O mundo inteiro está celebrando hoje o centenário do cantor Frank Sinatra. Uma data para se recordar, que não poderia passar em branco. Sinatra foi certamente um dos cinco maiores cantores de todos os tempos. Ele marcou inegavelmente o mundo da música do século XX de uma forma profunda e impactante. Vários biografias e livros estão chegando nessa data e assim os fãs e admiradores poderão conhecer ainda mais o homem por trás do mito que foi criado em torno de seu talento.
Para muita gente que nunca chegou a lhe conhecer profundamente anda surgindo um sentimento de perplexidade e surpresa com alguns fatos de sua vida que estão sendo revelados (não pela primeira vez) nesses livros. A verdade é que Frank Sinatra não foi e nunca quis ser o cara bonzinho dos filmes românticos daquela época que chegou inclusive a estrelar algumas vezes. Sinatra era outro tipo de homem, um cara forjado dentro do contexto histórico em que nasceu.
Ele tinha sim ligações com o submundo, com chefões do crime organizado, com a máfia italiana. Era turrão e brigão, chegando a agredir desafetos publicamente. Bebia, fumava e não raro tratava mal as mulheres com quem se relacionava. Recentemente inclusive surgiu uma história terrível que teria promovido um estupro coletivo em Marilyn Monroe, que de tão drogada e bêbada não conseguia entender o que acontecia numa das "festinhas" de Sinatra em seu barco. Nos dias de hoje ele poderia ser facilmente qualificado como um cafajeste e até um canalha sem escrúpulos.
Se o homem deixava muito a desejar, o cantor Frank Sinatra era acima de qualquer crítica. Poucos cantores americanos tinham o domínio que ele ostentava em um microfone. Perfeccionista no estúdio não admitia erros de seus músicos, o que legou para a história alguns dos álbuns mais bem gravados da história da indústria fonográfica. Dominou o cenário musical durante mais de uma década até a chegada do rock em meados dos anos 1950, quando finalmente passou a enfrentar concorrência pesada nas paradas partindo de artistas como Elvis Presley, Bill Haley e Chuck Berry. Não era por outra razão que Sinatra detestava o ritmo, o desmerecendo, dizendo que era coisa de marginal e delinquente juvenil. Tudo isso porém é deixado de lado por causa de sua obra. Sinatra com tantos defeitos pessoais foi salvo pela sua música, essa certamente maravilhosa e eterna.
Frank Sinatra - Anos Finais
Com mais de 70 anos de idade, o velho e bom Frank Sinatra continuou a trabalhar. Sua esposa Barbara entendia que o trabalho lhe fazia bem. De fato ele cumpriu extensas e exaustivas agendas de shows nessa fase final de sua carreira. Só que sua saúde já não era mais a mesma. Ele começou a demonstrar nos palcos que a idade estava chegando.
Frank esquecia as letras, mesmo com dois monitores à sua frente, passando as mesmas. Ele também começou a mostrar que estava com sinais de algum tipo de distúrbio que o fazia esquecer de um passado recente. Ele podia, durante o mesmo concerto, contar duas ou mais vezes a mesma piada e apresentar sua orquestra também mais de uma vez.
Frank Sinatra também enfrentava problemas auditivos (ele estava ficando surdo) e visuais (Já não conseguia enxergar direito sua posição no palco). Isso criou muitos atritos entre as filhas de Sinatra e sua atual esposa. Tina Sinatra, por exemplo, tinha ódio de sua madrasta Barbara. Ela havia sido esposa de um dos irmãos Marx, aquela trupe famosa de comediantes, e ganhara o carinho e afeto do velho Sinatra em seus anos finais. Isso para desgosto completo das filhas que a odiavam.
Houve também uma série de mortes que destroçaram o coração do velho ídolo. Sua amada Ava Gardner sofreu um derrame, ficou com uma parte do corpo paralisada e isso devastou Frank. Ela tinha sido o grande amor de sua vida. Depois Sammy Davis Jr morreu, vítima dos excessos do passado. O fumo e a bebida acabaram com ele. Por fim Dean Martin entrou em profunda depressão após a morte de seu filho e nunca mais se recuperou. Ele foi morrendo lentamente depois disso. Com seus amigos e amores do passado morrendo Frank tomou consciência de sua própria mortalidade. Algo que ele definitivamente não queria encarar.
Pablo Aluísio.
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