domingo, 5 de novembro de 2017

Amor em Tempos de Guerra

Outro filme que conta com uma bonita produção, belas cenas e fotografia, mas que no geral me deixou com a sensação de ser bem vazio e superficial. Esse "Amor em Tempos de Guerra" conta com um roteiro que parece ter saído daquelas publicações bem românticas e idealizadas como "Sabrina". Na história temos uma jovem americana, muito idealista, que resolve ajudar os mais pobres e humildes. Ela tem formação de enfermeira e aceita o convite de um jovem médico (tão idealista quanto ela) para ir trabalhar como voluntária em um hospital distante e isolado, nas fronteiras da Turquia. A época é o começo do século XX, com a iminência de uma grande guerra começando por toda a Europa (a I Primeira Guerra Mundial), o que tornará tudo ainda mais difícil e complicado.

A mocinha cheia de boas intenções é interpretada pela atriz islandesa Hera Hilmar. Não a conhecia, acredito que nunca assisti nenhum filme com ela. A garota é bonita, mas ao mesmo tempo tem um jeito de ser chatinha, enfadonha. Sua expressão é a mesma daquela menina que exagerou no chocolate e ficou com o rosto inchado, passando um pouco mal. A sua paixão no filme, que dá título original ao filme (o tal tenente otomano) é feito por Michiel Huisman, outro que não conhecia. É bem improvável que um muçulmano fosse se apaixonar por uma cristã naquela época, mas tudo bem, a gente releva esse tropeço histórico e cultural do roteiro. O médico que a leva para o meio do nada é interpretado por Josh Hartnett, o lobisomem da série "Penny Dreadfull". No final das contas o único ator com maior nome é Ben Kingsley. Ele está no filme dando vida a um médico veterano, já cansado pelos anos, com pouco esperança que as coisas um dia vão melhorar. Em minha opinião o filme poderia ter explorado mais o massacre dos armênios cristãos pelos otomanos muçulmanos, mas a verdade é que o filme não está muito preocupado com esse tipo de coisa, ele só quer mesmo contar uma história de amor.

Amor em Tempos de Guerra (The Ottoman Lieutenant, Estados Unidos, Bélgica, 2017) Direção: Joseph Ruben / Roteiro: Jeff Stockwell / Elenco: Hera Hilmar, Josh Hartnett, Ben Kingsley, Michiel Huisman / Sinopse: Jovem enfermeira idealista decide ir trabalhar em um hospital distante e isolado na Turquia e acaba se apaixonando por um tenente muçulmano do exército otomano, bem nas vésperas do começo da I Grande Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de novembro de 2017

Em Ritmo de Fuga

"Em Ritmo de Fuga" é um daqueles filmes de assaltos a bancos. O protagonista é um jovem conhecido apenas como "Baby Driver". Ele tem dívidas a pagar com um figurão do mundo do crime e por isso precisa dirigir durante os assaltos. O garoto tem uma habilidade incomum no volante, o que o torna uma peça chave durante os crimes, pois na fuga o que mais importa é de ter um ás na direção, para despistar a polícia e a imprensa (sempre às voltas com helicópteros de transmissão nas fugas pelas ruas das grandes cidades). O tal de "Baby Driver" tem problemas de audição, um zumbido persistente nos seus ouvidos, fruto de um acidente de carro na infância. Para driblar essa situação (que é enervante e penosa), ele ouve música constantemente. Muito na dele, bastante cool e calado, o cara é meio estranho, mas faz seu "serviço" com maestria. Só que nem tudo vai continuar saindo tão bem, principalmente depois que "Baby Driver" se apaixona por uma garçonete, uma garota muito bacana que ele fica extremamente afim. Para um cara que vive no meio do crime isso pode ser visto como uma fraqueza, mas ele é apenas um jovem e jovens se apaixonam a todo tempo.

O personagem principal "Baby Driver" é interpretado por Ansel Elgort, ator adolescente que virou ídolo teen no sucesso juvenil "A Culpa é das Estrelas". Ele fazia o carinha que estava morrendo e que se apaixonava por Shailene Woodley. É uma tentativa de Hollywood em criar um novo ídolo do cinema, principalmente entre as colegiais. Vai colar? Só o tempo dirá, porém particularmente acho bem improvável de acontecer. Em termos de elenco o melhor vem dos coadjuvantes, não apenas pela presença de Kevin Spacey, como também de Jon Hamm e Jamie Foxx, todos interpretando membros da quadrilha. Hamm, de "Mad Men" está aos poucos entrando no mundo do cinema e Foxx, velho conhecido, é um dos destaques do filme por causa de seu personagem, um sujeito insano. Então é isso, um filme de assaltos a bancos, feito para o público juvenil. Nada demais, nada marcante, mas que com um pouquinho de boa vontade até diverte!

Em Ritmo de Fuga (Baby Driver, Estados Unidos, 2017) Direção: Edgar Wright / Roteiro: Edgar Wright / Elenco: Ansel Elgort, Jon Hamm, Kevin Spacey, Jamie Foxx, Eiza González, Lily James / Sinopse: Quadrilha de assaltantes de bancos conta com um excelente piloto, um ás do volante, que sempre consegue despistar os tiras durante as fugas alucinadas pelas ruas da cidade. Conhecido apenas como "Baby Driver" ele parece cool e tranquilo, mas na hora em que é necessário mostra toda a sua destreza como motorista de fuga.

Pablo Aluísio.

15 Minutos

Nos anos 70 ter o nome de Robert De Niro em um poster de filme era sinônimo de grande filme sendo exibido. O tempo passou... e bem, isso deixou de ter importância. Principalmente a partir dos anos 90 De Niro começou a fazer uma incrível sucessão de filmes fracos, alguns descartáveis e outros ainda constrangedores. Esse "15 Minutos" se enquadra na categoria de descartável. Lançado diretamente nas locadoras de vídeo no Brasil na época era aquele tipo de fita policial facilmente esquecível, um genérico sem graça de um estilo que havia gerado excelentes filmes na década anterior. Agora tudo parecia mera lembrança, sombra do que um dia foi.

A trama também não ajuda. Tudo começa quando o tira interpretado por De Niro vai investigar dois corpos encontrados em uma casa que foi incendiada. Supostamente aquelas pessoas teriam sido mortas pelo fogo, mas depois descobre-se que elas foram assassinadas, com o incêndio servindo apenas para destruir provas e pistas do crime. E assim o filme segue, com pequenas reviravoltas, envolvendo inclusive dois estrangeiros que estariam ligados às mortes. Nada muito inspirador ou memorável. Para falar a verdade 15 minutos após assistir ao filme você acaba mesmo esquecendo de tudo o que viu. Cinema fast food descartável e esquecível de pouco valor artístico. Melhor esquecer mesmo.

15 Minutos (15 Minutes, Estados Unidos, 2001) Direção: John Herzfeld / Roteiro: John Herzfeld / Elenco: Robert De Niro, Edward Burns, Vera Farmiga, Charlize Theron, Kelsey Grammer / Sinopse: Robert De Niro interpreta um policial de Nova Iorque que passa a investigar o assassinato de duas pessoas desconhecidas, encontradas em uma cena de incêndio. Inicialmente pensa-se que foram mortas pelas chamas do fogo, mas depois descobre-se que tudo não passou de uma cortina de fumaça para esconder as provas do crime, do duplo assassinato. Filme indicado ao World Stunt Awards, o Oscar dos dublês. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

O Castelo de Vidro

Gostei bastante desse filme. O roteiro é baseado nas memórias da jornalista americana Jeanette Walls que após a morte do pai resolveu escrever um livro sobre ele. Definitivamente não era um sujeito convencional. Sempre mudando de emprego e de cidade, pai de uma família com quatro filhos, ele tentou de tudo para sobreviver, nem sempre sendo bem sucedido em seus planos. Era um homem inteligente, cheio de sonhos, mas também com problemas de alcoolismo. E como bem sabemos em situações assim os filhos é que acabam sofrendo mais. É um drama com pitadas de nostalgia, mas também de melancolia, tristeza e superação.

Vi semelhanças com outro filme de temática parecida, "Capitão Fantástico", estrelado pelo ator Viggo Mortensen, Tal como esse aqui, temos também a história de um pai de família nada comum, que procurava fugir das tais amarras da sociedade, tentando passar para os filhos uma educação diferente, ensinando a eles um outro modo ou estilo de viver. Claro que mais cedo ou mais tarde as regras da sociedade acabam esmagando suas boas intenções, porém até isso acontecer eles tentam viver de uma maneira mais livre, com mais liberdade. O pai de "O Castelo de Vidro" é interpretado por Woody Harrelson, um ator cujo trabalho sempre gostei bastante. Aqui ele repete mais uma boa atuação, só falhando um pouco por causa da maquiagem pouco convincente em uma fase mais avançada da vida. Aliás falando abertamente não há maquiagem alguma, o que traz uma certa estranheza ao ver Woody com a mesma aparência, mesmo tendo passado décadas na vida de seu personagem. 

O tal castelo de vidro do título do livro original (e do filme) é um plano de seu pai em construir uma bela casa, toda com paredes de vidro, no alto da montanha. Uma espécie de sonho que trazia esperanças para toda a família, mas que efetivamente nunca saiu do papel. A jornalista usou assim esse castelo como uma metáfora da própria vida de seu pai, que era cheia de sonhos, mas com poucos resultados práticos na vida real.  Nos momentos finais do filme temos cenas das pessoas reais da família, algumas comentando a personalidade sui generis de seu pai. Então é isso, um bom drama familiar sobre uma família que de normal e comum não tinha nada. Um bom exercício de nostalgia e reencontro com o próprio passado. 

O Castelo de Vidro (The Glass Castle, Estados Unidos, 2017) Direção: Destin Daniel Cretton / Roteiro: Destin Daniel Cretton, Andrew Lanham, baseados no livro de memórias da jornalista Jeannette Walls / Elenco: Brie Larson, Woody Harrelson, Naomi Watts, Sarah Snook / Sinopse: O filme conta a história de Rex Walls (Woody Harrelson), um homem que tinha muitos planos e sonhos em sua vida, tudo contado sob os olhos de sua filha Jeannette. Drama familiar baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

A Bruxa de Blair 2

Título no Brasil: A Bruxa de Blair 2 - O Livro das Sombras
Título Original: Book of Shadows - Blair Witch 2
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Artisan Entertainment
Direção: Joe Berlinger
Roteiro: Joe Berlinger, Dick Beebe
Elenco: Jeffrey Donovan, Stephen Barker Turner, Erica Leerhsen, Lanny Flaherty, Lynda Millard

Sinopse:
Um grupo de turistas decide visitar a região de Burkittsville, no Maryland, onde se passou a história do primeiro filme "A Bruxa de Blair". Todos querem conhecer o lugar. Todos são fãs do filme original e estão dispostos a seguir pela mesma trilha dos jovens que desapareceram na floresta.

Comentários:
Continuação do grande sucesso "A Bruxa de Blair" de 1999. A diferença principal é que o estúdio nessa sequência resolveu abandonar o estilo de falso documentário, que havia marcado tanto o primeiro filme. Ao invés disso investiram em um modelo bem mais convencional, beirando o maçante. Nem preciso dizer que o filme foi impiedosamente malhado pela crítica em seu lançamento, o que sempre considerei bem exagerado. Ok, não se trata de um filme bom ou acima da média, nada disso, porém não é tão ruim como foi dito. Tem até um uso interessante de metalinguagem, quando encontramos pessoas que viram o primeiro filme dentro desse segundo filme. Não deixa de ser algo curioso. De qualquer maneira, pela má recepção do público americano, o filme acabou sendo lançado diretamente no mercado de vídeo no Brasil. Por essa razão se tornou muito pouco conhecido por aqui, a não ser por aqueles grupinhos de fãs de terror que obviamente resolveram conferir. Então é isso, "Bruxa de Blair 2" nem precisava existir de tão dispensável que foi, porém já que foi produzido não custou nada ver por mera curiosidade. Nunca entrará em nenhuma lista de boas continuações, mas tampouco aborrece muito. Dá para ver em uma madrugada sem nada mais de interessante para se assistir.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

A Luz Entre Oceanos

Um veterano da I Guerra Mundial, cansado de tudo, do que viu nos campos de batalha, resolve se isolar. Para isso nada melhor do que ir trabalhar no farol de uma ilha distante, onde apenas ele irá viver. No começo tudo dá certo, ele até mesmo se envolve com uma garota que mora numa cidade do continente e se casa com ela. Após dois abortos a esposa começa a literalmente surtar pelo isolamento e solidão e quando um barco chega à deriva na costa, trazendo um homem morto e um bebê sobrevivente, ela decide ficar com a criança como se fosse sua filha. O problema é que seu marido acaba descobrindo quem seria a verdadeira mãe da menina, trazendo um grande conflito ético para si.

Esse "A Luz Entre Oceanos" tem um roteiro realmente muito bom. Tudo vai se armando para no final surgir o grande problema pessoal de natureza ética para o personagem de Tom Sherbourne (Michael Fassbender). Quando o bebê surgiu vivo, à deriva no barco, na costa da ilha, ele decidiu tomar a decisão certa, avisando as autoridades locais, só que sua esposa Isabel (Alicia Vikander), arrasada por dois abortos, quis desesperadamente ficar com a criança. Para sua desgraça pessoal acabou cedendo aos desejos da mulher. Só depois descobre-se que a menina de cabelos loiros era mesmo a filha desaparecida de Hannah Roennfeldt (Rachel Weisz). Assim o argumento vai pela resolução da questão: entregar a filha para a verdadeira mãe ou deixá-la com sua esposa, que cria a menina como se fosse sua filha?

Um aspecto curioso é que a ilha onde está o farol é praticamente um personagem dentro da trama. Isolada, com uma costa linda, o lugar acaba servindo de palco para o desenrolar dos acontecimentos. Chamada de Janus, em homenagem ao deus da mitologia com duas faces, o lugar fica bem no meio de dois oceanos. Esse mesmo deus deu origem ao nome do mês de janeiro, justamente por ter dois rostos, um olhando para o ano que nasce e outro para o ano que se vai. O mesmo vale para a dualidade da situação central do roteiro, com uma filha sendo disputada por duas mulheres, a mãe real e a mãe que a salvou e a adotou. Um drama de época muito interessante, com uma excelente cena final. Recomendo sem reservas.

A Luz Entre Oceanos (The Light Between Oceans, Inglaterra, Estados Unidos, Nova Zelândia, 2016) Direção: Derek Cianfrance / Roteiro: Derek Cianfrance, baseado no romance escrito por M.L. Stedman / Elenco: Michael Fassbender, Alicia Vikander, Rachel Weisz / Sinopse: Uma criança, resgatada em um barco à deriva na costa de uma ilha isolada, é adotada informalmente pela esposa do faroleiro. Quando esse descobre a verdadeira identidade da mãe se cria uma situação delicada, envolvendo conflitos éticos e familiares. Filme indicado ao Leão de Ouro no Venice Film Festival na categoria de Melhor Filme.

Pablo Aluísio.

A Corrente do Bem

Título no Brasil: A Corrente do Bem
Título Original: Pay It Forward
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Mimi Leder
Roteiro: Catherine Ryan Hyde, Leslie Dixon
Elenco: Kevin Spacey, Haley Joel Osment, Helen Hunt, Jim Caviezel, Angie Dickinson, Jon Bon Jovi

Sinopse:
Um professor de high School (o equivalente ao ensino médio no Brasil) encoraja seus alunos a tornarem o mundo um lugar melhor, criando uma corrente de bons atos, boas intenções e atitudes, uma verdadeira corrente do bem. Filme premiado pelo Young Artist Awards na categoria de Melhor ator juvenil (Haley Joel Osment).

Comentários:
Sempre achei meio bobinho, com mensagem de boas intenções de botequim ou de livros de auto ajuda, daqueles bem clichês. Nada especial ou muito inteligente, só meio piegas mesmo. De qualquer maneira a coisa só piorou com o tempo, principalmente agora que o ator Kevin Spacey foi denunciado por assediar um ator de apenas 14 anos de idade, o que nos Estados Unidos é uma acusação bem séria de se enfrentar (e que dá cadeia, inclusive). Para escapar da fama de pedófilo o Spacey precisou sair do armário, dizendo que era gay, algo que enfureceu o movimento GLSBT americano, já que de forma subliminar envolveu homossexualidade com pedofilia. O mar definitivamente não está para peixe na vida dele. E nesse filme aqui o Kevin Spacey interpretava justamente um professor muito bem intencionado que se relacionava (no sentido certo da palavra) com jovens e adolescentes. É um filme que nasceu para passar na Sessão da Tarde pela eternidade e que agora corre o sério risco de virar uma piada de humor negro involuntária contada pelo destino! Quem diria...Ah e antes que me esqueça: o elenco de apoio tem desde a diva do cinema clássico Angie Dickinson, passando pelo "Jesus" Jim Caviezel, indo parar no rei do rock farofa, Bon Jovi. Uma salada ao estilo mistureba para todos os gostos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

África dos Meus Sonhos

Título no Brasil: África dos Meus Sonhos
Título Original: I Dreamed of Africa
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Hugh Hudson
Roteiro: Paula Milne
Elenco: Kim Basinger, Vincent Perez, Eva Marie Saint, Daniel Craig, Liam Aiken, Nick Boraine

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Kuki Gallmann, o filme narra a história de uma socialite italiana que decide mudar de vida após um grave acidente de carro. Ela repensa sua vida e deixa tudo para trás ao se apaixonar por um homem que vive na África, na região do Quênia. Deixando a civilização de lado ela mergulha nos desafios e nas belezas do continente africano.

Comentários:
Esse filme chegou a ter uma certa repercussão em festivais importantes como Cannes, mas de uma maneira em geral não fez qualquer sucesso entre o público. No Brasil foi lançado diretamente no mercado de vídeo VHS, sem causar qualquer impacto. É um filme realmente fraco que usa pela milionésima vez o lado mais exótico da África para atrair o público americano. Se isso deu certo em obras como "Entre dois amores" aqui passa muito longe de ser relevante.  Kim Basinger, já um pouco diferente por causa da idade, até tentava sensualizar em certos momentos, mas a coisa toda não deu certo. Hoje em dia, revista, essa produção vale mais por encontrar o jovem ator (e ainda desconhecido) Daniel Craig tentando chamar alguma atenção. Ele ainda estava muito distante de James Bond, mas já demonstrava um certo carisma e presença de cena no filme. Outro bom nome do elenco vem com Eva Marie Saint, a veterana atriz da fase de ouro do cinema americano. A classe continuava a mesma, pena que sua personagem não tinha mesmo muito destaque. Então é isso, "África dos Meus Sonhos" podia até ter uma boa fotografia, mas no geral não convencia muito, em nada.

Pablo Aluísio.

Lady Macbeth

Situação mais comum do que se pensa, apesar do filme se passar na era vitoriana. Homem mais velho, rico e rude, casa-se com jovem garota, pobre, que praticamente lhe foi vendida pelos próprios pais. Não existe amor envolvido, apenas um jogo de interesses sórdidos. Pois bem, a garota até tenta, no começo, satisfazer os estranhos desejos de seu novo marido, mas tudo vai por água abaixo. Ele viaja por longos períodos, a negligencia, não a trata com respeito e nem com dignidade. Viajando para longe,  deixa a jovem esposa em casa. Uma mulher no auge de sua jovialidade, sexualidade. Não é complicado entender o que vem a seguir. Logo ela está tendo um caso com um dos empregados da fazenda. Um conto sobre traição em tempos moralmente bem rígidos. O interessante desse roteiro é que desde o começo da história o espectador se solidariza com a jovem esposa. Afinal o marido é um tipo indigesto, absurdamente asqueroso. 

Só que conforme os acontecimentos vão se desenvolvendo (e eles são mórbidos, para se dizer o mínimo), vemos claramente que a protagonista Katherine não é uma heroína de folhetins românticos. Bem longe disso. Ela é de certa forma uma pessoa bem mais sórdida que seu próprio esposo, o que vai deixar muita gente surpresa. Essa personagem tão dúbia é interpretada pela atriz britânica Florence Pugh. Não a conhecia e gostei de seu trabalho. Há um certo olhar psicopata em sua frieza e modo de ser. Tudo acabou sendo muito bem captada por Pugh. Esse filme é mais uma produção da BBC e mostra que a produtora é certamente um porto seguro para quem gosta de boas produções embaladas por roteiros bem escritos e atuações mais sutis. O clima em geral aqui é bem mais gélido, como se fosse um retrato da própria Katherine, um tipo de mulher mal tratada pela vida que parece ter transformado a frase "O fim justifica os meios" em algum tipo de filosofia pessoal. Só não precisava ir tão longe em suas ambições.

Lady Macbeth (Inglaterra, 2016) Direção: William Oldroyd / Roteiro: Alice Birch, baseada na peça teatral "Lady Macbeth of Mtsensk" de Nikolai Leskov / Elenco: Florence Pugh, Cosmo Jarvis, Paul Hilton, Naomi Ackie / Sinopse: Durante a era vitoriana jovem esposa, casada sem amor com homem mais velho e rico, resolve ter um caso amoroso com um dos empregados de seu marido, causando uma série de acontecimentos trágicos. Filme indicado ao London Film Festival.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Feitiço Branco

Título no Brasil: Feitiço Branco
Título Original: White Witch Doctor
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Ivan Goff, Ben Roberts
Elenco: Susan Hayward, Robert Mitchum, Walter Slezak
  
Sinopse:
Ellen Burton (Susan Hayward) é uma enfermeira americana que aceita o convite para trabalhar em um posto médico avançado no interior selvagem do país africano do Congo. A região é de complicado acesso, assim ele precisa contar com o apoio do aventureiro John 'Lonni' Douglas (Robert Mitchum) que ganha a vida como mercador de animais selvagens para os principais zoológicos do mundo. Ele tem suspeitas de que uma tribo isolada da civilização guarda em seu poder um manancial enorme de ouro, algo que ele precisa conferir com os próprios olhos, enquanto finge apenas ajudar Ellen em sua viagem de trabalho.

Comentários:
Apesar do filme ter sido dirigido pelo especialista Henry Hathaway, cineasta que assinou tantos clássicos da era de ouro do cinema clássico americano e do excelente elenco liderado pela carismática Susan Hayward e pelo sempre competente Robert Mitchum, "White Witch Doctor" se revelou realmente um pouco decepcionante. Inicialmente se percebe que o roteiro quis mesmo se inspirar nos antigos seriados de aventuras que reinaram nas matinês das décadas de 1930 e 1940, além de obviamente se mostrar bem próximo dos filmes de Tarzan, que ainda faziam grande sucesso de bilheteria nos cinemas naquela época. O problema é que em nenhum momento a trama se decide entre virar um filme dramático, romântico ou de aventura. Fica tudo no meio termo e nada é desenvolvido até o fim. Em termos de aventura "Feitiço Branco" tem pouco a oferecer, se resumindo mesmo em poucas cenas de combates ou ação. O herói Mitchum passeia em cena como uma figura heróica e aventureira, mas ao mesmo tempo também gananciosa, pois ele está de olho numa fortuna em ouro escondido nos confins da África negra. 

Seu romance com a personagem de Susan Hayward também não vai adiante, se resumindo em alguns beijinhos esporádicos e flertes casuais. Tampouco o lado mais dramático do roteiro pode ser considerado bom. Ele se desenvolve no idealismo da enfermeira que decide ir para o Congo para tratar de populações carentes da região. O problema é que uma vez lá ela não encontra mais a médica com a qual iria trabalhar, pois ela teria morrido por uma doença tropical. Sobra assim poucos momentos realmente interessantes nesse aspecto. Ela até tenta salvar vidas, mas como apenas é uma enfermeira e não uma médica e pouco conhece das doenças daquela parte do mundo tudo parece seguir em vão. Por fim temos que admitir também que a produção deixa a desejar em certos momentos. É nitidamente B. O uso excessivo de externas filmadas na África sendo projetadas nas costas do elenco incomoda. Os cenários pintados a mão também não convencem. Há um gorila em cena, logo no começo do filme, mas ele é tão mal feito, deixando tão claro que é um ator vestido de macaco, que chega a criar um humor involuntário, algo muito ruim para um filme como esse. Enfim, uma aventura que envelheceu mal, ficou muito datada e com roteiro inconclusivo e indeterminado. Definitivamente não é dos melhores.

Pablo Aluísio.