segunda-feira, 5 de março de 2018

Aniquilação

Não é um filme muito fácil de digerir, apesar do roteiro ser até bem simples se formos analisar bem. Tudo começa quando uma professora de biologia descobre que seu marido não morreu como ela havia pensado por um longo período de tempo. Ele tinha desaparecido durante uma missão secreta do governo americano e por isso ela presumia que ele havia sido morto, talvez no Afeganistão ou Iraque. Seu retorno inesperado porém logo é descoberto e o serviço de inteligência o traz de volta para as instalações secretas do exército. Só ai é que a professora interpretada por Natalie Portman descobre toda a verdade. Há uma enorme bolha dimensional, crescendo a cada dia, engolindo tudo ao redor. Os cientistas ainda não conseguiram explicar esse estranho fenômeno na natureza. Todas as expedições militares que foram enviadas para dentro dessa bolha jamais voltaram.

Assim uma nova expedição é formada, dessa vez apenas por mulheres, pesquisadoras. Portman acaba entrando na missão. Assim que ultrapassam a fronteira descobrem que há coisas bem estranhas acontecendo com a fauna e a flora da região. As plantas passam por estranhas mutações e os animais, como crocodilos e ursos, parecem mais monstros e feras disformes do que animais normais. O filme vai criando um certo suspense, enquanto as jovens pesquisadoras tentam chegar em um velho farol, onde tudo pode ter começado. O roteiro, bem escrito em minha opinião, tenta esconder a verdade do espectador até o último momento (a cena final inclusive é bem reveladora do que realmente estaria acontecendo). É um quebra-cabeças para quem for assistir. Como uma das mulheres dizem, não se sabe se a tal bolha é um evento de causa religiosa, alienígena ou apocalíptica. O título "Aniquilação" já deixa entre linhas o que está prestes a acontecer (inclusive aposto que esse filme vai acabar virando uma franquia ou uma nova série). Esse enredo aliás poderia ter sido usado em qualquer filme de ficção dos anos 50, já que seu espírito é bem esse. No mais é outra produção Netflix, que ultimamente tem contratado grandes atores para atuarem em seus filmes. A Natalie Portman é a estrela da vez nesse Sci-fi que se não chega a ser brilhante pelo menos tenta ser o mais fiel possível aos antigos filmes do gênero.

Aniquilação (Annihilation, Estados Unidos, 2018) Direção: Alex Garland / Roteiro: Alex Garland / Elenco: Natalie Portman, Jennifer Jason Leigh, Tessa Thompson / Sinopse: Baseado no livro de ficção escrito por Jeff VanderMeer o filme conta a estória de um estranho evento, quando surge uma bolha dimensional que vai aumentando de tamanho a cada dia. Conhecida como "O Brilho" esse fenômeno começa a mudar o DNA de plantas e animais. Uma expedição é então enviada para dentro do estranho evento, causando mortes e destruição jamais vistos.

Pablo Aluísio. 

Um Grande Garoto

Assisti a esse filme no cinema, em agosto de 2002. Onde estava com a cabeça?! Não é um filme para tanto, para ver no cinema. Assistindo em vídeo (na época era ainda o VHS, já chegando o Blu ray no mercado) já estava bom demais. Bem, sempre gostei do Hugh Grant. Ele é o que se pode chamar de "refinado canastrão" (usando uma expressão do meu amigo Telmo). Filme após filme ele geralmente interpreta o mesmo tipo: o do inglês meio atrapalhado, mas com um charme especial que sempre atraiu a atenção do público feminino. Foi assim que ele construiu toda a sua carreira. Nesse "Um Grande Garoto" ele interpreta um sujeito trintão (quase quarentão) que se recusa a entrar na vida adulta. Ele é bem o tipo do tio solteirão que não está nem aí para as pressões da sociedade em se casar, se tornar pai de família e todo aquele script que já conhecemos bem.

Levando a vida na brisa ele acaba conhecendo um garoto que acaba se afeiçoando a ele, criando assim uma amizade bacana entre eles. O roteiro é basicamente isso. Não acontece nada de muito dramático e nada de muito especial surge na tela. Fica uma sensação de zero a zero no espectador, como se ele tivesse assistido um pedaço da vida de uma pessoa comum e nada mais. E quando o filme termina a pergunta "Ok, mas e daí?" vem direto na mente. A crítica porém gostou mais do que o normal, fazendo com que esse filme levemente banal ganhasse uma incrível indicação ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Também foi lembrado pelo Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical (um exagero!) e Melhor Ator (para Hugh Grant, mostrando que até os refinados canastrões merecem reconhecimento!). Enfim, mais um filme meramente assistível de Hugh Grant.

Um Grande Garoto (About a Boy, Estados Unidos, 2002) Direção: Chris Weitz, Paul Weitz / Roteiro: Peter Hedges / Elenco: Hugh Grant, Nicholas Hoult, Toni Collette / Sinopse: Will Freeman (Grant) é um cara comum, relax, que não quer saber das responsabilidades da vida adulta. Ele leva sua vida numa boa. Tudo caminha bem até ele conhecer um garoto que acaba criando uma amizade com ele. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Baseado no livro escrito por Nick Hornby.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de março de 2018

Star Wars: Os Últimos Jedi

O segredo para se fazer um bom filme com a marca "Star Wars" é relativamente simples de descobrir. Basta colocar um enredo sem muitas complicações pela frente, muitas naves espaciais bacanas, efeitos especiais de última geração e o mais importante de tudo: revisitar sempre que possível a primeira trilogia da franquia, seja trazendo de volta personagens veteranos, seja copiando a direção de arte e o espírito daqueles primeiros filmes. Uma vez feito isso tudo caminha naturalmente bem. A segunda trilogia só deve servir como elemento a se distanciar, um exemplo negativo que não deve ser seguido e nada mais. Assim os produtores acertaram mais uma vez nesse oitavo episódio. Seguindo a fórmula tudo saiu muito bem, como era esperado. O enredo é dos mais simples com duas linhas narrativas. Na primeira acompanhamos os últimos rebeldes tentando fugir da armada imperial. É algo complicado, ainda mais agora que as naves do império conseguem perseguir as naves rebeldes até mesmo dentro da velocidade da luz.

Na outra linha narrativa temos a aproximação entre a jovem que tem pretensões de um dia se tornar uma Jedi e o mestre Luke Skywalker (Mark Hamill). Tudo se passando em uma pequena ilha de um planeta distante. Essa parte do filme remete o espectador imediatamente ao filme "O Império Contra-ataca" quando o próprio Luke tem seu treinamento inicial com o mestre Yoda. É uma parte referencial do roteiro que funcionou muito bem. Esse novo "Star Wars" aliás deu certo porque não quiseram enrolar ou complicar uma fórmula que nasceu nos anos 70 e que continua dando muito certo. Houve algumas críticas pontuais principalmente em relação ao comportamento de Luke, que aqui surge sem esperanças, melancólico e para alguns até mesmo tendo atitudes covardes. Até o ator Mark Hamill reclamou publicamente disso, mas penso que tudo cai por terra quando Luke resolve enfrentar as tropas do império na frente do grande portão do esconderijo dos rebeldes naquele planeta minerador. No mais o filme se saiu muito bem em termos de público e crítica. O filme já rompeu a barreira do bilhão de dólares em termos de faturamento e a crítica em geral elogiou muito. Sem maiores máculas ou defeitos, é um filme realmente muito bom, que não desmerece em nada a marca bilionária "Star Wars". Parabéns para a Disney pelo resultado final.

Star Wars: Os Últimos Jedi (Star Wars: Episode VIII - The Last Jedi, Estados Unidos, 2017) Direção: Rian Johnson / Roteiro: Rian Johnson / Elenco: Mark Hamill, Carrie Fisher, Daisy Ridley, Benicio Del Toro, Laura Dern, John Boyega, Adam Driver, Andy Serkis, Anthony Daniels, Frank Oz, / Sinopse: Oitavo episódio de "Star Wars". Enquanto a princesa Leia (Fisher) tenta comandar uma fuga com os últimos rebeldes pelo espaço, a jovem Rey ( Ridley) se encontra com o mestre Jedi Luke (Hamill) em um distante e isolado planeta da galáxia. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhores Efeitos Especiais, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som e Melhor Trilha Sonora Original (John Williams).

Pablo Aluísio.

Código de Conduta

O filme começa bem, mas é aquela coisa, logo desanda para consequências absurdas. Recapitulando a estória: Gerard Butler interpreta um pai de família feliz com a vida. É um jovem casal com uma filhinha adorável. O sonho se torna pesadelo quando assaltantes invadem sua casa. São dois psicóticos violentos. A esposa e a filha são brutalmente assassinadas. Butler fica inconsolável. Há um pulo no tempo. Quando reencontramos o pai desolado ele está sendo informado pelo promotor do caso, interpretado por Jamie Foxx, que vai ser feito um acordo entre a promotoria e os assassinos. Eles vão confessar o crime e em troca ficarão menos tempo na prisão. Clyde Shelton (Gerard Butler)  fica indignado com isso. Afinal ele queria punição exemplar para os criminosos. Acontece que o promotor Nick Rice (Jamie Foxx) quer manter alto seu índice de condenações, mesmo que elas sejam obtidas através de acordos e artimanhas jurídicas. Para ele a justiça é o que menos importa.

Imediatamente Clyde resolve ele mesmo fazer justiça pelas próprias mãos. Dono de recursos impensáveis (nunca bem explicados pelo roteiro) ele começa a tocar o terror por toda a cidade, fazendo atos terroristas, matando juízes, advogados e promotores. O seu alvo passa obviamente a ser família de Rice (Jamie Foxx). Já que o promotor não parece disposto a fazer justiça, caberá a Clyde colocar em frente seu plano de vingança. Ok, temos aqui a velha fórmula da justiça pessoal, da vingança privada. Se o sistema não funciona, chega a hora de sujar as mãos. É uma velha premissa de muitos e muitos filmes de ação. O problema é que de repente o personagem Clyde de Gerard Butler se torna um sujeito com poderes dignos de um super-herói dos quadrinhos. Ele explode o que quer e quando quer. Mesmo quando está atrás das grades é capaz de colocar a cidade aos seus pés. O roteiro nunca dá, como eu escrevi, uma explicação convincente de como ele consegue fazer tudo isso. Com isso a trama acaba se tornando completamente inverossímil, o roteiro acaba estragando esse filme. Se o roteirista Kurt Wimmer tivesse sido mais convincente, penso que até que seria um filme interessante. Do jeito que ficou não dá mesmo para comprar a ideia absurda do que acontece na tela.

Código de Conduta (Law Abiding Citizen, Estados Unidos, 2009) Direção: F. Gary Gray / Roteiro: Kurt Wimmer / Elenco: Gerard Butler, Jamie Foxx, Leslie Bibb / Sinopse: Gerard Butler interpreta um pai de família que decide fazer justiça com as próprias mãos após perceber que os assassinos de sua esposa e sua filha ficarão impunes por causa do sistema judicial americano. Seu alvo passa a ser não apenas os criminosos, mas também o promotor do caso, em atuação de Jamie Foxx, que acabou escolhendo o caminho mais fácil, a do acordo judicial, do que a do julgamento dos assassinos.

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de março de 2018

Operação Red Sparrow

Mais um filme que está em cartaz atualmente nos cinemas brasileiros é esse "Red Sparrow". É uma tentativa da atriz Jennifer Lawrence de entrar no lucrativo filão dos filmes de ação. Provavelmente ela estivesse em busca de um grande sucesso de bilheteria ao estilo "Missão Impossivel", mas se formos levar em conta o fraco desempenho comercial do filme nos Estados Unidos e Europa suas pretensões não deram muito certo. Do que se trata? É uma trama que tenta reaproveitar elementos dos antigos filmes de espionagem dos tempos da guerra fria. Dominika Egorova (Jennifer Lawrence) é uma bailarina da prestigiada companhia de balé Bolshoi. Durante uma apresentação ela tropeça em seu parceiro e cai violentamente no chão. A lesão é grave, colocando um fim em sua carreira que ela tanto sonhou tornar realidade.

Depois do acidente sua vida muda radicalmente. Sem emprego e precisando ganhar dinheiro pois sua mãe está doente, precisando de tratamento médico, ela aceita entrar em um curso preparatório de agentes do serviço secreto russo. Afinal seu tio é um figurão por lá. Seu treinamento foca no uso dos atributos femininos para seduzir e conquistar espiões inimigos, principalmente americanos e britânicos. Em pouco tempo ela entra em campo e acaba se aproximando de um agente da CIA. Seu objetivo é descobrir a identidade de um traidor que estaria repassando segredos da Rússia para o ocidente. É bom explicar que a estória do filme não se passa nos tempos da guerra fria, quando KGB e CIA disputavam palmo a palmo o mundo da espionagem internacional. O filme se passa nos tempos atuais, por isso Dominika acaba entrando em um jogo perigoso, fazendo contra espionagem, jogando para os dois lados, tentando até mesmo arranjar um asilo político nos Estados Unidos. No saldo geral não achei o filme grande coisa. Em muitos momentos o roteiro se arrasta, caindo na monotonia. Não há também grandes cenas de ação, indo mais para o lado intelectual do jogo de espionagem. Há também um certo excesso de vulgaridade e violência (com cenas de tortura) que muitas vezes soam de forma gratuita. É um filme decepcionante em muitos aspectos. Não foi dessa vez que a Jennifer Lawrence conseguiu emplacar um grande filme nesse gênero cinematográfico.

Operação Red Sparrow (Red Sparrow, Estados Unidos, 2018) Direção: Francis Lawrence / Roteiro: Justin Haythe, baseado no romance de espionagem escrito por Jason Matthews / Elenco: Jennifer Lawrence, Charlotte Rampling, Jeremy Irons, Joel Edgerton / Sinopse: Após um sério acidente em uma apresentação do balé Bolshoi em Moscou, a bailarina Dominika Egorova (Jennifer Lawrence) vê sua carreira artística chegar ao fim. Desempregada e precisando de dinheiro, ela acaba sendo recrutada pelo serviço de inteligência do governo russo, onde passa a fazer o serviço sujo da agência, seduzindo agentes inimigos, arrancando deles informações importantes. Sua primeira missão é descobrir a identidade de um traidor russo que estaria repassando planos secretos para os países ocidentais.

Pablo Aluísio. 

Gotham City 1889: Um Conto de Batman

Se você gosta do universo do Batman deixo a dica para conhecer as animações mais recentes produzidas pela Warner Bros. Em muitos casos são adaptações muito boas das melhores aventuras do homem morcego em quadrinhos. Aqui temos mais uma nesse estilo. O diferencial dessa animação é que o personagem do Batman é deslocado para o século XIX, em uma Gotham City com todas as características da Londres dos tempos de Jack, o Estripador. Aliás essa é a melhor coisa do desenho, unir o Batman, aqui usando trajes vitorianos que lhe trouxe uma variação de uniforme bem interessante, com um dos mais infames assassinos em série da história. Em linhas gerais Bruce Wayne continua o mesmo, com o mesmo background histórico, de origens, etc, mas em outro período histórico. Poderia ficar estranho, mas no final das contas ficou realmente muito bom.

Outra boa sacada do roteiro é colocar vários personagens do universo do Batman para servirem como ponto de referência para pessoas reais que encontraram com o Jack, o estripador, pelas ruas escuras e cheias de névoa daqueles tempos sinistros. Assim a Hera Venenosa, conhecida vilã e inimiga de Batman, surge como uma das vítimas do assassino. Ela é uma dançarina que após fazer seu número em uma casa de show da cidade acaba sendo atacada ao retornar para casa. A Mulher Gato também está na animação. Ela nunca veste sua roupa, mas é a mesma Selina Kyle dos quadrinhos. Chega inclusive a ter um affair com o mascarado. Então é isso, uma animação que tem traços bem originais, a salvando o lugar comum.

Gotham City 1889: Um Conto de Batman (Batman: Gotham by Gaslight, Estados Unidos, 2018) Direção: Sam Liu / Roteiro: James Krieg / Elenco:  Bruce Greenwood, Jennifer Carpenter, Chris Cox  / Sinopse: Adaptação para animação da graphic novel "Gotham by Gaslight" de Brian Augustyn. Aqui Bruce Wayne vive no século XIX, em uma Gotham City cheia de criminalidade. Quando prostitutas começam a morrer pelas ruas obscuras da cidade, Batman começa a investigar e descobre que há um novo serial killer andando pelas ruas, um assassino que se auto denomina "Jack, o Estripador".

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de março de 2018

Pantera Negra

O filme já é um grande sucesso de bilheteria. Já faturou até o momento a incrível soma de 1 bilhão de dólares pelos cinemas mundo afora. Um número de respeito. O próprio estúdio ficou bem surpreso com esse resultado, uma vez que o Pantera Negra não era muito popular nem no mundo dos quadrinhos, então não se esperava mesmo uma bilheteria tão robusta assim nesse seu primeiro filme no cinema. A boa notícia é que o filme é realmente bom. Como se trata do primeiro filme o roteiro precisou apresentar o personagem ao público, mostrando suas origens, suas principais características e personalidade. Se saiu muito bem nisso. A estrutura narrativa é bem feita, usando um fato ocorrido no passado para melhor explicar as origens desse super herói. Aliás é sempre bom lembrar que o Pantera Negra foi um dos primeiros super-heróis negros da Marvel, criado pela dupla Stan Lee e Jack Kirby, ainda nos anos 60, bem no auge dos conflitos envolvendo os direitos civis dos negros. Momento conturbado na história americana.

Dito tudo isso, o filme me agradou bastante. Existe todo um novo universo a explorar, o que provavelmente vai gerar várias continuações nos próximos anos. O Pantera Negra na verdade é mais um "cargo" do que um herói convencional. Atravessando os séculos, inúmeros homens vestiram seu uniforme. Tal como acontecia com o Fantasma, um dos personagens mais famosos de quadrinhos no Brasil. Assim o enredo do filme começa justamente quando o antigo Pantera Negra morre e sua tradição é passada para o filho. Antes porém ele precisa provar seu valor em um combate de vida e morte. Um dos aspectos mais interessante dessa estória é a existência de uma nação africana chamada Wakanda. É o lar do Pantera Negra. Um país altamente desenvolvido que esconde sua existência do mundo usando dos mais modernos meios tecnológicos. A ironia involuntária vem do fato de que o líder dessa nação que se diz tão desenvolvida é determinado por um brutal combate corpo a corpo, algo um tanto primitivo. Outro fato que contradiz essa suposta superioridade é que tão logo começa uma disputa pela sucessão do trono logo explode uma guerra civil entre o seu povo. Qualquer semelhança com as mais miseráveis nações africanas do mundo real definitivamente não seria mera coincidência.

Pantera Negra (Black Panther, Estados Unidos, 2018) Direção: Ryan Coogler / Roteiro: Ryan Coogler, Joe Robert Cole / Elenco: Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita Nyong'o / Sinopse: Após a morte de seu velho pai, T'Challa (Chadwick Boseman) se torna o herdeiro do manto do Pantera Negra. Também se torna o sucessor do trono, se tornando rei de Wakanda. Antes disso porém precisa provar seu valor como homem e como guerreiro, enfrentando um novo desafio, seu próprio primo que, abandonado nos Estados Unidos muitos anos atrás, retorna para reclamar seu direito ao trono de sua nação.

Pablo Aluísio.

Cinquenta Tons de Liberdade

Esse terceiro filme é bem mais inócuo do que todos os anteriores. O casal formado pelo milionário Christian Grey e por Anastasia Steele acaba se aproximando cada vez mais de se tornar um casal de rotina, comum, como tantos outros que encontramos por aí. O casamento é o grande atrativo dessa terceira sequência. Agora casados de papel passado, eles precisam enfrentar um criminoso, Jack Hyde, que os culpa pela destruição de sua vida. Ele perdeu o emprego, foi parar na cadeia, mas não desiste de se vingar. O curioso é que acaba se descobrindo que Hyde e Grey possuem um passado em comum, chegando a viverem na mesma família quando eram garotos órfãos. Mesmo com essa ameaça pairando no ar, não espere por cenas emocionantes e nem uma dramaturgia mais forte. No final das contas a presença de Hyde nem faz muita diferença. Ele é apenas uma muleta narrativa para que a estória não fique resumida ao próprio casal, viajando a lugares bonitos do planeta, enquanto curtem a sua lua de mel.

Um aspecto que notei nesse terceiro filme é que a autora E.L. James pareceu ter absorvido as críticas que se fazia no tocante à violência de Grey para com Anastasia. As cenas de masoquismo estão muito atenuadas, quase inexistentes. O tal quarto vermelho, com algemas e chicotes pelas paredes, ainda está lá, mas o casalzinho o usa cada vez menos. Na verdade durante o filme inteiro só há mesmo uma sessão de sexo nessa linha. Depois o quarto acaba sendo usado por ela apenas para afogar suas mágoas, quando dorme no sofá de lá, ao descobrir que seu marido pode estar tendo um caso extraconjugal. Quando o filme termina ficamos com a sensação que o casal vai cair numa rotina daquelas, que destrói vários casamentos. Eles estão no jardim, carregando o filhinho para dentro de casa. Pois é, nesse filme a Anastasia também descobre que está grávida, o que apavora Grey que diz que ainda não está preparado para ser pai. Pelo visto ele não é emocionalmente muito maduro. Um velho clichê de livros românticos ao estilo Sabrina. Então basicamente é isso o que temos. Se faz o seu gênero não deixe de assistir a esse filme que acabou me soando como uma conclusão bem insossa da trilogia.

Cinquenta Tons de Liberdade (Fifty Shades Freed, Estados Unidos, 2018) Direção: James Foley / Roteiro:  Niall Leonard, baseado no romance escrito por E.L. James / Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Eric Johnson / Sinopse: Christian Grey (Jamie Dornan) e Anastasia Steele (Dakota Johnson) finalmente se casam. Para a Lua de Mel eles começam a viajar pelos lugares mais bonitos do planeta como Paris e Aspen. Só que a felicidade completa do casal é perturbada pela presença criminosa de Jack Hyde (Eric Johnson), o ex-patrão de Anastasia que foi demitido de seu emprego após ter problemas com ela. Achando que sua vida acabou, ele decide partir para a vingança, custe o que custar.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Mark Felt

Após a morte do todo poderoso diretor do FBI, J. Edgar Hoover, o Presidente Nixon resolve nomear para o cargo um homem de sua confiança, alguém para abafar todos os escândalos envolvendo o governo. Antigo braço direito de Hoover, o veterano agente Mark Felt (Liam Neeson) começa então a vazar para a imprensa informações confidenciais que comprometiam o Presidente. As coisas pioram ainda mais quando homens do Partido Republicano invadem a sede do comitê de campanha dos democratas no prédio Watergate. Imediatamente o novo diretor do FBI começa a abafar o caso, mas Mark usando o codinome de "Garganta Profunda" entrega o jogo para dois jornalistas do Washington Post, abrindo assim a maior crise do governo Nixon, algo que o levaria a renunciar ao cargo alguns meses depois, em vista dos crimes cometidos.

Bom filme sobre um dos mais famosos informantes da história. É interessante notar que essa nova produção pode ser assistida em conjunto com dois outros filmes, dando uma ideia geral do que aconteceu no caso Watergate. O primeiro indicado é "Todos os Homens do Presidente", o clássico com Robert Redford e Dustin Hoffman. Lá tínhamos esse mesmo evento que levou Nixon à renúncia, mostrando tudo sob o ponto de vista da imprensa. Recentemente tivemos também "The Post" com Tom Hanks e Meryl Streep. A última cena mostra a invasão do comitê democrata em Watergate, quase o ponto de partida desse filme aqui. Assim são filmes que se complementam. Outro ponto importante a frisar é que "Mark Felt" marca a volta de Liam Neeson aos filmes mais sérios, dramáticos, deixando de lado as produções de pura ação que ele vinha estrelando. Para viver o Garganta Profunda, Liam usou uma maquiagem que o deixou mais envelhecido e em certos aspectos até mesmo irreconhecível. Também está bem mais magro, tudo para se adequar ao papel. De modo em geral é um bom filme, porém será necessário ao espectador médio ter pelo menos noções mínimas de história americana, principalmente do caso Watergate, uma vez que o roteiro parte da premissa que o público já saiba de antemão tudo o que aconteceu. Com ritmo mais centrado, um pouco lento, diria em certos momentos até um pouco burocrático, esse novo filme do diretor Peter Landesman não deixa de ser também uma boa aula de história política.

Mark Felt - O Homem que Derrubou a Casa Branca (Mark Felt: The Man Who Brought Down the White House, Estados Unidos, 2017) Direção: Peter Landesman / Roteiro: Peter Landesman, baseado no livro de memórias escrito por Mark Felt / Elenco: Liam Neeson, Diane Lane, Marton Csokas, Tom Sizemore, Bruce Greenwood, Michael C. Hall / Sinopse: Após a morte do diretor do FBI J. Edgar Hoover, o Presidente Nixon nomeia um novo diretor que começa a abafar os crimes e desvios do governo. Em vista disso o agente veterano Mark Felt (Neeson) começa a vazar informações confidenciais para a imprensa, com o objetivo de desmascarar a corrupção que existe dentro do governo Nixon.

Pablo Aluísio.

A Maldição da Casa Winchester

Esse filme é baseado numa história real. Sarah Winchester (Helen Mirren) fica profundamente abalada com a morte do marido e da filha, uma criança ainda em idade de berço. Fragilizada demais para superar as perdas, ela começa a ver vultos pela casa. Até que um médium é chamado e diz a ela que os tais vultos na verdade são os espíritos das pessoas mortas pelas armas da marca Winchester, que ela se torna herdeira. Para que eles não apareçam mais, ela terá que construir uma mansão, sem nunca parar, pois no dia em que as obras cessarem ela também morrerá. Tudo isso foi verdade, aconteceu de fato. Esse porém é apenas o ponto de partida do filme. Quando Sarah aparece pela primeira vez no filme ela já é uma viúva soturna, bastante atormentada.  Um psicólogo é enviado para verificar se ela ainda tem sanidade para ficar à frente da fábrica de armas. O roteiro então adota a pura fantasia - afinal é um filme de horror bem ao estilo de Hollywood - deixando para trás a oportunidade de contar a história real dessa figura singular.

No mundo real Sarah foi uma mulher enlouquecida pelo espiritismo. Ela construiu uma casa enorme, com centenas de quartos, todos eles inúteis e sem serventia - afinal ela morava sozinha na grande mansão. Dizia-se na época que ela havia perdido completamente o juízo (o que é bem provável). Acabou morrendo sozinha, completamente insana, enfurnada em sua estranha casa que ainda existe e está aberta a visitação pública na Califórnia. Se o estúdio tivesse optado por contar essa história teríamos realmente uma pequena obra prima em mãos. O problema é que tudo é desviado para os sustos. Assim Sarah é mostrada no filme como uma mulher que realmente luta contra os espíritos que vagam pela sua propriedade. Ela precisa construir quartos e mais quartos, que reproduzem os locais onde essas pessoas morreram. Nessa tomada de direção o filme não funciona muito bem. Não espere por grandes sustos ou terror. O filme é mais sutil nesse aspecto. O que vale mesmo a pena é a presença da grande dama do teatro e do cinema Helen Mirren. Com grande dignidade, ela nos faz acreditar mesmo que Sarah era apenas uma viúva que lutava contra centenas de entidades sobrenaturais e não uma pobre alma fragilizada, em processo de enlouquecimento, atormentada pela morte de seus entes queridos, explorada por todos os tipos de charlatões. Uma prova inequívoca de como Mirren é mesmo uma grande atriz.

A Maldição da Casa Winchester (Winchester, Estados Unidos, 2018) Direção: The Spierig Brothers / Roteiro: Tom Vaughan, The Spierig Brothers / Elenco: Helen Mirren, Jason Clarke, Sarah Snook, Finn Scicluna-O'Prey  Sinopse: O Dr. Eric Price (Jason Clarke) é enviado para a estranha mansão Winchester com o objetivo de fazer uma avaliação do estado psicológico de Sarah Winchester (Helen Mirren), uma viúva reclusa que se tornou a herdeira da fábrica de armas Winchester. Os vizinhos dizem que ela está louca, construindo sem parar quartos para sua casa. Será que estaria mesmo enlouquecida e insana ou os espíritos que afirma ver são reais e estão lhe atormentando todas as noites?

Pablo Aluísio.