sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Clint Eastwood e o Western - Parte 2
Quando os Abutres têm fome
Os Abutres Têm Fome foi um faroeste lançado em 1970, contando em seu elenco principal com os astros Clint Eastwood e Shirley MacLaine. Seus personagens passavam por todas as dificuldades no deserto mexicano. Ela interpretava uma freira que tentava levar a palavra de Cristo para uma região abandonada por Deus, repleta de bandidos, bandoleiros e mal feitores de todos os tipos. Ele interpretava um mercenário, um pistoleiro, que colocava seus dotes de exímio atirador para quem pagasse mais.
A atriz Shirley MacLaine não se deu bem durante as filmagens com o diretor Don Siegel, com quem teve várias brigas e atritos abertamente, na frente de toda a equipe técnica. Depois que as filmagens terminaram ela afirmou que nunca mais queria trabalhar novamente com esse cineasta. Ela sempre foi considerada uma profissional temperamental para se trabalhar e quando um diretor não fazia o que pedia, as coisas poderiam ficar bem tensas nos sets de filmagens.
Poucos percebem isso nos dias de hoje, mas Shirley MacLaine interpreta a protagonista do filme e não Clint Eastwood que surge como apenas coadjuvante dentro do roteiro. Esse foi o último filme da carreira de Clint onde ele atuou como mero coadjuvante, recebendo inclusive um cachê bem menor do que sua parceira no filme. Depois dessa produção Clint Eastwood recusou todos os papíes secundários que lhe foram oferecidos, só atuando a partir daqui como o principal nome do elenco dos filmes em que trabalhou.
Nessa época, Clint tinha alguns planos. Ele queria dirigir filmes, escrever seus próprios roteiros. Além disso, ele estava decidido a fundar sua própria companhia cinematográfica. Certa vez, conversando com um amigo espanhol, ele disse que iria fundar uma empresa para produzir seus próprios filmes. O tal sujeito não ficou muito animado e quis desestimular Clint, dizendo que isso seria um mal passo para ele. Sem perder a piada, Eastwood resolveu chamar sua nova empresa de Malpaso Produtions. Essa empresa, que existe até hoje, transformou o ator e diretor em uma pessoa milionária, uma vez que ele teve todo o controle de seus filmes futuros. De uma coisa é certa, ele não deu um mal passo na carreira, pelo contrário, deu o passo mais do que certo.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 1 de setembro de 2022
Planeta pré-histórico
Top Gun: Maverick
terça-feira, 30 de agosto de 2022
Audie Murphy e o Western - Parte 5
Ele e o irmão Frank James (Richard Long) decidem abandonar a vida de crimes, deixando para trás o bando de Clarke Quantrill (Brian Donlevy); Esse foi outro personagem histórico real, um facínora que usava as cores de um dos lados da guerra civil para matar e saquear populações civis desarmadas e indefesas. Uma coisa insana. No filme pelo menos ele mantém o estigma de vilão, algo que nem sempre acontece sob uma ótica revisionista histórica que existe principalmente nos estados do sul. Acredite, muitos sulistas até hoje consideram Quantrill uma espécie de herói nacional, ou pelo menos, um herói das cores da bandeira confederada! Algo lamentável realmente.
De uma maneira ou outra, o nome de Jesse James sempre garantia boas bilheterias naqueles tempos. Ele havia sido, ao lado de Billy The Kid, um dos nomes mais conhecidos da mitologia do velho Oeste. Curiosamente, o ator iria ao longo dos anos interpretar os dois personagens históricos. Os filmes não era historicamente precisos, nem era essa sua intenção. Na realidade, eram adaptações de romances de faroeste que eram muito populares na época. Alguns roteiros foram baseados em livros de bolso que viraram febre editorial nos anos 50.
Depois desse faroeste que eu sempre considerei muito bom, Audie Murphy fez um dos melhores filmes de sua carreira. Em "A Glória de um Covarde" o ator foi dirigido pelo mestre John Huston. Seu personagem se chamava Henry Fleming, um soldado ianque que decide desertar durante a guerra civil americana. Todos os seus companheiros de farda parecem ser bravos e valentes, mas Henry tem sérias dúvidas sobre o que está acontecendo. Esse filme é brilhante porque valoriza mais o lado humano de seus personagens. Não é um faroeste comum ou um filme sobre a guerra civil que ficasse no convencional. Algo previsível de entender, já que Huston foi um diretor genial, um dos mais brilhantes cineastas de sua geração. Ele jamais iria fazer um filme de faroeste que fosse banal. Esse sem dúvida foi um dos grandes filmes de Audie Murphy.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 29 de agosto de 2022
O Doce Pássaro da Juventude
Na realidade o texto tem um tema central: A extrema dificuldade que certas pessoas possuem em lidar com o fim da juventude e de encarar os fracassos pessoais. Alexandra Del Lago (Page) retrata muito bem isso. Uma antiga diva do cinema que vê seu mundo desmoronar após perder o encanto e a jovialidade. Já Chance (Newman) é muito mais interessante. Correndo atrás de um sonho que jamais se realizará ele vê seus anos (e sua juventude) passarem em branco, sem conseguir tornar realidade os objetivos que ele próprio determinou a si mesmo. O texto é um dos melhores de Williams, embora não seja tão pesado como o que vimos em outras obras dele como "Gata em Teto de Zinco Quente". Além disso "O Doce Pássaro da Juventude" tem mais clima de cinema, deixando o aspecto teatral da obra original em segundo plano. Enfim, gostei muito e recomendo bastante. Obra prima.
O Doce Pássaro da Juventude (Sweet Bird of Youth, Estados Unidos, 1963) Direção: Richard Brooks / Com: Paul Newman, Geraldine Page, Shirley Knight e Ed Begley./ Sinopse: Chance Wayne (Paul Newman) volta à sua cidade-natal, após muitos anos tentando fazer filmes. Com ele está uma decadente estrela de cinema, Alexandra Del Lago (Geraldine Page). Enquanto tenta obter ajuda para fazer um teste de cinema, Chance acha tempo para rever sua ex-namorada, Heavenly (Shirley Knight), a filha do político Tom Finley (Ed Begley), que mais ou menos o forçou a deixar a cidade há muitos anos atrás. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Ed Begley). Também vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Geraldine Page).
Pablo Aluísio.
domingo, 28 de agosto de 2022
Crimes do Futuro
Pequena Grande Vida
sábado, 27 de agosto de 2022
Elvis Presley - Shake, Rattle and Roll / Lawdy, Miss Clawdy
O lado A com “Shake Rattle and Roll” era a materialização de uma constante insistência dos executivos para que Elvis gravasse canções do repertório de Bill Haley. Várias músicas de Haley tinham sido oferecidas a Elvis em Nova Iorque, inclusive o mega hit “Rock Around The Clock”, mas Presley as descartou. Diante da insistência acabou registrando essa "Shake, Rattle and Roll" em estúdio, finalmente. O resultado não agradou muito Steve Sholes que a tirou na última hora do primeiro álbum de Elvis. Queria trabalhar melhor depois nela (e o fez adicionando maior consistência à gravação antes de seu lançamento em compacto). Algumas fontes afirmam inclusive que nesse trabalho posterior de melhoramento da gravação o baixista Bill Black fez uma rara participação como vocalista de apoio.
Já “Lawdy Miss Clawdy” foi injustamente jogada no lado B do single, um absurdo, pois seguramente é uma das melhores melodias que Elvis registrou em Nova Iorque. Sua interpretação também é mais do que inspirada. Lloyd Price sempre foi um ótimo compositor e Elvis, por sua vez, sempre fez excelentes versões de sua obra musical. O fracasso de vendas ensinou algumas coisas à RCA. Nunca misturar material inédito e reprises em um só pacote de discos, pois isso certamente confundiria o consumidor. Prezar por belas capas, com boa direção de arte. Capas genéricas da gravadora como a que foi usada aqui era um desastre pois não chamava a atenção dos fãs nas lojas de discos. Por último não se descuidar da promoção das músicas. O compacto“Shake Rattle and Roll / Lawdy Miss Clawdy” foi tão mal lançado que muitos até mesmo ignoraram sua existência nas lojas. Com o péssimo resultado comercial as duas faixas só teriam alguma repercussão melhor três anos depois quando a RCA as resgatou novamente, as incluindo no álbum “For LP Fans Only”, lançado quando o cantor estava na Alemanha servindo o exército americano. Reconhecimento tardio, mas bem-vindo.
Shake, Rattle and Roll (Calhoun) - (Unichappel Music, BMI) 2:37 - Data de gravação: 03 de fevereiro de 1956 - Local: RCA Studios, NY. / Lawdy Miss Clawdy (Lloyd Price) - (ATV Music Co, BMI) 2:08 - Data de gravação: 03 de fevereiro de 1956 - Local: RCA Studios, NY./ Músicos: Elvis Presley (vocais, violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), D.J. Fontana (bateria), Shorty Long (piano) / Local de Gravação: RCA Studios, New York, New York / Produção: Steve Sholes / Engenheiro de Som: Ernie Ulrich / Data de Lançamento: Agosto de 1956.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 3
É justamente dessa fase a comédia musical romântica "Esposas Alegres", um filme muito inofensivo, com cenas de dança e romantismo. Scott gostou tanto de atuar nessa produção que ele confessou ao amigo Cary Grant que não se importaria em firmar sua carreira de ator nesse estilo de filme, com muitas cenas musicais.
No filme seguinte, "A Noiva do Céu" o roteirista Joseph L. Mankiewicz (que iria se tornar um diretor brilhante nos anos que viriam) percebeu que Randolph Scott tinha a imagem ideal para interpretar heróis de filmes de guerra. Era um passo a mais na direção dos faroestes que iriam consagrá-lo em Hollywood. Nesse filme o ator interpretou um capitão da força aérea dos Estados Unidos, mas sem deixar o lado romântico de lado. O filme, muito bem produzido, ainda hoje chama a atenção por causa das belas cenas aéreas, com todos aqueles aviões bimotores fazendo piruetas no ar.
"Manias de Gente Rica" de John G. Adolfi foi mais uma produção no estilo mais elegante, baseado numa peça da Broadway, Scott interpretava um sujeito de personalidade dúbia, ora agindo de forma ética, ora passando a perna em quem ficava no seu caminho. Depois de mais essa produção do tipo "bolhas e champagne" finalmente Randolph Scott foi contratado para atuar em um faroeste. "A Herança do Deserto" de Henry Hathaway trazia Randolph Scott como um cowboy envolvido bem no meio de uma disputa de terras no velho oeste americano. Ele fotografou muito bem com seus trajes de pistoleiro. O roteiro também foi um presente pois era bem escrito, com cenas marcantes. Produzido pela Paramount Pictures, filmado no próprio rancho da companhia, esse foi o primeiro grande sucesso de bilheteria de sua carreira. Um filme bem importante, que determinaria os rumos da filmografia do ator nas próximas décadas.
Pablo Aluísio.