segunda-feira, 28 de maio de 2007

James Dean


Sobre a razão do sucesso de James Dean o ator Gary Cooper, outro ídolo de Hollywood, declarou: "James Dean desencadeia um complexo maternal em todas as mulheres jovens. Seus papéis de adolescentes angustiados, ameaçados, cercados por todos os tipos de demônios interiores, levam a juventude de hoje a se identificar com ele.". Cooper, um dos grandes mitos do western americano, sabia reconhecer plenamente um fenômeno cinematográfico quando se deparava com um pela frente.


Uma rara foto de James Dean de óculos, tirada em uma lanchonete de Nova Iorque. O ator, poucos sabiam na época, era míope e não enxergava muito bem. Tentando manter isso na surdina Dean jamais deixava que o fotografassem de óculos quando estava em Los Angeles filmando alguns de seus filmes. O problema visual o acompanhava desde muito cedo, já na adolescência Dean enfrentou problemas para entrar no time de basquete da escola justamente por causa dos óculos. Depois foi aconselhado por seu oftalmologista a ter cuidado redobrado quando andava de moto na sua cidadezinha em Indiana.


James Dean acende um cigarro e faz pose cool em Los Angeles. Uma das maiores paixões do ator também seria sua ruína. Apaixonado por carros esporte e velocidade, Dean sofreria um acidente fatal no volante de um Porsche 356 Super Speeder, um carro ideal para pistas de corrida, mas não tão adequado para estradas. Numa delas o ator não seria visto por um jovem que dirigia o caminhão de seu pai. O Porsche de Dean era cinza, rebaixado, e no raiar do sol poderia ser facilmente confundido com o asfalto da pista. Esse foi um dos fatores para a batida de seu veículo em um encruzilhamento na Califórnia. Dean tinha apenas 24 anos e sua morte o transformaria em um dos maiores mitos da história do cinema americano.


O Jeans de James Dean 
Um dos aspectos mais curiosos sobre James Dean foi que ele se tornou um dos primeiros atores de Hollywood a adotar um figurino mais casual, do dia a dia. Ao contrário dos demais astros que se vestiam socialmente, com elegantes calças sociais e camisas de marca, Dean usava uma roupa comum, do homem normal, do trabalhador e operário. O uso de Jeans se tornou uma de suas marcas registradas. A calça jeans até então era quase exclusiva da classe trabalhadora, dos mineradores da Califórnia e não algo que se esperasse ver numa estrela de Hollywood. James Dean jogou fora as convenções sociais e adotou como estilo o uso dessa vestimenta que logo após se tornaria uma espécie de fardamento de toda a juventude, estudantes e a moçada em geral. Como se vê o mito James Dean não se resumiu apenas ao cinema, sua influência foi muito além disso.


Na foto o ator James Dean tira uma onda com uma corda durante as filmagens de "Assim Caminha a Humanidade" (Giant, EUA, 1955) no calor ardente do Texas. Dean parecia ter herdado o espírito mórbido do poeta Lord Byron. Sua mãe era fã dessas poesias e por essa razão resolveu batizar seu filho de James Byron Dean. Ela morreu muito cedo e Dean foi criado pelos tios, uma vez que seu pai se casou novamente e nessa nova vida não parecia haver mais espaço para o pequeno Jimmy. Em um dos textos encontrados após sua morte o próprio Dean parece pensar sobre o fato de ter se tornado órfão tão cedo em sua vida. Numa conversa imaginária com a mãe ele chegou a perguntar: "O que você esperava que eu fizesse após você partir tão cedo?"

Pablo Aluísio. 

O Moço de Filadélfia

Título no Brasil: O Moço de Filadélfia
Título Original: The Young Philadelphians
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Vincent Sherman
Roteiro: James Gunn
Elenco: Paul Newman, Robert Vaughn, Barbara Rush, Alexis Smith
 
Sinopse:
Anthony Judson Lawrence (Paul Newman) é um jovem que sonha um dia se tornar advogado. Ele é um estudante de direito aplicado que com a ajuda dos valores morais ensinados pela mãe, vai abrindo caminho em sua nova profissão. E um novo amor que surge em sua vida é o sinal de que tudo não será mais como antes.

Comentários:
Excelente filme, não tão lembrado como se devia. O ator Paul Newman aqui interpreta o jovem estudante de direito que sonha se tornar um bom advogado. Ele se apaixona pela filha de um advogado veterano, um homem rico e poderoso, que pode ser tanto sua grande sorte na vida como também sua ruína. O roteiro é extremamente bem escrito, desenvolvendo muito bem cada personagem da história. O interessante é que Paul Newman está mais sóbrio do que nunca em seu papel. Ele veio da geração de James Dean, onde o atores tinham que demonstrar uma certa rebeldia. Nesse papel isso não acontece. Pode ser considerado assim seu primeiro grande papel adulto na carreira. Simplesmente impecável.

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de maio de 2007

Rock Hudson


Rock e Liz
O ator Rock Hudson cai na gargalhada ao lado de sua colega Elizabeth Taylor durante uma pausa de gravação das filmagens de "Assim Caminha a Humanidade" (Giant, EUA, 1955). Logo que se conheceram Rock e Liz se tornaram grandes amigos. Essa foi de fato uma amizade verdadeira que durou até a morte de Rock em 1985. Elizabeth Taylor inclusive foi uma figura próxima de Rock mesmo em seus mais dramáticos momentos quando finalmente revelou que estava com AIDS. Uma sincera aproximação entre dois grandes ídolos de Hollywood em sua fase de ouro. 


Rock, Doris e Tony
Rock Hudson, Doris Day e Tony Randall, o trio principal do grande sucesso "Confidências à Meia Noite" (Pillow Talk, EUA, 1959). Rock jamais havia feito uma comédia como essa antes, um roteiro sofisticado e considerado ousado para a época. Mesmo com receios acabou aceitando o desafio o que lhe trouxe inúmeros números positivos nas bilheterias - o filme logo se tornou um grande êxito de público. Seu sucesso faria com que Rock, Doris e Tony voltassem para mais duas outras comédias igualmente divertidas: "Não Me Mandem Flores" e "Volta Meu Amor".


Rock e a Publicidade
Rock Hudson posa para foto promocional numa piscina de um hotel de Beverly Hills, bem no começo de sua carreira. Nessa fase valia tudo para se promover, mas algumas coisas irritavam Rock como a sempre necessidade de surgir nas fotos sem camisa, de forma muitas vezes apelativa. Rock também achava a imprensa pouco séria, sempre fazendo as mesmas perguntas idiotas, entre elas a se ele dormia nu! Para Rock Hudson porém valia tudo para ganhar seu lugar ao sol no panteão de astros e estrelas de Hollywood.


Rock Hudson e  Cyd Charisse
O ator Rock Hudson contracena com Cyd Charisse no clássico romântico Turbilhão de Paixões (Twilight for the Gods, EUA, 1958). Dirigido por Joseph Pevney, o roteiro era baseado na novela escrita pelo autor Ernest K. Gann, que também assinou o roteiro. Rock e Cyd se deram muito bem em cena, a ponto inclusive da imprensa de fofocas de Hollywood levantar a hipótese de que eram namorados - embora não fossem já que Rock, poucos sabiam, era gay na sua vida pessoal. Já nas telas ele continuava a encarnar o galã romântico perfeito dos sonhos das mulheres da época. Extremamente popular ele logo se tornou um dos atores mais bem pagos de Hollywood.


Rock Hudson - Assim Caminha a Humanidade
James Dean, Elizabeth Taylor e Rock Hudson no set de filmagens de "Assim Caminha a Humanidade" (Giant, EUA, 1955). O filme, um épico passado no moderno Texas, se concentra na história de três personagens durante quatro décadas de vida. Rock e Liz se deram muito bem nas filmagens, o mesmo porém não se pode dizer de James Dean e Hudson. Eles não ficaram muito próximos e começaram a jogar farpas um no outro através da imprensa. Dean morreria logo depois de um trágico acidente de carro, se transformando em um dos maiores mitos da história de Hollywood. 

Pablo Aluísio. 

Charles Chaplin


Charles Chaplin - Luzes da Cidade (1931)
Diversas cenas com Charles Chaplin, Virginia Cherrill e Harry Myers no clássico imortal Luzes da Cidade (City Lights, EUA, 1931). Esse é um dos filmes mais celebrados com o personagem Carlitos, onde Chaplin usa de forma maravilhosa a ternura e a sensibilidade do amor de um vagabundo por uma bela vendedora de flores cega. O filme era o preferido do grande cineasta Orson Welles que afirmava que nenhum outro diretor conseguiria captar tanta sensibilidade emocional como fez Chaplin nessa película. Uma verdadeira obra prima da sétima arte.


Charles Chaplin - O Grande Ditador
Quando Chaplin resolveu filmar seu roteiro de "O Grande Ditador" muitos em Hollywood não apoiaram a ideia. O argumento era uma provocação direta contra o ditador alemão Adolf Hitler. Naquela ocasião os Estados Unidos ainda não tinham entrado na guerra e muitos setores defendiam que os americanos não deveriam entrar em outra guerra na Europa. Por isso muitos achavam equivocado o tema de seu novo filme. Chaplin porém estava firme em suas convicções, fortalecidas ainda mais pelo que lia e se informava, principalmente na questão da perseguição dos judeus em todos os países dominados pelo Terceiro Reich. Curiosamente apesar de saber de muitos absurdos que estavam acontecendo no continente europeu, Chaplin não tinha conhecimento ainda do que acontecia nos campos de concentração, no que anos depois ficou conhecido como o holocausto nazista. Sobre isso Chaplin confessou anos depois: "Se eu soubesse exatamente o que estava acontecendo na Alemanha, no horror do holocausto, provavelmente não teria feito o filme".


Chaplin e a Guerra
Na foto Charles Chaplin sorri, após falar com alguns jornalistas em Londres. O ator e diretor não ficou omisso durante a Segunda Guerra Mundial e defendeu com entusiasmo a chamada abertura de uma segunda frente na Europa para ajudar a União Soviética a enfrentar o nazismo. Sua sugestão porém não foi tão bem aceita e vários jornalistas começaram a atacar Chaplin, o acusando de ser na verdade um comunista. Acusado de não ser americano e não ter um sentimento patriótico com o país que o acolheu por tantos anos, Chaplin ficou visivelmente entristecido com a verdadeira guerra que lhe era feita pelos jornais. Charles Chaplin, um artista que sempre teve uma visão muito social do mundo, negou as acusações e disse uma de suas frases mais famosas: "Eu sou um cidadão do Mundo". 

Pablo Aluísio. 

sábado, 26 de maio de 2007

Elizabeth Taylor


Cleópatra
Elizabeth Taylor em toda a sua glória no papel de Cleopatra, a Rainha do Egito. O filme foi considerado um dos mais caros da história de Hollywood. Uma tentativa ousada da Fox em realizar uma produção tão exuberante que fosse um enorme sucesso de bilheteria. Liz sabendo da grandiosidade envolvida na realização do filme pediu um cachê digno de uma rainha, um milhão de dólares! Depois de muitas negociações a Fox concordou em pagar pela primeira vez na história um valor tão alto a uma atriz em Hollywood. Anos depois Elizabeth diria uma frase irônica sobre seu salário monstruoso: "Se eles foram idiotas o suficiente para pagar, eu não seria certamente idiota em recusar esse dinheiro todo".


Um Lugar ao Sol
Elizabeth Taylor e Montgomery Clift relaxam durante uma pausa das filmagens de "Um Lugar ao Sol". Ambos se tornaram muito próximos, amigos realmente, o que levou a imprensa a especular que estivessem tendo um caso amoroso. Conforme lembrou anos depois Liz realmente teve uma paixão por Clift, mas esse não concretizou a aproximação, provavelmente por ter uma paixão platônica pela atriz e colega. Um caso complicado de paixão não realizada entre os dois que durou anos e anos.


Elizabeth Taylor - Disque Butterfield 8
Elizabeth Taylor em cena clássica do filme Disque Butterfield 8 (Butterfield 8, EUA, 1960). No filme ela interpreta uma prostituta de luxo chamada Gloria Wandrous. O personagem foi considerado extremamente escandaloso na época, por causa do moralismo e puritanismo reinante na sociedade americana. Liz porém não deu ouvidos às críticas e abraçou a oportunidade de interpretar um roteiro assim tão controverso. Ela escalou seu affair do momento, o cantor Eddie Fisher, para o elenco, o que causou ainda mais escândalo pois Fisher era marido de Debbie Reynolds, amiga pessoal de Elizabeth. Isso porém não importou pois ela logo começou um ardente romance com ele. Para complicar ainda mais Liz teve um sério problema de saúde após o fim das filmagens ao qual muitos apostavam que ela não sobreviveria. Talvez por isso ela tenha sido premiada com o Oscar de Melhor Atriz! Um feito e tanto para uma interpretação e um filme tão polêmico como esse.



Elizabeth Taylor e Richard Burton
Nenhum casal causou maior frisson na imprensa do que Elizabeth Taylor e Richard Burton. Eles se conheceram no set de filmagens do épico Cleópatra e nunca mais conseguiram ficar longe um do outro. O detalhe era que quando começaram a namorar ambos eram casados. A atração porém falou mais forte. O caso amoroso, escandaloso desde o começo, ocupou por anos as capas de revistas. Também pudera, foi um amor intenso, mercurial. Não raro suas homéricas brigas e reconciliações iam parar nos jornais de todo o país. Casaram, se divorciaram e voltaram a se casar. Apesar do relacionamento tumultuado uma coisa parece certa: Eles se amavam muito, como bem ficou provado em suas vidas. Um casal para não esquecer jamais. 

Pablo Aluísio. 

Marlon Brando


O Selvagem
Na foto Marlon Brando surge em cena como Johnny, o motoqueiro rebelde do clássico "O Selvagem". O filme se tornou um ícone da cultura pop e Brando virou ídolo da juventude transviada dos anos 50. A despeito disso o próprio ator não gostou muito do resultado final, afirmando anos depois em sua autobiografia que havia achado o filme "muito curto e violento". Sua imagem porém ultrapassou rapidamente a barreira do tempo, se tornando um verdadeiro símbolo daqueles anos.


Brando e o Oscar
Na foto Marlon Brando posa ao lado do Oscar ganho por sua atuação no filme "Sindicato de Ladrões" de 1954. Na película o ator interpretava Terry Malloy, um boxeador fracassado que entrava numa rede criminosa envolvendo um poderoso e corrupto sindicato de Nova Iorque. Na ocasião Brando compareceu à cerimônia na Academia e polidamente recebeu o prêmio. Algo bem diferente iria acontecer décadas depois quando voltou a vencer o Oscar por sua atuação em "O Poderoso Chefão". Nessa segunda premiação Brando recusou o prêmio alegando protestar contra a forma que o cinema americano retratava o povo nativo da América nas telas.
 

Brando e os Panteras Negras
Ao longo de sua vida o ator Marlon Brando defendeu várias causas, entre elas a dos nativos e negros americanos. Na foto acima Brando posa ao lado de um grupo de jovens do grupo radical Panteras Negras. Seu apoio valeu todo tipo de oposição por parte de grupos de supremacia branca. Ao sair nas ruas Brando teve que lidar com o preconceito por causa de suas posições políticas. Em determinado momento precisou de ajuda para sair ileso do cerco de um grupo de membros da KKK que o acusava de ser "um safado que adora negros".


Eles e Elas
Foto promocional do filme "Eles e Elas" (Guys and Dolls, EUA, 1955), o primeiro e único musical da carreira de Marlon Brando. Dirigido por Joseph L. Mankiewicz o roteiro do filme era baseado numa peça da Broadway. Brando quase não aceitou o convite para trabalhar na produção por dois motivos básicos: o primeiro era que ele não sabia cantar e o segundo era que teria que contracenar com um dos maiores cantores de todos os tempos, Frank Sinatra. Mesmo a contragosto acabou aceitando o desafio. Suas músicas foram montadas no estúdio, onde os engenheiros de som compilaram centenas e centenas de gravações de Brando tentando fazer bonito na trilha sonora. Já no set a convivência não foi muito boa entre ele e Sinatra. O cantor se irritava com a mania de Brando em ter que discutir todas as cenas, cada diálogo com o diretor. Para Sinatra tudo isso era "uma besteira típica dos atores de Nova Iorque".


Marlon Brando - Julius Caesar
O ator Marlon Brando posa para foto promocional do filme Julius Caesar (Júlio César, no Brasil), dirigido por Joseph L. Mankiewicz com roteiro baseado na famosa peça escrita por William Shakespeare. A clássica história de poder e traição contou com Brando interpretando o general Marco Antônio, braço direito de César e um dos homens que tentaram vingar sua morte no senado romano nos idos de março. Em cena Brando teve uma grande oportunidade na famosa cena em que o militar discursa após a morte de seu amigo e mentor. Anos depois o ator lamentaria a falta de uma maior experiência na profissão. Para Brando o texto de Shakespeare era demasiadamente complexo e profundo para alguém tão jovem como ele na época.


Marlon Brando - Viva Zapata!
No filme "Viva Zapata!" o ator Marlon Brando interpretou o revolucionário Emiliano Zapata. Desde o começo das filmagens Brando achava que não era o ator ideal para interpretar o mexicano. Consciente, Brando acreditava que apenas alguém do México poderia interpretar de forma convincente o personagem. Mesmo assim acabou sendo convencido pelo diretor Elia Kazan a aceitar o convite. Com roteiro escrito pelo conceituado John Steinbeck o filme prometia bastante a tal ponto que Brando engoliu várias convicções pessoais para trabalhar melhor. Para sua caracterização o ator resolveu adotar um enorme bigode, tal como Zapata na vida real. Assim que viu seu visual o produtor Darryl F. Zanuck mandou Brando aparar o bizarro bigodão, algo que Brando fez, mas não sem antes reclamar bastante disso.
 


Marlon Brando e Jean Peters
Na foto Marlon Brando contracena com a bela Jean Peters no filme "Viva Zapata" de 1952. Jean interpretava Josefa Zapata, sua esposa e companheira fiel. Durante os preparativos para a cena Brando ficou chocado com a atitude do produtor Darryl F. Zanuck, o todo poderoso da Fox na época. Como recorda em sua autobiografia, Zanuck ficou irado com a maquiagem que estava sendo utilizada em Jean. Em sua preconceituosa visão ela estava "ficando preta demais" para seu gosto. Zanuck acreditava que ninguém pagaria para ver um filme com uma mulher de cor como uma das protagonistas. Assim ele mandou refazer todo o trabalho, inclusive com a gravação de novas tomadas, com Jean já com o tom de pele que ele considerava a certa. Para Zanuck pouco importava que ela interpretasse uma mexicana morena queimada pelo sol do campo. Para Zanuck isso era de menor importância. Veracidade histórica não estava em jogo, mas sim a beleza de Jean Peters frente às câmeras. 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 25 de maio de 2007

O Homem do Terno Cinzento

O filme é extremamente bem feito e roteirizado. Basicamente é um retrato de um homem comum que volta da II Guerra Mundial e tenta criar sua família da melhor forma possível nos anos 1950. Ex-capitão do exército americano, Tom Rath (Gregory Peck), sente na pele os problemas após seu retorno aos Estados Unidos. Passando por dificuldades financeiras, com três filhos e uma esposa insatisfeita e infeliz (interpretada pela atriz Jennifer Jones) ele tenta administrar os problemas familiares e profissionais em meio a uma crise de identidade. O contexto histórico do filme é interessante porque enfoca o pós-guerra, quando milhares de americanos precisou se adaptar aos novos tempos.

Gostei bastante do tom da produção, pois é um filme extremamente sério e realista e não joga panos quentes na situação, principalmente quando se descobre anos depois que o capitão teria tido um filho com uma mulher italiana, na Europa, onde servia o exército. Outro aspecto curioso é a forma como é mostrada uma agência de publicidade naquela época - coisa que acabou sendo justamente o foco do seriado de grande sucesso da AMC, Mad Men. Curiosamente o filme se torna bem atual pois muitos ex-militares americanos ainda encontram dificuldades de se inserirem na vida civil após servirem anos nas forças armadas. Falta de qualificação profissional, desemprego ou subempregos ainda são bastante comum na vida dessas pessoas. Pelo visto mesmo após muitos anos a situação ainda permanece a mesma.

Outro ponto positivo de "O Homem do Terno Cinzento" é seu elenco. Gregory Peck novamente repete seu papel de homem íntegro, embora aqui haja fendas no caráter de seu personagem. Seu estilo de interpretação minimalista até hoje causa impacto. Peck era sutil e conseguia transmitir muito bem as emoções de seus personagens sem recorrer a exageros dramáticos. Já Jennifer Jones derrapa um pouco nas caras e bocas, se tornando um pouco exagerada, mas nada que comprometa o filme como um todo. Eu gosto dessa atriz, recentemente a vi em "A Canção de Bernadette" e ela sempre conseguia mostrar um bom trabalho. Aqui seu trabalho ficou um pouco comprometido. O diretor Nunnally Jonhson era na realidade um roteirista conceituado em Hollywood que ganhou a chance de dirigir alguns filmes (nenhum extremamente marcante). Isso talvez explique o alto nível do roteiro de "O Homem do Terno Cinzento" que procura sempre desenvolver todos os personagens em cena, mostrando seus dramas familiares e pessoais. Enfim, aqui temos um excelente drama dos anos 50. Um ótimo exemplo para se conhecer o que era realizado no gênero pelo cinema americano na época

O Homem do Terno Cinzento (The Man in the Gray Flannel Suit, Estados Unidos, 1956) Direção: Nunnally Johnson / Roteiro: Nunnally Johnson baseado no livro de Sloan Wilson / Elenco: Gregory Peck, Jennifer Jones e Fredric March / Sinopse: Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Tom Rath (Gregory Peck) tenta retomar a vida normal nos Estados Unidos, mas encontra dificuldades, tanto no aspecto profissional, como também na vida familiar pois sua esposa, Betsy Rath (Jennifer Jones) apresenta problemas emocionais. Filme premiado no Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio. 

A Canção de Bernadette

Independente do fato de se acreditar ou não na aparição da virgem Maria na pequena cidade de Lourdes na França o fato é que esse é um grande filme. O mais interessante no inteligente roteiro é que o filme dá voz não apenas aos que acreditaram no fato mas também aos céticos. Toda a situação que ocorreu na cidade após as supostas aparições é mostrada, a reação das autoridades, do clero local e os efeitos que iriam acontecer na cidade com o fluxo enorme de peregrinos em busca de curas milagrosas. Eu particularmente achei totalmente justificado a enxurrada de indicações ao Oscar pois desde a reconstituição do local até os mínimos detalhes tudo foi realizado com grande primor técnico. Destaque também para as locações, figurinos e trilha sonora, essa maravilhosa.

O elenco é todo bom. Do lado dos céticos se destaca o personagem do promotor imperial de Lourdes, interpretado brilhantemente por Vincent Price. Sua cena final, quando se dirige ao local das aparições é certamente um dos melhores momentos do ator no cinema. Já Jennifer Jones no papel de Bernadette enche os olhos. A Atriz foi premiada com o Oscar por sua interpretação e foi mais do que merecida. Ela transparece inocência, pureza e jovialidade num papel complicado, que poderia facilmente cair na caricatura. O diretor Henry King tem uma lista enorme de grandes clássicos em sua filmografia então não foi surpresa nenhuma ao me deparar com a grande qualidade desse "A Canção de Bernadette". Cineasta de mão cheia ele torna o filme obrigatório para todo cinéfilo que se preze. Em resumo temos aqui uma excelente obra prima da década de 40, uma obra que não cai na carolice como era de esperar e que debate fé, fanatismo religioso e crença popular com raro brilhantismo. Excelente clássico que merece ser descoberto (e redescoberto) sempre que possível. Altamente recomendado.

A Canção de Bernadette (The Song of Bernadette, Estados Unidos, 1943) Direção: Henry King / Roteiro: George Seaton (a pertir do romance de Franz Werfel) / Elenco: Jennifer Jones, Charles Bickford, Gladys Cooper, Vincent Price, Lee J. Cobb, Anne Revere./ Sinopse: O filme mostra as supostas aparições da Virgem Maria em Lourdes. Na ocasião uma jovem camponesa chamada Bernadette (Jennifer Jones) afirmou ter visto e falado com a mãe de Jesus Cristo numa gruta próxima onde costumava apanhar lenha com suas irmãs.

Pablo Aluísio.