quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Cavalo de Guerra

Eu adoro filmes clássicos, antigos, com todos aqueles grandes valores morais que hoje soam ultrapassados para as novas gerações. Esse "Cavalo de Guerra" me pareceu uma tentativa por parte de Steven Spielberg em reviver aquele tipo de cinemão dos anos 30, 40 e 50. Eu torci pelo filme durante suas duas horas e meia de duração, realmente quis gostar da produção mas tenho que confessar que ao final fiquei ligeiramente desapontado. O problema de "Cavalo de Guerra" em minha opinião não é de direção (Spielberg continua o mestre de sempre) e nem de produção (o filme tem, como não poderia deixar de ser, produção de luxo com tudo o que o dinheiro pode comprar). 

A grande falha aqui é realmente do roteiro. A trama é dispersa demais, o foco é inteiramente colocado em cima do animal e os personagens humanos nunca são bem desenvolvidos ou construídos. Como o cavalo vai passando de mão em mão durante o filme não temos tempo de criar vínculo com seus donos - mal nos acostumamos com alguns deles e de repente o Cavalo é passado para frente, vendido, trocado ou capturado por tropas, sejam inglesas ou alemãs. Sem personagens humanos fortes para nos identificarmos acabamos perdendo um pouco o interesse sobre o que acontece em cena.

Além da falta de bons personagens humanos o filme também sofre da falta de bons e marcantes atores. O elenco é supostamente liderado por Jeremy Irvine mas esse ator é tão sem carisma, tão inexpressivo que acabamos perdendo até mesmo a noção de sua existência no filme. Lá pela parte final quando ele retorna até levamos um pouco de tempo para reconhecer ele de novo - de tão apática que é sua participação. Spielberg também comete erros básicos de biologia. O cavalo Joey parece ter sentimentos humanos, com atos de bravura, de coragem, coisas que soam fora de propósito em um animal irracional. Como eu disse, focar tudo em cima dele não foi uma boa ideia. Enfim, é isso. O produto é muito bonito, bem agradável de ver, mas o diretor esqueceu que o público tem que ter algum personagem humano para criar vínculo, sem isso tudo soa vazio e sem cumplicidade por parte do espectador. Definitivamente não é nem de longe um dos melhores trabalhos do famoso diretor.

Cavalo de Guerra (War Horse, Estados Unidos, 2011) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Lee Hall e Richard Curtis / Elenco: Jeremy Irvine, Emily Watson, David Thewlis e Benedict Cumberbatch / Sinopse: Cavalo é enviado para o front da I Guerra Mundial, passando por diversos donos e vivendo muitas aventuras.

Pablo Aluísio.

O Justiceiro

Título no Brasil: O Justiceiro
Título Original: The Punisher
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Lions Gate Films, Marvel Enterprises
Direção: Jonathan Hensleigh
Roteiro: Jonathan Hensleigh, Michael France
Elenco: Thomas Jane, John Travolta, Ben Foster, Samantha Mathis

Sinopse:
Frank Castel (Thomas Jane) acaba tendo que lidar com a morte de sua esposa e filha. Inconformado pela falta de resultados por parte das autoridades resolve ele mesmo trazer justiça para as ruas da América. Disposto a varrer o crime da sociedade assume a identidade do Justiceiro, para isso porém terá que passar por cima de vilões ricos e poderosos, como o infame Howard Saint (John Travolta), que apesar do nome não tem nada de santo.

Comentários:
Esse personagem de segundo escalão da Marvel ainda não encontrou seu filme definitivo e olha que não foi por falta de tentativas. Embora muitos não gostem devo admitir que até gosto da versão realizada em 1998 com Dolph Lundgren no papel do justiceiro Frank Castle. O problema é que naquela época ainda não havia a moda da transposição dos personagens Marvel para o mundo do cinema. O filme é modesto mas bom, temos que admitir. Já esse aqui contou com um orçamento bem mais generoso, a ponto inclusive de ter um elenco de apoio de luxo com John Travolta brincando de vilão e Ben Foster, ótimo ator, dando uma canja com seu talento. Até achei acertado a escolha de Thomas Jane como o Justiceiro. Ele até pode não ser muito forte fisicamente mas tem cara de durão e poucos amigos, algo conveniente para seu personagem. O filme certamente poderia ter sido bem melhor, com um roteiro mais caprichado e menos apelações em relação aos clichês do gênero mas do jeito que ficou até que não está tão mal, vale a pena dar uma espiada.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

A Menina que Matou os Pais: A Confissão

Título no Brasil: A Menina que Matou os Pais: A Confissão 
Título Original: A Menina que Matou os Pais: A Confissão
Ano de Lançamento: 2023
País: Brasil
Estúdio: Santa Rita Filmes
Direção: Mauricio Eça
Roteiro: Ilana Casoy, Raphael Montes
Elenco: Carla Diaz, Leonardo Bittencourt, Allan Souza Lima, Kauan Ceglio, Bárbara Colen

Sinopse:
Terceiro filme sobre o caso de Suzane Von Richthofen. jovem que ao lado de seu namorado e do irmão dele, participou dos assassinatos de seus próprios pais em um bairro de classe média alta em São Paulo. Nesse filme o foco vai para as primeiras investigações sobre o crime, tudo resultando na solução dos assassinatos e na confissão dos envolvidos. 

Comentários:
Eu gostei dos dois primeiros filmes, apesar deles serem baseados nas versões dos criminosos. Agora temos mais uma produção, só que tudo visto em um ângulo mais objetivo da questão. E isso foi muito bom para o roteiro e para o desenvolvimento dos acontecimentos. E aqui também temos informações bem importantes, como por exemplo, o fato de que a polícia ficou desconfiada desde o primeiro momento, desde que chegou pela primeira vez na casa, logo após os crimes. Não é para menos, Suzane e os irmãos Cravinhos tentaram mesmo montar uma cena falsa do que seria um assalto, mas como eram amadores nesse tipo de situação, acabaram deixando mais pistas dos próprios envolvimentos do que qualquer outra coisa. Então foi mesmo uma questão de tempo para solucionar tudo. E a chave que trouxe solução para o crime, que fez mesmo a casa cair, foi a compra por parte do Christian Cravinhos de uma moto possante e novinha, tudo com o dinheiro (os dólares) que havia levado da casa de Suzane. A partir daí não houve mais saída. Enfim, se você gostou dos dois primeiros filmes pode ver esse terceiro sem nenhum receio. Tem a mesma qualidade cinematográfica dos anteriores. 

Pablo Aluísio.

Sargento Getúlio

Título no Brasil: Sargento Getúlio
Título Original: Sargento Getúlio
Ano de Lançamento: 1983
País: Brasil
Estúdio: Embrafilme
Direção: Hermanno Penna
Roteiro: Hermanno Penna, Flávio Porto
Elenco: Lima Duarte, Luiz A. Barreto, Fernando Bezerra, Amaral Cavalcante, Marieta Fontes

Sinopse:
Na década de 1940, um sargento chamado Getúlio (Lima Duarte) recebe a ordem de escoltar um preso político de Paulo Afonso até Aracaju, no nordeste brasileiro. Durante a viagem, há uma mudança no Governo e ele recebe a ordem de libertar o preso. Mas ele decide ir até o fim, afundando em uma estranha obsessão pessoal.

Comentários:
Lima Duarte não é um ator brasileiro comum. Esse artista é um monumento da cultura nacional e deveria ser sempre reverenciado por sua bela carreira, tanto na televisão como também no cinema. Esse filme aqui sempre será um dos mais lembrados de sua filmografia. Eu pessoalmente gosto muito. Gosto pela coragem, gosto pela ousadia e pela originalidade. Não podemos nos esquecer que esse filme foi rodado e lançado em plena época dos generais ditadores no poder do Brasil, ou seja, na violenta ditadura militar. Outro aspecto digno de nota é que os filmes brasileiros dos anos 70 e 80 tinham muita personalidade. É costume hoje em dia falar mal, entretanto artisticamente esses filmes eram bem melhores do que os que são feitos atualmente no Brasil. Tinham mais relevância social e cultural. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Perigo Iminente

Título no Brasil: Perigo Iminente
Título Original: Danger Close: The Battle of Long Tan
Ano de Lançamento: 2019
País: Austrália
Estúdio: Deeper Water Films
Direção: Kriv Stenders
Roteiro: Stuart Beattie, James Nicholas
Elenco: Travis Fimmel, Toby Blome, Alexander England

Sinopse:
Guerra do Vietnã. 1966. Um grupo pequeno de soldados dos exércitos da Austrália e Nova Zelândia é encurralado por tropas inimigas em uma antiga plantação de borracha na província de Long Tan. A desproporção entre vietcongues e australianos é muito grande, mas eles tentam sobreviver de todas as formas ao ataque intenso. 

Comentários: 
O cinema, além de ser um ótimo divertimento, também educa. Veja o caso desse filme. Eu não tinha a menor ideia de que esses países da distante Oceania tinham participado ativamente da Guerra do Vietnã. Então ao assistir a esse filme você também provavelmente vai se surpreender com essa informação histórica. Além disso o espectador terá um filme até muito bom para assistir. É bem produzido, tem ótimas cenas de batalha e só um pouquinho de ufanismo patriótico, até porque o filme foi feito como uma espécie de memorial, uma homenagem aos militares que perderam suas vidas nessa sangrenta batalha. Sim, eu ando já bastante cansado de patriotadas, mas aqui tudo é bem contido, ainda bem. No mais, fica apenas a ressalva que não se deve tentar comparar esse filme com os clássicos que foram lançados naquele ciclo do Vietnã no cinema americano durante os anos 70 e 80. Aqueles eram filmes inesquecíveis, esse aqui é apenas uma boa diversão com pitadas históricas interessantes. 

Pablo Aluísio.

Busca Implacável 2

Título no Brasil: Busca Implacável 2
Título Original: Taken 2
Ano de Lançamento: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Olivier Megaton
Roteiro: Luc Besson, Robert Mark Kamen
Elenco: Liam Neeson, Famke Janssen, Maggie Grace

Sinopse:
Ex-agente da Agência de Inteligência do governo dos Estados Unidos, a famosa CIA, vê seu passado voltar da pior forma possível. Ele se vê, junto de sua esposa, em um jogo de vida e morte em Istambul, na Turquia. Alguma pessoa ou organização terrorista e criminosa que foi prejudicada no passado por sua atuação quer vingança nos dias atuais. 

Comentários:
Não me entendam mal, mas essa franquia acabou caindo muito cedo numa velha armadilha que ronda filmes de ação. Esses filmes possuem a tendência de se tornarem genéricos demais, se tornando muitas vezes praticamente iguais entre si. Fica até complicado, depois de um tempo. distinguir um dos outro. Eu até aprecio essa franquia, mas ela tem suas limitações. O curioso é que Luc Besson terceirizou a franquia, dando a partir desse segundo filme a direção para cineastas mais jovens, onde ele próprio Luc atuaria apenas no roteiro e na supervisão geral dos trabalhos. E a fórmula deu certo mais uma vez, se tornando um filme bem lucrativo. Ao custo de 40 milhões de dólares, rendeu nas bilheterias mais de 160 milhões. Nada mal mesmo. E assim novos filmes foram sendo produzidos. Money Talks! 

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de janeiro de 2024

Amor Esquecido

Título no Brasil: Amor Esquecido 
Título Original: Znachor
Ano de Lançamento: 2023
País: Polônia
Estúdio: Endemol Polska
Direção: Michal Gazda
Roteiro: Marcin Baczynski, Mariusz Kuczewski
Elenco: Leszek Lichota, Maria Kowalska, Ignacy Liss

Sinopse:
Um médico cirurgião, muito respeitado em seu meio, acaba sendo vítima de um assalto violento no meio de uma rua deserta. Após levar uma forte pancada na cabeça perde a memória e não sabe mais quem é ou qual foi o seu passado, passando a viver pelas ruas e estradas empoeiradas, como um vagabundo sem rumo, até que o destino, em um lance de sorte, o coloca em reencontro a pessoas importantes de seu passado. 

Comentários:
Produção polonesa com estilo de roteiro na mais pura tradição do folhetim. Pois é, poderia ser adaptado até mesmo para uma nova novela da Globo esse tipo de enredo. Penso até que iria se tornar um sucesso de audiência aqui em nosso país! No geral acabei gostando, apesar de admitir que vai exigir uma certa paciência por parte do espectador porque sinceramente falando a história leva um tempinho para finalmente desenrolar direito, encontrar o caminho certo, com todos os elementos certos sendo colocados em seus devidos lugares. É a tal coisa, muitos reclamam do streaming, lembrando com saudosismo do velho esquema comercial das salas de cinema de antigamente, mas pense bem, onde você iria assistir a um filme produzido na Polônia com todo o conforto e a comodidade dos dias atuais? Mudanças sempre virão, tendo consequências boas e más. Eis aí um exemplo da roda da evolução tecnológica diante de seu nariz! 

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de janeiro de 2024

Getúlio

Título no Brasil: Getúlio 
Título Original: Getúlio
Ano de Lançamento: 2014
País: Brasil 
Estúdio: Globo Filmes
Direção: João Jardim
Roteiro: Teresa Frota, João Jardim
Elenco: Tony Ramos, Drica Moraes, Thiago Justino

Sinopse:
O filme recria os últimos dias de vida do Presidente do Brasil Getúlio Vargas. Acusado de envolvimento na tentativa de assassinato de um de seus principais opositores, Getúlio começa a perceber que o cerco vai se fechando ao seu redor, principalmente depois que se descobre que seu assistente pessoal estaria envolvido no crime. 

Comentários:
Getúlio Vargas foi uma das figuras históricas mais importantes da história do Brasil. Até hoje não havia sido produzido um filme definitivo sobre ele. E certamente essa produção aqui não se enquadraria nessa definição. Ainda assim temos um bom filme, valorizado por um roteiro e uma direção que me pareceram muito elegantes e respeitosos, principalmente com a pessoa de Getúlio Vargas. Até hoje historiadores tentam chegar na verdade do que realmente aconteceu, se ele estava ou não envolvido com o crime de tentativa de assassinato, mas o roteiro opta por colocar o presidente como um homem inocente, pego de surpresa com todos os acontecimentos que parecem sufocá-lo da noite para o dia. Um filme que certamente recomendaria para quem aprecia história do Brasil. Como sabemos não é um filme de final feliz. Getúlio preferiu entrar para a história com um tiro fatal dado em si mesmo do que enfrentar as acusações que certamente viriam com o tempo. Não quis ficar para enfrentar todas as pressões e a justiça de um processo na época. De qualquer filme esse filme lhe faz justiça, pelo menos em termos de qualidade cinematográfica. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Napoleão

Napoleão
Quem foi Napoleão Bonaparte? Eu tenho muitas reservas em relação a essa figura histórica de Napoleão. Em meu ponto de vista ele foi um hipócrita e um oportunista. O oportunismo veio em um momento de indefinição da Revolução Francesa. Ele se aproveitou desse momento de incerteza para dar um golpe militar na França, usando de sua liderança militar para tomar completamente o poder para si, tudo feito através da força, das armas. Também foi um hipócrita porque resolveu continuar com o discurso da Revolução, embora tenha na prática jogado no lixo todos os seus valores e ideais. Inclusive queria fundar sua própria monarquia, passando o seu poder imperial para seus descendentes. E pensar que a Revolução Francesa lutava justamente contra isso tudo, contra esse sistema e esse regime de governo, de exercício de poder. 

Pois bem, quando esse filme foi anunciado tive a certeza que o projeto estava em boas mãos. Não havia cineasta melhor para dirigir essa história do que Ridley Scott. Considero ele um dos cinco maiores diretores vivos do cinema americano. Quando o filme chegou aos cinemas houve uma série de críticas negativas. E o público não pareceu gostar muito. Bom, eu gostei muito do filme! Não nego que haja imprecisões históricas, algumas até bem grosseiras, mas nada disso desmerece o trabalho de Ridley Scott. 

Na realidade me deparei com um filme que tem ótima fluência em sua narrativa. Conseguiu destacar pontos da vida pessoal de Napoleão enquanto mostrava momentos de algumas de suas grandes conquistas no campo de batalha. Claro que muitos momentos importantes não estão no filme, mas aqui considero uma crítica injusta. Nenhum filme feito até hoje conseguiu capturar tudo na vida dessa figura histórica. É improvável que isso um dia venha a acontecer. A dica que deixo é a literatura. Aí sim você encontrará livros completos sobre a vida do imperador francês, livros com mais de mil páginas. Assim se você quiser a experiência completa, onde não falte nada em sua trajetória, vá até uma biblioteca, pois não será no cinema que encontrará tudo. 

E dentro das limitações de se contar a história de uma vida em pouco mais de duas horas de cinema, o filme se saiu muito bem. Gostei da maneira como Ridley Scott mostrou as batalhas e principalmente em como dirigiu o ator Joaquin Phoenix, afinal ele é conhecido por trazer aspectos de sua própria personalidade ao interpretar seus personagens no cinema. Seria um tipo de "ator autoral". Nesse filme não iria dar certo. Ele até tem momentos em que derrapa nesse aspecto, mas no plano geral está contido, graças à direção firme de Ridley Scott. Ponto positivo na composição do protagonista. Mostrou o bom trabalho na direção do elenco por parte do cineasta. 

Então é isso. Um filme que gostei muito, trazendo a história desse carniceiro que tentou ser aceito pela nobreza que dizia querer destruir em nome de valores de uma Revolução que ele na realidade não seguia. Napoleão era apenas um usurpador sem nobreza que queria ser um tipo de novo nobre europeu. Adorava o requinte das grandes monarquias europeias e de certa maneira queria apenas ser aceito por elas! Nesse jogo de ego supremo acabou levando milhões à morte. O filme assim é preciso em mostrar toda a sua hipocrisia e fome de poder. Um excelente trabalho a mais na rica filmografia de Ridley Scott que merece todos os meus aplausos. 

Napoleão (Napoleon, Estados Unidos, 2023) Direção: Ridley Scott / Roteiro: David Scarpa / Elenco: Joaquin Phoenix, Vanessa Kirby, Tahar Rahim, Rupert Everett / Sinopse: O filme conta a história do imperador francês Napoleão Bonaparte. Após dar um golpe militar em seu país, ele assume todo o poder e joga a França em uma infinidade de batalhas por todo o continente, lutando ferozmente contra praticamente todas as monarquias e coroas da Europa. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Êxodo: Deuses e Reis

Êxodo: Deuses e Reis
Mais uma versão para o cinema da história de Moisés e a saída do povo judeu do Egito Antigo. Ridley Scott fez o filme em homenagem ao irmão que havia se suicidado. Era uma mensagem sentimental, mas acabou que não agradou a quase ninguém. Religiosos torceram o nariz, pessoas que apenas queriam ver um bom épico antigo também não gostaram e a crítica, de maneira em geral, não avaliou bem ao filme. O que deu errado? Antes de qualquer coisa é bom deixar claro que é sim um filme bem produzido. Tem opções de direção de arte bem cuidadosas e acertadas. O elenco também faz o possível, mesmo que alguns atores não estejam muito bem adequados para seus personagens. Enfim, o filme não é, em minha opinião, o desastre todo que pintam por aí. 

O problema desse roteiro é conceitual. A história dos dez mandamentos, de Moisés e tudo o mais desse pacote todo, é de uma mitologia religiosa de fé. Não tem como fazer um filme racional desse enredo. O problema de Ridley Scott foi esse, ele quis fazer um filme racional. Não dá. O Exodus é um desbunde religioso, que pede mesmo exageros irracionais e pensamento mágico. Para funcionar tem que acreditar que tudo aconteceu mesmo, que o mar abriu e o resto todo. O Moisés é uma mistura de mago, profeta e líder messiânico. Não tem com contar essa história com o pé no chão da realidade, tem que afundar o pé na jaca da religião como fez Cecil B. De Mille no passado.

Essa coisa de tentar trazer explicações racionais para o que aconteceu na trama, simplesmente não cola. Não é documentário do canal Discovery ou do History. Não agrada ao fundamentalista religioso e nem ao espectador mais racionalista e progressista que não vai curtir também. Aliás acredito que esse tipo nem foi ao cinema ver ao filme. O simples tema já o deixou fora das salas. Quem não acredita, não vai ver filme de Moisés e Velho Testamento. É demais para eles. 

O fato é que os historiadores nunca acharam uma prova arqueológica da existência de Moisés e nem de uma multidão de judeus atravessando o deserto. Então academicamente o Êxodo é tratado como uma mitologia de fundação do povo de Israel e nada mais, inclusive reutilizando partes de mitologias de outros povos antigos, de mitos estrangeiros praticamente iguais ao de Moisés.

Então ou se mostra tudo sob o ponto de vista religioso ou não se faz filme nenhum, porque para a história, para a Academia, Moisés é meramente um personagem de literatura antiga. Nada mais do que isso. Ele nunca existiu de verdade! De qualquer forma, mesmo com esse erro de conceito, eu gostei do filme. Eu queria ver apenas bom cinema. Já sabia que não era um grande filme, mas esperei por algo ao menos digno de Ridley Scott. E nesse ponto tudo está bem OK. Poderia ser muito melhor, mas não deu. Só não adianta fazer filme de mitologia religiosa como algo racional, porque não vai dar certo, mas fora isso podemos tentar ver ao filme ao menos como mero entretenimento bem produzido. 

Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings, Estados Unidos, 2014) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Adam Cooper, Bill Collage, Jeffrey Caine / Elenco: Christian Bale, Joel Edgerton, Ben Kingsley, Sigourney Weaver, John Turturro, Aaron Paul / Sinopse: Filme que entrou recentemente na grade de programação do Netflix contando a história de Moisés, os dez mandamentos e a saída do povo judeu escravizado das mãos do faraó Ramsés II. Baseado no Velho Testamento da Bíblia. 

Pablo Aluísio.