quinta-feira, 22 de setembro de 2022

À Beira do Inferno

Mais um clássico filme de guerra, só que nesse caso com uma abordagem um pouco diferente. Na história um oficial da Marinha americana chamado George R. Tweed (Jeffrey Hunter) está prestes a voltar para os Estados Unidos após um longo período prestando serviço militar na distante e isolada ilha de Guam, no Pacífico Sul, quando essa é violentamente atacada por tropas japonesas, forçando finalmente os americanos a entrarem na II Guerra Mundial. Enquanto a ilha é rapidamente invadida, Tweed e mais quatro marinheiros conseguem fugir, se isolando em um dos lugares mais remotos da região, tentando sobreviver ao cerco do exército nipônico. E lá ficam por um longo período de tempo, tentando sobreviver, cercados de inimigos por todos os lados. E como se trata de uma ilha no oceano, simplesmente não há para onde fugir.

Bastante interessante esse filme baseado em fatos reais. Ele mostra uma das histórias mais curiosas da chamada guerra do Pacífico, quando os japoneses invadiram uma das bases mais vitais para as forças armadas americanas na ilha de Guam. Poucos conseguiram escapar da brutalidade dos soldados do imperador e entre eles estavam justamente Tweed e seu pequeno grupo. Inicialmente eles se refugiam no meio da floresta mas aos poucos vão ganhando a ajuda dos nativos que odiavam as forças japonesas por causa de sua truculência com todos na ilha. Também os americanos encontram um grande aliado na sua luta de sobrevivência, um padre católico que resolve abrigar o personagem de Jeffrey Hunter em um hospital para leprosos, local que os japoneses evitavam por motivos óbvios pois não queriam correr o risco de pegar a doença, altamente contagiosa.

O título original do filme também dá uma boa ideia do argumento que encontramos aqui. "Nenhum homem é uma ilha" mostra bem que para sobreviver os americanos precisaram contar com a ajuda muito preciosa dos habitantes de Guam, inclusive na forma como eles conseguiram esconder o marinheiro George R. Tweed por mais de trinta meses! E isso tudo em uma ilha ocupada massivamente por militares japoneses. E é nessa relação de amizade que se apóia a terça parte final do filme pois o personagem de Hunter começa a ser ajudado pela família Santos que o alimenta e o esconde em cima de uma das colinas mais altas e inacessíveis de Guam.

Já para os que gostam do aspecto mais histórico de filmes como esse, o espectador é presenteado com cenas reais da invasão americana na ilha nos momentos finais do enredo. Enfim, "À Beira do Inferno" é um filme de guerra que valoriza os relacionamentos e os bons sentimentos dos moradores daquela ilha perdida que jamais deixaram de apoiar a presença americana no local pois para eles os militares dos EUA eram acima de tudo símbolos da liberdade que eles tanto queriam e desejavam.

À Beira do Inferno (No Man Is an Island, Estados Unidos, 1962) Estúdio: Gold Coast Productions / Direção: Richard Goldstone, John Monks Jr. / Roteiro: Richard Goldstone, John Monks Jr / Elenco: Jeffrey Hunter, Marshall Thompson, Barbara Perez / Sinopse: Um militar americano fica isolado em uma ilha que é dominada por tropas japonesas durante a II Guerra Mundial. Sobrevivendo a cada dia, ele tenta manter sua sanidade em uma situação limite e altamente perigosa.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Elvis Presley - Just For You (1957)

Poucos dias depois que o compacto duplo "Peace In The Valley" chegou nas lojas americanas a RCA Victor lançou no mercado outro compacto, igualmente duplo, apenas com músicas inéditas gravadas por Elvis Presley. O mercado de fato esperava por um novo single depois do grande sucesso de "All Shook Up", mas isso definitivamente não aconteceu. A razão é que os executivos da gravadora após ouvirem as novas faixas que Elvis havia gravado no Radio Recorders chegaram na conclusão que nenhuma delas tinha força suficiente para estourar nas paradas. Eram boas canções sim, bem gravadas e tudo o mais, porém não tinham vocação para virarem hits na Billboard. Excesso de zelo? Falta de confiança no novo material? Em parte sim. Realmente os engravatados da Victor não estavam errados. Elvis vinha de "All Shook Up", um tremendo sucesso e não seria interessante ver seu novo single ficar para trás nas principais paradas. A decisão então foi reunir quatro das novas músicas para lançamento no mercado em forma de Extended Play (o nome americano para o nosso compacto duplo).

A direção de arte da capa reciclou uma foto que havia sido tirada para fazer parte da capa do segundo álbum do cantor no ano anterior. Elvis inclusive está com a mesma camisa, o mesmo violão e no fundo o mesmo cenário. A única diferença é que ele está usando um casaco vermelho bem chamativo. A contracapa repetia o que era praxe na época: uma mera lista promocional de outros compactos duplos da RCA Victor nas lojas. Estão lá os nomes dos novos disquinhos de Perry Como, Harry Belafonte, Chet Atkins, Eddie Fisher, Glenn Miller, Eddy Arnold, entre outros. Na época isso era considerada mera propaganda, mas hoje em dia esse tipo de informação não deixa de ter um charme extra pois ficamos sabendo quais artistas estavam no mercado fazendo concorrência a Elvis. E foi justamente essa disputa feroz no mercado que fez com que a RCA lançasse esse "Just For You". A trilha sonora de "Loving You" só chegaria aos fãs no meio do ano e para evitar que Elvis ficasse vários meses sem nada de inédito nas lojas a gravadora se apressou em colocar no mercado o disco.

O curioso em "Just For You" é que ele logo se tornaria obsoleto para os colecionadores. Como vinha um novo filme de Elvis por aí nos cinemas, a RCA decidiu reaproveitar todas essas faixas para colocá-las no Lado B do álbum da nova trilha sonora. Os fãs que compraram o compacto logo tiveram que gastar dinheiro novamente com as mesmas músicas que voltavam no LP "Loving You". Era a velha estratégia do Coronel Parker de vender a mesma coisa duas vezes, algo que ele aprendeu muito bem em seus dias de circo. Assim todas as faixas de Just For You acabaram se tornando as primeiras “bonus songs” das trilhas sonoras de Elvis Presley. O que eram "Bônus Songs"? Basicamente eram gravações de Elvis que não faziam parte dos filmes, mas que eram incluídas no álbuns das trilhas para completa-las. Geralmente as trilhas de Elvis tinham de seis a sete canções e eram insuficientes para ocupar todo o espaço de um antigo LP. Dessa maneira as Bônus Songs eram adicionadas, se completando as dez ou doze faixas necessárias. Todos os artistas da época faziam isso e com Elvis não seria diferente.

O carro chefe de Just For You era a boa "I Need You So". Uma balada sentimental que apesar de bem executada nunca conseguiu boa repercussão. Completando o lado A temos o country "Have I Told You Lately That I Love You" cujo destaque é a boa sonorização do grupo vocal The Jordanaires. Por essa época eles já estavam completamente entrosados com Elvis e essa simbiose já surgia perfeitamente nos registros. Já o lado B abria com a deliciosa "Blueberry Hill". Falaremos melhor sobre ela quando formos analisar a trilha de "Loving You", mas de antemão quero dizer que é uma pena que a RCA nunca tenha trabalhado melhor nessa música. Eu a considero excelente. Seu potencial de virar hit na época já havia se esgotado pois ela já tinha feito sucesso na voz de outros cantores, porém mesmo assim merecia melhor destino certamente. "Just For You" fecha com outra boa balada," Is It So Strange", uma bela canção que também nunca encontrou bom espaço dentro da discografia de Elvis. Ela reaparecia anos depois no álbum "A Date With Elvis" quando o cantor estava servindo o exército americano na Alemanha.

Quando chegou no mercado "Just For You" surpreendeu e conseguiu emplacar um ótimo segundo lugar entre os compactos duplos mais vendidos. Isso incentivou a RCA a lançar novos EPs de Elvis nos anos seguintes, disquinhos que só deixariam mesmo de serem lançados por volta de 1966 quando a RCA lançou as últimas trilhas sonoras de Elvis nesse formato. Não se preocupe, ainda falaremos muitos sobre esses charmosos vinis que marcaram a discografia de Elvis Presley. Até lá.

Elvis Presley - Just For You (1957)
I Need you So
Have I Told You Lately That I Love You
Blueberry Hill
Is It So Strange

Elvis Presley – Just For You (1957) / Elvis Presley (voz e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J.Fontana (bateria) / Gordon Stoker (piano) / Dudley Brooks (piano) / Hoyt Hawkins (órgão) / Jordanaires (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado nos estúdios Radio Recorders - Hollywood / Data de Gravação: 18 e 19 de janeiro de 1957 / Data de Lançamento: abril de 1957 / Melhor posição nas charts: #2 (EUA).

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Loving You - Parte 1

Esse foi o segundo filme de Elvis Presley e o primeiro a ganhar um disco no formato LP ou álbum. "Love Me Tender", o filme anterior, teve sua trilha sonora vendida em compacto. Aliás é bom salientar que Elvis foi um dos primeiros artistas jovens a ganhar essa honraria de ter suas músicas lançadas em álbum. Naquela época as gravadoras usavam esse formato mais para o lançamento de música clássica ou óperas. Não era comum um artista pop como Elvis ter discos de longa duração como esse. Geralmente esse tipo de artista tinha seu trabalho lançado apenas em singles, conhecidos no Brasil como compactos.

Não havia músicas suficientes para encher todo um álbum. Então a RCA Victor colocou no lado B do disco várias canções do "Just For You". Para os fãs o lado A era a grande novidade. Só músicas inéditas, todas gravadas para o filme "A Mulher Que Eu Amo" (Loving You, em seu título original em inglês). A boa notícia é que eram boas músicas, excelentes gravações por parte do cantor. A maioria delas foi gravada em Hollywood em janeiro de 1957. Para essas sessões Elvis trouxe sua banda habitual. Nada de músicos contratados pelos estúdios de cinema como havia acontecido em "Love Me Tender". Aqui Elvis fez questão de trabalhar com seus próprios músicos.

"Mean Woman Blues" foi escolhida para abrir o disco. Grande momento tanto do álbum, como do filme, quando Elvis a canta em uma de suas melhores cenas no cinema durante os anos 50. Essa era uma composição de Claude Demetrius, aqui aparecendo pela primeira vez em um disco de Elvis - e ele não se tornaria um compositor habital na discografia de Elvis, apesar de seu grande talento. O ritmo era até um pouco fora dos padrões, unindo a escala musical típica de um blues com a agitação do nascente rock ´n´roll. A mistura, apesar de ser original e muito bem composta, não chegou a agradar todo mundo. Alguns mais tradicionais criticaram, ignorando o fato de que o blues foi um dos gêneros musicais que deram origem ao rock. Enfim, erraram no ponto de vista.

"Blueberry Hill" abriu o lado B do álbum. Essa não fazia parte da trilha sonora de "Loving You" e foi colocada no disco para completar espaço. Isso de um ponto de vista puramente comercial, porque do ponto de vista artístico essa era uma grande canção. Foi composta por um trio (Vincent Rose, Al Lewis e Larry Stock) e virou sucesso na interpretação do ótimo Fats Domino. Seu toque de piano inicial era sua maior característica. Algo inclusive que levou Elvis a tentar tocá-la ao vivo algumas vezes durante os anos 50. Ficou muito bom, na maioria das vezes. Como a música já havia esgotado seu potencial de sucesso com Fats, ela nunca chegou a se tornar um hit na voz de Elvis, mas isso em nada tira seus méritos. É um dos melhores momentos de todo o disco.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de setembro de 2022

A História de Rock Hudson - Parte 11

Após terminar o colegial Rock ficou meio perdido, sem saber o que fazer da vida. A oportunidade surgiu quando um amigo sugeriu que ele se alistasse na Marinha dos Estados Unidos. O salário era bom e para ele que não tinha nenhuma formação em nenhuma profissão poderia ser um saída. Rock porém não sabia que estava prestes a explodir um dos maiores conflitos armados da história, a Segunda Grande Guerra Mundial! Ele estava com 23 anos de idade quando o presidente Roosevelt informou ao país que os Estados Unidos estavam entrando na guerra! E nessa época Rock era um marinheiro de um navio da frota do Pacífico.

Realmente participar de algo assim mudaria sua vida. Os anos no mar, as tensões de trabalhar em um navio de guerra, tudo colaborou para que Rock voltasse da batalha como um outro homem. Quando Rock entrou na marinha ele era apenas um caipira tímido, que mal havia saído do seu bairro onde nasceu. Agora ele era um militar, um veterano de guerra, um marinheiro que conhecia vários lugares do mundo por onde seu navio passou. Curiosamente os anos no Pacífico, em pleno auge da guerra contra o Japão, nunca foi dos assuntos mais corriqueiros para ele. Mesmo quando estava ao lado de grandes amigos, Rock evitava comentar sobre aqueles anos!

Muito se especulou sobre o que teria acontecido de verdade com Rock na guerra.  Ele costumava brincar, dizendo que havia passado quase toda a guerra descascando batatas no porão do navio, mas isso provavelmente era apenas uma pequena parte da verdade. Era uma piada de Rock para divertir seus amigos em Hollywood. Ele havia feito parte da tripulação de marinheiros de um cruzador da Marinha de guerra dos Estados Unidos na chamada batalha do Pacífico, a mais brutal guerra marinha da história. O navio era uma arma poderosa de guerra, enviada para enfrentar diretamente outros navios do Japão imperial. Não era brincadeira de criança. Muito provavelmente Rock presenciou atrocidades na II Guerra Mundial, mas essas lembranças ele queria apagar da mente. Rock era conhecido por não se abrir emocionalmente com ninguém. Ele nunca baixava a guarda sobre isso. Nem seus amigos mais próximos conseguiam tirar alguma confissão emocional do ator. Ele era completamente fechado. Por isso deixou também todas as suas lembranças da guerra bem fechadas, sem compartilhar com mais ninguém.

O que Rock mais gostava de lembrar era a chegada de sua frota no porto de Los Angeles após longos anos no mar enfrentando os japoneses. Esse dia para Rock foi realmente inesquecível, a tal ponto que ele se lembrava inclusive da música que estava tocando para os marinheiros - curiosamente o último sucesso de Doris Day, cantora e atriz que se tornaria uma de suas parceiras em Hollywood! Isso porém parecia tão distante quanto a Lua! Imagine todos aqueles militares, que tinham ficado anos no mar, voltando para os Estados Unidos após voltar da II Guerra Mundial Mundial, o mais sangrento conflito armado da história! Deve ter sido uma forte emoção voltar a ver o porto e as terras americanas à vista.

Rock desembarcou em Los Angeles para lutar por um sonho. O seu navio iria até San Francisco, mas Rock desembargou antes. O que ele estaria planejando? Durante seus anos na marinha muitos colegas de farda disseram a ele que seu lugar era o cinema, pois ele parecia um galã de filmes românticos. O que começou como uma brincadeira porém tinha um fundo de verdade e Rock resolveu apostar nisso. Ele agora queria ser ator! Era um velho sonho da juventude. Como ele estava de volta, como ele havia feito sua parte pelo seu país, agora era hora de tentar construir um futuro para ele. Rock sabia que uma vez em Hollywood as portas dos estúdios iriam acabar se abrindo para ele! Claro havia muito o que fazer, inclusive estudar, mas Rock sabia em qual porta bater! Havia um departamento de treinamento nos estúdios Universal. Era para novatos. O lugar ideal para Rock Hudson começar sua carreira no cinema!

Pablo Aluísio.

Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 6

Em 1932 John Wayne atuou no filme "Cavaleiro do Texas" (Texas Cyclone). A direção dessa fita foi do cineasta  D. Ross Lederman. Wayne era até então apenas o quarto nome do elenco, bem atrás do verdadeiro astro do faroeste, o cowboy Tim McCoy. Era um filme de matinê, uma fita rápida de apenas 60 minutos de duração. A  Columbia Pictures estava investindo bastante nesse tipo de produção, exibida para o público jovem, com preços promocionais. Filmes de orçamentos pequenos que traziam lucro certo a cada exibição. Dentro da carreira de John Wayne não trouxe muito em termos de qualidade, mas serviu para deixá-lo na ativa, trabalhando e se tornando mais familiar para o público espectador. Quanto mais conhecido ele ia ficando, melhor!

John Wayne se saiu tão bem na fita anterior que foi logo escalado para outro bang-bang de Tim McCoy. Esse segundo filme, também rodado e lançado em 1932 se chamava "A Lei da Coragem" (Two-Fisted Law). O roteiro era bem simples, mas movimentado e divertido. No centro da trama tínhamos um pacato rancheiro que acaba se vendo no meio de uma disputa por prata nas montanhas próximas de sua propriedade rural. Curiosamente nesse filme John Wayne usou o nome de Duke, que nomeava seu personagem e que também era o seu apelido pessoal, bem conhecido de todos que frequentavam sua recém comprada casa em Hollywood. O Duke do roteiro foi levado pelo próprio Duke, ou seja, ele mesmo, John Wayne.

Depois de dois filmes de western John Wayne resolveu variar um pouco aparecendo no drama esportivo "Homem de Peso" (Lady and Gent). Dirigido por Stephen Roberts essa produção foi a primeira da carreira de John Wayne a ser indicada a um Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (indicação dada aos talentosos roteiristas Grover Jones e William Slavens McNutt). Wayne interpretava um boxeador chamado Buzz Kinney. Após concluir a escola ele entrava para o mundo dos ringues, mas logo descobria que se tornar um campeão não dependia apenas de seus talentos e golpes, mas também de um intenso jogo de interesses envolvendo apostadores e membros da máfia.

E por falar em bons roteiros, a fita seguinte de John Wayne chamada "O Expresso da Aventura" também era muito bem escrita. O enredo mostrava um trem, onde um crime era cometido. As suspeitas iam para um estranho assassino conhecido apenas como "The Wrecker". John Wayne, ainda bem jovem, interpretava Larry Baker, um investigador que chegava no trem para descobrir o verdadeiro assassino. Com ecos de Agatha Christie, o filme ainda hoje é admirado pelas boas doses de suspense.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Pinóquio

Essa nova versão de Pinóquio foi extremamente criticada. Diria até que muitos críticos foram ofensivos em relação a esse novo filme. E no meu ponto de vista tudo isso não teve razão de ser. Eu gostei dessa nova adaptação. Não há nada nela que venha a envergonhar a tradição dos estúdios Disney. Oitenta anos depois do primeiro filme, da primeira animação, temos uma releitura em live action. O resultado é, a meu ver, muito bom. Claro que ninguém iria inovar em termos de roteiro. O roteiro original, que contou com a supervisão do próprio Walt Disney, era muito interessante. Na realidade só existem 3 contos originais do Pinóquio. Então, Disney juntou os 3 em um só roteiro, como se fosse uma história linear. E o roteiro deste novo filme segue a mesma ideia do pioneiro Disney. Os 3 contos são divididos em 3 atos bem nítidos no filme. A origem de Pinóquio, primeiro ato. A ida de Pinóquio até a ilha dos prazeres é o segundo ato. Finalmente, o terceiro e último ato traz o conto do Pinóquio e a baleia.

Nada desmerece a longa tradição dos estúdios Disney em relação a esse personagem. Além disso, eu sou da opinião de que Pinóquio é a prova de falhas. O conto original tem sua beleza infantil imortal e os produtos que dele derivam seguem essa mesma linha. A animação da década de 1940 então, dispensa elogios. A música tema do filme é tão marcante que virou tema principal dos próprios estúdios Disney. Uma melodia deliciosa de se ouvir com sabor de infância feliz. Enfim, essa nova versão está aprovada e não vejo razões para que ela tenha sido tão criticada. O velho sabor nostálgico fala mais alto, certamente. 

Pinóquio (Pinocchio, Estados Unidos, 2022) Direção: Robert Zemeckis / Roteiro: Robert Zemeckis / Elenco: Tom Hanks, Joseph Gordon-Levitt, Benjamin Evan Ainsworth / Sinopse: O sonho do velho Geppetto sempre foi ter um filho. Artesão de madeira talentoso, um dia ele resolve criar um boneco de Pinho. E o chama de Pinóquio. Seu desejo seria que aquele artefato de madeira ganhasse vida. E ele faz um desejo para isso. A Fada Azul ouve suas preces e transforma Pinóquio em um ser animado, com vida e consciência. E assim, esse novo boneco ganha vida e vai conhecer as experiências de menino, as pessoas e a maldade humana. Ao seu lado, em suas aventuras, surgindo como sua consciência, segue o pequeno Grilo Falante.

Pablo Aluísio.

A Casa do Dragão

Você gostou de Game of Thrones? Então, boas notícias para você com o surgimento dessa nova série. Se passa no mesmo universo da série anterior. Só que, tomando como base o primeiro episódio, eles vão se concentrar apenas em algumas casas bem específicas. No caso aqui temos a casa do dragão, como é também conhecido o clã Targaryen. E os eventos que assistimos aqui nessa série nova se passam no passado de Game of Thrones. Algo parecido ocorreu recentemente com O Senhor dos Anéis. Pelo visto, essas séries agora são novas franquias. Até porque a propriedade intelectual é a grande chave mestra na Hollywood dos dias atuais. A produção, como sempre e como se poderia esperar, é simplesmente perfeita. O mesmo clima de Game of Thrones se repete. 

Qual é a história que nos contam? Há um rei que está visivelmente enfraquecido. Seu irmão que almeja o trono é um sujeito violento que surge já provando sua índole no primeiro episódio, um príncipe bem inescrupuloso. Há uma rainha morta no parto com o único herdeiro masculino. E temos também a filha mais jovem, que poderia se tornar a rainha na sucessão, embora isso não seja o costume daquela casa secular. E, Claro, há também os dragões, porque afinal de contas os efeitos digitais devem aparecer em destaque, com sua qualidade inerente. Eu gostei do primeiro episódio e penso que vou acompanhar. Acho que essa nova série é bem promissora, realmente. E quem vai vencer a batalha entre Game of Thrones e O Senhor dos Anéis? Bom, isso apenas índices de audiência e o sucesso ou fracasso dessas novas séries vai dizer. Vamos aguardar os próximos capítulos.

A Casa do Dragão (House of the Dragon, Estados Unidos, 2022) Direção: Miguel Sapochnik / Roteiro: Ryan J. Condal / Elenco: Paddy Considine, Matt Smith, Emma D'Arcy / Sinopse: No primeiro episódio, surge uma grande crise na sucessão do rei. A rainha morre no parto e seu único filho, herdeiro masculino, também se vai. A tensão passa a ser entre sua jovem filha e o príncipe, irmão do rei, um sujeito sem qualquer caráter ou escrúpulo.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de setembro de 2022

Thor: Amor e Trovão

Um ser vivendo em um planeta deserto e hostil, vê sua filha morrer de fome e sede. Imediatamente afunda na mais profunda dor. Não consegue entender a situação. Por que o seu deus não o ajudou naquela hora de extrema aflição? Ao se deparar com a própria divindade materializada em sua frente, ele descobre que o seu deus é um ente arrogante, egocêntrico e que não está nem aí para a sorte daqueles que o adoram. De sua revolta, nasce uma vingança. Ele toma posse de uma espada especial que consegue matar divindades. E parte em busca da vingança contra esses seres celestiais. Será que Thor poderia deter essa matança desenfreada de deuses no universo? Esse é o novo filme do personagem da Marvel, Thor. Poderia ser um excelente filme, pois tem um vilão especial. O Carniceiro dos Deuses causou sensação nos quadrinhos. As edições em que apareceu foram muito bem criticadas pelos especialistas na nona arte. Só que tudo isso virou desperdício nas mãos desse diretor. Incrivelmente, ele quis fazer desse filme uma comédia boba, tola! 

É inacreditável, mas o filme tem um tom totalmente errado de comédia e humor. E também se divide em duas partes bem distintas, como se fosse um bolo de aniversário cortado ao meio. Nas cenas que se concentram no vilão Carniceiro dos Deuses, o ator Christian Bale está muito bem. Concentrado em seu papel e atuando seriamente. Já nas cenas do Thor, tudo o que se encontra é pura palhaçada. Incrível, mas o diretor transformou o Thor em um idiota completo. É inacreditável como um filme como esse conseguiu se tornar tão ruim, com tanto potencial para agradar aos fãs da Marvel! Esse Carniceiro dos Deuses é um ótimo vilão. Deveria ter sido melhor aproveitado. Ao invés disso, o diretor Taika Waititi encheu o filme de piadinhas sem graça. Chega a ser totalmente constrangedor. O resultado de tudo isso é um dos piores filmes desse ano.

Thor: Amor e Trovão (Thor: Love and Thunder, Estados Unidos, 2022) Direção: Taika Waititi / Roteiro: Taika Waititi / Elenco: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Christian Bale, Russell Crowe, Idris Elba, Chris Pratt / Sinopse: A aposentadoria de Thor é interrompida por um assassino galáctico conhecido como Gorr, o Carniceiro dos Deuses, que busca a extinção dos deuses. Para combater a ameaça, Thor pede a ajuda da Rainha Valquíria, de Korg e sua ex-namorada Jane Foster, que – para surpresa de Thor – inexplicavelmente empunha seu martelo mágico, Mjolnir, como a Poderosa Thor. Juntos, eles embarcam em uma angustiante aventura cósmica para descobrir o mistério da vingança desse vilão para detê-lo antes que seja tarde demais.

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de setembro de 2022

A Fera

A história do filme se passa na África. Após a morte da sua esposa, um médico decide levar suas duas jovens filhas para um passeio turístico no continente africano. Ele também deseja rever um velho amigo, que agora trabalha em uma reserva natural. Durante o safari, que inicialmente parece ser bem agradável, eles são atacados por um leão em fúria. Na fuga o carro bate contra uma árvore. Eles ficam presos naquela região, a mercê do ataque dessa fera assassina. O filme assim se desenvolve, em uma grande caçada em que o felino surge como o caçador e os seres humanos que tentam sobreviver como a caça. Uma Vila nas redondezas também é atacada, e todos os seus moradores são mortos por esse enorme leão branco selvagem, por essa besta sanguinária da natureza. Como se pode perceber, é um filme com a história simples, linear. Não espere grandes temáticas ou pensamentos filosóficos no desenrolar dessa história. É realmente um conto sobre sobrevivência numa região africana isolada. Em síntese, seres humanos tentando sobreviver a um ataque de um leão em fúria.

Por falar nisso, fazia bastante tempo que eu havia assistido um filme sobre Leões africanos selvagens, matadores de homens. O último que me recordo é o hoje já clássico "A sombra e a Escuridão", com Michael Douglas e Val Kilmer. De lá para cá, Hollywood não havia mais explorado esse filão que eu considero até muito bom. A grande novidade é que nesse novo filme os felinos são todos criados pela tecnologia digital. São todos frutos de computação gráfica. A tecnologia evoluiu ao ponto do espectador não conseguir distinguir mais entre animais reais e digitais, tal a perfeição tecnológica. No quadro geral, um filme bom, gostei. Nada de muito espetacular, mas que cumpre muito bem seu papel. A diversão certamente estará garantida.

A Fera (Beast, Estados Unidos, 2022) Direção: Baltasar Kormákur / Roteiro: Jaime Primak Sullivan, Ryan Engle / Elenco: Idris Elba, Liyabuya Gongo, Martin Munro, Daniel Hadebe / Sinopse: Um pai e suas duas filhas adolescentes são caçados por um enorme leão enfurecido em uma reserva natural africana.

Pablo Aluísio.

A Vida Por Um Fio

Esse filme traz John Travolta interpretando o chefe de um grupo de eletricitários que trabalham em linhas de alta tensão. Ele tem um grupo de trabalhadores sem muita experiência em mãos, o que dificulta ainda mais o seu serviço. Para piorar, uma grande tempestade surge no Horizonte. E uma tempestade traz inúmeros problemas para o ramo da eletricidade, como todos podemos prever. Na vida pessoal ele também tem problemas. A Filha está apaixonada e grávida de um dos membros de sua equipe. E ele não gosta nada do tal sujeito. Essa é a sinopse básica desse novo filme que me chamou atenção por alguns motivos. Eu não me lembro de ter assistido algum filme antes cujos protagonistas eram eletricitários. Esse tipo de trabalho é considerado o quarto mais letal da sociedade Americana. 

O filme foi bancado por uma fundação que ajuda os familiares de trabalhadores do ramo elétrico que morrem em serviço. É uma história simples, com o roteiro até muito cheio de clichês, mas que cumpre bem seu papel. O filme é, de certa forma, uma homenagem a esses trabalhadores que morreram. Tecnicamente, é bem quadrado. Do elenco, eu tive uma surpresa ao ver uma envelhecida atriz Sharon Stone, interpretando uma mulher com problemas de alcoolismo. Ela está amargurada com a vida e nada feliz em saber que vai ser avó. Levei um tempo para reconhecer a outrora bela Sharon Stone nesse filme. E fiquei pasmo como o tempo passa. Enfim, um drama que, se não surpreende, pelo menos cumpre bem seu papel de homenagear esses trabalhadores. Em uma história simples, passa sua mensagem.

A Vida Por Um Fio (Life on the Line, Estados Unidos, 2015) Direção: David Hackl / Roteiro: Chad Dubea, Primo Brown / Elenco: John Travolta, Sharon Stone, Kate Bosworth, Devon Sawa / Sinopse: Uma equipe de homens que fazem o trabalho de consertar a rede elétrica é atingida por uma tempestade repentina e mortal.

Pablo Aluísio.