quarta-feira, 24 de maio de 2006

Punidos Pelo Proprio Sangue

Richard Widmark foi um astro do cinema em sua época. Um astro diferente, pois não raro interpretava anti-heróis. Esse faroeste foi um dos sucessos comerciais de sua carreira, onde foi dirigido pelo mestre John Sturges, com roteiro baseado na novela de western escrita por  Frank Gruber. Era comum esse tipo de adaptação pois a literatura de faroeste era uma das mais populares, vendendo milhares de livros todos os anos. O gênero não existia apenas no cinema, mas em novelas, livros, contos publicados em jornais de grande circulação, etc. E qual é a história contada nesse filme de western? Jim Slater (Richard Widmark) é um cowboy em busca de suas origens. Há muitos anos tenta encontrar seu pai mas em vão. Até que seguindo pistas ele chega numa velha cidade do oeste americano. Lá descobre que seu pai foi morto numa emboscada apache nas montanhas rochosas. Embora o relato seja digno de acreditar, Slater resolve ir mais a fundo e sai em busca de testemunhas do que aconteceu. Além disso há rumores que seu pai carregava uma bela quantia em ouro que havia descoberto na mina em que trabalhava. Teria sido morto mesmo por Apaches ou a cobiça dos homens brancos da região falou mais alto?

O excelente cineasta John Sturges não assinava bobagens. E quando o tema era o velho oeste a coisa ficava muito mais séria. Aqui temos um faroeste com um roteiro extremamente bem escrito e ótimas atuações. Ele se empenhou bastante na realização desse filme, dando inclusive retoques no roteiro. Queria reforçar o aspecto de mistério de seu enredo. Infelizmente o título nacional entrega a solução do mistério que ronda toda a trama, mas nada podemos fazer sobre isso - pelo visto não é de hoje que temos títulos nacionais equivocados não é mesmo?

Pois bem, o enredo se passa no Arizona em 1870 e isso significa cidadezinhas empoeiradas no meio do deserto hostil. Richard Widmark passa o tempo todo com um figuro marrom (me lembrou até do famoso pioneiro Daniel Boone) e cai de amores pela mocinha Donna Reed (jovem e bonita, de cabelos curtos). O ator interpreta um verdadeiro personagem dúbio, ora agindo como mocinho, ora como vilão. No geral é um bom faroeste, movimentado, com perseguições de diligências, tiroteios em saloons e brigas no meio da areia do deserto. A fotografia foi valorizada, pois a região onde tudo foi filmado era bem bonita, com longas encostas montanhosas. Enfim, para matar saudades de Richard Widmark e seu estilo durão, com personagens que oscilavam entre o bem e o mal.

Punidos Pelo Proprio Sangue (Backlash, Estados Unidos, 1956) Estúdio: Universal International Pictures / Direção:  John Sturges / Roteiro: Frank Gruber, Borden Chase / Elenco: Richard Widmark, Donna Reed, William Campbell / Sinopse: Durante o velho oeste americano um homem desconhecido chega em uma pequena cidade do interior em busca de respostas, sobre a morte de seu pai. Ele quer saber tudo o que aconteceu para se vingar do assassino cuja identidade terá que descobrir.

Pablo Aluísio.

Na Sombra do Disfarce

Você aprecia os filmes do ator Joel McCrea? Se sua resposta foi positiva, então deixo a dica de mais um bom faroeste estrelado por ele. E qual é a história do filme? Um fazendeiro, Zachary Hallock (Joel McCrea) e seu filho Josué (Jimmy Hunt), tentam se estabelecer em um rancho perto de uma cidadezinha sem lei nos confins do oeste americano. A região não possui xerife (o último foi morto pelas costas) e por isso se tornou um porto seguro para assaltantes, assassinos e marginais de toda ordem. Mas os cidadãos de bem resolvem reagir. Os comerciantes e fazendeiros da região se unem e formam um grupo de vigilantes armados para dar seguranças aos seus negócios e suas famílias. Isso acaba transformando o local em um verdadeiro barril de pólvora pronto a explodir.

O que fazer quando não existe mais lei e as autoridades constituídas nada mais fazem para impedir a explosão da criminalidade e a violência? "The Lone Hand" mostra a solução ao colocar em cena a sociedade civil formada por homens de bem se armando para impor novamente ordem e respeito em uma terra assolada pela bandidagem. O enfoque do roteiro é muito bem construído, principalmente por mostrar a dura vida dos pioneiros que foram em direção ao oeste para começar uma nova vida.

O personagem interpretado pelo sempre ótimo Joel McCrea personifica justamente esse ideal. Ele também acaba se envolvendo com a bela e sofrida Sarah Skaggs (Barbara Hale) que embora seja uma mulher honesta, íntegra e ciente de seus deveres tem que presenciar pessoas de sua própria família integrando grupos e bandos de criminosos. O argumento sutilmente toca na questão do chamado fora-da-lei social, aquele que não encontra outro caminho de vida mas não se aprofunda sobre o tema. Ao invés disso mostra apenas o lado dos pioneiros que para continuarem sobrevivendo tiveram que pegar em armas. Um western visceral que certamente mexerá com você. Mais do recomendado.

Na Sombra do Disfarce (The Lone Hand, Estados Unidos, 1953) Estúdio: Universal International Pictures / Direção: George Sherman / Roteiro: Joseph Hoffman, Irving Ravetch / Elenco: Joel McCrea, Barbara Hale, Alex Nicol / Sinopse: Em uma região dominada pelo crime, um grupo de fazendeiros e comerciantes decidem impor sua própria lei, formando grupos de justiceiros armados.

Pablo Aluísio.

Anjo de Vingança

Título no Brasil: Anjo de Vingança
Título Original: Frenchie
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal International Pictures
Direção: Louis King
Roteiro: Oscar Brodney
Elenco: Joel McCrea, Shelley Winters, Paul Kelly, Elsa Lanchester, Marie Windsor, John Russell

Sinopse:
Frenchie Fontaine (Shelley Winters) decide vender seu negócio de sucesso em Nova Orleans para ir até a fronteira do velho oeste. A razão? Ela pretende encontrar os homens que mataram seu pai, Frank Dawson. O problema é que ela só conhece a identidade de um deles, e por isso precisa encontrar o segundo assassino. Para isso pretende contar com a ajuda do xerife da cidade, o durão e homem de poucas palavras Tom Banning (Joel McCrea). A caçada vai começar...

Comentários:
Mais um faroeste estrelado pelo ator Joel McCrea (1905 - 1990). Hoje em dia ele anda um tanto esquecido mas em seu auge foi bem popular. Isso se deve ao fato de que Joel realmente parecia um cowboy do velho oeste. Não era metido a galã e nem fazia o tipo que não convencia. Usando roupas surradas, cheias de poeira, cigarro na mão e jeito de durão era simplesmente impossível não acreditar que ele não fosse um autêntico "homem de Marlboro". Seus filmes de western se caracterizavam por serem bem duros, másculos, cheios de ação e tiroteios. Nada de personagens complexos, em crises existenciais. As crises em suas produções eram sempre resolvidas da mesma maneira, com o cano quente de uma Winchester calibrada. Nada mais, nada menos do que isso. Em "Anjo de Vingança" ele interpreta o xerife Tom Banning que não dá mole para a bandidagem, que como se sabe começa a se espalhar quando não é devidamente combatida. Banning usa da velha filosofia de que "bandido bom é bandido morto" e nada mais. Faroeste muito acima da média com cenas ótimas com Joel e Winters, que tenta trazer um pouco de leveza e bom humor às fitas de McCrea, um sujeito durão que não levava desaforos para casa. Quem precisa de mais? Os fãs de western certamente vão adorar.

Pablo Aluísio.

Terra Selvagem

Título no Brasil: Terra Selvagem
Título Original: Comanche Territory
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: George Sherman
Roteiro: Lewis Meltzer, Oscar Brodney
Elenco: Maureen O'Hara, Macdonald Carey, Will Geer, Charles Drake, Pedro de Cordoba, Ian MacDonald  

Sinopse:
Durante a conquista do oeste americano, um grupo de colonos decide romper, por conta própria, um tratado de paz firmado entre o governo e a nação comanche. Eles cobiçam a prata que pode ser encontrada no território comanche. E essa invasão de suas terras dá origem a um conflito brutal entre homens brancos e nativos.

Comentários:
O diretor George Sherman tinha nome de general ianque da guerra civil. Isso parece ter abençoado sua carreira cinematográfica pois ele, desde cedo, se especializou em filmes com histórias passadas no velho oeste. Esse faroeste aqui tem uma característica interessante, pois foi estrelado por uma mulher! Isso mesmo, a atriz Maureen O'Hara era a verdadeira protagonista no filme, interpretando uma personagem chamada Katie Howard, uma pioneira naquelas terras selvagens. Maureen O'Hara era uma das principais estrelas da Universal, assim o estúdio decidiu arriscar, produzindo um western estrelado por uma atriz de personalidade forte. A "ousadia" deu certo, o filme foi elogiado pela crítica da época e rendeu uma boa bilheteria nos cinemas. Revisto nos dias atuais é sem dúvida um bom filme de western, com todos os elementos presentes, bom roteiro, elenco empenhado e ótimas cenas de batalha. Um bom fã do estilo não teria do que reclamar.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de maio de 2006

Comando Negro

Título no Brasil: Comando Negro
Título Original: Dark Command
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio:  Republic Pictures
Direção: Raoul Walsh
Roteiro: Grover Jones, Lionel Houser
Elenco: John Wayne, Claire Trevor, Walter Pidgeon, George 'Gabby' Hayes, Porter Hall, Raymond Walburn

Sinopse:
Na véspera da eclosão da guerra civil americana, o texano Bob Seton (John Wayne) chega na pequena cidadezinha de Lawrence, Kansas. Ele pensa em viver por lá, só que seus planos são ameaçados por William 'Will' Cantrell (Walter Pidgeon), um ambicioso e fanático militante da causa sulista na região. Não demora muito e ele começa a impor o terror para toda a população local.

Comentários:
Hoje em dia esse western é pouco lembrado. Entretanto foi um dos grandes sucessos da carreira de John Wayne. Tanto do ponto de vista do público, como também da crítica. Foi produzido pelo lendário produtor Sol C. Siegel, que fez fortuna e fama em Hollywood, sendo conhecido pelo extremo capricho que trazia para seus filmes. A direção também foi excelente, caindo nas mãos do mestre Raoul Walsh. Tantos talentos fizeram com que o filme fosse indicado em duas categorias do Oscar, concorrendo como melhor direção de arte (realmente o filme tem um estilo e visual belíssimo) e melhor música original (a cargo do maestro Victor Young, consagrado pelos maravilhosos temas que compôs para filmes em Hollywood). O roteiro também conseguiu mesclar com rara inspiração personagens históricos reais (como Cantrell e seu bando de renegados) com personagens de pura ficção (como no caso do ranchero interpretado por John Wayne). Em suma, um dos grandes clássicos da Republic, um estúdio que marcou época na Hollywood em sua fase de ouro.

Pablo Aluísio.

Rifles Apaches

A colonização rumo ao oeste dos Estados Unidos foi violenta e repleta de situações de guerra envolvendo os soldados da cavalaria do exército (conhecidos como casacas azuis) e os nativos, tribos e nações indígenas que lutavam por suas terras. Alguns tratados de paz foram celebrados, mas também rompidos, tanto por um lado como pelo outro. A história desse faroeste se passa justamente nesse período histórico marcante dos Estados Unidos, quando brancos e índios entraram em confronto direto, resultando muitas mortes no meio do deserto escaldante do velho oeste.

A história desse filme se passa em 1879, no território do Arizona. Um grupo de guerreiros apaches rompem o tratado de paz, deixam sua reserva e partem em luta contra os soldados do exército. O Capitão Jeff Stanton (Audie Murphy) é designado pelo alto comando para liderar uma unidade da cavalaria para localizar, combater e capturar os Apaches rebeldes. E no meio de todo esse clima de confronto ainda surgem mineradores mal intencionados que desejam roubar os metais preciosos nessas mesmas terras de conflito. Bom filme de western, contando com Audie Murphy, veterano da II Guerra Mundial, que se tornou ator bem popular de filmes de faroeste da época, inclusive no Brasil.

Rifles Apaches (Apache Rifles, Estados Unidos, 1964) Direção: William Witney / Roteiro: Charles Smith, Kenneth Gamet / Elenco: Audie Murphy, Michael Dante, Linda Lawson / Sinopse: Capitão da cavalaria do exército dos Estados Unidos recebe ordens para combater e aprisionar um grupo de violentos guerreiros Apaches que deixaram a reserva onde viviam para partir em uma campanha de vingança contra os homens brancos que invadiram suas terras ancestrais.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de maio de 2006

Ao Rufar dos Tambores

Um filme do mestre John Ford menos conhecido. Porém não menos importante. Na história um casal de jovens pioneiros se casa. Mal a cerimônia de casamento termina e eles já sobem em uma carroça em direção ao oeste. O marido, Gilbert Martin (Henry Fonda), comprou um rancho na fronteira. A esposa, Lana Magdelana (Claudette Colbert) é uma moça da cidade e fica assustada com a rudeza do lugar. Fica mais apavorada ainda quando encontra um velho índio, amigo de Gilbert, dentro de sua casa. Apesar desses sustos iniciais as coisas seguem até bem nos primeiros dias.

Só que estoura a guerra de independência das 13 colônias americanas. Os ingleses se aliam com tribos de índios que atacam e queimam as fazendas dos colonos, inclusive a casa onde vive o casal que protagoniza a história. Eles fogem, conseguem sobreviver e se instalam em um forte de madeira mantido e defendido pelos próprios habitantes da região. A guerra é feroz, muitos homens morrem no campo de batalha e Lana logo percebe como é dura a vida de uma mulher naquelas terras sem lei, forjadas na violência.

"Ao Rufar dos Tambores" é um filme muito bom, explorando a vida dos pioneiros do oeste em um momento muito delicado da história dos Estados Unidos. Há cenas emblemáticas, como a da apresentação da primeiras bandeira da nova nação para as pessoas que viviam na fronteira selvagem. Como é de praxe em filmes de John Ford ele também acrescentou alguns breves momentos de humor para não deixar o filme tão pesado. Henry Fonda, como sempre ótimo, mas quem acaba roubando a cena é a atriz que interpreta sua esposa, Claudette Colbert. Enfim, um filme que resgata a vida de pessoas comuns, no limiar do nascimento daquela jovem nação.

Ao Rufar dos Tambores (Drums Along the Mohawk, Estados Unidos, 1939) Direção: John Ford / Roteiro: Lamar Trotti, Sonya Levien / Elenco: Claudette Colbert, Henry Fonda, Edna May Oliver, Eddie Collins / Sinopse: Um casal de pioneiros tenta vencer na vida, em um rancho da fronteira, durante a guerra de independência dos Estados Unidos. No novo lar acabam sendo atacados por índios e ingleses, que lutam contra a separação do colônia do império britânico. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante (Edna May Oliver).

Pablo Aluísio.

O Vingador Silencioso

Título no Brasil: O Vingador Silencioso
Título Original: Il Grande Silenzio
Ano de Produção: 1968
País: Itália, França
Estúdio: Adelphia Cinematografica, Les Films
Direção: Sergio Corbucci
Roteiro: Sergio Corbucci, Vittoriano Petrilli
Elenco: Jean-Louis Trintignant, Klaus Kinski, Luigi Pistilli, Frank Wolff, Mario Brega, Carlo D'Angelo

Sinopse:
Um atirador mudo defende uma jovem viúva e um grupo de moradores de uma gangue de assassinos de recompensas no inverno de 1898. Há diversos pistoleiros profissionais entre os bandoleiros, o que resulta numa luta tensa e sombria entre os inimigos.

Comentários:

Produção franco-italiana dirigida pelo "mestre do western spaghetti", o hoje cultuado Sergio Corbucci. Esse cineasta, ao lado de Sergio Leone, é considerado um dos mestres do cinema italiano de faroeste da década de 1960. O curioso é que durante anos seus filmes foram impiedosamente malhados pelos críticos, mas depois sua filmografia foi ganhando um status cult, principalmente nos cursos de cinema ao redor do mundo. A estética de Corbucci hoje em dia é estudada nos mais renomados centros universitários, seus filmes são exibidos em cineclubes e assim sua obra foi devidamente reconhecida, embora tardiamente. Infelizmente o diretor, falecido em 1990, não teve a oportunidade de ver suas filmes sendo resgatados pela academia. De qualquer maneira a sua obra está aí, para quem deseja conhecer. Esse "O Vingador Silencioso" é um desses filmes que na época de lançamento passou em brancas nuvens, mas que hoje em dia é extremamente elogiada.

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de maio de 2006

Adeus, Texas

Título no Brasil: Adeus, Texas
Título Original: Texas, addio
Ano de Produção: 1966
País: Itália, Espanha
Estúdio: B.R.C. Produzione S.r.l., Estela Films
Direção: Ferdinando Baldi
Roteiro: Ferdinando Baldi, Franco Rossetti
Elenco: Franco Nero, Alberto Dell'Acqua, Elisa Montés

Sinopse:
Após longos anos trabalhando como xerife, Burt Sullivan (Franco Nero) resolve deixar seu cargo para resolver um velho problema de seu passado. Acontece que ele finalmente descobre que Cisco Delgado (José Suárez) foi o responsável pela morte de seu pai, muitos anos atrás. Como homem da lei ele não poderia levar adiante seu plano de vingança, por isso resolve deixar a estrela de prata de lado para rumar em direção ao Texas com o firme objetivo de acertar contas com Cisco. Para isso conta com a ajuda de seu irmão Jim Sullivan (Alberto Dell'Acqua) pois ambos possuem interesse em fazer justiça com as próprias mãos. Uma vez na pequena cidade descobrem que Cisco se tornou um homem rico, poderoso e influente na região, o que dificultará ainda mais seu anseio de vingança.

Comentários:
No grande ano da carreira de Franco Nero ele ainda estrelou mais esse western Spaghetti, "Texas, addio". Uma das primeiras coisas que chamam atenção aqui é o fato do enredo ser muito parecido com o de seu filme anterior, "Tempo de Massacre". Isso se explica facilmente. Acontece que na década de 1960 o cinema italiano produzia filmes em ritmo industrial. Ao contrário do que acontece hoje em dia o número de salas de cinema no mundo só aumentava e com muita demanda era de se esperar que muitos filmes fossem produzidos rapidamente. Franco Nero assim pulava de um set de filmagens para outro, tudo para aproveitar sua popularidade após "Django". Nesse ritmo frenético nem sempre havia tempo hábil para se escrever roteiros muito originais, assim não era raro se aproveitar de uma estória que havia dado certo antes para se contar novamente algo bem parecido. Usando da velha tática de escrever roteiros "diferentes, mas iguais" os escritores do cinema italiano tinham que reciclar muitas vezes a mesma estória em filmes diferentes. Temas como vingança envolvendo a morte de familiares, xerifes que se tornavam criminosos e homens poderosos e ricos como vilões eram recorrentes por essa época. O mesmo acontece nessa produção. A boa notícia é que o filme realmente diverte, ainda hoje, e traz todos os elementos que fizeram a diversão dos fãs do estilo Spaghetti. Olhando sob esse prisma "Adeus, Texas" ainda pode ser considerado uma boa pedida.

Pablo Aluísio.

Deus Perdoa... Eu Não!

Título no Brasil: Deus Perdoa... Eu Não!
Título Original: Dio perdona... Io no!
Ano de Produção: 1967
País: Itália, Espanha
Estúdio: Cronocinematografica Productores Films
Direção: Giuseppe Colizzi
Roteiro: Giuseppe Colizzi
Elenco: Terence Hill, Bud Spencer, Frank Wolff, Bruno Ariè, Francisco Sanz, Antonio Decembrino

Sinopse:
Um trem chega na estação com todos os passageiros mortos. Havia um carregamento de ouro no valor de 200 mil dólares que simplesmente sumiu. Tudo leva a crer que foi um roubo bem planejado e executado com requintes de crueldade, mas quem teria sido o autor de tal crime? E o mais importante de tudo, onde foi parar aquela pequena fortuna? É justamente para responder essas perguntas que Cat Stevens (Terence Hill) e Hutch Bessy (Bud Spencer) se unem para procurar pelo ouro. Ambos acreditam que o roubo foi cometido pela quadrilha liderada pelo bandoleiro Bill San Antonio (Frank Wolff). O problema é que Bill é dado como morto desde que enfrentou Stevens no passado! Mas será mesmo que ele morreu?

Comentários:
Esse é um Western Spaghetti dos mais interessantes, não apenas por reunir a boa dupla Terence Hill e Bud Spencer mas também por apresentar um roteiro até bem feito, com idas e vindas no tempo, para encaixar todas as peças sobre o desaparecimento (ou teria sido morte?) do bandoleiro e assassino Bill San Antonio! Esse é um personagem bem curioso pois tem jeito de afeminado, meio louco e com ares de megalomania. Imaginem um pistoleiro como esse em pleno anos 60! Como sempre acontecia em Spaghettis dessa época temos todo aquele desfile de sujeitos barbudos, suados e mal encarados. O personagem de Terence Hill é um jogador inveterado que está sempre envolvido em jogos e tiroteios, não necessariamente nessa ordem. Como sempre seu carisma se mostra à prova de falhas. O filme tem sua dose de brigas caricatas - com todos aqueles sopapos bem característicos dos filmes italianos - mas a despeito disso consegue manter um tom bem mais sério do que o habitual. No final a única dúvida que fica sem resposta é como o Bud Spencer conseguia aguentar aquele pesado casaco de peles em pleno deserto? Haja preparo físico para isso!

Pablo Aluísio.