sábado, 16 de outubro de 2021

Kill Bill: Volume 2

Muitos que foram ao cinema assistir a esse filme pensaram equivocadamente que se tratava de uma continuação, uma sequência do primeiro filme. Não é bem assim. Na verdade como o próprio diretor Quentin Tarantino explicaria depois, se tratava na realidade de apenas um filme, dividido em duas partes. A questão é que seu roteiro ficou tão extenso, tão longo e cheio de referências da cultura pop, que ficou impossível desenvolver e apresentar tudo em apenas uma parte (ou um volume como pensou o cineasta). Assim temos aqui o final da trama envolvendo a "noiva" (Uma Thurman) e as razões que a fizeram se tornar praticamente uma assassina serial (ou algo que o valha). A trama é secundária, como aconteceu também na primeira parte. Nessa segunda fita há maiores explicações sobre tudo, inclusive com o uso bem realizado de flashbacks.

Tudo isso porém não é o mais importante. O que "Kill Bill" tem de melhor é a sua estética cinematográfica, sua apologia em forma de homenagem a filmes do passado e centenas de referências à cultura pop. Tudo fruto do caldeirão de cultura popular que povoa a mente do diretor. O resultado de tudo isso é muito divertido e também muito bem feito. Tarantino sabe como ninguém fazer da paródia descompromissada uma verdadeira obra de arte. Curiosamente a Academia, mais uma vez, resolveu ignorar. Pelo menos o Globo de Ouro ainda lembrou do filme em sua premiação, indicando Uma Thurman ao prêmio de Melhor Atriz - Drama (Drama?!) e David Carradine na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (o último grande reconhecimento em sua carreira).

Kill Bill: Volume 2 (Kill Bill: Vol. 2, Estados Unidos, 2004) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Uma Thurman, David Carradine, Michael Madsen, Vivica A. Fox./ Sinopse: Enquanto todos pensavam que "a noiva" estava morta e enterrada, ela retorna finalmente para sua última vingança.

Pablo Aluísio.

Kill Bill: Volume 1

Quentin Tarantino afirmou recentemente que vai retomar essa saga cinematográfica. Então nada mais oportuno do que rever os dois primeiros filmes. E de onde surgiu a ideia que deu origem a Kill Bill? Quando era apenas um adolescente e nerd, o futuro diretor Quentin Tarantino trabalhou por bastante tempo em uma locadora no bairro onde morava. Para quem é jovem demais para saber o que é uma locadora de vídeo, bem... era um lugar bem bacana onde você alugava fitas de um sistema chamado VHS para assistir em casa. A era da internet, dos canais a cabo, do streaming e tudo mais praticamente acabou com esse mundo. A velha locadora de vídeo virou algo tão ultrapassado como uma máquina de escrever! Pois bem, o mais interessante em trabalhar em uma locadora era que você tinha acesso a um acervo enorme de filmes que poderia assistir a qualquer momento. Foi assim mesmo que Tarantino conseguiu cultivar uma tremenda cultura pop.

Nesse "Kill Bill" ele resolveu jogar tudo o que assistiu por anos em apenas um filme. Na realidade o roteiro dessa produção nada mais é do que uma longa homenagem do cineasta para aqueles filmes podreiras que ficavam anos pegando poeira nas prateleiras. Produções vagabundas de artes marciais, filmes de faroeste italianos que ninguém conhecia (só o próprio Tarantino) e todo tipo de underground cinematográfico que você possa imaginar. O que fez Tarantino foi apenas pegar tudo isso que ele assistiu por anos e anos, embalar em um embrulho chique e cult e... voilá! Eis o produto nerd por excelência. O fato é que não importa que esse rocambole seja muito estimado por certos críticos de cinema pelo mundo, o que vale mesmo é saber que a fita, o enredo e o desenvolvimento da trama são divertidíssimos! É o tipo de filme que você não deve encarar com seriedade ou reverência, muito pelo contrário, você tem que conferir procurando se divertir o máximo possível com a mente insana do diretor. Assista com um balde de pipoca e uma Coca-Cola dois litros de lado e desligue o cérebro. Garanto que a diversão estará garantida!

Kill Bill: Volume 1 (Kill Bill: Vol. 1, Estados Unidos, 2003) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Uma Thurman, David Carradine, Daryl Hannah, Lucy Liu, Michael Madsen, Vivica A. Fox / Sinopse: Uma noiva em busca de vingança, artes marciais, uma espada de samurai. Eis tudo o que você precisa saber antes de assistir ao primeiro filme da linha Kill Bill. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Uma Thurman).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Nell

Esse filme foi considerado o melhor trabalho da atuação da atriz Jodie Foster quando chegou aos cinemas. Ela concorreu ao Oscar, ao Globo de Ouro e sagrou-se vencedora no Screen Actors Guild Awards, um prêmio muito valorizado dentro da classe dos atores em Hollywood. Aqui ela interpreta essa estranha garota, Nell, que descoberta por pesquisadores, desenvolve um comportamento fora dos padrões sociais a que estamos acostumados. Ela viveu muitos anos isolada da civilização e isso fez com que ela criasse seu próprio mundo pessoal, com comportamento e modo de agir bem singulares. Caberá então ao especialista Jerome Lovell (Liam Neeson) tentar decifrar esse enigma. Estudar seu comportamento para encontrar uma explicação lógica para tudo o que acontece com Nell.

Eu gostei desse filme desde quando o assisti pela primeira vez, ainda em VHS, nos anos 90. O roteiro tem uma originalidade inesperada. É o tipo de proposta que não se via muito em filmes de Hollywood. Jodie Foster abraçou desde o começo o proejto e só se acalmou quando conseguiu transformar aquela história nesse filme. Muito se comentou na época que sua personagem seria uma espécie de selvagem, uma garota criada em uma cabana isolada da floresta, que não conseguia mais ter uma interação com outros seres humanos e nem viver mais em um ambiente de civilização. Mesmo assim demonstrava possuir uma sensibilidade emocional fora do comum. Além da sempre elogiada atuação de Foster, o filme ainda apresentava uma linda fotografia, onde se conseguiu com sucesso unir o bucolismo da natureza ao redor com a personalidade mais sensível de Nell. Enfim, um dos melhores momentos da carreira da atriz Jodie Foster, aqui em ótimo trabalho de atuação.

Nell (Nell, Estados Unidos, 1994) Direção: Michael Apted / Roteiro: Mark Handley, William Nicholson / Elenco: Jodie Foster, Liam Neeson, Natasha Richardson / Sinopse: Pesquisador tenta decifrar a mente de uma jovem que cresceu isolada no meio selvagem. Ela, durante todos aqueles anos, não teve nenhum contato com outro ser humano. As pesquisas e o tratamento para inserir a garota no meio social acaba se revelando um grande desafio. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor atriz (Jodie Foster).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Assassinos por Natureza

Um casal de assassinos psicopatas sai pelas estradas dos Estados Unidos cometendo crimes e aterrorizando a população. Para muitos críticos esse filme nada mais foi do que uma banalidade pretensiosa recheada de violência gratuita embalada por uma indisfarçável apologia ao mundo do crime. Será mesmo? Para o diretor Oliver Stone a produção serviu mesmo para que ele desse vazão ao experimentalismo sem limites, pois ao assistir "Natural Born Killers" você perceberá que ele utilizou de quase todas as técnicas cinematográficas conhecidas. A edição é alucinante, tudo para capturar a insanidade do casal protagonista. Acabou dando um ritmo ágil e frenético a todo o filme, algo que seria copiado depois por modernos filmes de ação. Pelo visto, pelo menos em relação a essa linguagem cinematográfica, Oliver Stone foi pioneiro e criou escola entre os cineastas.

O roteiro também tenta justificar a natureza psicopata dos personagens principais ao colocá-los como vítimas de abuso infantil que cresceram e se vingaram da sociedade hipócrita em que viviam. Para quem se sentir chocado com o roteiro é bom saber que ele foi escrito pela mente criativa de Quentin Tarantino! Ele começava a dar seus primeiros passos no cinema. Isso mesmo, um dos cineastas mais aclamados da nossa geração foi a mente pensante por trás de tudo o que se vê na tela. Assim Oliver Stone pode se sentir mais tranquilo, absolvido de todas as acusações que lhe foram feitas. De uma forma ou outra, revisto nos dias de hoje, o filme parece muito atual. Não envelheceu nada, parece que foi produzido nesse ano. Uma prova incontestável do talento de todos os envolvidos.

Assassinos por Natureza (Natural Born Killers, Estados Unidos, 1994) Direção: Oliver Stone / Roteiro: Quentin Tarantino, David Veloz  / Elenco: Woody Harrelson, Juliette Lewis, Tom Sizemore / Sinopse: Um casal de serial killers espalha terror e morte por onde passam. E acabam virando celebridades na mídia. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Direção (Oliver Stone). Vencedor do Venice Film Festival nas categorias de Melhor Direção (Stone) e Melhor Atriz (Juliette Lewis).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Free Guy

Sempre se afirmou, com toda a razão, de que a união entre cinema e games geralmente resultava em filmes bem ruins. Pois bem, rompendo essa regra não escrita temos agora esse "Free Guy". Não é baseado em nenhum game à venda no mercado (pelo menos por enquanto), mas apresenta um roteiro muito bom, redondinho, cheio de referências bacanas com a cultura pop. Na história temos um personagem de games chamado Guy. Ele é um "personagem não jogável", ou seja, um mero figurante nos jogos. Enquanto os players estão se divertindo, ele fica lá, como um mero caixa de banco. Só que certo dia ele começa a tomar consciência de si mesmo! Mas como isso seria possível? Acontece que dentro do game foi inserido um programa de inteligência artificial, o que faz com que os personagens possam evoluir, pensar por si mesmos, tomar atitudes. E depois que Guy muda, o caos se implanta na empresa que controla o game.

OK, essa coisa de personagens de jogos que ganham vida própria não é nova. Basta pensar em Westworld, por exemplo, para ver que há muitas semelhanças. Só que aqui tudo é salvo por outros detalhes peculiares que inovam mesmo, são sinais de originalidade. O bom acervo de efeitos digitais e o roteiro que nunca se leva à sério também são óbvios pontos positivos. E também não podemos nos esquecer do carisma de Ryan Reynolds. Ele é o tipo de ator ideal para atuar em um filme como esse. No geral gostei bastante do filme. E sua boa qualidade foi recompensada nas bilheterias, Lançado nos cinemas já está rompendo a barreira dos 450 milhões de dólares em bilheteria. Em um mundo (ainda) em pandemia, é um sucesso incontestável.

Free Guy: Assumindo o Controle (Free Guy, Estados Unidos, 2021) Direção: Shawn Levy / Roteiro: Matt Lieberman, Zak Penn / Elenco: Ryan Reynolds, Jodie Comer, Taika Waititi / Sinopse: Um personagem de Games chamado apenas de Guy (Cara) ganha personalidade e pensamentos próprios, por causa de códigos de inteligência artificial que foram roubados e colocado em seu jogo. E isso acaba causando grande confusão entre os programadores da empresa que vende o game.  

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de outubro de 2021

Rainha Margot

Esse filme tem uma excelente direção de arte, com primorosa reconstituição de época e a impressionante beleza de Isabelle Adjani, uma das mais belas atrizes do cinema mundial. Com tantos atributos era de se esperar que "La Reine Margot" fosse um filme excepcional. Infelizmente não é. Na verdade o seu maior problema vem do corte do diretor. Ele não conseguiu imprimir uma edição mais ágil, mais bem realizada e eficaz. Ao invés disso o filme sofre por ter um desenvolvimento cansativo, apesar de toda a beleza de suas tomadas de cena. Com 160 minutos de duração, a trama parece se arrastar lentamente, nunca conseguindo chegar em lugar nenhum. Não há emoção e não há uma dramaturgia que convença.

Claro que ficar vendo um rosto tão bonito quanto o de Isabelle Adjani ajuda muito, mas isso não basta para fazer um filme funcionar. É preciso mais. Curiosamente o enredo é até muito interessante, ao contar a história de Marguerite de Valois e do massacre de São Bartolomeu, pena que grande potencial foi desperdiçado pelo cineasta Patrice Chéreau que acabou entregando uma obra fria, sem emoção e nada calorosa. E isso parece ser um problema recorrente do cinema francês. Nem todo mundo se agrada desse tipo de coisa. 

Rainha Margot (La Reine Margot, França, Itália, Alemanha, 1994) Direção: Patrice Chéreau / Roteiro: Danièle Thompson, Patrice Chéreau / Elenco: Isabelle Adjani, Daniel Auteuil, Jean-Hugues Anglade. / Sinopse: O filme conta a história de uma nobre que se vê numa sangrenta luta entre católicos e protestantes. Filme baseado em fatos históricos reais. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Moidele Bickel). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Indicado ainda à Palma de Ouro do Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio. 

Stallone: Cobra

Um dos sucessos de Sylvester Stallone nos anos 80. Durante muito tempo os fãs se perguntaram porque Stallone não fez uma continuação desse filme. Recentemente o próprio ator explicou isso em uma entrevista. Ele disse que não havia gostado do filme, de seu resultado. A crítica malhou muito o filme e acusou Stallone de estar copiando o estilo de outro personagem famoso, o Dirty Harry dos filmes com Clint Eastwood. Pelo visto Stallone ficou bem aborrecido com essas comparações. E tem mais, o filme promovia bastante a atriz  Brigitte Nielsen e como todos sabemos seu casamento com Stallone acabou em desastre. Então ele até mesmo evita de rever o filme hoje em dia.

Já em relação ao filme em si cabem algumas observações. Realmente é um filme muito violento, principalmente nas cenas finais. Sob esse ponto de vista não cabem maiores críticas em relação ao que se mostra em cena. O filme inclusive enfrentou problemas em alguns países (inclusive no Brasil) por causa dessa alta dose de excessos de violência física explícita. E no mais, tirando isso tudo de lado, ainda é um bom filme policial, embora desgastado pela passagem do tempo que o deixou um pouco datado - em especial sua trilha sonora.

Stallone: Cobra (Cobra, Estados Unidos, 1986) Direção: George P. Cosmatos / Roteiro: Sylvester Stallone, baseado na novela policial "Fair Game" de Paula Gosling / Elenco: Sylvester Stallone, Brigitte Nielsen, Reni Santoni / Sinopse: Marion Cobretti (Sylvester Stallone) é um policial durão que use de seus próprios meios para lidar com os criminosos, nem todos eles de acordo com as leis.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de outubro de 2021

A Identidade Bourne

Título no Brasil: A Identidade Bourne
Título Original: The Bourne Identity
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Doug Liman
Roteiro: Tony Gilroy, W. Blake Herron
Elenco: Matt Damon, Franka Potente, Chris Cooper

Sinopse:
Jason Bourne (Matt Damon) acorda de repente no meio do nada, sem memória e sem saber direito quem é. Em posse de um código, que parece ser um número relativo a uma conta bancária na Suíça, ele cruza a Europa e os Estados Unidos em busca de respostas. Como todos já sabemos Bourne é um agente especial de um programa ultra secreto do governo americano que treina apenas a elite da elite, que tentará agora recuperar sua memória para entender melhor o jogo mortal no qual está inserido.

Comentários:
Primeiro filme da franquia Bourne. Foi obviamente uma tentativa de Hollywood em revitalizar os saturados filmes de espionagem do passado. Baseado em uma série de livros de sucesso, o resultado se mostra muito bom, acima da média. Inicialmente havia certas dúvidas sobre o ator Matt Damon. Ele tinha cacife suficiente para levar algo dessa magnitude em frente? Afinal de contas, com aquela cara de garoto, seria meio complicado convencer o público de que ele era na realidade um super agente da CIA com treinamento especial e de elite. Para surpresa de muita gente porém o filme acabou dando muito certo, fazendo bonito nas bilheterias. Acabou abrindo espaço para mais dois filmes com o mesmo Damon e outro mais recente, que se tornou uma nova tentativa do estúdio em recomeçar tudo praticamente do zero, dando origem a uma segunda franquia com o universo do agente Bourne. Muito movimentado, com ótimas cenas de ação, o filme de fato cumpre aquilo que promete. Uma diversão que não decepcionará os fãs de action movies.

Pablo Aluísio.

Lições para Toda Vida

Título no Brasil: Lições para Toda Vida
Título Original: Secondhand Lions
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Tim McCanlies
Roteiro: Tim McCanlies
Elenco: Haley Joel Osment, Michael Caine, Robert Duvall, Kyra Sedgwick, Josh Lucas, Christian Kane

Sinopse:
O filme conta a história de um garoto, que tem uma mãe muito disfuncional, que vai passar o verão ao lado de seus tios no Texas. Eles são excêntricos, mas ao mesmo tempo donos daquele tipo de sabedoria que apenas os anos vividos proporcionam.

Comentários:
Esse filme "Lições para Toda Vida" tem um roteiro baseado na nostalgia, nas lembranças de um homem adulto que relembra os tempos em que garoto foi passar um verão ao lado de tios bem fora do padrão. Aqui o elenco juntou um astro mirim (na época o garoto Haley Joel Osmen) com dois veteranos, Michael Caine e Robert Duvall. A fórmula, já tantas vezes usada pelo cinema no passado, ainda rende bons frutos. É um bom filme, com ótima fotografia, roteiro bem escrito e com aquela clara intenção de passar uma boa mensagem para as novas gerações. Acima de tudo é o que eu poderia qualificar como um filme com boas intenções. Acredito que o público mais velho vai gostar ainda mais, pois vai acabar se identificando, de uma maneira ou outra, com os personagens de Caine e Duvall, que aliás estão muito bem em cena, mostrando que atores, assim como os vinhos, ficam bem melhores com o passar dos anos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Nascido Para Matar

Não é uma unanimidade, nem entre os admiradores de Kubrick, um dos grandes mestres do cinema. Entretanto é inegável que foi um dos filmes que captaram com mais exatidão a insanidade e a loucura do militarismo. O roteiro dividiu o filme em dois grandes atos bem separados. Nem é preciso entender de cinema para compreender bem isso. No primeiro ato vemos um grupo de jovens sendo treinados. Como a guerra do Vietnã estava a todo vapor fica bem claro que eles serão levados para o front no sudeste asiático. Um dos recrutas logo vira alvo, saco de pancada, de seu sargento. É um sujeito mais gordinho, desajeitado. Tanto mexem com seu psicológico que ele logo surta e tudo termina em tragédia. 

Depois do impacto da cena que encerra a primeira parte do filme os soldados são finalmente enviados para o Vietnã. E aí o filme ganha uma surpreendente carga emocional e psicológica, se tornando mais cadenciado, mais sensorial. E o momento final acontece quando os americanos enfrentam uma atiradora de elite escondida nos escombros da guerra. Enfim, um grande filme de guerra, o que não quer dizer que seja para todos os tipos de públicos. Tão visceral é que se torna um filme realmente para poucos. Em minha opinião foi mais uma prova da genialidade de Stanley Kubrick e os gênios, como bem sabemos, nem sempre são bem compreendidos.

Nascido Para Matar (Full Metal Jacket, Estados Unidos, 1987) Direção: Stanley Kubrick / Roteiro: Stanley Kubrick, Michael Herr, Gustav Hasford / Elenco: Matthew Modine, R. Lee Ermey, Vincent D'Onofrio / Sinopse: A loucura e a insanidade da guerra do Vietnã impactando a vida de jovens americanos enviados para o campo de batalha. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado.

Pablo Aluísio.