sexta-feira, 5 de junho de 2020

12 Bucks

Título no Brasil: 12 Bucks
Título Original: 12 Bucks
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Kindred Spirits Productions
Direção: Wayne Isham
Roteiro: Sean Graham, Scott Waugh
Elenco: Matthew Fishman, Nick Bentley, Alexandra Paul,  Jonathan Silverman, Sean Graham, Finola Hughes

Sinopse:
Dois jovens que fazem parte de uma família disfuncional e violenta, acabam entrando no mundo do crime após uma tragédia terrível que se abate sobre eles e seus familiares.

Comentários:
Assisti há muitos anos, muito provavelmente na TV a cabo (acredito que tenha sido no canal HBO). O tema é interessante. Um filme que alerta sobre o problema de abusos dentro de uma família. Filme que não apenas conta uma boa história, como também funciona como panfleto de alerta ou de denúncia. Outro dia me recordei do filme justamente ao assistir uma matéria policial envolvendo os mesmos temas. Em termos gerais é um filme que pouca gente assistiu, mas que vale ao menos uma sessão para conhecer. Filme independente, pouco conhecido, mas que tem algo a dizer ao espectador. Por essa razão já vale a consideração.

Pablo Aluísio.

Montana, Terra Proibida

Nas telas Errol Flynn personificou como poucos o galã aventureiro das matinês. Ele fez muito sucesso com personagens como Robin Hood, General Custer, Capitão Blood etc. Isso foi na década de 1930 e Flynn se tornou o ator número um em bilheteria naqueles anos. Vinte anos depois o astro, já chegando na velhice, se virou como pôde para manter a sua carreira no cinema. O problema é que na vida real ele era beberrão, mulherengo, viciado em drogas e sempre se metia em brigas de bar. Ao longo dos anos essas confusões foram acabando com seu prestigio em Hollywood. Quando esse "Montana" foi lançado Flynn já tinha confusões suficientes para enterrar qualquer pretensão de voltar ao topo que um dia havia sido dele, mas ele ainda tentava se manter nos holofotes estrelando filmes de western como esse.

O filme é interessante, recomendado principalmente para os fãs do trabalho do ator. Na realidade esse faroeste pode ser considerado uma fita mais leve do que o habitual do gênero. Não há violência excessiva e nem bandidos sanguinários. A disputa na realidade se dá apenas entre dois tipos de criadores no velho oeste. De um lado os fazendeiros que criavam grandes rebanhos de gado. Do outro os que ganhavam a vida tomando conta de rebanhos de ovelhas. Errol Flynn interpreta Morgan Lane, um sujeito que só tem a pretensão de tocar seu rebanho de ovelhas em paz, só que não a encontra, porque criadores de gado acreditam que suas ovelhas acabam com o pasto da região. Assim fica armada a tensão da história.

No meio do filme sobra espaço para uma curiosa cena onde o próprio Flynn canta ao lado da atriz Alexis Smith. Algo bem raro de acontecer. Pessoalmente não lembro de nenhum outro filme com Errol Flynn em que ele cantava. Deve ter sido um momento único na sua carreira. Já a sua companheira de cena, Alexis Smith, interpreta uma personagem forte, de personalidade marcante, coisa também rara de se encontrar em filmes de western dessa época. Para aliviar ainda mais o clima o ator S.Z. Sakall interpreta um mascate fanfarrão e boa praça, servindo principalmente como alívio cômico. Assim "Montana" se revela como um estilo de western mais ameno e romântico. E no final, mostra que Errol Flynn, apesar de já estar descendo a ladeira em sua filmografia, ainda conseguia manter o pique e o interesse nos cinemas.

Montana, Terra Proibida (Montana, Estados Unidos, 1950) Direção: Ray Enright, Raoul Walsh / Roteiro: Ray Enright / Elenco: Errol Flynn, Alexis Smith, S.Z. Sakall, Douglas Kennedy, James Brown, Ian MacDonald, Charles Irwin, Paul E. Burns, Tudor Owen / Sinopse: Morgan Lane (Errol Flynn) é um humilde pastor australiano de carneiros e ovelhas  que resolve dar uma reviravolta em sua vida, indo morar nas planícies de Montana, nos Estados Unidos. Porém no lugar da tranquilidade que ele esperava encontrar, Morgan acaba tendo que lidar com problemas envolvendo os rancheiros da região, inclusive com uma bela e rica criadora de gado chamada Maria Singleton (Alexis Smith).

Pablo Aluísio.

The Twilight Zone

The Twilight Zone (no Brasil, "Além da Imaginação") é um verdadeiro marco na história das séries americanas. O programa original foi exibido há décadas, ainda na era da TV preto e branco nos Estados Unidos. Fez grande sucesso, inclusive no Brasil. Porém como o tempo deixou suas marcas em termos de produção, efeitos especiais, etc, os produtores decidiram fazer um remake, que caiu muito bem, principalmente para quem nunca assistiu a um episódio da série original. Por falar nisso é bom explicar que todos os episódios são independentes entre si, cada um contando uma história, mesclada com ficção, terror ou fantasia. O público dos anos pioneiros obviamente adorava tudo, principalmente entre os jovens. E o mais interessante de tudo é que essa série acabou formando uma geração inteira de cineastas que adoravam seu estilo Sci-fi, entre eles Steven Spielberg e George Lucas. Nessa postagem foi comentar os novos episódios, do remake. Aos poucos irei publicando aqui breves resenhas sobre cada um desses "contos filmados" de The Twilight Zone.

The Twilight Zone 1.01 - The Comedian 
Episódio curioso. Um comediante, desses que se apresenta em shows de stand up não consegue muito sucesso na carreira. Ele tenta, se esforça, mas na maioria das vezes não consegue agradar. Falando francamente ele é bem sem graça. Desiludido, quase desistindo de seu antigo sonho, ele descobre que sempre quando fala mal de alguma pessoa a plateia morre de rir, como nunca antes aconteceu. Só que tem um sério problema, essas mesmas pessoas imediatamente morrem depois. Só que ele nem sabe disso, apenas parece ficar bem contente com os risos que ouve do público. Depois quando descobre a verdade surge a dúvida: ele vai continuar usando do mesmo número de humor insano, ainda que sabendo que as pessoas vão morrer depois ou vai largar tudo, deixando sua carreira afundar? Assista para conferir. / The Twilight Zone 1.01 - The Comedian (Estados Unidos, 2019) Direção: Owen Harris / Roteiro:  Rod Serling, Simon Kinberg / Elenco: Kumail Nanjiani, Amara Karan, Diarra Kilpatrick.

The Twilight Zone 1.02 - Nightmare at 30,000 Feet
Um jornalista encontra um MP3 player com um podcast sobre crimes reais que detalha como o avião em que ele está atualmente desaparecerá. E isso se transforma em um verdadeiro pesadelo a 30 mil pés de altura. Esse episódio é o mais fraco dessa primeira temporada, isso porque achei bem cansativo. Não me entenda mal, até que tudo é bem feito, a ideia original é bem bolada, tudo nos eixos, mas o desenvolvimento... é lento ao excesso. Cansa. De qualquer forma vale a pena ver, até porque pelo que pude verificar esse enredo foi usado em um episódio da série original. Então tem lá seu valor histórico, não há como negar. / The Twilight Zone 1.02 - Nightmare at 30,000 Feet  (Estados Unidos, 2019) Direção: Greg Yaitanes / Roteiro: Rod Serling, Simon Kinberg / Elenco: Adam Scott, Chris Diamantopoulos, Dan Carlin.

The Twilight Zone 1.03 - Replay 
Uma mãe negra e seu filho se dirigem para a escola, mas algo sai errado. Na viagem eles encontram um policial racista, que vai causar muitos problemas para ela. A questão é que esse mesmo dia parece se repetir sempre,  como se todos estivessem em um loop temporal infinito, que se repete, repete, sem cessar... um verdadeiro inferno. Esse episódio tem um roteiro bem parecido com um filme de Bill Murray, onde ele acordava todos os dias, no mesmo feriado da marmota! Quem lembra? E assim ele ia tentando mudar os acontecimentos, baseados no dia anterior, que diga-se de passagem é sempre o mesmo, com desdobramentos diferentes ao longo do dia. Curioso que esse tema de brutalidade policial contra pessoas negras está mais do que na ordem do dia, aqui e nos Estados Unidos. Nesse ponto "Além da Imaginação" acabou sendo até mesmo profético. Quem diria...  / The Twilight Zone 1.03 - Replay (Estados Unidos, 2019) Direção: Gerard McMurray / Roteiro:  Rod Serling, Simon Kinberg / Elenco: Sanaa Lathan, Damson Idris, Steve Harris.

The Twilight Zone 1.04 - A Traveler 
Um xerife, em sua delegacia localizada em uma distante cidade do Alaska, mantém uma tradição. Há mais de 20 anos ele concede um perdão para um prisioneiro durante a noite de natal. Só que esse natal acaba se tornando bem diferente. Um sujeito misterioso é encontrado em uma das celas. Ele parece saber muito sobre todos os moradores daquela cidadezinha, mas ninguém o conhecia antes. De qualquer maneira o xerife simpatiza com ele e lhe dá o tal perdão. Retirado da cela, as coisas começam a ficar bem estranhas. "Além da Imaginação" sempre manteve um pezinho nos antigos contos de Sci-fi dos anos 1950. Esse é um típico caso. O roteiro, que vai tecendo sua trama aos poucos, mistura OVNIs, Aliens e bases secretas da força aérea dos Estados Unidos, em um mesmo caldeirão. O resultado ficou bem legal, muito embora eu ainda ache que uma duração menor, um corte mais ágil, iria melhorar muito no resultado final. / The Twilight Zone 1.04 - A Traveler (Estados Unidos, 2019) Direção: Ana Lily Amirpour / Roteiro: Rod Serling, Simon Kinberg / Elenco:  Steven Yeun, Marika Sila, Patrick Gallagher.

The Twilight Zone 1.05 - The Wunderkind  
Esse episódio dá muito o que pensar. O que você acharia de um presidente dos Estados Unidos com apenas 11 anos de idade? Absurdo completo, não é mesmo? Só que nesse episódio um especialista em campanhas presidenciais acaba fazendo essa façanha. Ele elege um garoto que gravava vídeos para o Youtube se tornar o novo presidente. Só que o suposto sonho acaba virando um pesadelo completo quando o guri começa a se comportar de forma mesquinha e egoísta, tocando literalmente o terror em todos à sua volta. Em tempos de Trump, que para alguns age como uma criança mimada, esse episódio soa mais do que adequado - e um aviso pertinente para que as pessoas pensem melhor na hora de votar! / The Twilight Zone 1.05 - The Wunderkind (Estados Unidos, 2019) Direção: Richard Shepard / Roteiro: Simon Kinberg / Elenco: John Cho, Jacob Tremblay, Kimberley Sustad.

The Twilight Zone 1.06 - Six Degrees of Freedom
Uma expedição é enviada a Marte. Só que poucos minutos antes da decolagem eles são informados que os Estados Unidos estão sendo atacados por mísseis nucleares russos e norte-coreanos. Mesmo assim a comandante decide que eles devem ir embora da Terra. E na missão surgem muitas dúvidas, entre elas a de que eles estariam apenas em uma simulação e não na verdadeira missão. O que seria verdadeiro no meio daquilo tudo? O curioso é que psicologicamente todos ficam abalados e um dos astronautas se convence da tese de pura simulação. Bom episódio, inclusive envolvendo aliens, o que vai agradar bem aos antigos fãs da série original. Poderia o episódio ser menor, não precisava ter mais de 50 minutos de duração, mas tudo bem, isso também faz parte do jogo. / he Twilight Zone 1.06 - Six Degrees of Freedom (Estados Unidos, 2019) Direção: Jakob Verbruggen / Roteiro: Simon Kinberg / Elenco: DeWanda Wise, Lucinda Dryzek, Jefferson White.

The Twilight Zone 1.07 - Not All Men  
Esse episódio é bem bizarro. Começa com um simples encontro entre dois colegas de escritório. Tudo parece promissor, no clima certo. O espectador pensa que vai sair um romance dali. Só que vários meteoritos caem na Terra e a partir daí os homens (apenas os homens) começam a demonstrar uma comportamento estranho, violento, bizarro mesmo. Qualquer coisa é motivo para uma explosão de fúria e ira, com todos eles brigando pelas ruas, se matando, literalmente falando. O insano vira o "novo normal". Esse episódio é interessante porque resgata o clima, o jeito da antiga série de TV. Tudo tem a ver com coisas estranhas vindas do espaço e não há motivo para explicar nada, apenas curtir "Além da Imaginação" por aquilo que a série sempre foi. Assista e se divirta, apenas isso. / The Twilight Zone 1.07 - Not All Men (Estados Unidos, 2019) Direção: Christina Choe / Roteiro: Rod Serling, Simon Kinberg / Elenco: Taissa Farmiga, Rhea Seehorn, Percy Hynes White.

The Twilight Zone 1.08 - Point of Origin  
Esse episódio é uma tremenda crítica com a forma que os imigrantes ilegais são tratados nos Estados Unidos. Na trama uma dona de casa que parece ter uma vida perfeita é detida. Ela não sabe o que está acontecendo, do que está sendo acusada, apenas sofre uma barbaridade por ter sido tirada de sua casa, de suas filhas, de seu marido perfeito, para uma realidade bizarra. Ela teria escapado de sua dimensão para a nossa, sem autorização e por isso deve pagar. A simbologia em relação aos imigrantes é bem óbvia. Com roteiro (mais uma vez) bem inteligente, esse episódio surpreende pela mensagem que passa ao espectador. Muito bom. The Twilight Zone 1.08 - Point of Origin (Estados Unidos, 2019) Direção: Mathias Herndl / Roteiro: Simon Kinberg / Elenco: Ginnifer Goodwin, James Frain, Toby Levins. 

The Twilight Zone 1.09 - The Blue Scorpion 
O Escorpião azul do título do episódio é na verdade o nome de uma arma de fogo. Ela é encontrada por um professor universitário ao lado do corpo de seu pai. Ele havia se matado com um tiro na cabeça, o que não fazia muito sentido porque ele havia sido um homem da paz, um veho hippie que havia tocado baixo em discos importantes do rock dos anos 60. De qualquer forma a arma volta para o filho após o encerramento das investigações e ele começa a desenvolver uma estranha obsessão pela pistola. Uma bonita arma, toda dourada e trabalhada, que no passado havia pertencido a Che Guevara, mas que pode significar seu fim se ele for adiante com isso tudo. / (Estados Unidos, 2019) Direção:  Craig William Macneill / Roteiro: Rod Serling, Simon Kinberg / Elenco:  Chris O'Dowd, Amy Landecker, Alex Diakun.

The Twilight Zone 1.10 - Blurryman  
Último episódio da primeira temporada. É um episódio fraco de uma série fraca. Esse remake oscilou entre episódios medianos e fracos, com poucos momentos realmente bons. Esse aqui usa de uma metalinguagem, indo aos bastidores da série. O apresentador surge aqui como... o apresentador, receoso dos textos ruins que precisa falar. E a roteirista da série tem uma espécie de bloqueio criativo, o que não deixa de ser insanamente irônico, uma vez que os roteiros dessa série são bem "meia boca" mesmo. Enfim, há uma segunda temporada, mas essa não vou assistir mesmo. Basta essa primeira. Aliás nem deveria ter chegado em seu final para falar a verdade. Pensei em abandonar a série várias vezes nesses dez primeiros episódios. Não compensou seguir em frente. Foi perda de tempo! / (Estados Unidos, 2019) Direção: Simon Kinberg / Roteiro: Simon Kinberg  / Elenco: Zazie Beetz, Betty Gabriel, Zibby Allen.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Amanhecer Violento

Título no Brasil: Amanhecer Violento
Título Original: Red Dawn
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: John Milius
Roteiro: Kevin Reynolds, John Milius
Elenco: Patrick Swayze, Charlie Sheen, C. Thomas Howell, Lea Thompson, Jennifer Grey, Harry Dean Stanton

Sinopse:
É o alvorecer da Terceira Guerra Mundial. As grandes nações entram em guerra. No centro-oeste da América, um grupo de adolescentes e jovens se une para defender sua cidade e seu país da violência dos invasores comunistas que chegaram do oriente.

Comentários:
Claro que o enredo é completamente absurdo! No filme os soviéticos e os comunistas da Coreia do Norte se unem para invadir os Estados Unidos. E quem vai proteger a grande nação americana? O Exército, a Marinha ou a Força Aérea? Não, claro que não. Mas sim um bando de jovens armados até os dentes que começam uma campanha de guerrilha urbana para matar os inimigos invasores de sua terra natal. Visto sob o ponto de vista atual, o filme é bem esquisito, mas se formos nos colocar dentro do contexto dos anos 80, da era Reagan, tudo era mero pretexto para uma sessão de pura diversão no seu videocassete VHS. Aliás esse tipo de filme não fazia mesmo sucesso nos cinemas, fazendo lucro mesmo nas locadoras de vídeo. E nesse meio, nesse mercado, valia praticamente tudo para vender as fitas. Todo tipo de roteiro valia a pena. Ah, e antes que me esqueça, dê uma olhada no elenco do filme. Praticamente todos esses atores jovens iriam ter uma carreira de sucesso nos anos 80. Muitos deles se tornaram campeões de bilheteria, enquanto outros viraram ídolos adolescentes de sucesso.

Pablo Aluísio.

Joga a Mamãe do Trem

Título no Brasil: Joga a Mamãe do Trem
Título Original: Throw Momma from the Train
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures
Direção: Danny DeVito
Roteiro: Stu Silver
Elenco: Danny DeVito, Billy Crystal, Rob Reiner, Anne Ramsey, Oprah Winfrey, Branford Marsalis, Kim Greist

Sinopse:
Um homem divorciado não aguenta mais a ex-esposa. Um homem que nunca se casou e ainda mora com a mãe, não suporta mais a megera que vive lhe humilhando. Por que eles não decidem resolver o problema um do outro? Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante (Anne Ramsey).

Comentários:
Essa fórmula foi muito usada no passado em livros de Agatha Christie e em filmes de Alfred Hitchcock. A coisa pode se resumir na seguinte frase: "Você mata quem eu quero matar e eu mato quem você quer matar". Com a troca de álibis, todo mundo consegue escapar da cadeia. Cruel demais? Não nesse filme onde tudo é levado no humor, na base da comédia. O elenco está ótimo, em uma sincronia incrível. O projeto foi bem pessoal por parte de Danny DeVito, que dirigiu o filme com enorme prazer. Billy Cristal surge em seu tipo habitual, aquele cara comum que se vê em uma enrascada daquelas. Porém o grande nome desse elenco é a atriz Anne Ramsey. Ela foi inclusive indicada ao Oscar por essa atuação, algo bem raro de acontecer em se tratando de comédias. Ela está excelente como a mãe megera do personagem de Danny DeVito. Ele não aguenta mais a mãe rabugenta e quer encontrar um jeito de se livrar dela. As tentativas de matar a senhora ficaram muito engraçadas. Esse aliás era o tipo de personagem mais comum na carreira de Anne Ramsey. Infelizmente esse seria um de seus últimos filmes pois ela morreria um ano depois do lançamento do filme. Enfim, deixc aqui a dica dessa comédia realmente divertida e muito engraçada dos anos 80.

Pablo Aluísio.

A Hora Final

Título no Brasil: A Hora Final
Título Original: On The Beach
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Stanley Kramer
Roteiro: John Paxton, Nevil Shute
Elenco: Gregory Peck, Ava Gardner, Anthony Perkins, Fred Astaire, Donna Anderson, Harp McGuire

Sinopse:
Após uma guerra nuclear global, os residentes da Austrália devem aceitar o fato de que toda a vida será destruída em questão de meses. Nesse pouco tempo que resta um capitão da marinha dos Estados Unidos tenta reconstruir seus relacionamentos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor som e melhor trilha sonora incidental.

Comentários:
Esse filme tem uma proposta bem diferente, eu diria até mesmo estranha. Imagine o mundo após uma guerra nuclear entre Estados Unidos e União Soviética. A guerra que era fria se torna absolutamente devastadora. O comandante de submarino, o capitão Dwight Lionel Towers (Gregory Peck) sobrevive por estar em alto-mar. Ele então faz com que o submarino que comanda seja direcionado para a Austrália, um dos poucos lugares do mundo que conseguiu se manter intacto, porém por poucos meses, pois a radiação no planeta se tornou mortal para todos os seres vivos. Pois é, o roteiro foge completamente do padrão. Apenas um estúdio como a United Artists bancaria um projeto cinematográfico como esse. Afinal a companhia havia sido fundada por artistas que queriam justamente fugir do controle dos grandes estúdios de cinema de Hollywood. O resultado dessa ousadia assinada pelo cineasta Stanley Kramer ficou excepcionalmente interessante. A história do filme vai se desenrolando aos poucos, fazendo com que o espectador pense que está vendo um filme normal, até ser completamente surpreendido em seus momentos finais. Uma apoteose digna das grandes reviravoltas da história do cinema.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Animais Americanos

Esse filme é baseado em fatos reais. Em 2004 quatro amigos que estudavam na universidade do Kentucky nos Estados Unidos decidiram formar uma quadrilha para cometer um roubo. Só que o alvo não era um banco, nem uma casa de um milionário. O alvo estava dentro da biblioteca da própria universidade onde eles estudavam. Havia um setor dentro da biblioteca apenas com edições raras de livros que valiam uma verdadeira fotruna. Um deles, trazendo gravuras e pinturas de aves, feitas antes da independência dos Estados Unidos, valia algo em torno de 12 milhões de dólares no mercado negro.

Acontece que essas edições raras e milionárias ficavam em um setor da biblioteca da universidade sem grande segurança. Havia uma senhora que cuidava dos livros e organizava as visitas para os interessados nas obras e nada muito além disso. Era muito fácil, pensavam os criminosos, entrar ali e roubar os livros. Mesmo que o assalto fosse de dia, não haveria maiores complicações. Claro, que uma vez colocado o plano em ação as coisas não iriam sair tão facilmente como eles tinham planejado. Até porque nenhum deles era criminoso profissional. Pelo contrário, eram jovens comuns, brancos, de classe média, alguém que estaria acima de qualquer suspeita.

E penso que esse foi o grande choque dentro da comunidade. Saber que os assaltantes eram jovens brancos, bem situados dentro da comunidade, universitários, isso não fazia qualquer sentido para os moradores da cidade. De qualquer maneira, por serem tão amadores, a casa caiu cedo para todos eles. E o pior é que conforme vemos no filme o crime foi realizado de forma completamente desastrada, na base do improviso, algo muito sem noção realmente. O filme é bom, inclusive contando com depoimentos dos próprios rapazes que tentaram cometer o crime. Todos eles verdadeiros animais em busca de uma redenção na vida, como muito bem revela o título original.

Animais Americanos (American Animals, Estados Unidos, Inglaterra,  2018) Direção: Bart Layton / Roteiro: Bart Layton, Claudia Zie / Elenco: Barry Keoghan, Evan Peters, Blake Jenner, Jared Abrahamson, Ann Dowd, Ann Dowd / Sinopse: Quatro jovens universitários de uma cidade do Kentucky decidem roubar uma coleção de livros raros, que valem milhões, da biblioteca da própria universidade onde estudam. Filme premiado no British Independent Film Awards.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Cypher

Título no Brasil: Cypher
Título Original: Cypher
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Pandora Cinema
Direção: Vincenzo Natali
Roteiro: Brian King
Elenco: Jeremy Northam, Lucy Liu, Nigel Bennett, Kari Matchett, Joseph Scoren, Arnold Pinnock

Sinopse:
Um homem inocente e desencantado com a sua vida se vê trabalhando como espião no mundo perigoso e de alto risco da espionagem corporativa. Rapidamente ficando louco, ele se une a uma misteriosa femme fatale para dar um novo rumo em sua existência infeliz.

Comentários:
Quem assistiu a esse filme? Praticamente ninguém! Essa é uma produção do circuito independente do cinema americano. Parece uma ficção, mas na realidade apresenta um roteiro mais convencional, sobre espionagem corporativa, ou seja, espionagem que é feita entre empresas que concorrem no mercado. Não espere por maiores inovações desse roteiro. Ele é apenas bem mediano, sem muita originalidade. O resultado final trouxe um visual muito bem feito, apesar do orçamento pequeno (o filme custou meros 17 milhões de dólares, muito pouco em se tratando do cinema produzido nos Estados Unidos). Não há nenhum grande astro ou estrela no elenco. O nome mais conhecido é o da atriz Lucy Liu, aqui mais uma vez impassível. Sempre achei ela bem inexpressiva para falar a verdade.

Pablo Aluísio.

Bandidas

Um faroeste feminino, vamos colocar nesses termos. As mulheres sempre tiveram seu espaço nos filmes de western, mas geralmente interpretando jovens donzelas em perigo, esposas de militares que serviam em fortes distantes no velho oeste ou então mulheres que trabalhavam em saloons, geralmente aliviando a vida dura dos cowboys e pistoleiros que viviam naquelas terras selvagens. Com esse "Bandidas" os produtores resolveram fazer um pouco diferente, investindo no empoderamento feminino, mostrando duas garotas que encaram os piores vilões sem medo, frente a frente. Uma mudança que vem de encontro com os novos tempos em que vivemos. Com roteiro e produção do cineasta Luc Besson, o filme “Bandidas” almeja ser um western diferente, a começar dos personagens principais. Saem os homens e entram duas garotas,  Maria Alvarez (Penélope Cruz) e Sara Sandoval (Salma Hayek), que resolvem se unir contra as injustiças que acontecem em sua cidade natal. A maior delas é a nova ferrovia que começa a ser construída ligando o México aos Estados Unidos. Como passa por várias faixas de terras pertencentes a pequenos fazendeiros, o conflito se torna inevitável. Assim quem não decide vender as terras para a grande companhia ferroviária acaba sendo eliminado pelo capanga e assassino Tyler Jackson (Dwight Yoakam).

Para combater esses crimes as garotas decidem roubar bancos que também pertencem à mesma companhia que promove os crimes contra os pequenos proprietários rurais. Em pouco tempo suas façanhas começam a ficar conhecidas entre a pobre população mexicana e elas ganham o título de "Bandidas", sendo perseguidas, com suas cabeças colocadas à prêmio. O povo porém as adora pois elas, ao melhor estilo Robin Hood, dividem o dinheiro dos roubos entre a população mexicana mais pobre. Roubam dos ricos para dar aos pobres. A intenção de Luc Besson foi realizar um western moderno, levemente bem humorado, brincando com os clichês do gênero. Assim temos em cena roubos a bancos ousados, perseguições, tiroteios, tudo embalado pela presença das carismáticas atrizes Penélope Cruz e Salma Hayek. Mesmo assim o resultado é fraco. As garotas são bonitas e simpáticas, mas não conseguem convencer como temidas assaltantes a bancos do velho oeste. O clima de humor, acentuado pela presença do bom comediante Steve Zahn, mais atrapalha do que ajuda. Ficamos com a incômoda sensação de estar assistindo algo que nunca se leva a sério. Agindo assim o filme perde a direção, o público também deixa de se importar com o filme em si. Enfim, "Bandidas" não é memorável e nem um marco no gênero, pois no fundo não passa de uma despretensiosa "Sessão da Tarde".

Bandidas (Bandidas, Estados Unidos, 2005) Direção: Joachim Rønning, Espen Sandberg / Roteiro: Luc Besson, Robert Mark Kamen / Elenco: Penélope Cruz, Salma Hayek, Steve Zahn, Dwight Yoakam, Denis Arndt / Sinopse: Duas jovens mexicanas resolvem se unir para formar uma dupla especializada em roubos a bancos. Elas querem acima de tudo se vingarem de uma companhia ferroviária americana, responsável pela morte de seus pais.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Crepúsculo dos Deuses

Denominar “Crepúsculo dos Deuses” como uma das maiores obras cinematográficas de todos os tempos é desnecessário. Poucas vezes foi realizado um filme tão humano, tão cruelmente verdadeiro como esse. Ao mostrar uma diva envelhecida, uma antiga estrela do passado, há muito esquecida do grande público, o filme na realidade cria um estudo da alma humana poucas vezes vista nas telas. Em termos de melancolia e nostalgia, essa é uma obra insuperável. A personagem Norma Desmond (Gloria Swanson) não é apenas uma atriz que perdeu sua estrela e sua fama, mas também uma pessoa psicologicamente em ruínas que tenta de todas as formas se agarrar em um passado glorioso para suportar viver no presente. Embora muitas pessoas não parem para pensar sobre isso, a trama de “Crepúsculo dos Deuses” é mais comum na vida real do que se imagina. Não são poucos os artistas que presenciam o fim de suas carreiras, muitas vezes prematuramente. Astros e estrelas que brilharam por momentos fugazes e após o sucesso inicial simplesmente deixam de atrair o público e somem dos holofotes, sendo descartados pelos grandes estúdios. Poucos são os grandes mitos que resistem ao passar do tempo. Norma é de certa forma um retrato em microscópio da realidade de centenas e centenas de artistas que não conseguem superar a terrível passagem do tempo. Vivendo de suas imagens joviais e trabalhando em um meio que valoriza acima de tudo a beleza e a juventude, muitos são simplesmente descartados após atingirem uma certa idade.

Assim não serão poucos os artistas que irão se identificar com Norma, uma mulher que vive do passado, das fotos amareladas pelos anos e das recordações do tempo em que era de fato um mito em celulóide. Pensando em delírio que ainda é uma estrela, ignora o fato que o tempo passou e não há mais retorno possível aos seus anos de glória, das ribaldas, da aclamação dos seus fãs que lotavam os cinemas para assistir seus filmes. O brilho, a fama, o sucesso e a riqueza ficaram em um passado distante. O filme é realmente magistral. Há uma narração em off do personagem de William Holden que é um dos textos mais bem escritos da história do cinema americano. Misturando ironia com melancolia latente, ele nos apresenta sua história, contando em detalhes como acabou conhecendo Norma e seu estranho mundo enclausurado. Vivendo em uma mansão decadente, literalmente caindo aos pedaços, ao lado do mordomo fiel Max (interpretado pelo cineasta Erich von Stroheim com raro brilhantismo), ela ainda pensa que é uma estrela no mundo fútil das celebridades de Hollywood. O fato porém é que a passagem do cinema mudo para o cinema sonoro simplesmente acabou com sua carreira.

Suas opiniões sobre a irrelevância do cinema sonoro inclusive me lembraram do próprio Chaplin, que também em inúmeras vezes atacou a nova tecnologia. A atriz Gloria Swanson interpretando Norma é uma força da natureza. Impressionante a carga emocional que ela traz para seu papel. O curioso é que ela própria foi uma diva do cinema mudo, tal como sua personagem. Possessa e imersa completamente em sua interpretação, ficamos não menos do que impressionados pela força de seu talento. William Holden não fica atrás. Levemente cínico e incomodado com sua situação pessoal, ele esbanja aquele tipo de ironia que nasce da decepção consigo mesmo. Para o fã de cinema, o filme “Crepúsculo dos Deuses” traz ainda um verdadeiro presente. Em cena vemos o grande Cecil B. DeMille interpretando a si mesmo dentro dos estúdios da Paramount. DeMille foi um dos maiores nomes da indústria e vê-lo ali representando a si próprio é um deleite para qualquer amante da história da sétima arte. Outra presença marcante é a do ícone do humor Buster Keaton em uma participação particularmente melancólica. Sério e com olhar aterrorizado, ele participa de um estranho jogo de cartas com a diva em sua mansão, a mesma que foi usada como cenário de outro grande clássico, “Juventude Transviada” com James Dean.

Em conclusão, “Crepúsculo dos Deuses” merece toda o status cult que possui, todo o prestígio de grande clássico do cinema. É a obra prima definitiva do genial diretor e roteirista Billy Wilder, um mestre da era de ouro de Hollywood. É um desses filmes atemporais, que não envelhecem nunca e continuam tão maravilhosos como em seu lançamento. Delírios, traições, insanidade, compaixão e melancolia em um roteiro muito bem escrito, primoroso mesmo. Esse quadro completo compõe esse que é seguramente uma das maiores obras primas do cinema americano de todos os tempos. Simplesmente essencial.

Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, Estados Unidos, 1950) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Charles Brackett, Billy Wilder, DM Marshman Jr. / Elenco: William Holden, Gloria Swanson, Erich von Stroheim, Nancy Olson, Cecil B. DeMille, Hedda Hopper, Buster Keaton  / Sinopse:  Norma Desmond (Gloria Swanson) é uma diva da era do cinema mudo que mora em uma grande mansão na Sunset Boulevard cercada apenas de seu mordomo fiel Max (Erich Von Stroheim). Por um acaso do destino, o roteirista desempregado Joe Gillis (William Holden) acaba indo parar na mansão de Norma após tentar fugir de credores do banco onde fez um empréstimo. Lá conhece a velha estrela e seu estranho mundo particular construído sobre velhas lembranças de um passado glorioso que não existe. Ela ainda pensa ser uma superstar no céu de Hollywood. Doce ilusão. Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Roteiro, Trilha Sonora e Direção de Arte. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Diretor (Billy Wilder), Atriz (Gloria Swanson) e Trilha Sonora.

Pablo Aluísio.