segunda-feira, 18 de abril de 2011

Malakoi na antiguidade

Recentemente houve uma polêmica no Brasil sobre o significado da palavra Malakoi. Um jovem youtuber chamado Felipe Neto em debate com o pastor Feliciano afirmou que Malakoi era uma palavra de origem hebraica e significava "devasso". Tudo porque na carta de Paulo no novo testamento ele se refere a Malakoi. Na tradução tradicional o termo foi traduzido para o português como "Afeminado".

Como houve grande interesse no tema vamos trazer aqui alguns esclarecimentos. A palavra Malakoi não é de origem hebraica, mas grega. Sua tradução literal nos leva a designação de um homem "suave", "com gestos e gostos femininos", ou em outras palavras, a um homossexual. Isso é importante porque foi justamente usando o termo Malakoi que Paulo se referiu aos homossexuais, aos afeminados.

É importante entender que quando Paulo escreveu sua carta a expressão homossexual ainda não existia. Por essa razão ele não poderia ter utilizado o termo moderno. Na época os gays eram designados justamente pela expressão Malakoi, ou seja, homens com características femininas, que inclusive preferiam aos homens do ponto de vista sexual do que às mulheres, o que seria o natural nos tempos antigos. Paulo escreveu literalmente que os afeminados (malakois) não herdariam o Reino de Deus.

Alguns historiadores mais moderados porém afirmam que Malakoi tinha vários significados, incluindo também homens que não usavam barbas como era costume na antiguidade. Acontece que dentro da cultura greco-romana muitos soldados e homens importantes mantinham jovens adolescentes como seus concubinos. Eles eram explorados sexualmente por seus donos, muitos eram escravos e faziam vários serviços para seus mestres, cuidando de suas montarias e armaduras. Esses meninos também eram chamados de Malakois, que tinha na época uma clara referência de homossexualidade juvenil, o que nos dias de hoje poderia ser associado também à pedofilia.

Dessa maneira, usando de um estudo sério e sem interferências ideológicas a verdade é que o termo Malakoi se refere realmente a homossexuais, gays, homens afeminados. A origem é grega, não hebraica, e segue sendo usada inclusive nos tempos atuais pelos gregos modernos, significando exatamente a mesma coisa. Qualquer outra interpretação de fato não seria cabível.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de abril de 2011

Os Crimes de Lenin

Recentemente uma excelente reportagem do portal Terra mostrou que 140 anos após seu nascimento o fundador da União Soviética, Lenin, está sendo esquecido pelos russos. As novas gerações sequer sabem quem ele foi. Um garoto entrevistado por um jornalista ocidental disse não saber muito sobre ele a não ser que era um cosmonauta!!! Pelo visto o outrora tão idolatrado Lenin está sendo jogado na lata de lixo da história, o que nesse caso não é algo negativo de acontecer. Os historiadores russos da atualidade, mais sensatos e finalmente livres do corrosivo controle da ditadura comunista, estão se debruçando com imparcialidade sobre documentos, cartas e atos do período em que ele se tornou o principal líder soviético.

O retrato que retiram desses despojos da história é realmente devastador. Lenin foi um psicopata no poder. Ele não tinha qualquer respeito pela vida humana e de posse de poderes ilimitados cometeu barbaridades horrendas com o povo da Rússia e dos demais países sob denominação soviética. Como todo socialista, Lenin acreditava que possuía o dom e a inteligência de conduzir seu povo. Ninguém poderia contestar suas decisões políticas e a punição para a discórdia de sua ideologia era a morte.

Hoje sabe-se que Lenin foi o responsável pela morte de mais de cem milhões de pessoas. Um influente político ucraniano relembrou recentemente os crimes de Lenin no Parlamento. O deputado Vladimir Zhirinovisky recordou aos seus colegas que sob o domínio de Lenin a Rússia (e a Ucrânia) se transformaram em um mar de túmulos. O chamado terror vermelho implantado por Lenin para defender a revolução russa fez com que um genocídio muito mais vasto e devastador do que o próprio nazismo se instaurasse em solo russo, causando assassinatos em massa, desespero e morte. Lenin mandou assassinar de próprio punho milhões de pessoas, entre eles muitas crianças, mulheres e idosos, simplesmente por esses pertencerem a comunidades que não aceitavam a ditadura socialista. Jamais demonstrou ter tido a menor culpa pelo que fez, tal como um psicopata em relação às suas vítimas indefesas.

Um homem cruel e psicopata que não respeitava sequer o espírito religioso do povo russo. Como socialista Lenin via a religião e a crença em Deus como um mal a ser eliminado. Ateu e extremamente frio em suas decisões mandou para a morte líderes religiosos de praticamente todos os cultos, mas principalmente da Igreja Ortodoxa Russa. Sob suas ordens diretas foram mortos entre outros o amado e respeitado patriarca Ortodoxo de Moscou. Também mandou executar a sangue frio toda a família do Czar. Mandou que eles fossem levados para uma floresta distante e lá fuzilados. Além do Czar Nicolau morreram também seus filhos, meros adolescentes, garotas jovens e um menino, herdeiro do trono, ainda menor de idade. Lenin realmente foi um monstro tal como Hitler. Um assassino de massas e um psicopata frio e cruel. O tempo porém é o senhor de tudo. Sua memória já está sendo apagada da mente dos russos, pelo seu próprio bem.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de abril de 2011

Filipe II da Espanha

Filipe II da Espanha foi um dos monarcas mais destacados da história de sua nação. Foi um político extremamente habilidoso que também soube como poucos manter suas convicções pessoais intactas. Ele reinou de julho de 1554 até setembro de 1598. Um logo reinado que ajudou a modelar o mundo atual em que vivemos. Sua importância não se deu apenas dentro da Europa, mas atravessou os mares, principalmente no Brasil. Isso pode ser facilmente entendido quando Portugal e Espanha se tornaram um só Reino. O Brasil era uma distante colônia portuguesa na América do Sul, ainda pouco explorada e conhecida. Quando Filipe se tornou também o monarca de Portugal nosso país ficou sob sua regência. Essa fase ficou conhecida como a União Ibérica. A capital da Paraíba - hoje João Pessoa - passou a se denominar na época de Filipéia em sua homenagem. Essa é uma das mais antigas cidades do Brasil.

Pois bem, no campo religioso o Rei Filipe II da Espanha se destacou também por ter sido um fervoroso defensor da Fé Católica. Aqueles foram tempos conturbados na Europa. O protestantismo se espalhava por toda a Europa e o Rei precisou se posicionar sobre o que estava acontecendo. Filipe veio de uma família com longa tradição católica e não estava disposto a abrir mão disso. Ele negou em diversas ocasiões a tomada de decisões que porventura pudessem agredir a liberdade de culto do catolicismo ou a apropriação de seu bens, como havia acontecido na Inglaterra e países nórdicos. Sua posição firme ao lado do catolicismo logo causou problemas externos, principalmente com os chamados Países Baixos (Holanda e Bélgica, principalmente) que começavam a difundir enormemente o protestantismo. Nessas nações começou um movimento de perseguição contra os católicos. Filipe II ficou indignado com a situação que se desenvolvia por lá.

Dentro da Espanha o Rei ordenou que fosse construído o mosteiro de El Escorial onde agrupou uma das mais maravilhosas coleções de arte de cunho religioso. Para lá Filipe enviou os melhores quadros do Reino, entre eles peças de mestres consagrados. Também mandou organizar uma extensa biblioteca para onde foram enviados obras literárias de um momento considerado grandioso na língua espanhola. No campo jurídico mandou organizar em forma de códigos de leis as chamadas ordenações filipinas que inclusive tiveram vigência no Brasil Colônia.

Com a Inglaterra Filipe II teve inúmeros problemas. Ele era um ferrenho crítico do que havia feito Henrique VIII que, impedido de se casar pela segunda vez pela Igreja Católica, resolveu romper laços com o Vaticano, tornando de posse milhares de propriedades da Igreja para fundar sua própria religião, a Anglicana. Filipe considerava isso um grande insulto contra o que ele chamava de a fé verdadeira. Com o aumento de líderes fanáticos protestantes Filipe logo autorizou a instalação da chamada Inquisição espanhola que se tornou instrumento de combate contra as novas heresias que vinha do leste europeu.

Mesmo que esse tenha sido um ponto a se criticar de seu reinado uma coisa se torna clara: O protestantismo jamais conseguiu se firmar com solidez na península ibérica, se tornando sempre uma segunda vertente, algo que não se repetiu em diversos outros países europeus. A preservação da fé católica se estendeu rumo a Portugal e claro em suas colônias pelo mundo afora, inclusive o Brasil que se tornaria no futuro a maior nação católica do mundo, algo que certamente Filipe II apreciaria. Seu legado assim se torna bastante relevante pois sua lealdade ao catolicismo lhe valeu a eternidade em termos históricos.

Pablo Aluísio.

Juliano - O Imperador Anticristão

O Imperador Romano Juliano pertencia à casta familiar do Imperador Constantino que foi figura central na consolidação do Cristianismo no Império Romano. Para muitos historiadores o Cristianismo jamais teria tido a influência e expansão que teve se não fosse pela participação crucial de Constantino e seu apoio. É de se admirar assim que um membro da casa de Constantino tenha sido um dos mais infames imperadores anticristãos da história. Foi justamente isso que aconteceu. Quando Constantino morreu houve uma brutal disputa familiar pelo poder como era comum acontecer dentro do Império Romano. A ala familiar de Juliano levou a pior e foi dizimada pelos vencedores. O único que sobrou foi justamente o próprio Juliano que se encontrava muito doente e por isso foi poupado da chacina pois os assassinos de sua família acreditaram que ele morreria logo.

Juliano não apenas sobreviveu como conseguiu se reerguer politicamente das cinzas. Guiado por uma sede de vingança sem precedentes ele foi subindo cada vez mais dentro do xadrez de poder em Roma. Aliando chantagens, assassinatos de parentes e muitos  crimes, Juliano foi eliminando todos os seus opositores. Procurou também matar cada um membro de sua casta que tivesse tido algum tipo de participação nas mortes de seus pais e irmãos. Com pouco mais de 25 anos de idade Juliano já tinha conseguido executar todos eles. Suas mãos estavam cheias de sangue, mas ele se considerava realizado e saciado em sua sede de vingança mortal. Durante sua caminhada rumo ao poder supremo em Roma, Juliano foi tentando suprimir todo o legado de Constantino, homem que ele particularmente desprezava e odiava.

O Cristianismo, aquela nova religião estranha que havia sido colocada em um ponto tão alto do Império exatamente por Constantino, era uma aberração na visão de Juliano. Ele ansiava em revalorizar a antiga religião pagã imperial. Juliano acreditava que o Cristianismo tinha que ser eliminado o mais rapidamente possível, mas isso teria que ser feito com inteligência e não com  violência e brutalidade. Esse tipo de opressão, muito utilizada por imperadores no passado, não havia dado bons frutos. Ao contrário disso, havia fortalecido a fé dos cristãos pois a morte de mártires aumentava ainda mais o número de adeptos e seguidores daquele judeu a quem chamavam de Cristo.

Quando se tornou Imperador em Roma, Juliano começou a perseguir os cristãos que faziam parte do aparelho de Estado. Demitiu altos funcionários do Império apenas por eles serem Cristãos, confiscou terras e mandou bloquear bens e finanças de importantes líderes daquela nova religião. A intenção de Juliano era destruir a influência e poder dos cristãos, sejam eles financeiros, políticos ou militares. Ao mesmo tempo em que asfixiava o povo cristão de Roma, mandou restaurar e reconstruir antigos templos dedicados aos velhos e tradicionais Deuses Romanos. Procurando demonstrar sua fidelidade ao paganismo o próprio imperador teria participado de um ritual Pagão de purificação, se banhando no sangue de um touro sacrificado em sua presença! Juliano dizia que para eliminar os cristãos não era necessária a violência, mas sim a quebra da estrutura que os mantinha no topo da hierarquia romana. Seus planos de destruição da religião cristã porém tiveram uma interrupção abrupta quando o imperador foi morto numa sangrenta batalha campal contra os Persas. Pelo visto seus amados deuses romanos não o livraram da morte com uma espada inimiga atravessando seu pescoço.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Napoleão Bonaparte

Napoleão Bonaparte
Ontem assisti novamente ao grande clássico "Waterloo - A Batalha de Napoleão", cuja resenha completa você pode acessar clicando aqui. Fazia seguramente uns vinte anos que o tinha visto pela última vez. Por essa razão já não me lembrava mais de todos os detalhes. O que havia ficado bem marcante em minha lembrança mesmo durante todos esses anos era realmente a grande atuação do ator Rod Steiger como Napoleão. Ele era bem parecido fisicamente com o imperador francês e aliado a essa semelhança ainda conseguiu realizar um trabalho brilhante de atuação. Seu Napoleão é um sujeito já decadente, tentando se agarrar a um passado distante, dos tempos áureos em que teve em suas mãos praticamente toda a Europa. Sempre suando, com expressão de dor, ele vai ficando consciente que seu tempo passou, que ele não é mais aquele jovem destemido dos campos de batalha do passado, ainda mais agora que segue sofrendo terríveis dores de estômago, algo que até hoje é discutido por historiadores, sobre qual seria o mal exato que tanto atormentava o general e que curiosamente ficou incorporado em sua imagem, a do general com as mãos dentro de seu uniforme militar. No meio desse caos em que sua vida havia se transformado ele ainda tentava de todas as maneiras juntar os pedaços de seu império destroçado.

O Napoleão da história é seguramente uma das figuras mais emblemáticas da humanidade. Ele foi em essência um grande ceifador de vidas, estando no mesmo nível que um Júlio César ou Hitler. Era um ditador sanguinário que queria passar o poder para seus parentes, tal como as monarquias que dizia combater. Não admitia oposição e aniquilava a todos que ousassem contestar seus loucos sonhos de dominação continental. Isso porém não inibiu os franceses de o terem alçado ao posto de herói nacional, algo que sinceramente nunca consegui compreender completamente. Ora, vejo muitas contradições em Napoleão e sua trajetória. Ele foi fruto da revolução francesa, que pregava a soberania da vontade popular em oposição ao regime da nobreza hereditária, mas ao mesmo tempo acabou trazendo os velhos valores absolutistas da monarquia deposta para seu governo e isso da pior maneira possível. Megalomaníaco e ambicioso, tentou conquistar todos os países europeus, destronando dinastias e colocando em seus tronos parentes e amigos completamente incapacitados para exercer o poder nessas nações. Tampouco se importava com a vontade dos povos desses países conquistados a ferro e fogo. Dizia ser um representante do poder do povo, mas ao mesmo tempo ignorava a vontade popular e qualquer sinal de democracia nas terras onde impunha sua dominação através de guerras de conquista. Falava que amava suas origens humildes e a sabedoria popular do povo mais pobre, mas ao mesmo tempo adorava mesmo era o luxo e a pompa das mais tradicionais monarquias europeias, se vestindo tal como os reis do passado, o que o fazia ser basicamente um grande hipócrita.

Também tal como Hitler era um tanto quanto louco. Ao tentar invadir o imenso e congelado território russo se viu massacrado pelo famoso "General Inverno" que aniquilou suas tropas que morreram congeladas e famintas nas estepes russas sem fim. Não satisfeito tentou destruir a Inglaterra e seus ideais de liberdade e direitos fundamentais (algo que ignorava completamente na prática, embora se mostrasse publicamente como um liberal constitucional). E assim como Hitler se deu muito mal ao tentar destruir "a Ilha", como os ingleses carinhosamente chamavam seu país. Pior do que tudo foi a devastação que causou em termos de vidas humanas e bens materiais. As chamadas Guerras Napoleônicas custaram as vidas de mais de oito milhões de pessoas - algo absurdo para o tamanho da população naqueles tempos. Cidades inteiras, algumas delas milenares, foram queimadas por seus soldados. No final, quando praticamente toda a população francesa masculina havia morrido nos campos de batalha, Napoleão começou a recrutar adolescentes e até crianças para as fileiras de seu exército. Uma das coisas que mais chocou o general Arthur Wellesley, o 1.º Duque de Wellington, que o venceu na batalha decisiva de Waterloo, foi contemplar os corpos de crianças mortas no campo de batalha com o uniforme do exército de Napoleão. Enterradas na lama da guerra elas perderam suas vidas com 12 e até 11 anos de idade! E depois de tantas mortes, massacres e guerras sem sentido esse megalomaníaco chamado Napoleão ainda é considerado nos dias de hoje um herói nacional pelos franceses?! Quem pode realmente entender os caminhos sombrios da mente humana...

Pablo Aluísio.

A Importância das Cruzadas

Esse é um assunto dos mais controversos. As Cruzadas Católicas varreram a Europa e o Oriente Médio durante a alta e a baixa Idade Média. Até hoje historiadores debatem sobre o tema. Qual era a sua real motivação, o que fez com que Reis, nobres e cavaleiros deixassem a Europa em direção à Jerusalém para uma verdadeira guerra santa contra os muçulmanos? Sobre isso há várias posições, porém de maneira em geral há dois grupos bem definidos sobre a causa histórica do advento das Cruzadas.

A primeira corrente é a mais incisiva. Esse grupo de historiadores afirmam que o motivo de realização das cruzadas foi puramente econômico. A Igreja Católica e o Papa perceberam que havia uma grave crise social entre os povos europeus. Muitas pessoas sem trabalho, ocupação, praticamente na miséria completa. Para dar um objetivo de vida para todos esses europeus miseráveis e sem futuro organizaram-se as enormes cruzadas com centenas de milhares de europeus marginalizados. Durante as guerras de conquistas da Terra Santa eles teriam sido autorizados a pilhar, saquear e se apropriar de quaisquer bens em mãos de muçulmanos que encontrassem pela frente. A justificativa meramente econômica das cruzadas é de complicada defesa. Isso porque os Cruzados não eram apenas miseráveis, pobres e destituídos, mas também Reis, nobres e membros de classes altas. Certamente eles não teriam nada a ganhar arriscando suas vidas em território desconhecido, perigoso e repleto de islâmicos que também estavam empenhados em matar o maior número possível de cristãos.

Por essa razão as teorias puramente econômicas - extremamente firmadas no pensamento de esquerda, tentando adaptar as teorias de Karl Marx a esses eventos - se mostram bastante falhas. Na verdade ela desconsidera completamente a mente do homem medieval europeu. Esse estava plenamente convencido que era precisa marchar rumo à terra santa para livrar o local onde Jesus havia sofrido sua paixão das mãos dos muçulmanos, que aliás perseguiam cristãos de forma tão violenta quanto os cruzados os tratavam. Era uma guerra com motivações religiosas, principalmente. Os cristãos que viviam na Terra Santa estavam sendo perseguidos e mortos por ordem de altas autoridades religiosas do Islã. Como não aceitavam renegar a Cristo milhares foram mortos de forma violenta. Era precisa fazer alguma coisa para salvá-los. Os Cruzados assim, motivados pelos mais nobres sentimentos se ergueram contra essa carnificina de cristãos inocentes no Oriente Médio. Foram para a guerra por motivos justificados.

As Cruzadas, apesar de serem bastante atacadas por teóricos nos dias atuais, também teve sua importância histórica bem precisa. Elas de certa maneira mantiveram a Europa Cristã, longe da submissão que iria ser imposta pela Islã caso esse conquistasse os principais reinos cristãos da Europa. Imagine o grau de violência que se instalaria dentro da Europa caso dos exércitos islâmicos tomassem todas aquelas nações. Segundo uma mentalidade fundamentalista milhões de europeus seriam massacrados apenas por não aceitarem se converter ao islamismo. Para defender sua religião e o mais importante de tudo, sua liberdade, os reinados cristãos da Europa medieval se armaram e rumaram em direção ao centro do problema que se avizinhava. Obviamente que nem todos os Cruzados estavam cheios desse espírito de religiosidade intensa, mas de modo em geral essa foi a grande motivação para lutar em favor da cruz com uma espada na mão.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Drácula da História

Muitos nunca pararam para pensar sobre isso, porém se você hoje em dia tem plena liberdade religiosa, não é obrigado a vestir uma burca em público e não sofre pena de morte por ser homossexual ou ateu, então é melhor agradecer ao Drácula por isso! Estranho o ponto de vista? Será mesmo?! E o que o personagem histórico Vlad, o Empalador, tem a ver com tudo isso? Muito simples de explicar. Vlad III, Príncipe da Valáquia (1431 - 1476), foi um nobre europeu que conseguiu deter o avanço do Império Otomano em direção ao centro da Europa cristã. Historiadores concordam que se ele tivesse falhado em deter o avanço do islamismo em direção ao coração do continente europeu muito do que conhecemos hoje em dia como cultura ocidental teria sido varrida do mapa. Os grandes reinos europeus cristãos teriam sido destruídos. A Igreja Católica, berço do cristianismo europeu, teria sido destruída, nada sobraria ao terrível avanço dos Otomanos.

Os Otomanos aniquilavam qualquer tipo de religiosidade que não fosse a sua, muçulmana. Realizavam ataques de aniquilação completa de vilas inteiras apenas por essas serem cristãs. Matavam a esmo mulheres, crianças e idosos, caso não aceitassem se converter ao Islã. Em sua sede de sangue e poder esse Império chegou nas portas da Europa em meados do século XV. Seu objetivo era claro: dominar os reinos europeus para converter toda sua população ao Islã. Quem fosse infiel seria colocado no fio da espada. O que eles não contavam é que havia um príncipe bem no meio de seu caminho. Membro da ordem do Dragão - o que lhe valeria o nome de Drácula nas páginas de Bram Stoker - Vlad decidiu que era hora de destruir aquelas hordas de muçulmanos que avançavam em direção ao reu reino. E ele estava disposto a ser tão cruel quanto seus inimigos de fé.

Obviamente que estamos falando de uma época da história particularmente brutal. As guerras eram travadas corpo a corpo, com os inimigos olhando uns nos olhos dos outros. E não havia espaço para misericórdia. Vlad, em especial, sabia que teria que vencer uma ideia, uma fé, algo que era muito enraizado na alma de seus adversários no campo de batalha, ele teria que ser ainda mais brutal que seus algozes, já conhecidos pela ira que tratavam os infiéis cristãos. Para isso Vlad resolveu empreender uma guerra psicológica para causar medo e pavor nos guerreiros do Império Islâmico. Os prisioneiros otomanos capturados eram empalados vivos - com a introdução de uma grande lança de guerra em seus ânus, que atravessavam todo o seu corpo, saindo pelas suas bocas, na outra extremidade. Depois eles eram penduradas à vista dos Otomanos, criando um campo aberto de empalados, onde gritos e choros se misturavam ao lamento dos guerreiros do outro lado do campo de batalha.

Era um fator psicológico para deter os avanços dos muçulmanos rumo à Europa. A mensagem era clara: Não venham, pois serão empalados também! Em decorrência disso muitos cronistas da época escreveram que o número de deserções no lado dos Otomanos aumentou consideravelmente da noite para o dia. Eles preferiam fugir como covardes e desertores de guerra do que enfrentar Vlad Tepes. Some-se a isso o cheiro insuportável de milhares de corpos apodrecendo e você terá uma pequena ideia do que aconteceu. Os que ficaram tentaram em vão derrotar as tropas cristãs lideradas por Drácula, mas essas com moral elevada se mostraram oponentes ferozes. As batalhas obviamente foram sangrentas e a Transilvânia viu seu solo encharcado de sangue dos guerreiros, tanto cristãos, como do Islã. Havia não apenas uma guerra religiosa em curso, mas também cultural, um verdadeiro choque de civilizações. No final Vlad se tornou vitorioso, sendo que hoje em dia ele ainda é reverenciado como um herói nacional romeno por causa de seu grande feito histórico.

Depois de séculos um escritor chamado Bram Stoker resolveu usar parte de sua história para criar o mais famoso vampiro de todos os tempos, o Conde Drácula, do romance homônimo. Ele ficou particularmente impressionado com uma crônica histórica da época que dizia que Vlad gostava de montar uma mesa de jantar bem no meio do campo dos empalados, onde se servia de sangue quente e fresco dos Otomanos agonizantes nas estacas. Unindo esse tipo de história com velhas lendas de corpos desenterrados com sangue escorrendo por suas bocas, criou-se o cenário perfeito para o escritor dar vida ao seu famoso livro. Stoker resolveu ter a brilhante ideia de unir tudo em torno de apenas um personagem, um vampiro sedento de sangue humano. O resto é história...

Pablo Aluísio.

A Pepsi nos anos 1950

A Pepsi nos anos 1950 - Assim como a Coca-Cola a Pepsi-Cola também virou uma febre entre os jovens americanos dos anos 1950. Mais adocicada que sua rival o refrigerante logo entendeu que deveria avançar em termos de publicidade para ganhar novos consumidores. E nada melhor que ter o próprio Rei do Rock Elvis Presley como garoto propaganda de uma forma completamente espontânea e gratuita. Durante uma entrevista para uma revista popular da época Elvis respondeu a um animado bate-bola onde dizia suas preferências como consumidor.

Quando perguntado sobre qual seria o seu refrigerante preferido nem pensou duas vezes e respondeu: "Pepsi!". A cultura jovem estava nascendo e as empresas começavam a investir nos jovens como mercado consumidor promissor. Afinal todo fim de semana a turma se encontrava nas centenas de lanchonetes e sorveterias que começavam a abrir em todas as cidades do país, não importavam se eram grandes ou pequenas. Assim se havia uma lanchonetes era vital também haver Pepsi, como a mais presente concorrente da poderosa Coca-Cola. Outra estratégia era enviar garrafas do refrigerante para grandes astros e estrelas de Hollywood. Uma foto com eles segurando uma Pepsi já era uma publicidade e tanto em todos os aspectos!

Em vista disso uma agência publicidade de Nova Iorque foi contratada pela Pepsi para promover sua nova campanha publicitária. O resultado está aí ao lado, uma série de posters mostrando jovens belos, bonitos e sorridentes desfrutando do sabor da marca em seu cotidiano - na escola, no intervalo dos ensaios das animadoras de torcidas, na lanchonete depois do cineminha do fim de semana.

O importante era colar a Pepsi numa imagem jovem e divertida. Seria o sabor da juventude! Curiosidades: você sabe porque esse refrigerante foi chamado de Pepsi-Cola? A "cola" vem do tipo de refrigerante, de cor escura. Já o Pepsi vem do elemento pepsin, uma enzima que faz parte de sua fórmula química. Aliás por estar presente em sua composição a Pepsi por muitos anos informou aos seus clientes que ela ajudava na digestão! Como diria o slogan "Quem toma Pepsi não esquece!"

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Os Charutos de Winston Churchill

Winston Churchill (1874 - 1965) foi o homem certo na hora exata. Quando o nazismo afiou suas garras pela Europa ele conseguiu levar o povo inglês a uma heróica resistência durante a II Guerra Mundial. Eleito primeiro ministro, substituindo o vacilante e para muitos fraco premier Neville Chamberlain, Churchill sabia que não havia como lidar com o nazismo por meros meios diplomáticos. Veterano de guerras passadas, ele logo compreendeu o que se passava na alma de seu inimigo. Os nazistas eram bestas feras que queriam conquistar toda a Europa. Por mais irracional que isso parecesse, era justamente o que estava acontecendo. Chamberlain havia se equivocado duplamente em pensar que poderia negociar com aquele tipo de gente ou que poderia abrir uma linha de amizade com os membros daquele fanático partido nacional socialista. Hitler tinha outros planos. Ele pensava sinceramente que conquistaria "a ilha", como ele gostava de chamar a Inglaterra, em pouco mais de duas semanas. Ele acreditava piamente que seria tão bem sucedida sua campanha quanto havia sido na conquista da França, que caiu de joelhos muito antes do que todos pensavam. A Blitzkrieg, a tão conhecida guerra-relâmpago nazista, havia conquistado várias regiões da Europa em tempo recorde. Os países caíram rapidamente. Polônia, Tchecoslováquia, Austria, Hungria, em nenhum deles havia qualquer sinal que algum exército europeu poderia parar os avanços do exército alemão. A França poderia resistir, mas logo se rendeu também, de forma vergonhosa para muitos. Para Hitler a Inglaterra iria pelo mesmo caminho da derrota fácil e rápida. Estava muito enganado. Se havia algo que os ingleses não estavam dispostos a fazer era se render sem luta, muita luta!

Winston Churchill levantou a moral do povo britânico, mas sem mentiras ou enganações, tão comuns em políticos populistas. Ele jamais subestimou a inteligência do povo britânico e deixou claro desde o começo que não seria fácil. No rádio afirmou que não prometia nada a não ser "Sangue, Suor e Lágrimas", uma frase que se tornou imensamente famosa em todo o mundo. No campo de batalha a Inglaterra conseguiu lutar grande parte da guerra praticamente sozinha. Os Estados Unidos tinham receios de entrar em outra grande guerra sangrenta como havia acontecido na Primeira Guerra Mundial e por essa razão adotou uma postura de neutralidade durante longo período de tempo. Apenas após o terrível e covarde ataque a Pearl Harbor por aviões japoneses, na base americana no Havaí, foi que finalmente a América entrou de corpo e alma na guerra. Esse foi um momento decisivo para Churchill pois ele sabia que desse ponto em diante não haveria mais retorno. Era impossível aos países do Eixo vencerem a guerra após a entrada dos Estados Unidos no confronto, afinal sua indústria bélica e capacidade inesgotável de produzir armamentos em série era praticamente impossível de se superar.

Outro erro de Hitler foi abrir duas frentes na Europa. Ao trair seus antigos aliados russos, invadindo a União Soviética, o ditador alemão selou seu próprio destino. Os russos não estavam bem equipados e nem tinha mais grandes comandantes em suas forças armadas, pois Stálin havia matado muitos deles antes da guerra, mas o povo russo era forte como um rocha e estava disposto a enfrentar os alemães. A rendição não era uma opção como havia sido para os franceses. Era ir até o fim, para a glória ou para o inferno. Morrer lutando nos vastos campos congelados da Rússia e países satélites sob controle de Moscou. Esse choque de ditaduras sanguinárias, de um lado o nazismo e do outro o comunismo vermelho, é certamente um dos capítulos mais interessantes da história da humanidade. Na luta para saber quem seria o ditador mais feroz venceu Stálin, um dos maiores genocidas que se tem notícia, que conseguia matar com a mesma sede de ira e velocidade os inimigos estrangeiros assim como também o seu próprio povo oprimido. Se Hitler era uma besta fera, Stálin era o próprio cavaleiro da morte do apocalipse!

Enquanto russos e alemães se matavam em solo soviético, Churchill colhia vitórias no front ocidental. Com a ajuda dos americanos ele abriu as portas para a vitória. Primeiro no dia D, a famosa invasão da Normandia, depois no avanço sem tréguas rumo ao coração da Alemanha. Quando essa finalmente caiu, coroada pelo suicídio de Hitler, a Inglaterra finalmente respirou aliviada, pois a guerra havia sido vencida. Winston Churchill foi considerado um herói e acabou aclamado por seu povo. Curiosamente em pouco tempo também perdeu as eleições, sendo destituído de seu cargo. Os britânicos sabiam muito bem que, apesar de seus atos heróicos serem louvados, não era saudável a uma democracia manter os mesmos líderes por muito tempo. Verdadeiras democracias sabem a importância de sempre haver alternância de poder (algo que o povo brasileiro aliás ainda não entendeu completamente). Assim, dando espaço para a democracia inglesa respirar, ele deixou o palco do cenário político de seu país. Depois disso Churchill virou uma pessoa querida entre os ingleses, uma lembrança de um momento em que a bravura de seu povo foi colocada à prova e venceu todos os desafios. Espirituoso e brincalhão, acabou ficando famoso por diversas tiradas irônicas que deu em festas e eventos comemorativos após a guerra. Certa vez uma senhora da fina flor da sociedade inglesa resolveu criticar seu hábito de beber e fumar em demasia (pois estava sempre com um charuto acesso entre seus dedos e um copo de whisky nas mãos). Numa festa ela não se conteve e virou para o sorridente Churchill e lhe disse em tom de desaprovação: "Se eu fosse sua mulher eu lhe daria veneno!" ao que, sem perder a piada, Churchill respondeu: "E se eu fosse seu marido tomaria o veneno de bom grado". Coisas de um homem que sabia muito bem como viver e lutar pelo que acreditava.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Hitler e os Prussianos

Hitler e os Prussianos -
É um tema curioso. Outro dia navegando por uma rede social me deparei com o anúncio da subida de Hitler ao poder. Era uma chamada de uma canal a cabo sobre História que ultimamente tem pouco de história e muito de reality shows, onde americanos ficam assistindo pessoas vendendo e comprando itens em uma loja de penhores. Mas enfim, voltemos ao tema. Esse canal estava relembrando - como sempre faz - datas históricas importantes. Uma delas era justamente da subida de Hitler ao poder. Nos comentários havia muita gente afirmando que Hitler era um gênio, um gênio do mal é verdade, mas um gênio. Outros diziam que ele de fato foi o maior estrategista militar da história, só sendo superado talvez por Napoleão Bonaparte. Por fim surgiram os realistas, com alguma noção maior de história.

Na verdade Hitler não foi um gênio, nem sobre o ponto de vista militar ele pode ser considerado algo assim. O exército alemão era formado por homens da elite prussiana, membros de famílias centenárias que enviavam seus melhores quadros para se tornarem generais de brigada. Era a nata da nata da sociedade alemã. E como eles viam Hitler? Simples de explicar. Os principais generais alemães não eram membros do partido nazista e achavam Hitler um verdadeiro imbecil. Apenas isso. Claro que conforme a ditadura nazista ia ficando cada vez mais brutal, com assassinatos em massa, muitos pularam o barco se unindo ao partido nazista, mas se olharmos bem os generais o faziam por puro instinto de sobrevivência, não apenas física, mas também política. Hitler estava disposto a eliminar qualquer um que lhe fizesse oposição e por isso não ser membro do partido nazista era quase como um suicídio pessoal dentro do Reich naquele período brutal da história.

Mesmo assim a opinião desses altos oficiais não havia mudado. Eles viam Hitler como um anão militar, um sujeito que não entendia muito de estratégia militar. Tanto isso é verdade que nas salas reservadas do exército alemão havia um pânico concreto que ele iria levar à nação a um desastre de proporções épicas - como levou aliás. Hitler havia chegado ao humilde posto de cabo quando serviu na Primeira Guerra Mundial. E era justamente essa imagem que muitos generais de cinco estrelas viam quando estavam ao seu lado. O Führer tinha momentos de pura megalomania. Enquanto suas campanhas iam dando certo os militares alemães não viam condições de lhe criticar, porém quando os exércitos do Eixo começaram a sofrer duras derrotas no campo de batalha ficou claro para todos que a guerra seria perdida pelas idiotices cometidas por Hitler. Uma delas - talvez a pior, aquela que lhe custou a guerra - foi justamente abrir duas frentes, uma ocidental e outra oriental ao cometer o bárbaro erro de invadir a União Soviética. A Alemanha naquele momento não tinha homens suficientes e nem equipamentos para entrar em uma campanha tão louca do ponto de vista estratégico. O resultado que se viu foi as tropas alemãs morrendo de frio no rigoroso inverno russo. Os que sobreviveram foram aniquilados pelo exército vermelho.

Hitler tinha vários momentos de pura loucura. A maior tragédia do povo alemão foi que ninguém o parou a tempo. A ideologia nazista criou um aparato de propaganda jamais visto. A sociedade alemã foi bombardeada por anúncios e cartazes pregando a subida ao poder de um homem acima do bem e do mal, quase divino, que iria resgatar a nação ariana das humilhações que sofreu após a derrota na Primeira Guerra Mundial. Um "salvador da pátria" amparado por uma ideologia destrutiva e fanática. Já para seus generais prussianos Hitler era um bufão, um populista medíocre que conseguiu se apoderar do governo alemão - e pasmem, em um momento em que a Alemanha gozava de plena democracia e onde todos os poderes institucionais de direito funcionavam perfeitamente. Como isso pôde acontecer? O nazismo e o próprio Hitler provou lá atrás, na história, que infelizmente a democracia não é infalível, pelo contrário, ditaduras perigosas e líderes corruptos também podem perfeitamente subir ao poder e desestruturar completamente uma nação, por mais desenvolvida, democrática e desenvolvida que ela fosse. Assim ficam as lições da história para podermos entender o próprio quadro atual que se abate sobre todos nós.

Pablo Aluísio.