quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Homem-Aranha: De Volta ao Lar

Esse novo filme do Spider-Man não tem nada a ver com a trilogia original estrelada por Tobey Maguire, tampouco com aquela mais recente franquia inaugurada com o filme "O Espetacular Homem-Aranha", que tinha como ator o Andrew Garfield. Na verdade essa nova linha de filmes nasce quase como um spin-off do último filme dos Vingadores. Isso fica bem claro logo nas primeiras cenas, que foram retiradas justamente do filme anterior. Aqui o Peter Parker é apenas um colegial de 15 anos. Entre os problemas escolares ele tenta cair nas graças do industrial Tony Stark (Robert Downey Jr.). Ele mesmo, o Homem de Ferro. Enquanto um convite para fazer parte dos vingadores não sai, ele vai enfrentando os problemas próprios da idade, como a garota que ele é afim, que não lhe dá muita bola e o amigo nerd, que mais atrapalha do que ajuda. E para complicar ainda mais sua vida surge um novo vilão, o Abutre, interpretado por Michael Keaton. Para quem já foi Batman e Birdman nas telas, nada de novo! O roteiro é muito divertido, virando praticamente um filme de adolescente dos anos 80. Poderíamos até dizer que seria um tipo de "Ferris Bueller encontra Peter Parker" (usando aqui como referência o filme "Curtindo a Vida Adoidado", clássico de John Hughes). Claro que isso também significa que temos pela frente uma série de clichês desse tipo de produção, como o baile de formatura, os valentões dos corredores da escola, a garota amada platonicamente e coisas do tipo. Nada realmente muito original.

Porém a despeito disso há também excelentes cenas. Dizem que para um filme ser considerado realmente muito bom deve haver pelo menos 3 boas cenas. Aqui temos todas elas. A primeira quando o Homem-Aranha tenta salvar os estudantes no monumento de Washington, a segunda no barco que vai se partindo ao meio e a terceira, no clímax, quando finalmente o cabeça de teia enfrenta o abutre com suas asas mecânicas. Para encaixar ainda mais clichês de filmes adolescentes os roteiristas colocaram o vilão como o pai da garota que Peter Parker é apaixonado - uma sacada óbvia, mas que funciona muito bem! Entre tantas boas cenas e muita ação, recheadas com o melhor que os efeitos digitais conseguem reproduzir na tela do cinema, temos assim um dos blockbusters mais divertidos do ano. Em nenhum momento ofende a inteligência do espectador e nem a sensibilidade (sempre à flor da pele) dos leitores dos quadrinhos. A Marvel aliás vive um momento estranho em sua história, acertando quase sempre no cinema e errando absurdamente nas suas publicações em quadrinhos! Enquanto na sétima arte eles só tem acertos, na nona arte estão derrapando feio! Quem diria...

Homem-Aranha: De Volta ao Lar (Spider-Man: Homecoming, Estados Unidos, 2017) Direção: Jon Watts / Roteiro: Jonathan Goldstein, John Francis Daley, baseados nos personagens criados por Stan Lee, Steve Ditko e Jack Kirby / Elenco: Tom Holland, Michael Keaton, Robert Downey Jr, Marisa Tomei, Jon Favreau, Gwyneth Paltrow, Chris Evans / Sinopse: O jovem Peter Parker (Holland) precisa enfrentar os problems típicos de sua idade, ao mesmo tempo em que investiga a venda de armas ilegais no mercado negro. Os armamentos baseados em tecnologia extraterrestre foram criados por Adrian Toomes (Michael Keaton), um inescrupuloso empreiteiro da construção civil. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Hannibal

O primeiro filme "O Silêncio dos Inocentes" já é considerado um clássico moderno do cinema. Muito bom, acima da média, não há o que discutir sobre isso. Já esse segundo filme dessa franquia, intitulado "Hannibal", é seguramente uma das piores sequências que já assisti em minha vida. O que não deixa de ser surpreendente pois foi dirigido por um grande mestre, Ridley Scott. Além disso o elenco era inegavelmente excelente, contando com Julianne Moore e Gary Oldman, além de trazer de volta  Anthony Hopkins como o Dr. Hannibal Lecter. O que deu errado então? Em minha opinião o maior problema dessa sequência não foi necessariamente cinematográfico, mas sim literário. Explico. Thomas Harris escreveu um livro muito ruim, justamente o que foi usado para adaptação pelo roteiro desse filme. Como o material original já não tinha qualidade como esperar então que o filme ficasse bom? Simplesmente impossível.

A história é péssima. O que era sutil e elegante no primeiro filme aqui se tornou apenas grotesco.  Anthony Hopkins continua perfeito em sua caracterização, mas como já escrevi, a trama não ajuda. Provavelmente o escritor Thomas Harris estava com alguma crise de criatividade quando começou a escrever esse enredo. Provavelmente pressionado pelas editoras, que cobiçavam novamente obter ótimas vendas, ele acabou escrevendo qualquer coisa, estragando de certa maneira sua própria criação. O que sobrou foi apenas uma cópia pálida e mal feita do livro original. Nem o talentoso David Mamet salvou o roteiro de ser um desastre! Diante de tudo isso o diretor Ridley Scott até tentou fazer algo, usando inclusive de uma bonita fotografia (a cargo do diretor de fotografia John Mathieson), mas no final todo esse esforço acabou sendo em vão. Fui assistir ao filme no cinema e fiquei decepcionado na época. O tempo também não ajudou em nada. Numa revisão anos depois não melhorou em nada. É uma decepção pura e simples. Apenas isso.

Hannibal (Estados Unidos, 2001) Direção: Ridley Scott / Roteiro: David Mamet e Steven Zaillian, baseados na obra original escrita por Thomas Harris / Elenco: Anthony Hopkins, Julianne Moore, Gary Oldman, Ray Liotta / Sinopse: De volta às ruas e exilado, bem distante, para evitar ser preso novamente por seus crimes, o médico e psicopata Dr. Hannibal Lecter (Hopkins) resolve se reconectar novamente com a agente Clarice Starling (Julianne Moore), criando um estranho vínculo entre ambos. Filme lançado posteriormente no box "The Hannibal Lecter Anthology" em DVD, com cenas adicionais.

Pablo Aluísio.

Segurança em Risco

Antonio Banderas interpreta um ex-capitão do exército americano que após deixar as forças armadas consegue um emprego como segurança de shopping center no período noturno. Logo no seu primeiro dia de trabalho ele é levado a abrir as portas do estabelecimento durante a madrugada para acolher uma jovem garota que parece estar apavorada, desesperada, por estar fugindo de alguém. No começo Banderas e seus colegas de trabalho pensam se tratar de uma menina que apenas fugiu de casa por uma situação banal qualquer, só que ela na verdade é uma testemunha de um caso envolvendo um perigoso criminoso internacional. Seu pai foi contador da quadrilha. Acabou sendo morto por eles, que agora querem liquidar a garota. Com o shopping cercado, sem possibilidade de comunicação, eles precisam sobreviver durante à noite, antes que sejam mortos por esses bandidos.

Um filme de ação até bem OK! Antonio Banderas nem é o tipo de ator que você iria esperar encontrar em uma fita como essa. Está mais para Stallone ou Bruce Willis. Afinal ele nunca foi um ator especializado em produções como essa. Porém até que não se saiu mal. Barbudo, com cara de poucos amigos, o espanhol até que segura bem as pontas. Outro nome do elenco que ajuda bastante nesse filme - que inegavelmente tem um roteiro bem básico - é o premiado Ben Kingsley. Ele interpreta o vilão, com olhares psicopatas... numa atuação que chega até mesmo a ser divertida. Ben é uma espécie de "operário padrão" do cinema. Faz um filme atrás do outro, sem pausas na carreira. Mesmo com quase 140 filmes no currículo não parece disposto a se aposentar. Prestes a completar 75 anos de idade é de uma capacidade de trabalho de invejar muita gente jovem por aí! Sua atuação acaba sendo a melhor coisa dessa fita de ação sem maiores novidades, que a despeito disso, pode vir a divertir em uma noite sem ter nada mais de interessante a assistir.

Segurança em Risco (Security, Estados Unidos, 2017) Direção: Alain Desrochers / Roteiro: Tony Mosher, John Sullivan / Elenco: Antonio Banderas, Ben Kingsley, Liam McIntyre / Sinopse: Ex-capitão do exército americano trabalhando como segurança noturno em um shopping center precisa evitar que uma quadrilha de assassinos entre no estabelecimento em que trabalha. Eles querem matar uma jovem que irá testemunhar contra um criminoso internacional.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Vovó... Zona

Título no Brasil: Vovó... Zona
Título Original: Big Momma's House
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox,
Direção: Raja Gosnell
Roteiro: Darryl Quarles
Elenco: Martin Lawrence, Nia Long, Paul Giamatti, Jascha Washington, Terrence Howard, Anthony Anderson

Sinopse:

A fim de proteger uma bela mulher e seu filho de um ladrão, um agente do FBI se disfarça de uma grande avó. E as confusões só aumentam com o passar do tempo, pois o disfarce acaba se tornando um problemão.

Comentários:
Dentro da carreira do ator e comediante Martin Lawrence esse filme pode ser considerado um ponto alto, um pico. E de fato fez sucesso, com mais de 200 milhões de dólares arrecadados nas bilheterias. Porém saindo de dentro de um fã clebe desse artista o que podemos dizer? É um filme fraco, que tem um roteiro básico que se apóia completamente na questão do agente se fazendo passar por uma vovó. Tem bons momentos? Sim, tem. Há boas piadas. Não poderia deixar de ser, já que não existem comédias completamente desprovidas de pelo menos um bom momento de humor. Agora, no conjunto da obra, nada a dizer. O filme é sim fraco, completamente descartável.

Pablo Aluísio.

As Férias do Pequeno Nicolau

Título no Brasil: As Férias do Pequeno Nicolau
Título Original: Les vacances du petit Nicolas
Ano de Produção: 2014
País: França
Estúdio: Fidélité Films, M6 Films
Direção: Laurent Tirard
Roteiro: René Goscinny, Jean-Jacques Sempé
Elenco: Valérie Lemercier, Kad Merad, Dominique Lavanant, François-Xavier Demaison, Bouli Lanners

Sinopse:
Depois do fim do ano letivo o garoto Nicolau parte de férias com os pais e a avó. É a chance de aproveitar o litoral, a praia e o verão. Chegando lá conhece uma garota, a bela Isabelle, pela qual se apaixona pela primeira vez.

Comentários:
A Rede Globo exibe hoje esse filme na Sessão da Tarde. Não deixa de ser algo positivo, um filme francês sendo exibido em um canal aberto no Brasil. Apesar disso é um filme bem leve, com uma estorinha de amor na pré-adolescência. Nada muito significativo, afinal não é uma obra prima do cinema. Mesmo assim vai agradar ao público mais jovem, justamente o que está na faixa etária da meninada mostrada no filme. E até que não é um filme ruim, pois até tem seus bons momentos, que não são muitos, mas que servem para passar o tempo. Como a garotada está de férias, em casa, durante a tarde, pode ser uma opção de lazer, um filme tipicamente de verão, com a única diferença de ter sido produzido na França, a terra dos inventores do cinema. O filme é inédito, sendo exibido pela primeira vez no Brasil.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de setembro de 2017

Annabelle 2: A Criação do Mal

Essa série de bons filmes de terror começou lá atrás, com o primeiro "Invocação do Mal". Desde então um certo nível de qualidade tem se mantido, nunca decaindo, mesmo agora no quarto filme dessa franquia. O interessante é que todos os filmes podem ser assistidos de forma independente, pois possuem arcos narrativos fechados. Por essa razão se você nunca viu nenhum deles, não precisa se preocupar, pode assistir a esse "Annabelle 2: A Criação do Mal" sem maiores problemas. Bom, como o próprio título sugere temos aqui a origem da maldição sobrenatural que parece cercar essa boneca chamada Annabelle. Para isso o espectador é transportado para a década de 1950. Em um pacato rancho mora uma família aparentemente muito feliz. Pai, mãe e a pequena filha, uma criança adorável chamada justamente Annabelle.

O pai é um construtor artesanal de bonecas infantis e o primeiro exemplar de um novo modelo acabará tendo um papel vital dentro dessa história. Após participarem de um culto na igreja local a família volta para casa. No meio do caminho o motor do carro quebra. O pai tenta consertar e no meio da estrada, durante uma distração, a pequena Annabelle é atropelada por um caminhão. Passam-se os anos e reencontramos o mesmo casal, agora mais envelhecido e destruído emocionalmente pela morte da filha. A casa onde moram é bem espaçosa e... vazia. Assim eles decidem ajudar um orfanato da região, abrigando um grupo de meninas órfãs. Assim que elas se mudam, sob a supervisão da freira irmã Charlotte, começam a acontecer os eventos sobrenaturais. Tudo leva a crer que a alma de menina morta Annabelle está de volta ao seu antigo lar... mas será que a doce menina das aparições nas sombras é realmente ela?

Revelar mais seria estragar parte das boas surpresas desse bom roteiro. No quadro geral poderia dizer que "Annabelle 2: A Criação do Mal" é de fato um terrorzão dos bons, seguindo uma linha mais tradicional, que parecia um pouco perdida depois que os efeitos digitais invadiram o cinema. Aqui eles são usados, mas de forma mais inteligente e discreta. O diretor David F. Sandberg preferiu usar o medo natural das pessoas em relação às sombras e vultos escondidos pelos cantos obscuros da casa. Com isso o filme ganhou bastante em suspense. Some-se a isso o ótimo elenco formado por jovens atrizes que interpretam as meninas órfãs que vão morar na antiga casa de Annabelle. Com todos os elementos inseridos nos lugares certos não é de se admirar que o filme tenha ficado tão bom. Realmente é uma ótima opção para os fãs dos filmes de terror ao velho estilo. Não vá deixar passar em branco.

Annabelle 2: A Criação do Mal (Annabelle: Creation, Estados Unidos, 2017) Direção: David F. Sandberg / Roteiro: Gary Dauberman / Elenco: Anthony LaPaglia, Samara Lee, Miranda Otto, Lulu Wilson, Talitha Eliana Bateman / Sinopse: Arrasados emocionalmente após a morte da pequena filha de dez anos, um casal decide abrir sua casa para um grupo de meninas órfãs mantidas pela Igreja Católica. Assim que elas se mudam para o lugar - um rancho distante da cidade - eventos sobrenaturais começam a acontecer pela casa. Será a pequena Annabelle retornando do mundo dos mortos?

Pablo Aluísio.

Prova de Vida

Esse filme foi um grande fracasso comercial por causa de um escândalo ocorrido durante as filmagens. A atriz Meg Ryan teve um caso amoroso com Russell Crowe. Até aí tudo bem, já que não era nenhuma novidade que atrizes namorassem atores durante a produção de filmes. Basta lembrar do caso envolvendo Elizabeth Taylor e Richard Burton no set de "Cleópatra". O que pegou mal mesmo foi o fato de que Ryan ainda era casada com Dennis Quaid. Como o romance entre Meg e Russel não foi nada discreto, acabou se tornando bem vergonhoso para todos os envolvidos. O troco veio quando o filme chegou nos cinemas. O público americano simplesmente boicotou o filme, um tipo de protesto moral contra tudo o que rolou durante a produção da fita. Afinal a sociedade americana gosta de se ver como sendo ainda puritana, embora não seja de verdade.

A despeito disso quem ficou em casa acabou se dando bem. Não por causa desse falso moralismo que atingiu as pessoas na época, mas simplesmente porque o filme era ruim demais mesmo! Esse é daquele tipo sem salvação, com péssimo roteiro, trama confusa e mal escrita, elenco desinteressado e produção capenga. Tudo o que poderia dar errado acabou dando. É seguramente o pior trabalho do cineasta Taylor Hackford, que já havia provado inúmeras vezes que tinha talento. Ele dirigiu entre outros, filmes muito bons, diria até excelentes, como "A Força do Destino", "O Sol da Meia Noite" e "Advogado do Diabo". Sua carreira só não afundou nesse aqui porque ele conseguiu recuperar a confiança dos estúdios e realizou o ótimo "Ray", a biografia de Ray Charles que foi grande sucesso de público e crítica, dando o Oscar para o ator Jamie Foxx. Já Meg Ryan não teve a mesma sorte. Culpada por tudo (numa visão bem machista, vamos admitir) ela viu sua carreira afundar de vez. Nunca mais seria considerada a "namoradinha da América", título que havia ganho no auge de sucesso de suas comédias românticas.

Prova de Vida (Proof of Life, Estados Unidos, 2000) Direção:  Taylor Hackford / Roteiro: Tony Gilroy, William Prochnau / Elenco: Meg Ryan, Russell Crowe, David Morse / Sinopse: Engenheiro norte-americano é feito refém por guerrilheiros africanos. Para tentar salvar sua vida sua esposa resolve contratar os serviços de um negociador e perito em armas e situações como essa.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de setembro de 2017

Sete Homens e um Destino

Uma pequena cidade do velho oeste vive sob o jugo de um empresário inescrupuloso chamado Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard). Usando da violência e força bruta, respaldado por um exército de bandidos, ele humilha e extorque toda a população. Procurando por ajuda alguns moradores vão atrás de alguém que os protejam e encontram o que procuravam na figura do pistoleiro Chisolm (Denzel Washington), que forma um grupo de sete homens para libertar todas aquelas pessoas subjugadas pelo crime. Agora, ao lado de todos, eles vão tentar expulsar Bogue daquela região, custe o que custar. Aqui temos mais um remake de um filme clássico do passado. Eu já deixei claro inúmeras vezes que não gosto de remakes cinematográficos. De forma em geral eles são inúteis, desnecessários e muitas vezes decepcionantes. Essa é praticamente uma regra geral. Então no deserto de originalidade em que vive Hollywood nos dias atuais eis que surge o remake do clássico de western "The Magnificent Seven" que, por sua vez, é sempre bom lembrar, já era uma versão Made in USA do filme de Akira Kurosawa, "Os Sete Samurais".

Pois bem, nesse novo filme, turbinado por um orçamento generoso, tendo como destaque a presença do astro Denzel Washington, temos algumas modificações na estória, muito embora a espinha dorsal dos filmes originais se tenha mantido. Basicamente é a mesma coisa, com pessoas de uma cidade oprimida por uma quadrilha que procuram por alguma ajuda. Embora seja um bom faroeste - é inegável isso - essa nova versão tem alguns problemas. O primeiro deles é o fato do diretor Antoine Fuqua ter optado por realizar um filme longo demais. Esse tipo de filme, com esse tipo de enredo, não necessita de uma metragem tão extensa. Se o corte final fosse mais enxuto penso que o filme ganharia mais em termos de agilidade e edição. O fato de Fuqua ter procurado levar à sério demais o próprio enredo também é um problema. Nunca foi essa a proposta da primeira versão americana. Por fim temos a violência, que em determinados momentos extrapola um pouco. São problemas eventuais, pontuais, que não chegam a atrapalhar muito. O filme foi malhado bastante desde que foi lançado, mas penso que não é para tanto. É um faroeste bem produzido, com um elenco interessante, embora em minha opinião Denzel Washington esteja um pouco fora de seu habitual. Passa longe de ser tão ruim como alguns críticos afirmaram. Na verdade, na pior das hipóteses, temos aqui pelo menos uma boa diversão. Sim, continua desnecessário, como todo remake, mas com um pouquinho de boa vontade até que não faz feio. Escapou de ser um filme inútil.

Sete Homens e um Destino (The Magnificent Seven, Estados Unidos, 2016) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) Direção: Antoine Fuqua / Roteiro: Nic Pizzolatto, Richard Wenk / Elenco: Denzel Washington, Chris Pratt, Ethan Hawke, Vincent D'Onofrio, Peter Sarsgaard, Manuel Garcia-Rulfo / Sinopse: Um pequeno e pacata vilarejo, oprimido por uma quadrilha de mercenários, bandoleiros e ladrões, pede ajuda a um pequeno grupo de pistoleiros que se dispõe a ajudá-los. Filme baseado no clássico "The Magnificent Seven" de 1967. Filme indicado ao Black Reel Awards na categoria de Melhor Ator (Denzel Washington).

Pablo Aluísio.

Snatch: Porcos e Diamantes

Guy Ritchie pode ser um diretor bem pedante. Um exemplo disso você encontra nesse "Snatch: Porcos e Diamantes" (2000). A intenção do cineasta era realizar um filme bem estilizado, com muita violência e longos diálogos, ao estilo Tarantino, só que tudo passado em uma Londres escura, chuvosa e cheia de criminalidade. Nos becos escuros da cidade convivia toda uma fauna de escroques de todos os tipos: promotores desonestos de lutas de boxes, cobradores violentos de apostas ilegais, membros da máfia russa, ladrões de bancos incompetentes, etc. Só a escória, sem mocinhos e heróis, só bandidos e vilões. Ritchie tinha mesmo uma pequena obsessão por esses tipos. Só que no meio de tantos personagens, usando e abusando de um roteiro ao estilo mosaico, tudo acabou se perdendo, ficando diluído demais.

Claro que a crítica adorou e elevou o filme a um dos melhores da década, mas isso foi obviamente um exagero da imprensa. Embora o filme tenha alguns bons momentos, no geral ele se torna estilizado demais, caindo para a caricatura pura e simples (o que não foi nada bom para o resultado final). Quando os personagens começam a agir como se estivessem em um desenho animado ultra violento, a sensação é mesmo de que há algo de errado no filme. No final das contas o que salva "Snatch" de ser uma pura perda de tempo é o seu elenco. Brad Pitt, Benicio Del Toro e até Jason Statham estão muito bem em cena. Eles demonstram foco, querendo dar mesmo o melhor de si. Pena que a direção pesada demais de Guy Ritchie acabou prejudicando mais do que ajudando o elenco. Então é isso. Esse é um exemplo perfeito de um filme superestimado pela crítica da época, que acabou prejudicado por seus próprios exageros. Revisto hoje em dia suas falhas se tornam bem mais óbvias.

Snatch: Porcos e Diamantes (Snatch, Inglaterra, França, 2000) Direção: Guy Ritchie / Roteiro: Guy Ritchie / Elenco:  Jason Statham, Brad Pitt, Benicio Del Toro, Vinnie Jones / Sinopse: Um grupo de criminosos tenta, rivais entre si, tenta colocar as mãos em um lote de diamantes roubados. Filme premiado pelo Empire Awards na categoria de melhor direção - filme britânico (Guy Ritchie). Também indicado na categoria de melhor filme britânico do ano de 2000.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

O diretor Luc Besson literalmente torrou 177 milhões de dólares para levar ao cinema essa adaptação dos quadrinhos franceses "Valerian and Laureline" de Jean-Claude Mézières e Pierre Christin. Poucas pessoas conhecem a obra original que hoje em dia chama mais a atenção pelo fato de George Lucas ter se inspirado justamente nela para criar o seu universo próprio de "Star Wars". As semelhanças são muitas. Certos personagens são praticamente os mesmos dos filmes de Lucas, com pequenas variações. A questão porém é que como se trata de quadrinhos dos anos 60 e 70, poucos jovens a conhecem. Assim não foram ao cinema conferir esse filme. Com uma bilheteria de pouco mais de 40 milhões de dólares a fita já é considerada um dos grandes fracassos comerciais do ano. Até o diretor do estúdio que a produziu foi demitido essa semana. O prejuízo passa dos 100 milhões de dólares, o que deve enterrar futuras adaptações desse universo. E pensar que esse filme deveria ser o primeiro de uma longa franquia...

Apesar disso, do filme ter afundado nas bilheterias, devo dizer que gostei do resultado. Artisticamente tudo é muito bem cuidado e desenvolvido. O roteiro é bom. Partindo da premissa que "Valerian and Laureline" tem centenas de edições, com uma longa e complexa saga nos quadrinhos, o roteiro escrito pelo próprio diretor Luc Besson foi muito bem adaptado. Ele consegue apresentar todos os personagens com êxito para o espectador que nunca leu na vida uma HQ dessa saga. Além disso imprime um ritmo muito bom e eficiente no próprio enredo. Tampouco nega as origens juvenis do material original. E Besson não foi certeiro apenas no roteiro que escreveu. Ele acertou também na direção, na escolha do design de produção e nos efeitos digitais. É inegavelmente um filme muito bem realizado, que não vai decepcionar aos que gostam desse tipo de ficção de aventuras, com tudo o que podem esperar desse tipo de filme. Há todo um universo singular, com criaturas fantásticas e muita ação. Como background narrativo há ainda uma boa trama envolvendo uma raça de seres que tiveram seu planeta natal destruído. Tudo de muito bom gosto. Pena que o público de certa maneira ignorou. Pelo visto o cinema europeu ainda precisa aprender muito com o cinema americano em termos de marketing e promoção. No final das contas foi justamente isso que faltou para que essa produção milionária tivesse o sucesso que merecia.

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (Valerian and the City of a Thousand Planets, França, Alemanha, Inglaterra, 2017) Direção: Luc Besson / Roteiro: Luc Besson, baseado nos quadrinhos "Valerian and Laureline" de Pierre Christin e Jean-Claude Mézières  / Elenco: Dane DeHaan, Cara Delevingne, Clive Owen, Rihanna, Ethan Hawke, Rutger Hauer, Herbie Hancock / Sinopse: Em um futuro distante dois agentes, o Major Valerian (Dane DeHaan) e a sargento Laureline (Cara Delevingne) são enviados para recuperar um artefato importante que está nas mãos de um contrabandista infame. O objeto tem ligação com a destruição de um planeta de uma civilização pacífica e desenvolvida, cujos últimos descendentes farão de tudo para também recuperar esse artefato.

Pablo Aluísio.