quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Deus Sabe Quanto Amei

Uma coisa Frank Sinatra sabia fazer muito bem: escolher os roteiros certos para atuar. Um exemplo é esse "Deus Sabe Quanto Amei", filme lançado em 1958 que acabou sendo indicado em várias categorias do Oscar, Não espere ver o cantor interpretando alguma bela canção no filme. Aqui o foco é bem outro. Quando o filme começa o encontramos cochilando em uma cadeira de ônibus. Depois de uma noite de bebedeiras seus colegas de farda o colocaram em um ônibus que ia em direção à sua cidade natal. Quando ele acorda já está de volta ao velho lar, numa cidadezinha de Indiana. Chega também ao seu lado a corista e garota de farras interpretada por Shirley MacLaine. O porre foi tão grande que ele nem sequer lembra dela! Pior, agora que seu serviço militar acabou ele precisa encontrar algo com que trabalhar. Seu desejo sempre foi ser escritor, mas muito indisciplinado e dado a farras, jamais conseguiu ter sucesso na carreira. Isso apesar de ter realmente talento com as letras.

O jeito então passa a ser procurar pelo irmão, que não vê há anos. Ele se tornou um comerciante bem sucedido no ramo de joias. Os dois não se dão muito bem, por arestas não aparadas no passado. Porém nem tudo é desilusão e amargura. Dave (o personagem de Sinatra) também acaba conhecendo e se apaixonando pela professora Gwen French (Martha Hyer). Ela resiste, uma vez que o estilo de vida de Dave é tudo o que ela reprova. Completando o quadro de personagens interessantes desse bom drama temos ainda um jogador de cartas inveterado, sempre com um grande chapéu texano na cabeça, interpretado pelo sempre carismático Dean Martin. Enfim, é um drama romântico muito bom, com excelente roteiro. Com mais de duas horas de duração jamais cai no marasmo ou cansa o espectador, pelo contrário, mantém o interesse até o final. Como eu escrevi antes, Frank Sinatra sabia muito bem escolher onde trabalhar em Hollywood. Era um sujeito esperto e inteligente, disso não tenho a menor dúvida.

Deus Sabe Quanto Amei (Some Came Running, Estados Unidos, 1958) Direção: Vincente Minnelli / Roteiro: John Patrick, baseado no romance escrito por James Jones / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Shirley MacLaine, Martha Hyer, Arthur Kennedy / Sinopse: Após prestar o serviço militar, Dave Hirsh (Sinatra) está de volta à sua cidade natal. Ele precisa encontrar algo o que fazer da vida. Ele tem planos de ser um escritor, mas isso ainda não se concretizou. Acaba se apaixonando por uma professora que, mesmo gostando dele, não se entrega à nova paixão. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor atriz (Shirley MacLaine), melhor ator coadjuvante (Arthur Kennedy), melhor atriz coadjuvante (Martha Hyer), melhor figurino (Walter Plunkett) e melhor música original ("To Love and Be Loved").

Pablo Aluísio.

Noites de Rumba

Título no Brasil: Noites de Rumba
Título Original: Las Vegas Nights
Ano de Produção: 1941
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Ralph Murphy
Roteiro: Ernest Pagano, Harry Clork
Elenco: Constance Moore, Bert Wheeler, Tommy Dorsey, Frank Sinatra, Phil Regan, Lillian Cornell

Sinopse:
Um número de vaudeville herda um prédio velho e destruído e decide tentar transformá-lo em uma nova boate da moda. Primeiro filme da carreira do cantor Frank Sinatra. Musical da Paramount Pictures.

Comentários:
Qual foi o primeiro filme de Frank Sinatra? A resposta está aqui! É esse "Noites de Rumba", onde ele apareceu como cantor da orquestra maravilhosa de Tommy Dorsey. Seu personagem nem foi creditado com um nome, afinal ele não passava de um figurante de luxo, embora cantasse em cena uma bela canção. Note o ano em que o filme foi lançado, 1941, em plena segunda guerra mundial. Sinatra teve que enfrentar acusações de que era um covarde que não foi lutar na guerra ao lado de outros patriotas. Pura besteira. De uma forma ou outra esse filme acabou sendo indicado a um Oscar. Para a primeira vez de Sinatra no cinema até que não foi uma estreia ruim.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

O Álamo

Título no Brasil: O Álamo
Título Original: The Alamo
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: John Lee Hancock
Roteiro: Leslie Bohem, Stephen Gaghan
Elenco: Dennis Quaid, Billy Bob Thornton, Jason Patric, Patrick Wilson, Emilio Echevarría

Sinopse:
Em San Antonio, no ano de 1836, um grupo de americanos encurralados no forte Álamo decide ficar e resistir ao enorme exército liderado pelo general mexicano Antonio Lopez de Santa Ana. Eles estão em menor número e com pouco armamento mas mesmo assim resolvem lutar com honra e bravura, uma atitude de coragem que entrou para a história do Texas.

Comentários:
Mais um remake, dessa vez do clássico filme dirigido por John Wayne. O enredo é o tradicional, já bem conhecido dos fãs de western em geral. Obviamente há todo aquele clima de ufanismo sempre presente quando levam essa história para as telas, pois afinal de contas esse é o tipo de enredo que exige uma certa postura de seus realizadores pois caso contrário podem mexer com um vespeiro, principalmente em relação aos texanos. Talvez por causa desse excessivo respeito esse novo filme sobre o Álamo tenha ficado muito burocrático, sem vida, sem impacto. Certo, a história é mostrada de forma muito correta, mas em minha forma de ver correção demais, sem espaço para uma visão mais original sobre tudo, só acaba rendendo muita chatice. Outro ponto que me deixou desapontado foi a escolha de certos atores para determinados personagens. Ok, gosto muito de Dennis Quaid, mas ele está muito mal na pele de Sam Houston (cujo nome batizaria a futura capital do Texas). Billy Bob Thornton como o famoso Davy Crockett também não me convenceu em nada. Aqui temos realmente um filme cujo medo de reações adversas acabou estragando o resultado final. Um pouquinho mais de ousadia cairia muito bem. Filme indicado ao Harry Awards.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O Homem Intrépido

Título no Brasil: O Homem Intrépido
Título Original: The Kansan
Ano de Produção: 1943
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: George Archainbaud
Roteiro: Harold Shumate, Frank Gruber
Elenco: Richard Dix, Jane Wyatt, Albert Dekker

Sinopse:
Durante um assalto ao banco local realizado pela infame quadrilha de Jesse James, o cowboy John Bonniwell (Richard Dix) acaba sendo ferido em um intenso tiroteio com os bandidos. Levado ao hospital da cidade acaba ficando vários dias inconsciente e quando acorda descobre, surpreso, que foi eleito pela população como o novo xerife da região. Com certo receio acaba aceitando o cargo, porém terá que bater de frente com um poderoso banqueiro, que ambiciona controlar a tudo e a todos com o poder de seu dinheiro. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Música (Gerard Carbonara).

Comentários:
"The Kansan" foi realizado bem no meio da II Guerra Mundial. Enquanto os soldados ianques lutavam na Europa e no Pacífico a vida continuava para os americanos em geral e o cinema não perdia tempo em faturar em cima da imagem do herói tipicamente norte-americano, a do cowboy. Nesse "O Homem Intrépido" o ator Richard Dix interpreta mais um xerife honesto e honrado que decide impor seu ponto de vista em uma região dominada por bandoleiros, foras-da-lei e banqueiros inescrupulosos e gananciosos. O roteiro aliás explora um aspecto muito interessante da colonização do oeste, pois muitas vezes os grupos armados de bandidos que infestavam as cidades eram bancados por cidadãos supostamente honestos e acima de qualquer suspeita! Diante disso muitos xerifes tinham que viver no fio da navalha, tentando se manter no cargo, embora cientes que havia muita corrupção nas altas esferas do poder. No elenco podemos destacar a figura da bela atriz Jane Wyatt, que apesar do nome não tinha parentesco com o mais famoso xerife de todos os tempos, Wyatt Earp. Ela traz uma certa doçura necessária a um filme repleto de sujeitos mal encarados, sujos e violentos. Assim deixamos a dica desse "The Kansan", mais um bom faroeste da década de 1940 que explora a figura sempre lendária e mitológica do xerife no velho oeste americano.

Pablo Aluísio.

Semeando a Morte no Texas

Título no Brasil: Semeando a Morte no Texas
Título Original: Seminò Morte... Lo Chiamavano il Castigo di Dio
Ano de Produção: 1972
País: Itália
Estúdio: Virginia Cinematografica
Direção: Roberto Mauri
Roteiro: Roberto Bianchi Montero, Roberto Mauri
Elenco: Brad Harris, José Torres, Vassili Karis

Sinopse:
Django (Brad Harris) acaba caindo numa armadilha. Estando no lugar errado, na hora errada, ele acaba sendo acusado de um roubo de banco. Assim é jogado na cadeia junto ao bandoleiro Spirito Santo (José Torres). Depois de algumas tentativas finalmente consegue fugir para encontrar os verdadeiros criminosos, que ao que tudo indica, contam com o apoio de pessoas importantes, inclusive de autoridades públicas que seriam os verdadeiros autores intelectuais do crime.

Comentários:
O diretor Roberto Mauri (assinando sob o pseudônimo americano de Robert Johnson) ficou conhecido pelos faroestes italianos de baixo orçamento que dirigiu. "A Vingança é o Meu Perdão" de 1968 e "Sartana no Vale dos Gaviões" de 1970 até possuem seus admiradores dentro do gênero Western Spaghetti. O problema é que a partir de determinado momento Mauri começou a diminuir ainda mais os orçamentos de seus filmes, chegando ao ponto de tudo parecer muito fraco e mal produzido na tela. A crítica italiana não perdoou isso nessa fita, chegando ao ponto de chamar o filme de "Um exercício de incompetência"! De fato há pouca coisa realmente boa nessa produção. Os diálogos são mínimos e as cenas de ação são de uma gratuidade espantosa. O simples ato de servir um whisky quente em um saloon já serve de desculpas para um tiroteio sem fim envolvendo quase duas dezenas de cowboys mal encarados e fedorentos. Pior será o pobre azarado que se deparar com uma cópia dublada em inglês pois o serviço de dublagem que realizaram foi realmente de péssima qualidade. As poucas falas mais desenvolvidas são ditas pelo vilão, Scott (Vassili Karis), que passa tempo demais explicando nos menores detalhes seus planos para liquidar Django. Há muitos ângulos distorcidos e cenas mal realizadas. De bom mesmo temos apenas uma trilha sonora pra lá de excêntrica e uma direção de arte muito boa no poster original do filme. Fora isso é de fato um faroeste bem decepcionante de modo em geral. Só recomendado para fãs radicais e hardcore do pistoleiro Django.

Pablo Aluísio.

domingo, 16 de dezembro de 2018

Marcado para Morrer

Título no Brasil: Marcado para Morrer
Título Original: Ride the Man Down
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: Joseph Kane
Roteiro: Mary C. McCall Jr, Luke Short
Elenco: Brian Donlevy, Rod Cameron, Ella Raines

Sinopse:
Após a morte do dono de um extenso e produtivo rancho numa nevasca, se forma uma severa disputa entre criadores de gado da região para tomar posse da propriedade. Acontece que ele morreu sem deixar herdeiros. Em uma época onde as leis de sucessão não eram muito claras, começa uma verdadeira guerra entre os fazendeiros para dominar o local. Bide Marriner (Brian Donlevy) e Red Courteen (Jim Davis) são os candidatos mais propensos para ganhar o rancho. As coisas mudam porém quando o cowboy Ray Cavanaugh (Paul Fix) mata John Evarts (James Bell), que estava administrando o rancho, atirando covardemente pelas suas costas, ficando claro a partir desse crime que a disputa será resolvida mesmo na base das armas em punho.

Comentários:
Esse western estrelado por Brian Donlevy tem um roteiro curioso que mostra um aspecto histórico na conquista do oeste americano. Acontece que a Constituição dos Estados Unidos afirmava que as terras seriam ocupadas pela posse dos colonos por sua ordem de chegada na região. Trocando em miúdos, a terra seria de quem chegasse primeiro por lá, naquelas regiões selvagens! Não havia necessariamente direito de propriedade reconhecido em cartório ou algo sequer parecido a isso. Quando um rancheiro morria sem deixar herdeiros era comum haver uma disputa sangrenta pelo rancho, principalmente se ele fosse valioso, bem localizado, com terras produtivas e boas para a criação de gado. É justamente essa a situação central do enredo desse filme. O fato porém é que a Republic Pictures tinha um complexo roteiro para filmar, mas com orçamento pequeno. Assim uma estória que daria margem a um filme com mais de duas horas e meia de duração acabou sendo condensado em meros 70 minutos de projeção. Nem preciso dizer que tudo ficou muito truncado por causa disso. Some-se a isso o fato de que muitas cenas rodadas de noite foram prejudicadas por problemas de iluminação. Mesmo assim, com esses pequenos problemas pontuais, "Ride the Man Down" ainda consegue ser um bom entretenimento, principalmente se você tiver algum interesse em história americana da colonização do velho oeste. 

Pablo Aluísio.

Os Canhões de San Sebastian

Título no Brasil: Os Canhões de San Sebastian
Título Original: La Bataille de San Sebastian
Ano de Produção: 1968
País: Itália, França, México
Estúdio: Compagnie Internationale de Productions Cinématographiques
Direção: Henri Verneuil
Roteiro: William Barby Faherty, Serge Gance
Elenco: Anthony Quinn, Anjanette Comer, Charles Bronson, Sam Jaffe

Sinopse:
Leon Alastray (Anthony Quinn) é um bandoleiro que acaba sendo confundido com um sacerdote assassinado. Ao chegar na aldeia de San Sebastian ele entende que aquele povo vive em constante medo causado pelos ataques regulares ao povoado, onde seus poucos bens e sua comida viram alvos de ladrões violentos que chegam na região, aterrorizam os moradores e depois vão embora com o produto de seu saque. Assim Leon logo decide ajudar aquelas pessoas injustiçadas a se defenderem desses bandidos, organizando um verdadeiro exército de resistência.

Comentários:
Western Spaghetti que fez muito sucesso nos cinemas durante os anos 1960. Uma produção internacional envolvendo três países, Itália, França e México, e que contou em seu elenco com dois famosos atores do cinema americano, Anthony Quinn e Charles Bronson. Isso demonstrava que a indústria de cinema italiano estava forte o suficiente para contratar atores americanos para suas películas. O curioso é que esses profissionais eram considerados, até de forma injusta, como atores de segundo escalão em Hollywood. Assim eles deixaram a Califórnia para trás e foram para a Europa, onde contaram com produções melhores para se tornarem estrelas por lá. O mesmo caminho trilhou Clint Eastwood no começo de sua carreira. Uma vez com o sucesso dessas produções, podiam retornar para Hollywood onde ganhavam um novo status, conquistado pela farta bilheteria de seus faroestes spaghettis. Anthony Quinn, por exemplo, tinha uma personalidade expansiva e extrovertida, excelente para esses filmes onde muitas vezes o exagero dava o tom de seus roteiros. Já Charles Bronson era o tipo ideal para encarnar sujeitos durões, de poucas palavras e muita ação. Uma dupla que casou perfeitamente bem em cena, a se lamentar apenas o fato de terem trabalhado poucas vezes juntos. Assim o que temos aqui é uma das produções mais ousadas do Western Spaghetti, um filme que não envelheceu tanto como era de se esperar. Uma excelente diversão para quem curte esse tipo de produção italiana com muitos tiros e pouca conversa fiada.

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de dezembro de 2018

O Covil da Desordem

Título no Brasil: O Covil da Desordem
Título Original: Showdown at Abilene
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Charles F. Haas
Roteiro: Berne Giler, Clarence Upson Young
Elenco: Jock Mahoney, Martha Hyer, Lyle Bettger

Sinopse:
Depois de passar vários anos nas fileiras do exército confederado durante a guerra civil americana, Jim Trask (Jock Mahoney) finalmente retorna para seu lar em Abilene. As coisas por lá porém estão bem mudadas. A mulher com quem iria se casar antes da guerra está noiva de seu amigo, Dave Mosely (Lyle Bettger). Há uma guerra não declarada entre criadores de gado e fazendeiros e a região está infestada de foras da lei. Trask havia sido xerife antes da guerra, mas agora rejeita a ideia de voltar a usar a estrela de prata após tantas mortes presenciadas durante o conflito.

Comentários:
Considerei um faroeste elegante que em seu roteiro lida com a complicada volta para casa daqueles que lutaram por longos anos na Guerra Civil. Logo no caminho de volta Jim Trask (Mahoney) reencontra um velho amigo de infância, só que enquanto ele ostenta uma farda cinza confederada o outro está devidamente vestido de ianque, com o azul típico da União. Essa cena é muito bem representativa pois mostra o que de fato foi a guerra civil americana, onde no fundo irmão lutava contra irmão. Depois quando Trask finalmente chega em Abilene ele entende o preço a ser pago por sua ausência. A paixão de sua vida está comprometida com outro homem e para piorar o noivo é um amigo de infância, que inclusive perdeu sua mão por causa do próprio Trask. Impedido de lutar pela garota por causa da fidelidade de sua amizade, ele precisa se resignar nessa situação toda. Some-se a isso a complicada carga emocional que carrega após tantos anos de combate, pois acaba desenvolvendo certos traumas de guerra. O ator Jock Mahoney tinha ótima presença de cena, alto e elegante, ele acaba trazendo muita dignidade para seu papel. Em certos momentos chegou até mesmo a me lembrar de Gary Cooper. Então deixamos a recomendação desse filme que chegou a ser exibido em nossa TV aberta durante a década de 1980. Bons tempos aqueles para fãs de western em nosso país.

Pablo Aluísio.

Deus Criou o Homem e o Homem Criou o Colt

Título no Brasil: Deus Criou o Homem e o Homem Criou o Colt
Título Original: Quella Sporca Storia Nel West
Ano de Produção: 1968
País: Itália
Estúdio: Daiano Film, Leone Film
Direção: Enzo G. Castellari
Roteiro: Sergio Corbucci, Tito Carpi, Francesco Scardamaglia
Elenco: Andrea Giordana, Gilbert Roland, Horst Frank

Sinopse:
No caminho de volta da Guerra Civil, Johnny Hamilton (Andrea Giordana) é visitado em seus sonhos pelo fantasma de seu pai, que permite que ele saiba que ele foi assassinado e que lhe pede para vingá-lo. De volta ao rancho da família, Johnny descobre que não apenas o seu pai foi morto, mas que Gertrude, sua mãe, se casou com o irmão de seu falecido marido Claude. Ele é agora o proprietário da fazenda e de todos os bens do falecido. Poderia ter sido ele o verdadeiro assassino de seu pai?

Comentários:
Com o sucesso comercial dos faroestes italianos o famoso diretor Sérgio Leone também resolveu atacar de produtor. Ele se tornou acionista de uma empresa cinematográfica, a Leone Film, e começou a produzir e depois exportar essas fitas para o exterior, em especial Estados Unidos e América Latina. O retorno financeiro foi excelente, haja vista que o cineasta sabia bem o que o povão queria consumir. Os roteiros muitas vezes eram simples pretextos para bem coreografadas cenas de violência, sendo que essa muitas vezes surgia na tela não com a proposta de ser realista, mas sim estilizada, exacerbada e visualmente atraente. Isso acabou dando origem a um gênero que até hoje serve de referência e fonte de influências. O primeiro filme produzido pela empresa de Leone foi "O Herdeiro de Satanás", seguido de mais aproximadamente 30 títulos, todos bem lucrativos. Outro nome importante desse momento do cinema italiano que fez parte da realização desse filme foi o de Sergio Corbucci, que criou a estória original e assinou o roteiro (que acredite, foi inspirado no clássico "Hamlet" escrito por William Shakespeare!). No Brasil, dando sequência a tradição de títulos nacionais enormes e divertidos, a fita recebeu o nome de "Deus Criou o Homem e o Homem Criou o Colt", o que causou problemas para os donos de cinemas pois era tão grande que mal conseguia caber nas marquises de seus estabelecimentos. De qualquer forma a fita fez bastante sucesso por aqui, a ponto de ficar vários meses em exibição nos chamados cinemas de bairro, que hoje em dia já não existem mais, infelizmente. Com preços promocionais, esses filmes faziam a alegria de grande parte de nossa população de baixa renda.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

A Cobiça do Ouro

Título no Brasil: A Cobiça do Ouro
Título Original: Gunmen of Abilene
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: Fred C. Brannon
Roteiro: M. Coates Webster
Elenco: Allan Lane, Black Jack, Eddy Waller, Roy Barcroft 

Sinopse:
A cidade de Abilene está aterrorizada com uma onda de pistoleiros e bandoleiros que usam a região como esconderijo de seus crimes nefastos. O chefe da quadrilha é um farmacêutico local, Henry Turner (Peter Brocco), que descobriu haver muito ouro nas montanhas que circulam a cidade. Sua intenção é expulsar os moradores para colocar as mãos naquela grande riqueza mineral. Para isso porém terá que passar por cima de Rocky Lane (Allan Lane), um cowboy disposto a defender os pobres e oprimidos moradores de Abilene.

Comentários:
A Republic Pictures se notabilizou por produzir dezenas de faroestes B em ritmo industrial durante os anos 1940 e 1950. Essas fitas eram realizadas com orçamentos baratos e sem grandes estrelas no elenco, até porque eram exibidas em matinês onde o preço do ingresso também tinha a metade do valor da entrada normal. Esse western de matinê foi estrelado por Allan "Rocky" Lane, que se tornou bem famoso em sua época, principalmente para a garotada que lotava as sessões de fim de semana. Carismático, ele acabou protagonizando muitos filmes rápidos da Republic, além de seriados infanto-juvenis, que também representavam uma grande força nas bilheterias. Seus personagens íntegros e completamente honestos eram adorados pelos jovens que sonhavam também com essas grandes aventuras no velho oeste. Seu cavalo "Blackjack" ganhou também muito destaque, chegando ao ponto de ser estrela de seu próprio álbum de figurinhas. Inteligente e muito bem treinado, geralmente roubava as atenções no filmes com Allan Lane. Curiosamente o que foi produzido como divertimento barato e simples para o fim de semana acabou ganhando status de grande arte. Hoje em dia o faroeste B da época é preservado em instituições públicas americanas como o Museu de História do Kansas, onde várias dessas produções estão ao alcance do estudioso e fã de cinema. Como se pode notar, nos Estados Unidos a memória do cinema é caprichosamente bem preservada, bem ao contrário do que acontece em nosso país, infelizmente.

Pablo Aluísio.