terça-feira, 24 de outubro de 2006
Sangue de Heróis (1948)
1. John Ford não se deu bem com a estrelinha Shirley Temple. Na época em que o filme foi realizado ela já tinha 19 anos de idade. Acontece que Temple foi a maior estrela mirim da história de Hollywood. Conforme foi ficando mais velha seus filmes foram fazendo menos sucesso a cada ano. Ela foi imposta pelo estúdio a Ford que se aborreceu com isso.
2. John Ford usou descendentes nativos Navajos para interpretar Apaches. Em sua visão esses indígenas eram mais profissionais para se trabalhar. Ele também descartou completamente a possibilidade de usar figurantes brancos pintados como índios. Para Ford isso era absurdo e não parecia convincente nas telas. Mais de 200 Navajos foram contratados para trabalharem como guerreiros e outro 100 para atuarem como crianças e mulheres da tribo.
3. Henry Fonda trabalhou nove vezes ao lado de John Ford durante sua carreira. Apesar disso jamais se acostumou com a maneira truculenta do diretor que muitas vezes usava de linguagem rude para dirigir seus atores. Isso se mostrava adequado para John Wayne que costumava responder de forma igualmente rude às provocações e xingamentos de Ford, mas para Fonda, que tinha uma educação mais elegante e refinada, tudo gerava apenas mal estar. Segundo algumas testemunhas Fonda chegava a tecer lágrimas após mais uma sessão de desaforos de Ford durante as filmagens.
4. John Ford mandou que o roteiro fosse o mais fiel possível aos fatos históricos. O enredo girava em torno dos erros cometidos pelo General Custer que levou ao massacre da Sétima Cavalaria do exército americano que estava sob seu comando. Inicialmente Ford queria filmar tudo na mesma região onde os fatos aconteceram - um lugar conhecido como Little Big Horn, mas depois foi convencido pelo estúdio que essa não seria uma boa ideia.
5. O forte construído para o filme ficou de pé por anos. Ele foi inclusive reutilizado para a série de TV "As Aventuras de Rin Tin Tin". Localizado na cidade de Simi Valley na Califórnia o local atrai turistas até os dias de hoje.
6. John Ford proibia a presença de filhos e esposas dos atores durante as filmagens, mas acabou deixando John Wayne trazer seu filho Michael Wayne para o set de filmagens no Monument Valley. Anos depois Michael lembraria como era duro trabalhar naquele lugar onde só havia deserto. Para ele não havia outra opção no lugar a não ser o trabalho e isso deixava Ford muito satisfeito.
Pablo Aluísio.
Anne Jeffreys
Também foi uma atriz atuante em séries de TV, principalmente após ter chegado numa certa idade, onde as personagens para filmes de cinema foram rareando. Sim, Hollywood sempre foi bem preconceituosa nesse aspecto, principalmente entre as mulheres. Atrizes mais velhas acabam ficando sem trabalho nos grandes estúdios de cinema. Uma triste realidade.
Em 1973 foi indicada ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz em série - drama. O programa se chamava "The Delphi Bureau". Entre as séries memoráveis em que trabalhou vale a pena citar "Cavalcade of America", "Caravana", "Bonanza", "O Agente da UNCLE", "Tarzan", "Os Novos Centuriões", "Galactica: Astronave de Combate", "Vega$", "Buck Rogers" e "Ilha da Fantasia". Foram muitos anos de trabalho em emissoras americanas e muitas dessas séries também fizeram bastante sucesso de audiência no Brasil.
Já no cinema é importante citar alguns filmes clássicos em que ela atuou, com destaque para "Emboscada para Billy the Kid", "Tarzan Contra o Mundo", "Bandoleiros da Fronteira", "O Vale dos Bandidos", "Dick Tracy", "O Punhal Sangrento", "O Passo do Ódio" e o já citado "A Volta dos Homens Maus" onde fez par romântico ao lado de Randolph Scott. Em suma, ela foi também uma autêntica cowgirl dos filmes clássicos de faroeste em sua era de ouro, entre as décadas de 1940 a 1960.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 23 de outubro de 2006
John Wayne e John Ford
"Quantas expressões faciais você tem seu hipopótamo?" - Desafiava John Ford durante as filmagens. Wayne não deixava barato e respondia: "Mais do que você pensa seu caolho desgraçado!". Isso pode soar rude e grosseiro para muitas pessoas, porém quem já teve uma amizade masculina sincera fundada em pequenas rusgas como essas saberá e entenderá que tudo não passava de uma nada delicada brincadeira entre os dois. É natural entre homens esse tipo de tratamento que nunca pode ser encarado como uma ofensa legítima, mas sim como uma forma íntima de tratar alguém que você tem intimidade suficiente para provocar e instigar. Nos filmes John Ford e John Wayne funcionavam em perfeita harmonia.
Ford procurava pelo resgate do homem íntegro e honesto que desbravou o velho oeste não apenas no aspecto puramente territorial, mas também psicológico. O americano que ia rumo ao oeste o fazia com o espírito de lá fundar suas raízes, criar sua família, viver muitas vezes da terra. Para Ford esse era o verdadeiro herói nacional. Um homem duro como rocha que encarava todos os desafios, como a aridez da região, o ataque de selvagens e a hostilidade da natureza para se firmar ali e criar uma civilização, baseada principalmente em seus valores de trabalho, ética e honestidade.
Em John Wayne o diretor enxergava o tipo ideal para personificar esse pioneiro. John Wayne era muito querido dentro da indústria, principalmente por ser considerado um profissional correto e digno de confiança. Além disso tinha uma reputação impecável, como homem honesto e cumpridor de suas obrigações. Em tantos anos de carreira jamais havia se envolvido em qualquer escândalo seja de que natureza fosse. Ao contrário de outros ídolos seu nome era respeitado dentro da comunidade cinematográfica. Além disso seu visual, mais velho, com sobrepeso, mas expressão firme e decidida, caía como uma luva nos personagens dos filmes de Ford. Os pioneiros dos século XVIII e XIX eram mesmo a cara de John Wayne. Dessa feliz fusão de ator e diretor nasceram alguns dos maiores clássicos do faroeste norte-americano que iremos tratar em uma série de textos nas próximas semanas. Até lá...
Pablo Aluísio.
Embrutecido Pela Violência
O veterano Kirk Douglas ainda vive e é um verdadeiro sobrevivente. Provavelmente seja o último grande astro da era de ouro do cinema americano ainda vivo. Aos 99 anos de idade, Kirk é mais durão do que todos os cowboys juntos que interpretou ao longo de sua vida. Com 92 filmes no currículo, em mais de 60 anos de carreira, ele foi um verdadeiro workaholic em seus tempos de glória. O curioso na carreira dele é que jamais se limitou a apenas um gênero cinematográfico, abraçando todo tipo de projeto que lhe parecesse interessante. Também foi um artista corajoso e independente que enfrentou de frente grupos poderosos da época. Em plena era das caças às bruxas da paranóia anticomunista ele foi o único em Hollywood que teve coragem de empregar profissionais que estavam na lista negra do Macartismo, entre eles o genial roteirista Dalton Trumbo que havia sido impedido de trabalhar nos grandes estúdios por ter sido acusado de ser membro do partido comunista. Douglas topou a briga e o contratou mesmo sob diversas ameaças de boicote. No final o filme se tornou um grande clássico e Kirk Douglas se tornou um dos responsáveis pelo fim daquela loucura que se espalhava na indústria cultural americana.
Já a atriz Virginia Mayo era outra profissional de muita garra na luta por sua carreira. Ela nasceu em St. Louis, Missouri, no ano de 1920. Desde cedo quis ser atriz de cinema, mas isso exigia um esforço e tanto para conseguir. Considerada uma rainha da beleza ela começou sua vida profissional atuando como modelo (linda como era, não houve maiores problemas sobre isso). Como também era dançarina teve sua primeira oportunidade de aparecer no musical "Follies Girl" de 1939. Aos pouquinhos foi subindo os degraus da fama. Quando atuou ao lado de Kirk Douglas em "Embrutecido Pela Violência" já era uma estrela de renome, capa de revistas e badalada dentro da indústria cinematográfica. Quando o filme foi lançado boatos de que estaria namorando Kirk surgiram na imprensa. No filme inclusive podemos notar seus esforços em se destacar apenas pelo talento dramático e não apenas pelo seu bonito rosto. Ela está com cabelos curtinhos, estilo Joãozinho, em roupas simples, rurais, e modos rudes e rústicos. Isso em nada tirou seu brilho pessoal, pelo contrário, só a deixou mais charmosa - mesmo que estivesse com um rifle nas mãos! Ela tinha um olhar muito expressivo que foi perfeitamente captado pelas lentes do cineasta Raoul Walsh. No roteiro do filme ela quer de todo custo salvar seu pai que caminha rapidamente para a morte (seja pelas mãos da justiça, seja pelos rancheiros que o acusam de vários crimes). Para isso vale tudo, até mesmo se enamorar pelo xerife durão Douglas - o que convenhamos não era nada fácil. Enfim, coisas de Hollywood...
Pablo Aluísio.
domingo, 22 de outubro de 2006
John Wayne - Rio Lobo
Quando perguntado em que momento iria se aposentar, Wayne respondia: "Enquanto houver trabalho para esse velho pangaré, estarei trabalhando. Quem sabe algum dia ninguém mais queira me ver pela frente e me joguem no pasto, mas até esse dia acontecer irei fazer filmes". Ele cumpriu sua promessa pois trabalhou até o fim da vida. O termo aposentadoria não se aplicava no que dizia respeito a John Wayne. Assim mesmo em uma nova década lá estava o velho cowboy de volta ao mundo do faroeste para divertir e entreter seu leal público.
O primeiro grande diferencial de "Rio Lobo" vem do fato dele ter sido dirigido por Howard Hawks. Nem cabe aqui o estafante trabalho de citar suas obras primas na história do cinema pois elas são muitas. Hawks foi um verdadeiro gênio da sétima arte. Tal como Wayne ele também era um sobrevivente e um veterano quando esse filme foi rodado. Eles queriam provar que ainda havia espaço para esses dois antigos ídolos do cinema americano. O resultado acabou comprovando que nem o tempo lhes tirou a majestade. Em um tempo em que já havia outra mentalidade entre a população, os dois conseguiram fazer sucesso revitalizando os mesmos valores morais e éticos de quando eram jovens. O conservadorismo de suas obras acabavam sendo o seu maior charme.
O contexto histórico onde se passa a história de "Rio Lobo" é o período que se desenvolveu logo após o fim da Guerra Civil americana. Ianques e confederados ainda acertavam as mágoas de um conflito sangrento quando o Coronel McNally (John Wayne) parte no encalço de veteranos sulistas que teriam roubado um carregamento de ouro da União. A missão de encontrar os criminosos tem para o velho militar um aspecto também bem pessoal. Essa mesma quadrilha passou informações vitais para o inimigo que resultaram na morte de um jovem oficial da União que era considerado um verdadeiro filho por McNally. Assim o dever de achá-los se mesclou com o desejo de vingança do Coronel. Como bem John Wayne sabia esse sempre tinha sido um tema recorrente em filmes de western, o que em "Rio Lobo" não era também exceção.
Pablo Aluísio.
O Passado Não Perdoa
Pouco tempo depois o próprio George (Cooper) surge com dinheiro suficiente para abrir sua própria empresa de navegação. O negócio prospera e ele fica rico. Sua esposa Martha (interpretada pela ótima Debora Kerr) começa a ficar desconfiada de tudo. Afinal o dinheiro roubado na empresa jamais fora encontrado. Teria sido ele o real assassino? O roteiro assim aproveita essa situação limite para desenvolver toda a sua trama. Um aspecto interessante é que até a cena final o espectador fica na dúvida sobre ser o personagem de Cooper inocente ou culpado. Extremamente bem escrito, é um ótimo momento da filmografia do ator. Infelizmente Cooper morreria naquele mesmo ano, sendo esse seu último filme.
O outro belo clássico que assisti foi "O Passado Não Perdoa". Esse é um faroeste dirigido por John Huston. Todo cinéfilo sabe que Huston foi um mestre da sétima arte. Ele nunca realizava filmes banais ou que caíssem no lugar comum. Era um cineasta dos mais constantes na realização de obras primas. Esse filme é uma delas. O roteiro começa mostrando o dia a dia de um clã familiar no velho oeste. Eles vivem em um rancho situado no deserto, em pleno território Kiowa. De tempos em temos os nativos guerreiros promovem massacres de colonos brancos na região. O patriarca da família Zachary foi morto em um desses ataques. Agora quem lidera o clã é Ben Zachary (Burt Lancaster), o irmão mais velho. Ele vive de transportar e vender gado pela região. A rotina familiar segue tranquila e feliz até que os Kiowas retornam.
Eles querem que Ben lhes dê a sua própria irmã, a jovem Rachel (interpretada por Audrey Hepburn, maravilhosa como sempre), para que ela seja levada para as montanhas onde vive a tribo. Para os Kiowas ela teria sido raptada de sua aldeia no passado. Um ataque feito pelo próprio patriarca Zachary. Claro que Ben (Lancaster) recusa de forma veemente a possibilidade de Rachel ser entregue de volta aos índios, o que acaba dando origem a uma verdadeira guerra entre brancos e indígenas. Huston mostra maestria na condução do filme. Ele não tem pressa, desenvolvendo cada personagem de forma bem caprichada. O elenco conta ainda com dois outros coadjuvantes bem interessantes para os cinéfilos: a presença da diva do cinema mudo Lilian Gish, como a velha matriarca e Audie Murphy, como o irmão do meio da família Zachary, uma pessoa que ainda não conseguiu superar seus preconceitos de natureza racial. Em suma, um belíssimo trabalho do mestre John Huston, um diretor que jamais me decepcionou.
Pablo Aluísio.
sábado, 21 de outubro de 2006
Natalie Portman - Jane Got a Gun
Agora em 2016 ela ressurge nesse faroeste! Quando estava assistindo a esse filme chamado "Jane Got a Gun" fiquei pensando que ela nunca havia feito nada parecido na carreira. Havia me esquecido que Natalie participou de outro western, em 2003, chamado "Cold Mountain". O esquecimento foi justificado pois ela ainda era bem jovem e seu papel não era de destaque - na verdade duas outras atrizes estrelaram aquele filme, Nicole Kidman e Renée Zellweger. Pois é, o tempo passou, ela ficou muito marcada como a princesa Padmé da segunda trilogia de "Star Wars" (filmes de que sinceramente nunca gostei muito) e depois de 13 anos voltou ao velho oeste.
Mais do que atuar Portman também produziu esse novo filme ao lado dos irmãos Weinstein, antigos fundadores e donos do estúdio Miramax. O resultado é muito bom. É curioso porque assim que vi Portman no elenco logo pensei que viria algo diferente, um faroeste com toques mais inovadores, indo para o lado do cinema de arte, cult. Estava enganado. Esse roteiro é bem tradicional, na verdade poderia até mesmo ser estrelado por John Wayne em seus bons anos. O tema da vingança é um dos mais caros e usados em faroestes dos anos 50 e 60. A única novidade que realmente vale citar é o fato de que o roteiro não traz a estória mastigada para o espectador. A narrativa foge um pouquinho do estilo mais linear, usando como ferramenta de narração o velho e bom flashback (uso de cenas do passado dos personagens).
Outro aspecto que me chamou a atenção é que a personagem de Portman, chamada Jane, não é uma mocinha tradicional de filmes desse tipo. Ela não é uma garota amedrontada, que não consegue se defender. Pelo contrário. Numa das melhores cenas do filme ela é encurralada em um beco por um pistoleiro, antigo desafeto, que não apenas a ameaça como pensa em estuprá-la. Ao invés de gritar ou ficar em desespero Jane saga seu colt e manda o criminoso para o inferno. Aliás a Jane do filme precisa mesmo ser muito forte e decidida. Com o marido baleado, agonizante em seu rancho, e um grupo de bandoleiros indo até lá para matar os dois ela precisa ser uma mulher mais do que forte. É necessário mostrar confiança e personalidade. Assim deixo a dica desse novo faroeste. Tanto os fãs mais tradicionais do gênero como os admiradores de Portman certamente vão gostar do resultado.
Pablo Aluísio.
Clnt Eastwood - O Estranho Sem Nome
Poster promocional do filme "O Estranho Sem Nome" (High Plains Drifter, EUA, 1973). Um aspecto bem curioso sobre esse western é que Clint tinha intenção de chamar o veterano John Wayne para atuar ao seu lado. Para isso Eastwood resolveu escrever uma carta de próprio punho a Wayne o convidando para trabalhar com ele na produção. Era um velho sonho que Clint tinha e ele achava que agora chegara o momento de realiza-lo. Em anexo enviou o roteiro que já estava pronto. Uma semana depois John Wayne respondeu. Agradeceu a gentileza do convite e se desculpou dizendo que não poderia fazer o filme pois sua agenda não o permitiria. Mesmo veterano John Wayne já havia se comprometido com três novos filmes na Paramount e não haveria como rodar um quarto!
Depois teceu algumas críticas ao roteiro dizendo que ele de certa forma desvirtuava o faroeste tradicional a qual estava acostumado a trabalhar. Para Wayne os filmes de western deveriam seguir uma certa linha, uma certa tradição, ao estilo John Ford e não precisavam se desvirtuar desse caminho, se mesclando outros gêneros cinematográficos, como havia lido no roteiro do filme. Clint obviamente ficou decepcionado com a carta e a forma de pensar de seu ídolo, mas respeitou sua decisão. Promessas mútuas de que um dia iriam trabalhar juntos no futuro ficou no ar, mas nunca se concretizaram. Assim, infelizmente, dois dos maiores ícones do faroeste americano jamais trabalharam juntos em suas carreiras, algo a se lamentar até hoje.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 20 de outubro de 2006
O conservador John Wayne
Um fato aliás marcou profundamente o ator durante a década de 1960. Quando os Estados Unidos começaram a afundar pra valer na Guerra do Vietnã, com milhares de jovens americanos sendo mortos nas florestas daquele país, Wayne nadou corajosamente contra a corrente da opinião popular. Protestos contra a guerra começaram a eclodir por toda a América, mas Wayne novamente fincou posição e se declarou a favor da guerra. Para John Wayne aquela era uma guerra contra o avanço do comunismo na Ásia e por isso seria uma guerra justa, que deveria ser vencida a todo custo pelas forças armadas de seu país. Duramente criticado pela imprensa Wayne não se intimidou. Fez propaganda para a compra de bônus de guerra e até produziu do próprio bolso um filme ideologicamente alinhado com seu pensamento chamado "Os Boinas Verdes". Era uma propaganda nada sutil de apoio à guerra.
Bem no meio da polêmica estudantes da Universidade de Harvard (um dos centros liberais nos Estados Unidos) resolveram enfrentar o ator em um debate público. Eles o convidaram pensando que Wayne não iria jamais. Ledo engano. O ator não apenas compareceu para enfrentar face a face todos os críticos da academia como fez mais: indo ao encontro dentro de um tanque de guerra! Claro que isso tudo despertou uma grande repercussão na imprensa da época. No final sua presença carismática encantou os estudantes presentes no debate, muito embora eles, como era de se esperar, não mudassem de lado. Aliás John Wayne também não recuou também nem um centímetro de suas convicções políticas.
Essa sua forma de pensar o levou também a ter sérios atritos em Hollywood com um liberal de carteirinha: Marlon Brando. Esse era o extremo oposto de Wayne. Defendia o direito dos índios, dos homossexuais, dos negros e de todos aqueles que fizessem parte de algum tipo de minoria oprimida. Não que John Wayne fosse racista (seus casamentos com mulheres latinas provava isso), mas os posicionamentos de Brando, sempre causando polêmica na imprensa, o irritava profundamente. A suprema ofensa de Brando para Wayne foi a recusa em receber o seu Oscar de melhor ator por "O Poderoso Chefão". Quem Marlon Brando pensava ser, desrespeitando a Academia de cinema? Tal foi sua irritação que chegou a dizer publicamente que daria um soco na cara de Brando caso o visse pela frente. Eram como água e vinho. Jamais poderiam se misturar.
Pablo Aluísio.