amor
Vida Difícil
Um Telefone É Muito Pouco
Cobra Venenosa

Pablo Aluísio.

Nirvana – In Utero

Inicialmente Kurt Cobain quis chamar esse disco de “Eu me Odeio e Quero Morrer!”. Isso mesmo, mais direto impossível. Depois de muitos debates e brigas com a gravadora finalmente ele concordou em desistir do título. Os advogados lhe convenceram que um nome como esse poderia lhe trazer muitos problemas legais, inclusive acusações de incentivo ao suicídio de seus fãs. Mesmo relutando o líder do Nirvana recuou e escolheu o nome de “In Utero” que havia retirado de um verso escrito para uma canção por sua esposa, Courtney Love. Mas afinal porque Kurt Cobain estava tão desiludido com sua própria vida? Na realidade não foi apenas um motivo que o levou a isso mas vários. A gravação do disco ocorreu em uma das fases mais conturbadas da vida do músico. Sua filha Frances acabara de nascer mas ele corria o risco de perder sua custódia por causa de seu abuso de drogas. A justiça americana estava querendo tirar a criança dos cuidados do casal uma vez que o vício em heroína de Cobain havia saído do controle e era de conhecimento público. A luta nos tribunais foi desgastante e penosa. Além de ter a vida exposta ao grande público Cobain começou também a entrar em uma rota depressiva que o levaria em pouco tempo ao suicídio, comprovando tragicamente os sentimentos de sua frase onde afirmava que ele se odiava e queria morrer.

As letras das canções de “In Utero” representam bem esse estado de espírito depressivo de Kurt Cobain. Os temas são sombrios, pessimistas, muitas vezes beirando o mal gosto (como na faixa “Rape Me” cuja tradução literal “Estupre-me” já era auto explicativa). Não era para menos. Pensando bem nada ia bem na vida do roqueiro. Ele sofria de sérias dores de estomago, perdia cada vez mais o senso de realidade pelo abuso de drogas e sentia-se perdido com a fama que havia conquistado. Além disso começou a agir como um perfeito paranóico, comprando armas de grande calibre, afirmando que estava sendo perseguido por “forças ocultas”. E havia problemas de relacionamento com as pessoas mais próximas de sua vida. Um desses era o complicado sentimento que Kurt tinha para com seu próprio pai. Eles tinham ficado anos sem se ver, mas o velho Cobain após o sucesso do Nirvana reapareceu para assistir a um show do filho famoso. Isso perturbou bastante Kurt. O encontro deixou Cobain muito mal. Ele tinha reservas contra sua família e não conseguia ficar à vontade na presença deles. Sem reação resolveu desabafar através de sua música. “In Utero” traz vários versos dedicados ao pai, mesmo que de forma bem indireta e obscura. E para piorar o que já era bem ruim seu estado era deplorável. Ele não conseguia mais reagir aos acontecimentos ao redor, estando sempre chapado ao limite. Em casa ficava o tempo todo drogado, caído pela chão. Ainda foi feita uma tentativa de intervenção sobre sua dependência química mas sem sucesso. O resto já sabemos. Kurt Cobain não conseguiu sobreviver a uma crise suicida e se matou na garagem de sua casa após escrever um bilhete de despedida para familiares e fãs tornando assim “In Utero” seu verdadeiro testamento musical. Uma pena. Foi um fim muito precoce para um artista que marcou época e revitalizou o cenário punk alternativo americano.

Nirvana - In Utero (1993)
Serve the Servants
Scentless Apprentice
Heart-Shaped Box
Rape Me
Frances Farmer Will Have Her Revenge on Seattle
Dumb
Very Ape
Milk It
Pennyroyal Tea
Radio Friendly Unit Shifter
tourette's
All Apologies

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Gita

Esse foi o disco de maior sucesso comercial da carreira de Raul Seixas e também aquele que lhe trouxe maiores problemas. Acontece que os militares, em plena ditadura, implicaram com a letra da música "Sociedade Alternativa". Para os incultos fardados aquilo era música de comunista. Estaria Raul Seixas propondo a formação de uma sociedade comunista no Brasil? Pois é, hoje soa absurdo esse tipo de questionamento, mas na época a barra pesou para Raulzito e seu principal parceiro, Paulo Coelho. Ambos foram chamados para dar explicações no temido DOPS, centro de torturas do porão da ditadura militar, aquela porcaria que assolou nosso país.

De qualquer forma, olhando-se apenas para o que importa (a música) temos aqui alguns dos maiores clássicos do cantor e compositor. Os destaques vão para "Medo da Chuva", que tem uma letra simplesmente maravilhosa, muito impactante; para a canção título "Gita", toda baseada na obra do bruxo inglês Aleister Crowley, auto intitulado "A Besta do Apocalipse" e finalmente para "O Trem das 7", mostrando todo o lado sertanejo e brejeto do roqueiro baiano. "Loteria da Babilônia", com seu jogo de palavras sempre me lembrou de Bob Dylan. Então é isso, "Gita" é o exemplo do grande talento desse tal de Raulzito.

Raul Seixas - Gita (1974)
1. Super-Heróis
2. Medo da Chuva
3. As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor
4. Água Viva
5. Moleque Maravilhoso
6. Sessão das 10
7. Sociedade Alternativa
8. O Trem das 7
9. S.O.S.
10. Prelúdio
11. Loteria da Babilônia
12. Gîta

Pablo Aluísio.  

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Krig-ha, Bandolo!

Não foi o primeiro disco de Raul, como muitos escrevem por aí. Na realidade ele já havia tentando antes em pelo menos três discos, um com os Panteras e outro com um quarteto maluco que ele próprio formou e que não deu certo. Esse é sim o primeiro disco solo de sua carreira e também o primeiro em que sua proposta como artista único ficou ainda mais visível. A capa é um horror estético, mas fazia parte do espírito da contracultura daquela época. É incrível notar como a gravadora Phillips deu total liberdade para as maiores maluquices do Raul. Não houve amarras. Talvez por isso esse LP tenha sido tão genial.

Olhando hoje em dia o disco mais parece uma seleção de grandes sucessos. Isso porque vendeu muito e tocou bastante nas rádios. A parceria com Paulo Coelho rendeu clássicos eternos do rock nacional. Os maiores hits do disco sem dúvida foram "Ouro de Tolo", uma paródia em cima da classe média boboca brasileira e "Mosca na Sopa", com toda a baianice inerente do Raul Seixas. Outra faixa marcante foi "Metamorfose Ambulante" que ele havia sido escrito na adolescência e "Al Capone" onde ele usava personagens históricos para ironizar a seriedade da história. Enfim, grande disco do grande Raul Seixas. Esse aqui é uma obra prima da música brasileira.

Raul Seixas - Krig-ha, Bandolo! (1973)
Mosca na Sopa
Metamorfose Ambulante
Dentadura Postiça
As Minas do Rei Salomão
A Hora do Trem Passar
Al Capone
How Could I Know
Rockixe
Cachorro Urubu
Ouro de Tolo

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Altemar Dutra - Companheiro

Bom disco, com ótimas músicas românticas, nostálgicas e como não poderia de ser, bem emotivas. Grande parte do repertório é composto de versões em português de músicas latinas, algumas belíssimas. O Altemar Dutra tinha uma voz maravilhosa e seu estilo de cantar caiu muito bem nessa seleção musical. Os arranjos também são bem evocativos dos anos 70. E aqui vale também uma observação: esse disco é muito bem gravado. Havia sempre uma reclamação com a qualidade dos discos nacionais naquela época. Essa crítica não encontra eco aqui. A Odeon no Brasil caprichou nesse aspecto.

Entre as faixas são muitos os destaques, mas colocaria em evidência a primeira canção chamada "Que Será" que tem uma letra bonita, bem fincada na nostalgia. A música título do álbum intitulada "Companheiro" também tem grande qualidade, mas não colocaria entre as melhores. Tem até música romântica de carnaval, a boa "Bloco da Solidão". "E Voltarei" tem linda melodia, se tornando o principal sucesso do disco e "O Fim" é o ápice do apelo desesperado de um home vendo o amor morrendo. Só a parte falada que achei fraca, com mensagem bem mais ou menos, diria artificial. De qualquer forma o disco como um todo não é prejudicado por esses pequenos deslizes. Com ótima sonoridade esse é um dos melhores álbuns do grande cantor brasileiro Altemar Dutra.

Altemar Dutra  - Companheiro (1971)
1. Que Será
2. Companheiro
3. O Fim
4. A Minha Prece de Amor
5. Bloco de Solidão
6. Na Solidão
7. E Voltarei
8. Meu Tolo Coração
9. Te Chamo para Despedir-me
10. Um Cigarro e um Café
11. Fiel da Balança
12. Tudo

Pablo Aluísio.

Nirvana - Bleach

Esse é o primeiro álbum da carreira do Nirvana, a banda que revelou para o mundo o talento de Kurt Cobain. O cantor e compositor já mostra em seu primeiro disco toda a essência de sua obra musical: arranjos crus, com letras pessimistas e suicidas, com pique de apresentação ao vivo. Kurt gostou do resultado final de seu primeiro disco mas ficou com muita raiva do selo Sub Pop que nada fez para divulgar o som do grupo fora do pequeno circuito de cidadezinhas ao redor de Seattle no frio, feio e distante Estado de Washington – o berço do chamado movimento Grunge, essa nova linguagem musical que faria a cabeça dos jovens roqueiros na década de 1990. Não há grandes hits na seleção musical. Apenas “About a Girl” segue mais conhecida. As letras foram praticamente todas compostas enquanto Kurt Cobain vivia uma existência simplesmente caótica. Após sair de casa o cantor passou a vagar pela cidade, indo de casa em casa, dormindo de favor na casa de conhecidos e amigos, dormindo pelas ruas ou até mesmo debaixo da ponte. Essa vida errática e pobreza extrema talvez justifiquem as palavras de um irritado DJ de Seattle que após insistentes pedidos para tocar o Nirvana definiu sem piedade Kurt Cobain como um “mendigo de guitarra”!

A verdade porém era outra. Kurt adotou como lema em sua vida a máxima que afirmava que “Punk é liberdade!”. Coisas materiais não faziam sua cabeça nessa fase de sua vida. Ele pouco se importava com roupas, carros e outros bens que faziam a cabeça dos jovens de sua idade. Na verdade ele estava mais preocupado em vencer na carreira musical, até porque esse parecia ser seu único talento na vida. Kurt havia abandonado a escola, vagava de antro em antro e levava uma existência sem muito propósito. Para piorar começou a abusar de drogas pesadas como heroína, que dizia usar para aliviar uma dor de estomago que o deixava louco e muito deprimido. Quando o Nirvana gravou Bleach, Kurt estava muito longe dos anos de glória que viriam com o disco seguinte, “Nevermind”, esse sim um grande sucesso de vendas. Vivendo pelas ruas ou então sendo despejado de um apartamento vagabundo atrás do outro, Kurt foi compondo as canções que fazem parte desse CD. Diante dessa situação não me admira em nada o tom pessimista ao extremo da maioria das letras. Era uma catarse pois Cobain despejava suas frustrações, decepções e medos em suas letras que eram extremamente autorais e viscerais. Agora o curioso é que Bleach pode ter sido gerado e concebido no meio desse caos mas analisando friamente é um álbum bem tocado, bem executado. O som da banda soa muito redondinho e bem gravado, o que contradiz de certa forma o próprio Kurt que achava que um verdadeiro disco punk deveria ser o mais pessimamente tocado e gravado. Bleach é o extremo oposto disso. Como não poderia deixar de ser o disco foi um fiasco de vendas em seu lançamento e de fato só venderia bem mesmo após o Nirvana estourar com seu segundo álbum. No conjunto é uma excelente oportunidade para conhecer e entender o Kurt Cobain antes da fama e do sucesso – um cara desesperado tentando se expressar da única forma que sabia. O resultado é simplesmente excelente, sem fazer favor nenhum ao grupo. Não me admira em nada que o Nirvana tenha sido considerado o melhor grupo de rock dentro daquele movimento que nascia. Nada mal para um mero “mendigo de guitarras”!

Nirvana – Bleach (1989)
Blew
Floyd the Barber
About a Girl
School
Love Buzz
Paper Cuts
Negative Creep
Scoff
Swap Meet
Mr. Moustache
Sifting

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Travis - The Man Who

Se você gosta de sentir um pouco de melancolia de vez em quando e acha que isso vai te trazer algum momento de reflexão sobre sua vida e seus sentimentos, então o Travis é o seu grupo. Esses escoceses da poluída Glasgow são os mais fiéis representantes do Britpop nessa área, fazendo um som extremamente honesto e bem produzido. O auge de sucesso do Travis aconteceu justamente com esse "The Man Who", o segundo CD da banda, que estourou nas paradas embalado pelo sucesso de "Why does it always rain on me?", uma letra tão pessimista, mas tão pessimista que chega involuntariamente a ser até engraçada. Além dessa o CD é cheio de momentos extremamente interessantes, entre eles As You Are, belamente produzida; The Last Laught of The Laughter, música com forte influência celta em seu arranjo; a única faixa "alegrinha" de todo o trabalho: Turn, com seu refrão para lá de pegajoso e finalmente Writing to Reach You, que foi estranhamente dedicada ao cineasta Stanley Kubrick!

A produção é de dois feras do movimento Britpop: Nigel Goodrich (que levaria até as últimas consequências suas virtudes e defeitos ao lado do Radiohead) e Mike Hedges (macaco velho no universo da música britânica). Não resta a menor dúvida que realmente fizeram um belo trabalho pois o grupo não era tão experiente assim dentro dos estúdios a ponto de escrever arranjos tão bonitos, muito embora tenham ao seu favor o talento como bons músicos (além do fato de serem excelentes compositores). De qualquer forma não poderia dar errado a parceria entre a banda e essa equipe de produção pois realmente era apenas uma questão de tempo até que saísse um bom resultado dessa feliz união. O Travis depois faria outros belos álbuns, com destaque para The Invisible Band e The Boy With No Name (em uma fase mais madura do grupo onde seu líder tinha acabado de se tornar pai, dando origem ao esquisito nome do CD), mas é com The Man Who que o Travis finalmente escreveu seu nome na história da contemporânea música britânica. Ainda não conhece e nem ouviu o Travis? Não perca seu tempo mais e descubra o som desses beberrões de Glasgow.

Travis - The Man Who (1999)
01. Writing to Reach You
02. The Fear
03. As You Are
04. Driftwood
05. The Last Laugh of the Laughter
06. Turn
07. Why Does It Always Rain on Me?
08. Luv
09. She's So Strange
10. Slide Show

Pablo Aluísio.

Dire Straits – Brothers in Arms

Embora a banda Dire Straits tenha nascido na década de 70 (mais precisamente em 1977 na cidade de Newcastle, Inglaterra), o fato é que poucos grupos musicais tiveram seu som tão associado à década de 80 quanto o Dire Straits. Suas canções, seus riffs, seus arranjos, tudo remete aos anos 80. A razão é simples de explicar, foi justamente nesse período que o grupo realmente explodiu nas paradas, colecionando sucessos e mais sucessos, tudo embalado em turnês extremamente bem sucedidas. De todos os seus álbuns esse “Brothers in Arms” é seguramente o mais simbólico dessa era de fama e glória para o grupo. Você consegue medir o sucesso de um álbum quando o coloca para tocar e reconhece imediatamente a primeira faixa, depois a segunda, a terceira e por aí em diante. É incrível mas “Brothers in Arms” é um desses discos. Mais da metade das canções são facilmente reconhecidas, mesmo por quem não viveu na época. O Dire Straits tem essa característica impar pois nunca parou de tocar em festinhas, raves e eventos. É um long seller – sempre tocando, sempre fazendo sucesso quando é executado.

Entre as músicas mais conhecidas destaco a bela balada “So Far Away” que ganhou inclusive um clip estiloso que cansou de passar na MTV em seus primórdios. Obviamente virou um grande hit. E o que falar de “Money For Nothing”? Bastam as primeiras notas de guitarra soarem nos ouvidos para que o ouvinte seja transportado imediatamente para a década de 1980. A linha melódica dessa canção é perfeita para tocar aos que ainda acham que Mark Knopfler não era um grande compositor e instrumentista. Ora, complicado até mesmo encontrar por aí uma seqüência musical tão pegajosa como essa! Uma vez na cabeça do ouvinte fica muito complicado esquecer – e isso meus caros é o segredo de cada grande música de sucesso escrita até hoje! Não é à toa que o álbum conseguiu chegar ao primeiro lugar de praticamente todos os países, batendo recordes de vendas e execução. Só para se ter uma idéia “Brothers in Arms” ficou classificado na Billboard por incríveis 210 semanas, sendo que em nove delas ficou em primeiríssimo lugar entre os discos mais vendidos, um marco comercial indiscutível. Só no mercado americano ele foi premiado com nove discos de platina. No total vendeu mais de 30 milhões de cópias ao redor do mundo. O Grammy também se rendeu à obra premiando triplamente o álbum (Best Engineered Recording, Non-Classical, Best Rock Performance by a Duo or Group with Vocal e Best Surround Sound Album). Enfim, um sucesso absoluto sob qualquer ângulo que se analise. Infelizmente o Dire Straits ficaria pouco tempo no topo. Os integrantes nem sempre eram pacíficos entre si e a guerra de egos foi lentamente minando a coesão interna. Depois de várias separações e reconciliações o grupo finalmente encerrou suas atividades. Não tem problema, o Dire Straits não existe mais porém suas canções absurdamente pegajosas sempre estarão tocando por aí. Nada mal para esses ingleses que só queriam levar um som bacana no fim de semana.
  
Dire Straits – Brothers In Arms (1985)
So Far Away
Money for Nothing
Walk of Life
Your Latest Trick
Why Worry
Ride Across the River
The Man's Too Strong
One World
Brothers in Arms  

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Raul Seixas - Por Quem Os Sinos Dobram

Raulzito era uma figura. Um baiano que odiava tropicalismo, um americanista na pior época do deslumbramento babaca dos esquerdistas de butique, um roqueiro com cara de bandido. Um artista que pagou para ver e mandou muito bem, sendo hoje considerado o verdadeiro Rocker da história da música brasileira. Criou uma fama de "maluco beleza", porém sua obra mostra que de maluco não tinha nada, sabia como poucos dominar as possibilidades dos estúdios, manha que aprendeu antes de se tornar artista solo, quando produzia discos para a turminha da Jovem Guarda (Jerry Adriani e Renato e Seus Blue Caps, entre outros). Esse CD, que resolvi comentar em homenagem ao magro abusado, não é tão conhecido entre o público em geral. Por Quem os Sinos Dobram foi o último disco de Raul Seixas na década de 70, justamente aquela em que ele despontou para o sucesso com discos essenciais como Gita, Krig-Ha Bandolo e o ótimo e subestimado Novo Aeon. Da primeira a última faixa conhecemos não só o grande letrista que Raul foi mas também o grande produtor e arranjador que efetivamente foi. Raul passeia sem pudor por diversos ritmos, indo do mais sofisticado ao mais popular em um segundo.

Raul que nunca fazia média abre a obra com uma brincadeira sutil com as canções populares dos anos 60 que divulgavam dancinhas da moda. Aqui ele tenta divertidamente promover a dança do "Ide a Mim Dada" (impossível não rir com a ironia de Raulzito nessa música). Depois emplaca um mea culpa explícito em "Diamante de Mendigo", onde honestamente afirma que destruiu sua família à toa (Raul teve vários casamentos ao longo de sua vida e algumas dessas uniões chegaram ao fim por causa do abuso de bebidas e drogas do roqueiro). Já o arranjo da terceira canção do disco, "Ilha da Fantasia", nos lembra imediatamente de Cowboy Fora da Lei, o grande hit de Raulzito na década que viria, os anos 80. Na música "Na Rodoviária" Raul usa um inteligentissimo jogo de palavras para mostrar seu lado mais iconoclasta, tudo mesclado com imagens pessimistas e surrealistas. Raul inclusive aproveita para destruir os mitos ao afirmar que "Papai Noel é apenas um presépio de papel". Coisa de gênio.

A música título do álbum "Por Quem os Sinos Dobram" demonstra um raro momento otimista na obra do cantor. Brandando e pedindo coragem aos ouvintes Raul injeta uma dose de positividade ímpar em sua discografia. O arranjo de metais nessa faixa mostra claramente que Raul não brincava em serviço. "O Segredo do Universo" revive o lado mais místico e bruxo do artista, personagem que ele encarnou com raro brilhantismo em seus primeiros discos na Phillips. Já "Movido a Alcool" é o mais divertido momento de todo o disco. Raul, cachaceiro assumido, se diverte com os planos do governo em usar o alcool como combustível alternativo. O álbum, brilhante, se encerra com a belissima "Requiem para uma Flor". Esse disco foi o último de Raul pela WEA, gravadora para a qual ele foi após brigar com a Phillips. Essa fase não é considerada a mais brilhante de Raul e é ainda composta pelos discos "O Dia em Que a Terra Parou" e "Mata Virgem" (o mais obscuro dos três). Nos anos seguintes Raul iria enfrentar algumas barras pesadas, como ostracismo na carreira, passagem por pequenas gravadoras, falta de grana e perspectiva, problemas sérios de saúde entre outras adversidades. Mas no final a brilhante música do maluco beleza venceu todos esses grilhos. Hoje, 20 anos após sua morte, Raul é reverenciado por uma geração que sequer era nascida quando ele morreu. Tal como seu grande ídolo, Elvis, Raul rompeu a fronteira da morte e se tornou um astro no firmamento do Rock´n´Roll. Nada mais justo para quem tanto lutou para sobreviver com uma obra inteligente e rara no pobre mercado musical nacional. Grande Raulzito...

Por Quem Os Sinos Dobram (1979) 01. Ide a Mim Dada / 02. Diamante De Mendigo / 03. A Ilha Da Fantasia / 04. Na Rodoviária / 05. Por Quem Os Sinos Dobram / 06. O Segredo Do Universo / 07. Dá-Lhe Que Dá / 08. Movido A Álcool / 09. Requien Para Uma Flor

Pablo Aluísio.

U2 - Rattle and Hum

O U2 está até hoje por aí, então é normal as pessoas não o verem apenas como um grupo de rock da década de 80. Bono conseguiu sempre manter o nome da banda na ordem do dia, seja inserindo o grupo para tocar em shows apoteóticos, seja defendendo as boas causas na TV e nos noticiários. Sua personalidade política ajudou muito nesse processo. Hoje o grupo é bastante reverenciado como um dos maiores da história do Rock mas houve época em que o U2 era considerado mais um daqueles grupos de rock que somem após algum tempo. Acompanhei toda a carreira de Bono e cia e meu primeiro disco da banda foi justamente esse duplo “U2 – Rattle and Hum”, uma bela trilha sonora do documentário de mesmo nome que mostrava uma das concorridas turnês do grupo irlandês nos EUA durante a década de 80. O repertório é dos melhores pois é formado por alguns dos maiores sucessos do conjunto. Assim tempos faixas que foram gravadas ao vivo, no calor das apresentações pela América afora e outras que foram registradas em estúdio. Esse último pacote de canções é o que há de melhor dentro do álbum. Isso porque o U2 foi até Memphis, um dos berços do Rock e seus integrantes fizeram questão de gravar na lendária Sun Records, a pequena gravadora que revelou Elvis Presley para o mundo.

Como se não bastasse o disco ainda conta com a preciosa participação de Bob Dylan na canção "Love Rescue Me", uma balada com toques de blues choroso. E o que dizer do encontro com o mito B.B. King na maravilhosa  "When Love Comes to Town"? A essência do mais genuíno Blues americano está aqui, com pitadas do som irlandês do U2. A mistura se revela das mais felizes e marcantes. Para finalizar o U2 reuniu um fantástico coro vocal feminino negro, formando no bairro do Harlem em Nova Iorque, para gravar a faixa “"I Still Haven't Found What I'm Looking For" ao vivo no templo do Madison Square Garden. Como se vê o U2 foi fundo nas raízes da música americana, resgatando o que há de mais autêntico em sua musicalidade. Para fechar com chave de ouro só faltava mesmo os Beatles. E eles estão lá também, numa versão envenenada de Helter Skelter. Perfeita a nova releitura de uma das mais significativas canções do quarteto de Liverpool. Não diria que é o melhor disco do U2 pois essa afirmação seria temerária uma vez que esse é um grupo de rock que já passou por tantas fases e vertentes que fica até complicado classificar algo como o melhor. Mesmo assim posso dizer que “Rattle and Hum” é certamente um dos melhores momentos desses irlandeses que pelo menos nessa turnê se sentiram como verdadeiros ianques fundadores do mais popular gênero musical da história.

U2 – Rattle and Hum (1988)
Helter Skelter
Van Diemen's Land
Desire
Hawkmoon 269
All Along the Watchtower
I Still Haven't Found What I'm Looking For
Freedom for My People
Silver and Gold
Pride (In the Name of Love)
Angel of Harlem
Love Rescue Me
When Love Comes to Town
Heartland
God Part II
The Star Spangled Banner
Bullet the Blue Sky
All I Want Is You
 
Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Oasis - Definitely Maybe

Hoje o Oasis é muito lembrado pelas declarações dos irmãos Gallagher na imprensa. No meio de muita lorota e brigas internas o Oasis vai sobrevivendo ano após ano, apesar dos inúmeros boatos que vão se separar de vez. Não é para tanto. Embaixo da polêmica e da falta de educação dos irmãos (o que destoa totalmente da imagem de povo super educado dos britânicos) está a música que eles produzem e isso é o que realmente importa no final das contas. Definitely Maybe é muito provavelmente o melhor álbum de estreia de um grupo de rock britânico nos últimos vinte anos. Embalados pelo sucesso do single Live Forever que chegou ao primeiro lugar poucos dias antes do lançamento do álbum o Oasis rapidamente chegou ao topo da parada britânica vendendo milhões de cópias desde então. O CD realmente é inovador, hoje seu impacto está um pouco amenizado pois tantas bandas seguiram os passos do Oasis que o frescor de novidade de quem o ouviu em 1994 se dissipou bastante, de tão imitados o Oasis acabou virando banal. De qualquer forma a jovialidade e a inovação de canções como Up in the Sky, Live Forever, Slide Away e Rock´n´Roll Star permanecem firmes, mesmo após passados mais de dez anos de sua gravação.

O disco foi aclamado pela imprensa especializada inglesa na ocasião de seu lançamento sendo considerado uma espécie de salvação do rock britânico, que vinha muito mal nas paradas na época. Embora ninguém ainda soubesse prever o que iria acontecer, se o grupo iria confirmar o talento de sua disco de estreia ou desaparecer como tantos outros, os críticos resolveram apostar no novo som que surgia naquele momento. Ao longo dos anos o grupo não iria decepcionar quem tinha apostado em sua sucesso. Eles iriam evoluir ainda mais musicalmente. Infelizmente também iriam como poucos brigar internamente (e publicamente), trocar ofensas com outros artistas, demitir antigos membros, passar por novas formações e aparecer com frequência nos tablóides britânicos. No saldo final nada disso importa. A única coisa que se mantém e é realmente relevante é o talento do Oasis, que se assemelha a um bom vinho, quanto mais tempo passa melhor fica.

Oasis - Definitely Maybe (1994) / 1. Rock 'n' Roll Star / 2. Shakermaker / 3. Live Forever / 4. Up in the Sky / 5. Columbia / 6. Supersonic / 7. Bring It on Down / 8. Cigarettes & Alcohol / 9. Digsy's Dinner / 10. Slide Away / 11. Married with Children"

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - If I Can Dream

Vários amigos e fãs de Elvis me enviaram mensagens nos últimos dias me perguntando porque eu ainda não tinha escrito sobre esse lançamento. O CD foi um grande sucesso de vendas, levando Elvis novamente ao primeiro lugar nas principais paradas americanas e europeias. A crítica de maneira em geral elogiou e o público, mesmo o mais ligado a Elvis, principalmente formado pelos colecionadores, etc, também gostou bastante. Assim "If I Can Dream" acabou se tornando uma espécie de unanimidade. A grande novidade vem do fato de termos novos arranjos, com a riqueza sonora da Royal Philharmonic Orchestra, preservando-se das gravações originais apenas a voz de Elvis.

É um trabalho refinado, com muito estilo. Disso não sobram dúvidas. Apesar disso eu sou um tradicionalista em termos musicais. Como tenho mais de três décadas ouvindo a discografia original de Elvis Presley aprecio demais os arranjos originais para ignorá-los agora, pois a maneira como as gravações foram realizadas faz parte da história de Elvis. Criei até mesmo laços sentimentais com as canções. Não importa que muitos desses arranjos estejam desatualizados com a sonoridade atual, em minha opinião isso realmente não tem a menor relevância. As músicas foram gravadas levando-se em conta o seu contexto histórico, era a sonoridade que imperava na época. Traz o sabor da história e dos anos em que foram registradas. Tampouco tenho qualquer interessa comercial em fazer novos fãs entre a nova geração.

Eu sempre digo que a arte em geral é atemporal. Tentar modernizá-la ou tentar adequar ao gosto do público atual não deixa de ser também uma forma de descaracterizá-la. Além disso o trabalho dos músicos originais que tocaram com Elvis foi literalmente deixado de lado. Na verdade esse tipo de inovação nem mesmo me soa como algo novo. Já havia sido colocada em prática no lançamento de CDs como "Elvis Medley", lá por volta do começo dos anos 1980 ou até mesmo "Guitar Man", "Too Much Monkey Business", etc, cujos arranjos modernosos da época de seu lançamento soam hoje em dia mais desatualizados do que os originais que estavam nos álbuns lançados pelo próprio Elvis em vida.

Além disso alguns arranjos desse CD não me agradaram em nada, a despeito da capacidade dos músicos envolvidos nesse processo. Canções como "Bridge Over Troubled Water", "You've Lost That Loving Feeling" e principalmente "An American Trilogy" já tinham certamente encontrado seu arranjo perfeito. Não se mexe em obras primas. Bem piores ficaram "Burning Love" e "Fever", essa última certamente a pior faixa do CD, exagerada, kitsch, excessiva. A única gravação remodelada que me deixou levemente satisfeito foi "If I Can Dream". Talvez por ser a gravação título do álbum realmente capricharam em seu arranjo. Todo o resto, sinceramente falando, me pareceu apenas curioso, até um pouquinho interessante, mas nada muito além disso. Esse é aquele CD que você terá em sua coleção apenas como curiosidade e nada mais. O fã de longa data com certeza não trocará as velharias que tanto ama por essa maquiagem. Não existe botox no mundo da música que melhore o que já é tão bom e belo. Não estou muito interessado nisso, quero mesmo as marcas do tempo e da história. Coisas que um tradicionalista preza. Tudo o mais é pura frivolidade sonora.

Elvis Presley - If I Can Dream (2015)
Burning Love
It's Now Or Never
Love Me Tender
Fever (feat. Michael Buble)
Bridge Over Troubled Water
And The Grass Won't Pay No Mind
You've Lost That Loving Feeling
There's Always Me
Can't Help Falling In Love
In The Ghetto
How Great Thou Art
Steamroller Blues
An American Trilogy
If I Can Dream

Pablo Aluísio.

Rolling Stones - Gimme Shelter

Documentário musical que deveria celebrar mais uma turnê americana dos Rolling Stones, mas que acabou terminando em tragédia. Acontece que durante um dos concertos do grupo o vocalista Mick Jagger teve a péssima ideia de dispensar o uso de seguranças profissionais, contratando ao invés disso membros dos Hells Angels para fazer esse serviço. Talvez querendo dar uma de deslocado ou de hippie paz e amor, Jagger cometeu o maior erro de sua carreira. Não demorou nada para que os motoqueiros começassem a sair na porrada com o público. Pior do que isso, um rapaz foi morto durante a confusão. 

Isso obviamente mancharia para sempre os Stones, até porque a imprensa não deixou barato, culpando os membros do grupo pela morte do jovem. E de certa maneira eles eram mesmo culpados. Esse documentário ficou bastante tempo arquivado, justamente pela imagem do assassinato, mas depois acabou sendo lançado. Um registro triste da história do rock. Fica pelo menos como lição. Afinal organizar concertos de rock exige um profissionalismo completo. Não adianta ter ideias estúpidas achando que elas são revolucionárias ou inovadoras. Não são, são apenas estúpidas mesmo. 

Rolling Stones - Gimme Shelter (Gimme Shelter, Estados Unidos, 1970) Direção: Albert Maysles, David Maysles / Roteiro: Albert Maysles, David Maysles / Elenco: Mick Jagger, Keith Richards, Mick Taylor, demais membros dos Stones e a gangue de motoqueiros Hells Angels / Sinopse: Documentário sobre a maior tragédia da banda Rolling Stones, quando Mick Jagger resolveu contratar como seguranças os membros da gangue de motoqueiros Hells Angels. No meio da confusão que cerca o concerto um jovem rapaz acabou sendo morto pelos membros do motoclube.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de janeiro de 2011

A-ha - Stay On These Roads

Muita gente acredita que o A-ha foi apenas uma banda norueguesa que fez muito sucesso na década de 1980 com suas canções de refrões pegajosos e depois disso sumiu do mapa sem deixar vestígios. Nada mais longe da realidade. Na verdade o A-ha é um dos grupos europeus mais interessantes que já surgiram no mundo da música. Embora realmente tenham tido uma fase de sucesso FM, o fato é que eles seguiram em frente após isso e gravaram trabalhos excelentes, acima da média mesmo. Muitos desses álbuns não fizeram grande sucesso entre o público brasileiro mas devem ser redescobertos, como por exemplo, o excepcional "Memorial Beach", um grande fracasso de vendas cuja qualidade é inversamente proporcional ao seu fraco sucesso comercial.

Considerado por muitos o melhor disco do grupo ele demonstra que mesmo não alcançando mais o topo das paradas o A-ha conseguiu manter um bom nível de qualidade em seus discos. "Stay On These Roads", por outro lado, faz parte da fase de maior sucesso do grupo. Lançado em 1987 o disco emplacou nas rádios e paradas com várias de suas canções, que viraram hits como "You Are the One", "Touchy!", "The Blood That Moves the Body", "The Living Daylights" e a própria faixa título do disco, a baladona "Stay on These Roads". Esse foi o terceiro disco do A-ha na gravadora Warner e contou com todo o apoio da gravadora multinacional que não mediu esforços para continuar divulgando o grupo, inclusive escalando a banda para compor e cantar o tema do novo filme de James Bond, "Marcado Para Morrer". A faixa "The Living Daylights" é inclusive considerada até hoje um dos melhores temas do agente inglês no cinema. Composta em quatro mãos por Paul Waaktaar-Savoy e John Barry, não fez feio nem nas paradas e nem na avaliação dos principais críticos de música na época de seu lançamento. Um grande êxito.

Para promover o disco o A-ha caiu na estrada e realizou mais de 80 concertos mundo afora. Uma turnê exaustiva e muito produtiva em termos de divulgação. Para os fãs brasileiros essa turnê marcou época pois o grupo a encerrou justamente no Brasil ao realizar cinco shows em São Paulo e no Rio de Janeiro. A presença dos noruegueses por aqui inflamou as vendas do conjunto que foi premiado pela Warner Brasil com um Disco de Platina pelas vendas excepcionais. Como se não bastasse a filial brasileira da Warner até mesmo inventou uma coletânea chamada "A-ha In Brazil" que também fez bonito nas lojas, vendendo milhares de cópias. Infelizmente "Stay On These Roads" marcaria o fim da fase de maior sucesso da carreira do A-ha. Depois da enorme turnê eles resolveram dar um tempo. Cada um foi para seu lado produzir trabalhos próprios e o A-ha como grupo só voltaria ao mercado dois anos depois com o álbum "East of the Sun, West of the Moon" que ficou famoso por causa do hit "Crying in the Rain", uma regravação de um antigo sucesso da dupla The Everly Brothers. Não faz mal. "Stay On These Roads" está aí como um disco acima da média com nada mais, nada menos, do que cinco grandes sucessos em um álbum com apenas 10 faixas - um resultado excepcional em termos de popularidade. Se você gosta do A-ha ou da sonoridade da década de 80 então “Stay On These Roads” é simplesmente indispensável em sua coleção.

A-ha - Stay On These Roads (1987)
Stay on These Roads
The Blood That Moves the Body
Touchy!
This Alone Is Love
Hurry Home
The Living Daylights
There's Never a Forever Thing
Out of Blue Comes Green   
You Are the One
You'll End up Crying

Pablo Aluísio.

Rolling Stones - Sticky Fingers

10 curiosidades sobre "Sticky Fingers" dos Rolling Stones:

1. Esse foi o primeiro álbum dos Stones em seu novo selo, Rolling Stones Records. Para presidir a empresa os Stones contrataram Marshall Chess, filho de Leonard Chess, o fundador do selo Chess Records.

2. A capa do disco foi criada originalmente pelo gênio da pop art Andy Warhol.

3. Alan Klein, o empresário corrupto dos Beatles, conseguiu ter o controle dos direitos autorais de duas canções dos Stones, "Brown Sugar" e "Wild Horses".

4. Sticky Fingers foi gravada em três lugares diferentes (Alabama, Londres e  Hampshire) em um período de tempo de dois anos!

5. O álbum foi severamente criticado em seu lançamento. O crítico Jon Landau por exemplo profetizou o fim da banda ao qualificar o disco como um "exercício de autodestruição, tamanha a sua má qualidade".

6. Esse foi o primeiro disco com Mick Taylor como um membro oficial dos Rolling Stones. Seus melhores momentos podem ser ouvidos nas faixas "Can not You Hear Me Knocking", "Sway" e "Moonlight Mile".

7. Na edição espanhola do disco a capa foi censurada sendo ainda colocada uma versão ao vivo de Chuck Berry da faixa  "Let It Rock".

8. "Can not You Hear Me Knocking" foi gravada praticamente como uma jam session, sem ensaio algum.

9. "Sister Morphine" e "Wild Horses" ganharam versões gravadas por Marianne Faithfull e Flying Brothers.

10. A famosa língua dos Rolling Stones fez a sua estreia em Sticky Fingers. O estilista britânico John Pasche criou o logotipo que se tornaria marca registrada do grupo até os dias de hoje.

Erick Steve.

Elvis Presiey em Graceland


Elvis Presiey em Graceland
Duas fotos de Elvis Presley em frente à sua adorada mansão Graceland; A primeira foto foi tirada por volta de 1959, quando Elvis ainda estava servindo o exército americano; A segunda foto abaixo provavelmente foi tirada por volta de 1963 quando Elvis estava em sua fase de filmes em Hollywood.

Pablo Aluísio. 


Paul McCartney - Another Day

Primeiro single de Paul McCartney lançado em 1971. Os Beatles já não existiam mais e a carreira solo agora era uma realidade para valer. A faixa de trabalho havia sido gravada nas sessões do álbum "Ram", por essa razão se nota claramente a mesma musicalidade das demais canções do disco. Para muitos "Another Day" teria muito de outro clássico de Paul McCartney lançado na época dos Beatles, a canção "Eleanor Rigby". A letra de ambas tratava da vida complicada de uma mulher anônima no duro mundo em que vivemos.

Assim que a música começou a fazer sucesso muitos perguntaram quem seria a mulher da letra mas Paul, como já tinha explicado várias vezes em relação a outras de suas músicas, declarou que não se tratava de uma mulher real, mas sim "em tese", hipoteticamente falando. Linda também havia aconselhado a Paul a ir em direção a um caminho próprio, criando uma nova sonoridade que em nada deveria lembrar o som dos Beatles. Era algo importante criar algo singular, novo, sem olhar para trás. McCartney achou genial a sugestão da esposa e a levou para o estúdio para dar dicas e opiniões sobre as gravações. Em retribuição também creditou Linda como co-autora da música. Uma forma de agradecer por seu apoio.

"Another Day" foi gravada nos estúdios da Columbia em Nova Iorque. Paul ainda não havia reconstruído sua parceria com George Martin e procurou os estúdios americanos atrás de sua primazia técnica. E foi dentro do estúdio mesmo que Paul, ao lado do engenheiro de som Dixon Van Winkle, decidiu que essa seria sua primeira música a fazer parte de seu pioneiro single solo. A faixa foi gravada de forma muito singela, com apenas três músicos - quase a mesma formação dos Beatles. Além de Paul a gravação contou ainda com as participações de Dave Spinozza na guitarra elétrica e Denny Seiwell na bateria. Paul se encarregou do violão.

Tudo foi gravado dentro de uma singeleza fora do comum, praticamente em take único. Assim que chegaram na versão oficial Paul orgulhosamente declarou que aquela canção "tinha cheiro de hit". E tinha mesmo. Lançada em fevereiro logo caiu no gosto das rádios que a tocaram muito naquele mesmo mês. Na principal parada americana, a famosa Billboard Hot 100, o single alcançou uma ótima segunda posição. Na parada inglesa o mesmo sucesso, também chegando na vice liderança. Já na Irlanda, Suécia e Espanha foi ao topo, mostrando e provando que Paul McCartney certamente tinha cacife para fazer sucesso mesmo fora dos Beatles. Era o começo de uma nova era para o cantor.

Pablo Aluísio.

Rolling Stones - Rolling Stones (1964)

Muitos anos antes dos mega concertos e das mega turnês os Rolling Stones eram uma bandinha tentando conquistar seu lugar ao sol. Seu primeiro disco, intitulado apenas The Rolling Stones, demonstra bem como um grupo que se espalhava nos Beatles ainda demoraria para encontrar seu caminho musical. O disco deixa surpreendido qualquer ouvinte iniciante que só conheça a banda atual. As músicas são interessantes, porém simples, os arranjos beiram o amadorismo e as composições próprias praticamente não existem pois eles sequer se consideravam compositores na época. Assim somos surpreendidos por diversos covers que vão desde Rufus Thomas (Walking The Dog), Jimmy Red (Honest I Do) até Chuck Berry (numa versão nada memorável de Carol). A gravação deixa muito a desejar, o que nos leva a pensar que a gravadora Decca (a mesma que esnobou os Beatles no começo da carreira) não colocava muita fé nesses ingleses branquelos cantando músicas de blueseiros negros americanos.

A única composição da dupla Mick Jagger - Keith Richard é Tell Me, que passa anos luz da qualidade das músicas de Lennon - McCartney que na época estavam no auge da criatividade musical. Talvez por isso o grupo tenha até mesmo assinado inicialmente a canção por um pseudônimo. O disco, apesar de todos esses pontos contra, alcançou grande sucesso de vendas, chegando ao primeiro lugar britânico, o que fez até mesmo o LP ser lançado nos Estados Unidos, fato raro para uma banda estreante. Porém da mesma forma que acontecia com os primeiros discos dos Beatles os americanos acharam a seleção da edição britânica fraca e colocaram para abrir o LP Ianque outro cover de Buddy Holly, Not a Fade Away. Resumindo o disco em si deve ser descoberto pelos admiradores do rock britânico. Não é um excelente trabalho, de forma alguma, mas mostra como poucas obras como se começa uma longa caminhada com um simples passo. Esse foi o primeiro dos Rolling Stones.

The Rolling Stones (1964)

Lado A
1. Route 66
2. I Just Want to Make Love to You
3. Honest I Do
4. Mona (I Need You Baby)
5. Now I've Got a Witness (Like Uncle Phil and Uncle Gene)
6. Little by Little

Lado B
1. I'm a King Bee
2. Carol
3. Tell Me (You're Coming Back)
4. Can I Get a Witness
5. You Can Make It If You Try
6. Walking the Dog

Pablo Aluísio

sábado, 1 de janeiro de 2011

Back to the Future - Soundtrack

Título Original: Back to the Future - Soundtrack
Artista: Vários
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio / Selo: Warner Bros
Produção: Alan Silvestri
Formato Original: Vinil
Músicos: Huey Lewis and the News, Lindsey Buckingham, The Outatime Orchestra, Eric Clapton, Etta James, Marvin Berry and the Starlighters.

Faixas: The Power of Love / Time Bomb Town / Back to the Future / Heaven Is One Step Away / Back in Time / Back to the Future Overture / The Wallflower  / Night Train / Earth Angel / Johnny B. Goode.

Comentários:
Fechando esse revival de álbuns de sucesso dos anos 80 deixaremos aqui a dica dessa trilha sonora do filme "De Volta Para o Futuro". Sem dúvida uma das mais saborosas e divertidas ficções da história do cinema. O enredo que levava o protagonista de volta aos anos 50 (o berço do rock) certamente abriria espaço para uma seleção musical de primeira. E é justamente o que temos aqui, ótimas canções e faixas realmente inspiradas. Claro que muitos vão classificar o disco como mero lixo musical, mas não é bem por aí. Trilhas Sonoras sempre sofreram de um certo tipo de preconceito no mundo musical, principalmente se soarem como meras coletâneas ao estilo FM (o que de certa forma acontece em parte nesse álbum).

Obviamente o disco tem sua cota de bobagens, mas também tem momentos excepcionais com Eric Clapton (Heaven Is One Step Away) e Chuck Berry (Johnny B. Goode, aqui em ótima versão da banda do personagem principal, Marty McFly e os Starlighters). Pena que três clássicos que aparecem no filme ("Mr. Sandman" do Four Aces, "The Ballad of Davy Crockett" de Fess Parker e "Pledging My Love" de Johnny Ace) tenham ficado de fora. De qualquer maneira para compensar um pouquinho tem o Huey Lewis and the News cantando a inesquecível "The Power of Love" - quem viveu os anos 80 vai entender!

Pablo Aluísio.

Frank Sinatra 100 Anos

O mundo inteiro está celebrando hoje o centenário do cantor Frank Sinatra. Uma data para se recordar, que não poderia passar em branco. Sinatra foi certamente um dos cinco maiores cantores de todos os tempos. Ele marcou inegavelmente o mundo da música do século XX de uma forma profunda e impactante. Vários biografias e livros estão chegando nessa data e assim os fãs e admiradores poderão conhecer ainda mais o homem por trás do mito que foi criado em torno de seu talento.

Para muita gente que nunca chegou a lhe conhecer profundamente anda surgindo um sentimento de perplexidade e surpresa com alguns fatos de sua vida que estão sendo revelados (não pela primeira vez)  nesses livros. A verdade é que Frank Sinatra não foi e nunca quis ser o cara bonzinho dos filmes românticos daquela época que chegou inclusive a estrelar algumas vezes. Sinatra era outro tipo de homem, um cara forjado dentro do contexto histórico em que nasceu.

Ele tinha sim ligações com o submundo, com chefões do crime organizado, com a máfia italiana. Era turrão e brigão, chegando a agredir desafetos publicamente. Bebia, fumava e não raro tratava mal as mulheres com quem se relacionava. Recentemente inclusive surgiu uma história terrível que teria promovido um estupro coletivo em Marilyn Monroe, que de tão drogada e bêbada não conseguia entender o que acontecia numa das "festinhas" de Sinatra em seu barco. Nos dias de hoje ele poderia ser facilmente qualificado como um cafajeste e até um canalha sem escrúpulos.

Se o homem deixava muito a desejar, o cantor Frank Sinatra era acima de qualquer crítica. Poucos cantores americanos tinham o domínio que ele ostentava em um microfone. Perfeccionista no estúdio não admitia erros de seus músicos, o que legou para a história alguns dos álbuns mais bem gravados da história da indústria fonográfica. Dominou o cenário musical durante mais de uma década até a chegada do rock em meados dos anos 1950, quando finalmente passou a enfrentar concorrência pesada nas paradas partindo de artistas como Elvis Presley, Bill Haley e Chuck Berry. Não era por outra razão que Sinatra detestava o ritmo, o desmerecendo, dizendo que era coisa de marginal e delinquente juvenil. Tudo isso porém é deixado de lado por causa de sua obra. Sinatra com tantos defeitos pessoais foi salvo pela sua música, essa certamente maravilhosa e eterna.

Frank Sinatra - Anos Finais
Com mais de 70 anos de idade, o velho e bom Frank Sinatra continuou a trabalhar. Sua esposa Barbara entendia que o trabalho lhe fazia bem. De fato ele cumpriu extensas e exaustivas agendas de shows nessa fase final de sua carreira. Só que sua saúde já não era mais a mesma. Ele começou a demonstrar nos palcos que a idade estava chegando.

Frank esquecia as letras, mesmo com dois monitores à sua frente, passando as mesmas. Ele também começou a mostrar que estava com sinais de algum tipo de distúrbio que o fazia esquecer de um passado recente. Ele podia, durante o mesmo concerto, contar duas ou mais vezes a mesma piada e apresentar sua orquestra também mais de uma vez.

Frank Sinatra também enfrentava problemas auditivos (ele estava ficando surdo) e visuais (Já não conseguia enxergar direito sua posição no palco). Isso criou muitos atritos entre as filhas de Sinatra e sua atual esposa. Tina Sinatra, por exemplo, tinha ódio de sua madrasta Barbara. Ela havia sido esposa de um dos irmãos Marx, aquela trupe famosa de comediantes, e ganhara o carinho e afeto do velho Sinatra em seus anos finais. Isso para desgosto completo das filhas que a odiavam.

Houve também uma série de mortes que destroçaram o coração do velho ídolo. Sua amada Ava Gardner sofreu um derrame, ficou com uma parte do corpo paralisada e isso devastou Frank. Ela tinha sido o grande amor de sua vida. Depois Sammy Davis Jr morreu, vítima dos excessos do passado. O fumo e a bebida acabaram com ele. Por fim Dean Martin entrou em profunda depressão após a morte de seu filho e nunca mais se recuperou. Ele foi morrendo lentamente depois disso. Com seus amigos e amores do passado morrendo Frank tomou consciência de sua própria mortalidade. Algo que ele definitivamente não queria encarar.

Pablo Aluísio.

The Doors - The Doors (1967)

O primeiro disco do grupo americano The Doors foi gravado em apenas seis dias o que não deixa de ser incrível diante de sua extrema qualidade técnica e sonora. Paul Rothchild, o conceituado produtor que realizou o disco ao lado do grupo, costumava dizer que o álbum era o exemplo de como se criar um grande sucesso em apenas uma semana. E foi isso mesmo. Assim que assinaram com a gravadora, no final de 66, os Doors logo entraram em estúdio e tudo foi finalizado em poucos dias (com um fim de semana de intervalo) . As músicas escolhidas já faziam parte do repertório que a banda vinha tocando em bares na Califórnia durante um ano inteiro, alternando-se entre composições de autoria própria (apesar de serem todas compostas por Morrison e Krieger, a banda inteira levava o crédito no encarte) e covers (Alabama Song, de Kurt Weill e Bertold Brecht, e Back Door Man, de Willie Dixon).

A sonoridade pode ser descrita como um blues urbano e sombrio, misturando influências da música negra e de elementos totalmente novos no mundo da música pop. Sucesso de público (transformou-se logo em disco de ouro) e muito elogiado pela crítica, o álbum se tornou um dos maiores clássicos da história do rock e colocou Jim Morrison e os Doors na ordem do dia. O normal é que todo disco de estreia de qualquer grupo seja pouco ousado, em que os músicos ainda estejam procurando seu próprio caminho, em suma o normal é que o disco de estreia seja produto de uma fase de experimentação, de inexperiência. Esqueça isso em relação aos Doors. Que banda de Rock coloca uma música como "The End" logo de cara em seu debut musical? O disco é uma tijolada no cenário rock da época. Um crítico disse que "Gosto dos demais grupos porque entendo o que eles dizem, com os Doors isso não acontece, quem pode entender o que Jim está querendo transmitir?" Pois é, sem dúvida Jim e banda era por demais avançado para a época. Eles surgiram no momento em que os Estados Unidos e o mundo já haviam perdido a inocência. A guerra do Vietnã estava no ar e os Doors eram ouvidos no sudeste asiático pelas tropas americanas aquarteladas no fim do mundo. "Os Doors foram a trilha sonora do Vietnã" disse depois o diretor Oliver Stone.

Alguns dos maiores clássicos do grupo estão aqui. A começar por "Break On Through (To The Other Side)" uma estranha mistura de bossa nova com rock, "Light My Fire", talvez a mais comercial música do grupo e "The End", uma faixa pouco usual, única, singular, muito mais longa e enigmática do que se costumava ouvir e impossível de se tocar nas rádios por causa de sua interminável duração. O lado blueseiro de Jim Morrison também se mostra muito presente com os excelentes blues "Back Door Man" onde o cantor beira as raias da insanidade e "Alabama Song", em pegada bem mais tradicional do Delta. Em suma é isso. São tantas músicas boas que o disco mais se parece uma coletânea de grandes sucessos. Para entender o som e a filosofia da década de 1960 o álbum se torna obrigatório.

The Doors (1967) - Break on Through (To the Other Side) / Soul Kitchen / The Crystal Ship / Twentieth Century Fox / Alabama Song (Whisky Bar) / Light My Fire / Back Door Man / I Looked at You / End of the Night / Take It as It Comes / The End.

Pablo Aluísio.