quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Margin Call: O Dia Antes do Fim

Não é um filme para todos os públicos. Na realidade a trama é bem técnica e por essa razão só vai atingir mesmo plateias especificas, em especial as pessoas que foram lesadas no mercado financeiro em 2008, logo após a derrocada de grandes entidades do setor, fato que desencadeou a crise na economia americana que persiste até os dias atuais. O roteiro também não dá mole ao espectador pois usa e abusa do jargão econômico que envolve esses grandes grupos. Tudo se passa em menos de 24 horas - desde o momento em que um jovem analista descobre o rombo na agência até o momento em que desesperados os altos executivos resolvem liquidar com tudo para venderem os ativos enquanto podem, pois no mercado financeiro grandes fortunas literalmente se pulverizam da noite para o dia.

O elenco é excepcionalmente muito bom. Kevin Spacey novamente dá show ao interpretar um executivo de alto escalão em crise existencial. Os grandes momentos dramáticos do filme ocorrem justamente com ele em cena. Do outro lado da balança temos outra grande interpretação, dessa vez com Jeremy Irons, fazendo o típico “tubarão” do mercado, um sujeito que não se importa em enganar milhões de pessoas desde que não perca dinheiro diante da crise eminente. Para um filme que se sustenta basicamente em interpretações individuais e diálogos a presença desses grandes atores garante o alto nível do programa. Enfim, recomendo o filme mas com certas restrições pois ele é mais adequado para as pessoas que de uma forma ou outra estão envolvidas com o mercado financeiro e tem intimidade com esse universo. Essas certamente gostarão mais do resultado final.

Margin Call - O Dia Antes do Fim (Margin Call, Estados Unidos, 2011) Direção de J.C. Chandor / Roteiro: J.C. Chandor / Elenco: Kevin Spacey, Paul Bettany, Jeremy Irons, Zachary Quinto, Penn Badgley / Sinopse: O alto escalão de uma grande empresa que administra fundos tenta lidar com a crise financeira que se abateu sobre o setor durante tensas 24 horas em 2008.

Pablo Aluísio.

Um Lugar ao Sol

George Eastman (Montgomery Clift) é o jovem sobrinho de um rico industrial do mercado de roupas femininas. Seu tio logo o emprega em uma das fábricas como empacotador. Lá conhece a operária Alice (Shelley Winters) e logo se enamora dela. Ao mesmo tempo em que corteja Alice acaba se envolvendo também com Angela Vickers (Elizabeth Taylor) uma rica garota da alta sociedade. O triângulo amoroso trará consequências trágicas para todos os envolvidos. "Um Lugar Ao Sol" é um dos grandes clássicos da carreira de Montgomery Clift e Elizabeth Taylor. O filme mescla muito bem romance, suspense e drama. Vivendo em dois mundos completamente distintos o personagem de Montgomery Clift, um pobre rapaz que anseia subir na vida algum dia, acaba perdendo o controle dos acontecimentos em sua vida emocional, o que o levará a pagar um alto preço por se envolver com duas garotas ao mesmo tempo. George Stevens foi um dos grandes diretores do cinema americano. Austero e detalhista ele filmava muitas tomadas diferentes, de ângulos diversos para só depois montar o filme ao seu bel prazer. Assistindo "Um Lugar ao Sol" é fácil perceber que ele estava literalmente obcecado pelo belo rosto juvenil de Elizabeth Taylor. O cineasta usa e abusa de vários closes do rosto de sua atriz, o que não é nada mal uma vez que Liz estava no auge de sua beleza. Com traços delicados e lindos olhos azuis (que infelizmente não foram captados pois o filme foi rodado em preto e branco) a estrela poucas vezes esteve tão bonita como aqui.

O roteiro foi baseado no livro "An American Tragedy" de Patrick Kearney. Embora ficcional a estória foi inspirada em fatos reais acontecidos em Chicago na década de 20. A situação toda é bastante sórdida e demonstra que não existem muitos limites para a maldade da alma humana, embora no filme o personagem Geroge Eastman seja de certa forma amenizado. É fácil compreender a razão. Não haveria como rodar toda uma produção como essa em cima de um mero assassino. Assim tudo foi cuidadosamente suavizado para não chocar muito o público americano dos anos 50. O resultado de tanto capricho veio depois nas bilheterias e nas ótimas críticas que o filme conseguiu. Shelley Winters e Montgomery Clift foram indicados ao Oscar. Embora não tenham sido premiados o filme em si conseguiu vencer em seis categorias (inclusive direção e roteiro), se consagrando naquele ano. Até o gênio Charles Chaplin se rendeu ao filme declarando que havia sido o "melhor filme que já tinha assistido em sua vida". Além disso os bastidores da produção deram origem a muitas histórias saborosas envolvendo Clift e Taylor, que se tornariam amigos até o fim de suas vidas. Depois disso não há muito mais o que escrever. Para os cinéfilos "Um Lugar ao Sol" é mais do que obrigatório. Um filme essencial.

Um Lugar ao Sol (A Place In The Sun, Estados Unidos, 1951) Direção: George Stevens / Roteiro: Harry Brown, Michael Wilson / Elenco: Montgomery Clift, Elizabeth Taylor, Shelley Winters, Anne Revere / Sinopse: George Eastman (Montgomery Clift) é o jovem sobrinho de um rico industrial do mercado de roupas femininas. Seu tio logo o emprega em uma das fábricas como empacotador. Lá conhece a operária Alice (Shelley Winters) e logo se enamora dela. Ao mesmo tempo em que corteja Alice acaba se envolvendo também com Angela Vickers (Elizabeth Taylor) uma rica garota da alta sociedade. O triângulo amoroso trará consequência trágicas para todos os envolvidos. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia (William C. Mellor), Melhor Figurino (Edith Head), Melhor Edição (William Hornbeck) e Melhor Música (Franz Waxman).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Hora Final

Filme estranhíssimo da carreira de Gregory Peck. Quem pensa que vai assistir um filme convencional de submarinos vai ter uma surpresa e tanto! Para começo de conversa a estória se passa após uma guerra nuclear entre Estados Unidos e União Soviética! Isso mesmo, você não leu errado! Peck é tudo o que sobrou da outrora gloriosa marinha americana e só escapou do hecatombe nuclear justamente porque estava dentro de um submarino! O interessante é que esse cenário pós apocalipse só vai sendo informado ao espectador aos poucos, enquanto se vai acompanhando o estranho flerte entre o Peck e Ava Gardner. Aliás uma das coisas que mais chamam atenção aqui é o elenco. Formado por jovens atores que iriam despontar para o estrelado nos anos seguintes (como o estranho Anthony Perkins de Psicose) e veteranos das telas (como Fred Astaire em um papel particularmente melancólico).

Mas o principal mérito de “A Hora Final” é realmente a ousadia da proposta do argumento do filme. Claro que em plena guerra fria, onde a paranóia na sociedade americana estava a mil, o filme fazia mais sentido. Hoje em dia se torna muito anacrônico e estranho. O diretor também foca muito em cima das relações pessoais dos personagens que mesmo sabendo que vão morrer em breve tentam seguir com suas vidas, namorando, passeando à beira mar, etc. Confesso que esse clima surreal é uma das coisas mais surpreendentes que já vi, ainda mais em filmes antigos. “A Hora Final” tem pinta e jeito de filme de guerra mas não é. É uma ficção apocalíptica que pode ser considerado o “avô” das produções pós apocalipse como “O Dia Seguinte”. Assista e se surpreenda.

A Hora Final (On The Beach, Estados Unidos, 1959) Direção de Stanley Kramer / Roteiro de John Paxton e Nevil Shute / Elenco: Gregory Peck, Ava Gardner, Anthony Perkins e Fred Astaire / Sinopse: Capitão da Marinha americana (Peck) chega na Austrália para uma missão secreta com um submarino nuclear australiano.

Pablo Aluísio.

A Mulher de Preto

A Hammer era uma produtora muito famosa nos anos 50 e 60 por causa de seus filmes de terror. Recentemente assisti alguns clássicos deles, como os filmes de Drácula estrelados por Christopher Lee. Aqui encontramos todos os ingredientes que fizeram a fama do estúdio inglês: muito clima, portas rangendo, sombras e sustos, muitos sustos. A premissa dessa estória inclusive tem muito a ver com o próprio Drácula. Tal como acontece no famoso livro de Bram Stoker, aqui temos um advogado chegando a uma antiga casa isolada para acertar certos problemas jurídicos. Claro que no caso de "A Mulher de Preto" não existem vampiros mas sim fantasmas e assombrações. De qualquer forma a estrutura de ambas as estórias são bem semelhantes. Algumas críticas andam reclamando do ator Daniel Ratcliffe no filme afirmando que ele é muito jovem para interpretar o personagem do advogado mas penso que devemos dar um desconto ao rapaz pois ele já demonstrou que é bastante esforçado e quer criar agora uma carreira independente e longe de Harry Potter (que o consagrou e que seguramente vai lhe assombrar até o fim de seus dias como ator).

O roteiro de "A Mulher de Preto" é bem simples, a maior parte dele se passa numa casa isolada e escura, localizada numa ilha, por isso a direção de arte tinha que ser caprichada - e é. Não é simples recriar com eficiência mansões mal assombradas pois ou ficam mal feitas ou falsas demais. Aqui gostei bastante do resultado pois foi bem convincente a ambientação. Não vou criticar o filme por causa de seus clichês - sim ele tem vários clichês. Isso porque é baseado em uma obra relativamente recente escrita por Susan Hill e o que se vê na tela é de certa forma proposital mesmo, uma homenagem ou uma tentativa de recriar os antigos e tradicionais filmes de terror. Textos assim, feitos com essa intenção, geralmente trazem de volta fórmulas que já foram usadas muitas e muitas vezes no cinema, por isso não importa muito que reapareçam aqui - aliás essa parece ter sido a intenção dos roteiristas. No saldo final, apesar de alguns deslizes, gostei do resultado. É um filme de terror atual com cara de velho e como gosto da cultura vintage esse aqui certamente me agradou. Em tempos de gore levar alguns sustos como os que surgem aqui são mais do que bem vindos. A velha tradição de sombras e sustos caiu muito bem. Recomendo.

A Mulher de Preto (The Woman in Black, Inglaterra, 2012) Direção de James Watkins / Roteiro de Jane Goldman baseado no romance de Susan Hill / Elenco: Daniel Radcliffe, Ciarán Hinds, Janet McTeer, Lucy May Barker, Emma Shorey / Sinopse: Jovem advogado (Daniel Radcliffe) é enviado para remota cidade com o objetivo de realizar um inventário de uma antiga casa há muito abandonada.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Lanceiros da Índia

O filme enfoca a ocupação inglesa nos postos mais avançados da fronteira indiana. Para quem andou cabulando as aulas de história é bom relembrar que durante longos anos o império britânico dominou a Índia. O roteiro obviamente adota a visão do colonizador. Não é para menos, a produção é de 1935 então é lógico que os indianos não iriam aparecer como heróis ou virtuosos. Pelo contrário, os colonizados aqui são retratados como animais traidores e covardes. Já os ingleses são o supra sumo da honra, são à prova de torturas e chegam ao ponto de não revidar fogo inimigo para cumprir ordens dos superiores! Uma situação no mínimo esquisita, vamos convir. Luvas de pelica é pouco! O elenco é liderado por Gary Cooper em um figurino que hoje chama a atenção! Roupas espalhafatosas parecem ter sido a marca registrada das tropas coloniais inglesas. Tudo é muito exagerado e chamativo (e por incrível que pareça de acordo com o protocolo militar daquela época!). Cooper inclusive está muito parecido com Rodolfo Valentino nas cenas - até o famoso bigodinho de Valentino ele adotou!

A despeito de seus problemas ideológicos temos que admitir que "Lanceiros da Índia" tem uma bela produção. Há ótimas cenas de batalha, inclusive a explosão real de um paiol dos rebeldes da fronteira. Curiosamente apesar de passar uma extrema veracidade em termos de fotografia o filme não foi feito em terras indianas mas sim no americaníssimo Alabama. De qualquer forma não fez muita diferença naquela época. O diretor Henry Hathaway teve com "Lanceiros da Índia" sua primeira oportunidade de dirigir um grande filme de estúdio. O êxito comercial de Lanceiros iria lhe proporcionar uma carreira longa e produtiva nos anos seguintes em Hollywood onde teria a oportunidade de dirigir grandes mitos do cinema como John Wayne e Marilyn Monroe. No final das contas "Lanceiros da Índia" é um boa aventura que diga-se de passagem não envelheceu tanto assim apesar de passados quase 80 anos de seu lançamento.

Lanceiros da Índia (The Lives of a Bengal Lancer, Estados Unidos, 1335) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Grover Jones baseado no romance de Francis Yeats-Brown / Elenco: Gary Cooper, Franchot Tone, Richard Cromwell, Guy Standing / Sinopse: O filme enfoca a ocupação inglesa nos postos mais avançados da fronteira indiana.

Pablo Aluísio.

Capitão América: O Primeiro Vingador

O que posso dizer do "Capitão América"? Que ele foi um personagem criado para levantar a moral das tropas americanas durante a II Guerra Mundial? Acredito que todo mundo já sabe disso. Que depois de cumprir essa sua missão de marketing patriota perdeu o sentido? Também acredito que todos já devem ter percebido. Ele deveria ter cumprido sua missão e desaparecer mas não foi bem isso que aconteceu. O fato é que o Capitão se recusa a pendurar o escudo. Ao invés de sumir do mapa e se tornar apenas uma curiosidade do esforço de guerra americana ele voltou das cinzas e hoje há um renovado interesse no personagem. Como explicar isso? Ainda mais hoje em dia com tanto sentimento antiamericano por aí. Bom, de fato o Capitão América é uma entidade completamente ultrapassada e careta hoje em dia mas Hollywood é Hollywood e não perderia a chance de ganhar em cima de sua notoriedade e fama.

Assim desenterraram a velha bandeirona ianque, colocaram uma verniz de politicamente correto em cima do velho soldado e conseguiram vender novamente o (antigo) peixe. E o filme? Dentro do universo dos quadrinhos até que não faz feio, se convertendo em um produto cinematográfico mediano. Não é tão ruim a ponto de estar no mesmo nível que Mulher Gato e Lanterna Verde mas fica longe também de chegar perto do último Batman ou até mesmo de Homem Aranha. Assim fica na média, não surpreende mas também não decepciona. Em termos de direção de arte esperava um pouco mais. Na minha opinião o personagem foi modernizado demais. Além das mudanças em seu vestuário (como a inclusão de um feio capacete), ainda tentaram apagar seu uniforme, pouco se distinguindo dos soldados comuns. Que bobagem! Estariam com vergonha do fato do uniforme do Capitão ser na verdade uma bandeira americana disfarçada? Ora, me poupem. Tragam as estrelas e listras de volta!

Outro ponto a se criticar é a mudança no visual retrô em tudo a que se refere à II Guerra Mundial. As armas - inclusive aviões e tanques - não são nem um pouco compatíveis com às do conflito. Deveriam ter optado por um visual realmente anos 40, até porque até mesmo os fãs dos quadrinhos gostariam de ver algo nesse estilo. Há uma ideologia por trás desse personagem que na minha opinião deve ser mantida (queiram ou não os que não suportam propaganda patriótica norte-americana). O fato é que desvirtuando o personagem se perde sua essência. O filme "Capitão América" tem altos e baixos e duas partes completamente diferentes entre si. O ponto alto do filme acontece em seus primeiros 60 minutos. O personagem não chega a ser muito carismático mas mantém o interesse. O problema do filme é que em seu terço final se rende aos clichês do gênero, se transformando em pirotecnia e correrias descerebradas, tudo mais do mesmo, nada original. Enquanto se mostrou aspectos da origem do herói tudo ia muito bem, depois que partiu para a pancadaria o filme caiu assustadoramente. O vilão também não é grande coisa e cai na velha armadilha de tentar "conquistar o mundo"! Quantas vezes você já viu isso em um filme?! Enfim, Capitão América fica ali no meio termo. Não é ruim mas poderiam ter realizado um produto melhor - e por favor tragam a bandeirona de volta! Assuma a patriotada Tio Sam!

Capitão América: O Primeiro Vingador (Captain America: The First Avenger, Estados Unidos, 2011) Direção: Joe Johnston / Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely / Elenco: Chris Evans, Hugo Weaving, Samuel L. Jackson / Sinopse: Soldado se torna objeto de experiências do exército americano que busca a criação de um combatente ideal para as guerras.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de janeiro de 2012

A Carga da Brigada Ligeira

Produção da década de 1930 que mostra com muita eficiência um dos fatos mais marcantes da história militar inglesa. O filme é de 1936 mas tem um roteiro tão bom, uma produção tão bem feita que nem parece que tem mais de sete décadas de existência. O argumento é baseado em fatos históricos: a história do regimento 27 de lanceiros do exército britânico na Índia. Durante uma invasão a um forte guarnecido pela companhia, um líder tribal local promoveu uma verdadeira chacina matando mulheres e crianças. Em represália o jovem Major Geoffrey Vickers (Errol Flynn) resolve por conta própria e em desrespeito a uma ordem direta atacar as tropas russas e do Khan para vingar a morte daquelas pessoas. A história real foi trágica e culminou na morte de vários soldados mas o roteiro, como era de se esperar, não trata do assunto como um erro de guerra mas como um ato de bravura desses militares. O debate sobre o valor ou desvalor desse ato segue em discussão até os dias de hoje. Até que ponto um oficial pode ignorar ordens superiores mesmo que baseado em um correto senso de justiça?

O elenco é liderado pelo astro da época, Errol Flynn. Lembrando certos momentos de filmes anteriores seus o ator consegue trazer credibilidade ao papel. Como era um galã o roteiro traz o seu inevitável interesse romântico contando novamente com Olivia de Havilland. O diferencial é que aqui ela é disputada por Flynn e seu irmão, um agente da diplomacia inglesa. David Niven também está no filme mas em um papel tão apagado que sua presença é desperdiçada,  pois o seu personagem é totalmente secundário e coadjuvante. A produção é mais uma bem sucedida parceria entre o cineasta veterano Michael Curtiz e o astro Errol Flynn. Juntos realizaram grandes sucessos como "As Aventuras de Robin Hood" e "Capitão Blood", sempre contando com a ótima produção dos estúdios Warner. Em suma, "A Carga da Brigada Ligeira" ainda é um excelente filme e mostra que é possível mesclar eventos reais históricos com ficção sem perder a qualidade e o interesse. Recomendo com certeza!

A Carga da Brigada Ligeira (The Charge of the Light Brigade,Estados Unidos, 1936) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Michael Jacoby baseado na obra de Alfred Lord Tennyson / Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Patric Knowles, Henry Stephenson, Donald Crisp, Nigel Bruce, David Niven / Sinopse: O filme narra a história do regimento 27 de lanceiros do exército britânico na Índia. Durante uma invasão a um forte guarnecido pela companhia, um líder tribal local promoveu uma verdadeira chacina matando mulheres e crianças. Em represália o jovem Major Geoffrey Vickers (Errol Flynn) resolve por conta própria e em desrespeito a uma ordem dada atacar as tropas russas e do Khan para vingar a morte daquelas pessoas.

Pablo Aluísio.

Compramos um Zoológico

Jovem viúvo (Matt Damon) resolve comprar uma nova casa para ele e seus dois filhos, uma garotinha e um pré adolescente. Após pesquisar por vários imóveis escolhe uma bela casa com amplo terreno. O problema é que o local na realidade é um zoológico com tigres, ursos e animais diversos. O novo filme do diretor Cameron Crowe é uma produção família, bem desenvolvido, leve, soft, tipicamente um filme familiar que enobrece os laços de parentesco entre pais e filhos. Há uma pequena tensão entre Damon e seu primogênito mas nada que se torne pesado ou dramático demais. O filme tem dramas familiares contidos, nada que vá preocupar a quem quer apenas um passatempo divertido. Apesar disso também não é uma produção infantil. Nada de bichos falantes ou algo do tipo. Obviamente os animais estão todos lá, mas como meras peças do enredo. Matt Damon está bem adequado ao papel. Ele tem esse estilo boa praça e amigão e facilmente os espectadores criarão empatia com ele. Já Scarlett Johansson é apenas uma coadjuvante de luxo. Não tem uma presença marcante e também não mostra muita química com Damon no namorico que acontece no roteiro.

Esse é o filme mais singular de Cameron Crowe. Não existe nenhum traço mais autoral do diretor (que ficou conhecido em suas obras originais justamente por isso). Crowe apresenta apenas um daqueles chamados "filmes de estúdio" onde tudo já vem devidamente empacotado e pensado pelos executivos engravatados das grandes produtoras cabendo ao diretor apenas entregar o produto pronto e embalado. É uma produção típica para passar nos cinemas de shopping center - divertido sim mas sem maiores pretensões. Pelo menos esse aqui não aborrece no final das contas, dando para assistir sem maiores problemas.

Compramos um Zoológico (We Bought a Zoo, Estados Unidos, 2011) / Diretor: Cameron Crowe / Roteiro: Aline Brosh McKenna, Cameron Crowe, baseados na obra de Benjamin Mee / Elenco: Matt Damon, Scarlett Johansson, Elle Fanning, Patrick Fugit, Stephanie Szostak, Thomas Haden Church, Carla Gallo, Desi Lydic, John Michael Higgins / Sinopse: Benjamin Mee (Matt Damon) é um homem que, ao lado de sua família, encontra uma bela casa no interior, mas é surpreendido ao descobrir que o lugar é um zoológico abandonado. Assim, ele aceita o desafio e compra a casa, na esperança de restaurar a antiga glória do local.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de janeiro de 2012

O Planeta Proibido

Adaptação para o mundo da ficção da peça de Shakespeare, A Tempestade. Aqui acompanhamos a expedição de um grupo de cientistas e militares do planeta Terra a um planeta distante de nosso sistema solar. Nesse local eles encontram um estranho habitante, o Dr Morbius. "O Planeta Proibido" lembra muito os antigos episódios das séries televisivas "Jornada nas Estrelas" e "Perdidos no Espaço". Na realidade ambas se inspiraram claramente na proposta desse filme. Basta lembrar dos enredos "cabeças" de Star Trek e na direção de arte de "Lost in Space". Quem acompanha cultura pop de ficção vai encontrar muitas referências - o que prova que o filme realmente fez escola e pode ser considerado um dos mais influentes do gênero. O Robô é um exemplo disso. Sua figura seria literalmente copiada em "Perdidos no Espaço" pois a "lata de sardinhas" (como Dr Smith o chamava) tem o mesmo design e até a mesma personalidade (aliás o robô é mil e uma utilidades, faz comida, serve a mesa, fabrica as roupas e serve até como destilaria!). Mas não para por aí. O Robô Robby iria ser copiado ainda até mesmo em desenhos animados – como esquecer Rosie, a empregada robô dos Jetsons, por exemplo?

Leslie Nielsen, ainda jovem e posando de galã interespacial é muito divertido. Na verdade assim que o filme começa levamos algum tempo para o reconhecer pois ainda era muito moço (embora o nariz de batata deixe claro de quem se trata). Já Walter Pidgeon que interpreta o personagem Dr Morbius me lembrou demais de Vincent Price pois ambos tinham exatamente o mesmo tom de voz e são bem parecidos também fisicamente. O diretor de "O Planeta Proibido", Fred M. Wilcox, morreria muito cedo e só faria apenas mais um filme, o que é uma pena, pois mostrou que sabia levar uma boa estória sem estragá-la com obviedades. Talvez o fato de ter dirigido vários filmes da Lassie o tenha deixado mais sensível nessa questão. Enfim é isso, para quem gosta desse tipo de ficção o filme é simplesmente obrigatório.


O Planeta Proibido (Forbidden Planet, Estados Unidos, 1956) Direção: Fred M. Wilcox / Roteiro: Cyril Hume, Irving Block, Allen Adler baseados na peça de William Shakespeare / Elenco: Anne Francis, Leslie Nielsen, Warren Stevens, Jack Kelly / Sinopse: Transposição para o mundo da ficção da peça de Shakespeare, A Tempestade. Aqui acompanhamos a expedição de um grupo de cientistas e militares do planeta Terra a um planeta distante de nosso sistema solar. Nesse local eles encontram um estranho habitante, o Dr Morbius.

Pablo Aluísio.

Papillon

Henri 'Papillon' Charriere (Steve McQueen) é condenado por assassinar um gigolô e é enviado para a terrível penintenciária de Saint Laurent na Guiana Francesa. A prisão era conhecida por seu regime de trabalhos forçados em pântanos e pela rígida disciplina interna. Na viagem para o local acaba conhecendo Louis Dega (Dustin Hoffman) um falsificador de bônus de guerra que acumulou grande riqueza com sua atividade ilegal. Papillon lhe oferece proteção em relação a outros prisioneiros que já sabem que Dega tem uma verdadeira fortuna pessoal e certamente vão querer tirar algum proveito disso. O que começa como um simples acordo de proteção acaba ao longo dos anos se tornando uma sólida amizade pessoal entre ambos. "Papillon" é um filme visceral. O roteiro foi baseado no relato autobiográfico de Henri Charrière que foi mandado para a Ilha do Diabo na década de 1930. Seu teor cru e realista até hoje impressiona. Não poderia ser diferente. Aqui temos um dos maiores roteiristas da história de Hollywood, Dalton Trumbo, o mesmo de Spartacus que foi perseguido durante o macartismo e que foi trazido de volta do ostracismo por Kirk Douglas. Seu texto é brilhante, um grande estudo e denúncia sobre as péssimas condições que existiam no local. Um claro atentado aos direitos mais básicos dos apenados.

Para se ter uma pequena ideia da rigidez do sistema prisional basta citar o fato de que era prática constante o envio de prisioneiros para a solitária durante longos anos. O próprio Papillon passou cinco anos encarcerado no chamado "buraco" por ter agredido um guarda da prisão que estava espancando seu amigo Dega. Isolado, sem luz e com comida racionada ele aos poucos vai perdendo o senso de realidade chegando ao ponto de saciar sua fome comendo pequenos insetos que infestam sua cela como baratas e centopeias. Essas cenas passadas na solitária aliás são as melhores de todo o filme, mostrando de forma inequívoca o grande talento de Steve McQueen, um ator que sempre achei muito subestimado pela crítica. Outro ponto muito marcante é a obstinação de seu personagem que nunca se rende e está sempre em busca de sua liberdade. Sua frase "Estou vivo desgraçados!" é muito significativa nesse ponto. Papillon é uma pessoa que não se rende, que não desiste. No fundo o filme é uma crônica sobre a perseverança humana que a despeito de todas as adversidades jamais se dobra ao que o destino parece lhe impor. Um grande momento do cinema americano da década de 70 e uma obra essencial para todos os cinéfilos.

Papillon (Papillon, Estados Unidos, 1973) Direção: Franklin J. Schaffner / Roteiro: Dalton Trumbo, Lorenzo Sample Jr baseado no livro "Papillon" de Henri Charrière / Elenco: Steve McQueen, Dustin Hoffman, Victor Jore, Don Gordon / Sinopse: Henri 'Papillon' Charriere (Steve McQueen) é condenado por assassinar um gigolô e é enviado para a terrível penintenciária de Saint Laurent na Guiana Francesa. Lá se torna protetor e amigo de Louis Dega (Dustin Hoffman). Ao longo dos anos não desiste de sempre ir em busca de sua liberdade, sempre pronto a planejar fugas cada vez mais mirabolantes.

Pablo Aluísio.