Quando “Prometheus” foi anunciado as expectativas em fãs do gênero Ficção ficaram altas. Não era para menos. Era o retorno de Ridley Scott a um universo do qual ele já legou grandes filmes na história do cinema. Além disso havia uma tênue ligação entre essa produção e a série Aliens (que se confirma na cena final do filme). Pois bem, passado a euforia inicial o que sobrou após sua exibição é o gosto amargo da decepção. Eu queria gostar do filme, queria muito, mas foi impossível. “Prometheus” até começa bem, o argumento é intrigante, não há como negar: uma expedição científica vai até uma região remota do universo em busca de pistas sobre a origem da humanidade. Pesquisadores estudaram antigos registros arqueológicos de diferentes civilizações e todas elas apontavam para um lugar específico do cosmos. E é justamente para lá que um grupo de pesquisadores parte em busca das origens da raça humana na terra. Já deu para perceber que no fundo estamos diante de uma derivação de uma tese muito conhecida dentro da ufologia que defende que os humanos no fundo descendem de astronautas vindos de outros planetas. Essa teoria ficou bastante conhecida do público em geral por causa do livro “Eram os Deuses Astronautas?” de Erich Von Däniken. Como se pode perceber a premissa é muito boa mas infelizmente o desenvolvimento é de amargar. O roteiro não tem sutileza, é muito fantasioso, cheio de furos e ignora aspectos óbvios ao longo do filme. Em nenhum momento se desenvolve melhor a própria exploração naquele distante ponto do universo. Tudo é mal desenvolvido, mal explorado. O texto é realmente péssimo. Os diálogos são constrangedores e o script mal escrito. A única coisa que se salva é o aspecto técnico visual da produção. De fato pode-se dizer que “Prometheus” é um filme bonito de se ver mas isso adianta alguma coisa quando não há nenhum conteúdo por trás?
Esqueça qualquer esperança de encontrar um roteiro inteligente pela frente. “Prometheus” só consegue ser grotesco no final das contas. Os membros do grupo, que supostamente deveriam ser pessoas cultas e preparadíssimas para uma missão tão importante, não passam de ignóbeis que se comportam como adolescentes bobocas. Falam palavrões, um atrás do outro e não demonstram qualquer conduta científica ou profissional em nenhum momento. A caracterização e o desenvolvimento do roteiro são mal feitos. Como se não bastasse os personagens são totalmente desprovidos de carisma. Sem um foco o público logo deixa de se importar com o que acontece com eles em cena. Nenhum papel é marcante e os atores não parecem muito interessados. Há cenas que deveriam ser supostamente impactantes mas que só conseguem dar vergonha alheia (como a da auto-cirurgia para retirada de um monstro espacial em forma de lula do ventre de uma tripulante). Em outra sequência ainda mais estúpida um biólogo espacial acha uma “gracinha” uma criatura que surge no meio de uma caverna sinistra. Sua atitude é sem noção e totalmente inverossímil. Essas situações mal escritas, mal executadas, vão minando a credibilidade de “Prometheus” aos poucos. O que parecia ser muito promissor acaba desbancando para o infantilóide, para a irrelevância. Cientificamente o filme é uma piada. Nada do que se vê na tela pode ser levado minimamente à sério nesse sentido. Nenhuma ideia do roteiro dará margem a qualquer tipo de debate sério. Sendo sincero é um filme de monstros infanto-juvenil com verniz de falsa profundidade. O resultado final, não há como negar, é bem decepcionante. Filme fraco em essência, vazio, metido a intelectual (sem ser) e que só causa decepção em quem assiste. Não é inteligente, não é profundo, não é nada, é apenas uma tremenda bobagem decepcionante. Que decepção Sr. Ridley Scott!
Prometheus (Prometheus, Estados Unidos, 2012) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Jon Spaihts, Damon Lindelof / Elenco: Charlize Theron, Michael Fassbender, Noomi Rapace, Patrick Wilson, Idris Elba, Guy Pearce, Rafe Spall, Logan Marshall-Green, Kate Dickie, Sean Harris, Emun Elliott, Vladimir "Furdo" Furdik / Sinopse: Expedição científica vai a um lugar remoto do universo em busca das origens da humanidade.
Pablo Aluísio.