sexta-feira, 7 de março de 2008

A Queda do Império Otomano

A Queda do Império Otomano - Com a migração de milhares de refugiados de países em guerra civil como a Síria rumo à Europa a questão envolvendo a velha rivalidade entre o mundo cristão e o mundo muçulmano se reaviva novamente. As diferenças culturais e religiosas são tamanhas que todos ficam em dúvida se uma convivência pacífica é realmente possível. Recentemente uma notícia escabrosa envolvendo assédio e estupro de mulheres alemãs por refugiados islâmicos reacendeu essa pira, essa questão espinhosa. Para muitos seguidores do Islã é completamente inadmissível uma mulher se vestir como as ocidentais, serem independentes e donas de seu próprio nariz. Por isso é muito provável que cada vez mais casos como esses aconteçam em um futuro próximo.

Pois bem, o mais perto que os islâmicos chegaram de conquistar toda a Europa cristã aconteceu há exatos cinco séculos com o crescimento e o avanço do Império Otomano. Coube a essa extraordinária máquina de guerra a primazia de colocar, como nunca antes da história, os países europeus ocidentais contra a parede. Liderados por líderes que se diziam herdeiros diretos do profeta Maomé, lutando com a força de uma fé de conquista não apenas territorial, mas também religiosa (o que aumentava em muito a disposição dos otomanos no campo de batalha) é crível dizer que por um triz do ponto de vista histórico os países europeus não foram dominados.

Na verdade o maior inimigo histórico do Império Otomano foi o próprio Império Otomano. Historicamente esse poder imperial ruiu por dentro, esfacelou-se em suas próprias bases. A grande coluna que sustentava todo o sistema do Império, o exército e as instituições era a religião islâmica. Desde os primórdios o profeta Maomé deixou claro em seus escritos que era necessário expandir a fé do Islã, tornar membros da religião os infiéis e para isso tudo era válido, até mesmo a força da violência. Por isso, impulsionados pelos ensinamentos do profeta, os homens que lutaram na fileiras do exército Otomano não mediam esforços para concretizar essas conquistas.

Em sua máxima extensão o Império Otomano foi tão grandioso como o Império Romano. Ele ia das portas de Bagdá até a distante Argélia, passando por Egito e por diversos povos que faziam parte do antigo Império Romano do Oriente. A conquista de Constantinopla (cujo nome foi mudado para Istambul - Islã em abundância) significou o auge do sucesso Otomano. Muitos historiadores ainda debatem qual foi a principal razão da queda dessa força imperial. A religião islâmica parece trazer muitas respostas. Após a morte do profeta houve uma divisão entre Xiitas e Sunitas. Essa divisão dentro do próprio Islã fez com que a unidade do próprio império fosse quebrada. Exércitos islâmicos começaram a se aliar a exércitos europeus cristãos contra os próprios muçulmanos e o efeito de tudo isso não foi muito complicado de prever.

Em pouco tempo o Império Otomano estava destruído e seu vasto território fatiado entre as potências da Europa que as transformaram em colônias como o Egito, grande parte do norte da África e até mesmo Turquia. No Oriente Médio os países ocidentais criaram nações como Iraque, Irã, Síria, Jordânia e vários outros que dão contorno aos países árabes atuais. O antigo sonho de glória Otomana virou pesadelo e sua destruição até hoje se faz sentir, principalmente quando vemos as inúmeras guerras civis e conflitos que até hoje existem nas terras desse outrora glorioso império islâmico.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 6 de março de 2008

Os últimos momentos de Maria Antonieta

Os últimos momentos de Maria Antonieta - Abandonada em uma cela escura, nas mãos de fanáticos da revolução francesa, os últimos momentos da rainha Maria Antonieta foram bem tristes. Os anos de glória, luxo e riqueza de Versalhes e principalmente do Petit Trianon, onde ela realmente foi feliz, havia ficado definitivamente no passado. Os revolucionários executaram o rei Luís XVI em um processo onde nada foi respeitado. Logo os revolucionários que se diziam adeptos dos mais altos valores democráticos não deram nenhuma chance ao rei. Ele foi condenado sumariamente, guilhotinado sem possibilidade de se defender de verdade. Com a execução de seu marido, Maria Antonieta sabia que estava condenada. Ele tentou de todas as formas pedir socorro para seus parentes na Áustria, pois ela era uma arquiduquesa da Casa de Habsburgo, mas ela foi tristemente ignorada. Sua mãe, a imperatriz da Áustria Maria Tereza havia morrido e seus sucessores não pareciam muito dispostos a entrarem em uma sangrenta guerra contra os revolucionários franceses. Assim Maria Antonieta foi abandonada por todos, pelos membros da decaída monarquia, por seus familiares austríacos e até mesmo por suas damas de companhia.

Curiosamente a dignidade da rainha em seus últimos dias conquistou a simpatia de seus próprios carcereiros. Eles decidiram que iriam ajudá-la em uma fuga desesperada. A rainha iria se vestir com o uniforme da guarda, iria para o pátio com seus filhos e depois sairia junto com os soldados de sua prisão. Infelizmente as coisas não deram certo pois uma carta anônima chegou até um fanático revolucionário que descobriu o plano, colocando tudo a perder. Assim a rainha ficou presa definitivamente ao seu destino. Ela tinha especial preocupação com seus dois filhos, Luís Carlos, o herdeiro do trono e Maria Teresa, a filha mais velha. Essa última seria a única a sobreviver às loucuras violentas dos revolucionários franceses. O pequeno Luís Carlos morreria no cárcere, em uma morte misteriosa que até hoje jamais foi solucionada inteiramente. Ele tinha apenas dez anos de idade e os revolucionários o jogaram em uma cela imunda, subumana, para que morresse de tuberculose ou outra doença qualquer. No final os tais revolucionários que vivam pregando o refrão de "solidariedade, fraternidade e solidariedade" não passavam de assassinos frios, que matavam até mesmo crianças apenas pelo fato delas serem herdeiras de uma monarquia que não mais existia.

A revolução francesa que tinha tantos ideais não soube respeitar os direitos mais básicos da rainha Maria Antonieta. Ela foi aprisionada junto com os filhos em uma cela sombria. Quais tinham sido os crimes de seus filhos? Onde estavam os princípios tão elevados da revolução francesa? Por que eles foram encarcerados? Que crimes cometeram? Nem a própria rainha havia sido acusada de nada. Ela simplesmente foi presa por ser a esposa do rei Luís XVI. Os processos que seriam movidos depois contra a rainha foram baseados em puro ódio, sem a presença de provas. Um absurdo. Nos últimos dias as atrocidades continuaram. Maria Antonieta sempre era acordada tarde da noite para a entrada de guardas dando ordens e assustando ela e as crianças. Pior aconteceu depois quando armaram um teatro bufo em um tribunal francês para acusá-la sem provas. Ela foi acordada durante a madrugada e levada para longe de seus filhos. Pode haver algo mais absurdo do que isso? Seu filho, o Delfim, herdeiro do trono, foi colocado em outra cela (sem qualquer acusação criminal). Maria Antonieta ficou desolada. Tudo o que ela conseguia ver era a sombra de seu pequeno filho brincando no pátio pela pequena janela de sua cela. Era um menino de apenas 10 anos de idade, preso em uma prisão medieval, sem direito a defesa e nem liberdade.

Onde estavam os direitos do homem, tão propagados pela revolução francesa naquele quadro desolador? O pior é que Maria Antonieta também foi abandonada por seus familiares austríacos. A casa de Habsburgo a abandonou embora ela ainda fosse uma arquiduquesa austríaca legítima, filha da imperatriz Maria Teresa, que infelizmente já tinha falecido naquela ocasião. Provavelmente se estivesse viva, Maria Teresa faria de tudo para salvar sua filha Maria Antonieta e seus dois filhos. Infelizmente os que estavam no poder durante seu martírio pouco deram atenção ao seu sofrimento. Uma rainha francesa decaída não tinha mais importância para Viena. No fim Maria Antonieta não parecia mais ter forças. Ela simplesmente havia aceitado seu destino trágico. Ela sabia que seria morta pela revolução, tal como havia acontecido com o Rei Luís XVI. O único que lutava bravamente em favor da rainha era o conde Hans Axel von Fersen. Dito por muitos historiadores como o verdadeiro amor da vida de Maria Antonieta, ela passou dias e mais dias tentando convencer os membros da corte de Viena para que salvassem a rainha. O mais absurdo de tudo é que os revolucionários pareciam dispostos a negociar pela vida de Antonieta, mas os membros da casa Habsburgo pareciam ter lavado as mãos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de março de 2008

A Dinastia Ming

A Dinastia Ming - A China foi uma das primeiras civilizações da humanidade a possuir uma centralização política. A figura do Imperador que inclusive deu nome à nação, proporcionou um avanço e um desenvolvimento sem precedentes na história. Enquanto a Europa era dividida por centenas de reinos, feudos e pequenos principados, a China já ostentava seu poder imperial sobre as nações vizinhas. Era uma civilização rica, culta e forte militarmente. Os imperadores deram os sentidos de nacionalidade e patriotismo que fizeram esse povo alcançar avanços tecnológicos, científicos e culturais absolutamente fantásticos para sua época histórica. Mesmo largando na frente em tantos setores vitais, o autor Paul Kennedy em seu livro "Ascensão e Queda das Grandes Potências" conseguiu, com raro brilhantismo, demonstrar todas as razões pelas quais a China e o Oriente não se tornaram o centro do mundo nos séculos seguintes (posição que coube aos europeus ocidentais).

Embora a figura dos imperadores tenha sido extremamente importante para a China em seus primórdios, após alguns séculos esses começaram a se afastar das funções administrativas do império. Eles começaram a se considerar puramente divinos, alguns até mesmo imortais. Vivendo em um mundo luxuoso de palácios monumentais, as novas gerações de imperadores chineses se afastaram completamente do mundo real. Eles se tornaram alienados e isolados do resto da sociedade chinesa. Muitos deles inclusive jamais conheceriam seu próprio povo, ficando trancados em cidades proibidas aos meros mortais. Figuras praticamente decorativas sem nenhuma função clara. A administração de um império tão vasto coube então à burocracia confucionista, formada por membros de setores cultos da sociedade. Usando os ensinamentos do mestre Confúcio como base esses burocratas tomaram as rédeas do poder na China Imperial - e isso apesar de ser considerado algo bom acabou levando à própria China à ruína.

Os burocratas exerciam o poder, porém dois outros grupos da sociedade chinesa pareciam mais importantes para a economia do império. O primeiro era formado pelos comerciantes, pela burguesia. Essa fazia intensa comercialização de produtos chineses para o exterior e de lá trazia vários artigos importados. Isso criava riqueza e prosperidade. Os burgueses construíram enormes embarcações para navegarem pelos mares com o propósito de levar o comércio chinês aos quatro cantos do mundo. Visitaram o Oriente próximo, Índia, África e Europa. Criaram uma extensa rede de comércio ao redor do mundo. Os burocratas do Estado porém começaram a criar dificuldades para a classe que mais produzia riqueza na China. Confiscaram seus bens e os acusaram de usura e ostentação. Em pouco tempo o amplo comércio que a China desenvolveu foi reprimido e destruído. Os confucionistas acreditavam que o segredo da felicidade era o isolacionismo e resolveram virar as costas para o mundo, destruindo assim enorme potencial para a economia chinesa que deixou de ser poderosa, rica e próspera para se tornar agrária e de subsistência.

Outro erro dos burocratas seguidores de Confúcio (que viveu cinco séculos antes de Cristo) foi atacar as bases do exército chinês. Os principais militares foram perseguidos e despojados de seus poderes. Os membros da elite burocrata do Estado entendiam que a Guerra era danosa e indigna de homens cultos e sábios. Isso enfraqueceu a máquina de guerra do império ao ponto de deixá-los sem qualquer proteção. Quando os mongóis invadiram a China praticamente não encontraram resistência nas cidades, destruindo tudo por onde passavam. Isso aniquilou também os fundamentos da economia chinesa que deixou um passado glorioso para trás, sendo alvo de inúmeras invasões de povos fronteiriços, inclusive de piratas japoneses. A fome, a miséria e a devastação de cidades inteiras foi o legado de uma administração baseada nos ensinamentos de Confúcio. A lição da China Ming nos mostra que é necessário acima de tudo haver pragmatismo na condução dos negócios de Estado - caso contrário tudo pode ruir em nome de uma ideologia ou até mesmo de uma filosofia radical, por mais bem intencionada que ela possa ser.

Pablo Aluísio. 

Alexandre II da Rússia

Alexandre II era filho do Czar Nicolau I. Ele teve uma educação primorosa, muito influenciada pelas ideias liberais iluministas que se expandiam por toda a Europa. Isso era um fato interessante pois a Rússia vivia naquele momento um período de absolutismo monárquico ferrenho. Para Alexandre isso legava sua nação ao atraso. Quando subiu ao trono em Moscou o novo Czar resolveu colocar em prática seu modo de pensar. Ele acabou com o sistema da servidão rural, libertando milhões de russos de um sistema anacrônico e ultrapassado. Também promoveu reformas liberais em praticamente todos os meios sociais, o que lhe valeu a alcunha de ser Alexandre, o libertador.

No plano externo houve também fatos importantes. Quando subiu ao trono russo o distante e frio Alasca pertencia à Rússia. Como sabia que era muito complicado manter aquela possessão na América do Norte resolveu negociá-la com os americanos. Após tratativas finalmente aceitou vender o Alasca para o governo dos Estados Unidos por sete milhões de dólares, uma quantia que hoje soa absurdamente ridícula, mas que na época serviria bem para conter os problemas de caixa do Império Russo. Também decidiu que havia chegado a hora de acabar com a Guerra da Criméia, algo que havia custado muito a Moscou em termos de gastos militares e vidas humanas. Em pouco tempo assinou um tratado de paz acabando com aquela carnificina inútil.

Promoveu reformas legislativas no comércio e na indústria. Alexandre queria modernizar a economia russa, mas como era previsível enfrentou forte oposição da elite burguesa de seu país. Promoveu reformas no poder judiciário, colocando em vigor novos códigos, entre eles o penal e o civil, elogiados na época por apresentarem doutrinas jurídicas modernas. Com a extinção do sistema de servidão também acabou comprando briga com os latifundiários russos que tinham ficado bem ricos com a exploração da mão de obra servil. Sem dúvida abriu-se assim um fosso enorme entre o governo e essa elite rural.

Sob o ponto de vista histórico Alexandre II foi um dos melhores líderes russos de todos os tempos. Foi um Czar moderno, inovador, tal como havia sido Pedro, O Grande. Por ser tão ávido por mudanças acabou criando muitos inimigos. Várias foram as tentativas de matá-lo. Havia grupos revolucionários radicais que queriam sua morte de todas as formas. Certa manhã ao se dirigir a uma guarda militar em São Petersburgo acabou sendo assassinato por dois revolucionários. O primeiro jogou uma bomba embaixo de sua carruagem. Apesar da explosão ele conseguiu sair ileso. Quando estava se recuperando do primeiro atentado surgiu outro, um jovem anarquista revolucionário jogou uma bomba em seus pés que explodiu com extrema violência. O Czar perdeu as pernas na explosão, seu estômago foi aberto, com as vísceras saindo pelo casaco e seu rosto foi destruído. O Czar não resistiu à violência e morreu ali mesmo, no meio da rua. Era o fim de seu reinado tão inovador para o povo russo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Adam Smith e o Pensamento Liberal

Adam Smith. Professor e economista nascido na Escócia em 1723, Smith é considerado um dos pais do liberalismo clássico. Pouco ou nada se fala sobre ele em nossas universidades, até porque seu pensamento vai contra o que prega a ideologia socialista. Nos países de primeiro mundo porém Smith e sua principal obra "A Riqueza das Nações" continuam a ser leituras obrigatórias entre os alunos, principalmente dos cursos de economia, filosofia e ciência política. Como são países plenamente desenvolvidos e ricos, com maravilhosos índices sociais e econômicos, chegamos facilmente na conclusão que estudar Adam Smith, ao invés de Karl Marx, é sem dúvida uma excelente ideia. Afinal não podemos sequer pensar em comparar uma Venezuela da vida com uma Inglaterra ou o Brasil com os Estados Unidos. Assim ou eles estão certos e nossas universidades necrosadas perderam o bonde da história ou nossos socialistas de botequim é que estão com a razão. Eu acredito plenamente na primeira opção.

Deixando de lado as múmias raivosas de esquerda vamos tecer algumas linhas sobre o pensamento de Adam Smith. Pensador iluminista, Smith tinha uma indagação de alta relevância para responder: de onde afinal viria a riqueza das nações? Antes dele escrever sua obra, dois grupos de pensadores tinham supostamente respondido à pergunta. Os Mercantilistas acreditavam que a riqueza das nações viria da quantidade de moedas e dinheiro que uma economia nacional pudesse angariar em seus cofres públicos. Mais metal, mais riqueza, por isso a expressão mercantilista foi usada para denominar essa escola econômica. Era uma visão simplista e até mesmo um pouco óbvia demais. Assim o segredo seria ter uma balança comercial favorável. O que significava isso? Significava que quanto mais exportasse e menos importasse mais rica seria a nação. Uma economia nacional forte significava uma economia exportadora, que conseguisse conquistar novos mercados internacionais, de preferência de produtos industrializados, deixando o setor de importação limitado a produtos primários, matérias primas necessárias para o setor industrial e nada mais.

Do outro lado havia o pensamento fisiocrata. Para os fisiocratas a verdadeira riqueza de uma nação viria da terra, do setor agrário de um país. Para essa linha de pensamento apenas a terra e as propriedades rurais criavam riqueza verdadeira, trazendo valor e desenvolvimento para a economia nacional. Adam Smith estudou profundamente essas duas linhas de pensamento e chegou na conclusão que ambas estavam simplificando em demasia uma questão complexa, imersa em infinitas variáveis.

Para Adam Smith o papel do Estado numa economia sadia e desenvolvida deveria ser mínimo. A livre concorrência e a mão invisível do mercado iriam ser as responsáveis pelos ajustes e regulações dentro de um sistema produtivo sólido. Essa primeira premissa do pensamento de Smith vinha bem de encontro ao que desejava a nascente e rica burguesia, livre das amarras de um Estado dominado por uma nobreza parasita. Ao Estado nacional caberia apenas manter a ordem e a segurança, ideais e necessários para o desenvolvimento dos fatores de produção privados, dominados pelas leis do mercado. Uma economia liberal, onde não haveria ingerência e nem intervenções descabidas por parte do Estado e do poder. A mão de obra seria regulada pela oferta e procura, assim como os preços dos produtos levados ao mercado consumidor. A expressão francesa "Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui-même" (em português: "deixem fazer, deixem passar, o mundo vai por si mesmo") acabou sendo o lema do pensamento liberal na economia. Para Adam Smith essa era a ordem natural das coisas: as mais eficientes e produtivas empresas sobreviveriam no mercado, as ineficientes sucumbiriam. O Estado não deveria intervir no setor produtivo pois não tinha vocação para o mundo empresarial. Os mais aptos iriam se tornar mais bem sucedidos, numa verdadeira meritocracia. E fechando sua linha de pensamento com chave de ouro Adam Smith respondeu de forma simples e completamente eficiente sobre a questão de onde viria a riqueza das nações: viria do trabalho e de uma indústria forte e livre de amarras estatais, algo que o capitalismo dos séculos seguintes iria confirmar plenamente.

Pablo Aluísio.

O Outro Lado de Gandhi

O Outro Lado de Gandhi
Ele é celebrado pela história como um grande homem que conseguiu libertar seu país, a Índia, do colonialismo britânico e tudo isso sem o uso de guerras ou conflitos. Gandhi pregou a filosofia da não violência para que o mundo ocidental reconhecesse que os indianos tinham direito a uma nação independente, livre das amarras de estrangeiros que determinavam o rumo que sua terra deveria tomar. Pois bem, certamente nada irá nublar essa sua atitude corajosa e muito valorosa na luta pela independência da Índia. Nesse ponto ele foi realmente grandioso.

Gandhi porém era um ser humano e também tinha defeitos. Como foi uma figura histórica que chamou muito a atenção de biógrafos e autores ocidentais. Interessados em sua história eles foram a fundo em pesquisas sobre a vida do líder indiano. E lá, no fundo do baú de arquivos, cartas e textos escritos pelo próprio Gandhi se descobriu um lado pouco nobre de sua personalidade. Não há dúvidas sobre isso, o celebrado homem da paz e da diplomacia era racista! Sua ira foi dirigida contra negros, mais especificamente contra os negros da África do Sul. Gandhi viveu naquele país durante uma parte de sua vida e lá escreveu diversos artigos, cartas e matérias.

Numa delas Gandhi afirma que negros eram encrenqueiros, imundos e viviam praticamente como animais. Em outro momento afiou sua escrita para desacreditar qualquer tipo de liderança política partindo de grupos formados por membros da comunidade negra. Sua aversão a eles continuou depois. Foi completamente contra qualquer política de cotas raciais nas universidades (um sistema parecido com o que é utilizado hoje em nosso país). Chegou inclusive ao ponto de fazer greve de fome contra o projeto de lei que criaria as tais cotas para negros. No final venceu a luta e o parlamento deixou as cotas de lado. Assim fica claro que Gandhi não era perfeito e nem divino, mas apenas um ser humano como qualquer outro - inclusive com opiniões equivocadas e politicamente incorretas sob o ponto de vista do mundo atual.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de março de 2008

II Guerra Mundial: Armstrong Whitworth Whitley

Um avião histórico para a RAF (Royal Air Force) da Inglaterra. Foi o primeiro bombardeiro construído para ter longa autonomia de ação, logo no começo da Segunda Guerra Mundial. Alvo de ataques nazistas os ingleses sentiram a necessidade de construir um avião que também tivesse a capacidade de cruzar os céus europeus para jogar bombas nas cidades da Alemanha nazista. De fato a aeronave teve a "honra" de ter sido a primeira a jogar bombas em Berlim, a cidade onde Hitler havia dito que nenhum bombardeio iria cair sobre os cidadãos da sua estimada Alemanha. Além dessa importante missão estratégica o Armstrong Whitworth Whitley também foi peça vital na guerra anti-submarina, quando foi usado para lançar cargas de profundidade contra alvos inimigos.

No total o avião realizou mais de mil missões pelos céus ingleses, isso em um dos momentos mais delicados da história do império britânico. Estima-se que mais de 250 aviadores perderam suas vidas em confrontos com caças alemães durante essas missões. Em contrapartida mais de 2000 tripulantes voaram no bombardeiro e sobreviveram para contar sua história. Seu design em formato de charuto era muito eficiente para suportar as duras condições de vôo. No geral foi de fato uma das aeronaves mais marcantes da Segunda Guerra Mundial.


A tripulação era composta de cinco homens. O avião tinha 25 metros de largura por 4 de altura. Possuía dois motores Rolls Royce de grande potência e conseguia atingir uma velocidade de cruzeiro de 370 km/h. Seu raio de ação era de até 2.500 km, o que possibilitava ir até a Alemanha, soltar suas bombas e retornar com segurança à Inglaterra. Em termos de armamento o Armstrong Whitworth Whitley era equipado com três metralhadoras Browning 7.7 mm localizadas em pontos estratégicos do bombardeiro. Tinha capacidade de carregar até 3 toneladas de bombas de alta potência. Em 1942, bem no meio do caos da guerra, foi sendo aos poucos substituído por bombardeiros mais pesados e com mais raio de ação. Isso porém em nada tira sua importância em um dos momentos mais cruciais da guerra.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de março de 2008

II Guerra Mundial - 70 anos!

70 Anos do Fim da II Guerra Mundial - Há pouco tempo o mundo celebrou o fim do maior conflito armado da história - a II Grande Guerra Mundial. Não houve, em nenhum período histórico, tantas mortes e tantas atrocidades como nessa guerra. Cada país obviamente está lembrando seus mortos, mas em termos numéricos quem pagou mais caro pelo conflito foram os russos. Na época existia um conglomerado de países satélites à Rússia, todos unidos sob uma forte dominação de Moscou. Essa federação de países era chamada de União Soviética.

No poder desse vasto império comunista estava o líder supremo Stálin, um psicopata sem escrúpulos que matou milhões de pessoas dentro e fora de seu país. Um genocida à altura de Hitler. Antes da guerra Stálin firmou um acordo de não agressão com Hitler, mas obviamente fazer pactos com o diabo nunca dá muito certo. Após triunfar no front ocidental, onde invadiu e tomou em tempo recorde a França, Hitler colocou os seus olhos insanos sobre o vasto império soviético. A invasão, a maior da história, logo se revelou um desastre completo. Milhões de pessoas perderam suas vidas, mas o povo russo lutou bravamente, muitas vezes comendo ratos e praticando canibalismo para sobreviver a grande fome que se alastrou pelo território soviético.

A batalha foi casa a casa, portão a portão. Cada russo foi armado para defender seu terreno. A rendição não era uma opção. Os soldados alemães, por sua vez, foram devidamente trucidados pela população e pelo exército vermelho, além de congelarem no frio implacável do inverno russo. Curiosamente o que deveria ser uma vitória heróica acabou também despertando situações constrangedoras na Europa no dia de hoje, principalmente pelo fato da BBC inglesa ter lembrado dos estupros coletivos promovidos pelo exército soviético quando entrou em território alemão.

Claro que nada justificaria tais crimes, porém o ímpeto feroz de vingança dos soviéticos talvez explique em parte mais essa tragédia humana que a guerra legou. Já dentro das fronteiras russas impera uma lei que pune severamente quem destrate a memória do soldado soviético na II Guerra, o que talvez explique até hoje porque o fato é praticamente desconhecido do próprio povo russo. É proibido ensinar isso em aulas de história, por exemplo. Apagar parte da história com leis draconianas não me parece ser o caminho certo. Um dia a verdade sempre se revela.

Pablo Aluísio.